A raiva no coração do garoto, que o cegava focando apenas no rosto de seu pai, cessou ao ouvir um barulho incomum, que fez os seus sentidos ficarem em alerta. Talvez fosse um pouco do estresse deixado pela destruição massiva da arma de Sunagakure, mas ele logo pensou que algo terrível estava acontecendo contra a vila. Não sentiu medo, pois confiava em suas novas habilidades. Tinha ficado seis meses treinando e desenvolvendo seu arsenal de ninjutsus para momentos como aquele. Hattori Shion, como um verdadeiro líder, ordenou que seus filhos fossem na direção do gabinete averiguar a situação. Ao se virar, encontrou Angell enxugando suas próprias lágrimas; aquilo fez seu coração sangrar. Estava cansado de não conseguir deixá-la com um sorriso ao invés daquela expressão amarga. Ela se afastou primeiro e ele, num suspiro, esperou até poder segui-la, concentrando-se neste curto espaço de tempo para recuperar suas energias.


Hattori Ayako: HP: 2300/2300 | CH: 2475/2475 | ST: 01/10 | V: 00ms/18ms | F: 00/03.
Gobi: CH: 3500/3500

Consid.:

Jutsus Usados:

Uma massa de chakra azulado e preto surgiu na frente de um Shion derrubado pelas próprias emoções. De dentro daquele chakra, uma figura surgiu coberta num manto escuro. — Finalmente te encontrei, Hattori Shion — disse a voz do Shinigami, aproximando-se do homem e fazendo aquele portal desaparecer. Mako, porém, se surpreendeu em encontrá-lo daquele jeito. Olhou em volta, o Rinnegan com as tomoes brilhando no lado esquerdo de seu rosto. Viu a figura patética de Shion no chão e manteve alguns passos de distância; não seria idiota o suficiente para dar margem a ele, embora não se preocupasse tanto com possíveis ferimentos. Ele apenas observou esperando que o homem voltasse a si. Ele não buscava uma batalha, apenas uma conversa.

Shion começou a se erguer e Mako apenas observou e ouviu com atenção. Mantinha uma distância segura. Debaixo do manto escuro, que ocultava todo seu corpo, carregava uma espada e uma bolsa de equipamentos. Em pé, o Hattori mostrou os poderes divinos que residiam nele através do Rinnegan. Mako não mudou seu semblante sério, quase neutro, mesmo sabendo de quem era aquele homem a sua frente; uma figura que já se tornara uma lenda naquele mundo. Quanto à pergunta disparada por Shion, Mako relaxou um pouco os ombros, mas nada suficiente a demonstrar alguma abertura. Um soldado experiente notaria de longe o atrito no ar apenas por causa das presenças de ambos os ninjas.

— Esse é o melhor xingamento que já fizeram — Mako soltou, pensando no seu apelido original, a alcunha de Shinigami que tanto detestava, mesmo com a conotação positiva. — Mas não me coloque na mesma laia de gente como Okina ou mesmo seu filho, Shaka — lançou mantendo a voz firme, queria que Shion percebesse que ele sabia mais do que aparentava. — Eu sou Hazuki Mako — anunciou sem mostrar detalhe algum do interior de seu manto. — Vim conversar sobre os problemas que você e sua família trouxeram ao meu mundo. — ao falar aquela última frase seu olhar se apertou e uma energia intensa avançou no ambiente inteiro ao ponto de estremecer as paredes.

Mako estava atento. Nunca se jogaria na frente de um homem com os poderes de Shion se não tivesse maneiras de enfrentá-lo. Dentro ele, a besta de quatro-caudas também estava atenta, concentrando energia natural para caso fosse necessário. O homem tocou no próprio ombro e mudou suas vestimentas com uma técnica que o Shinigami desconhecia, mas seu olho conseguia perceber muito bem. Tinha treinado durante muitos anos para dominar aquelas habilidades. Quando Shion piscou os olhos, ele viu exatamente o momento do ataque; a potência, a precisão, o movimento, o desenho no ar. Acertou o antebraço contra a lateral do punho de Shion, apenas para desviá-lo, e com a outra mão pretendia empurrá-lo com a palma, imitando os movimentos aprendidos nos estudos do clã Hyuga. — Eu só vim conversar — ele repetiria em seguida. — Não comece uma batalha agora, não quero acabar matando ninguém.

A defesa foi bem feita. Shion, porém, claramente não tinha colocado tudo de si. Mako não cairia num truque daqueles, pois ele mesmo não estava lutando a sério. Um movimento tão simples... Shion apenas queria marcá-lo, de certo modo. Apenas dar os típicos avisos shinobi. Concentrando o chakra através do corpo, Mako anulou quaisquer marcas inseridas nele, bem como ilusões. Tinha um péssimo histórico com os usuários de técnicas como o Hiraishin e ilusões propostas pelo Sharingan e suas evoluções, preferia estar sempre fechado para essas coisas. Mako assentiu seguindo o homem, logo atrás dele, o manto sacudindo a cada passo. Do lado de fora, viu Shion se sentando e manteve-se em pé. Seria muita abertura ficar baixo, achava muito corajoso da parte de Shion se manter naquela altura; ou ele tinha alguma habilidade que ele mesmo desconhecia. Mako olhou para o céu, sentindo a brisa acertando seus cabelos como um cumprimento.

— Você e sua família não são daqui e nem deviam ter vindo — Mako soltou, indiferente às cordialidades. — Não estou apenas dando palpite, eu comprovei esses dados quando encontrei o Continente Perdido ou devo chamá-lo de... — Mako mostrou um sorriso no canto do rosto, prepotente como nunca antes. — Nazjatar? — aquela palavra escapou da boca dele como o fio de uma kunai. Ele imaginava que aquilo mexeria com Shion, então estava pronto para as consequências.

Mako sabia que sua postura havia afetado Shion. Seus olhos mostraram isso claramente. O Shinigami achou um pouco inesperado que um homem com a imagem que o Hattori sustentava fosse demonstrar tão facilmente quando era pego numa arapuca. Ainda mais se estava colocando sua chegada àquele mundo como algo tão banal e por acaso; mas o ninja tinha suas desconfianças sobre aquilo. Shion então percebeu que Mako não tinha apenas o próprio chakra ou o cheiro de um Otsutsuki, mas também mantinha outra presença consigo; Mordred. Ao ouvir o nome da mulher ele acabou abaixando os ombros apenas o suficiente para o vento assoprar diferente. Abaixou os olhos, reflexivo. — Mordred... digamos que nós éramos os destinados deste mundo. — soltou sem muita explicação, preferia não falar sobre o assunto. Doía menos. — Mas vamos manter o foco dessa conversa, Hattori. Eu quero uma coisa muito simples: que você e sua família deem o fora daqui. — sua postura voltou a ficar firme. — Com as coisas que eu li, duvido que tenha sido tão por acaso assim a chegada dos Hattori. Mas, se for mesmo, eu posso ajudá-los a encontrar uma passagem. Eu tenho poder suficiente para isso, apenas quero que todos que vieram de lá, voltem imediatamente.

O shinobi chegou mais perto de Shion, que ainda estava sentado, e levou a mão ao ombro de Shion. — Principalmente esse demônio chamado Lilith.

A batalha não era mais física, mas verbal. Às vezes, os ninjas precisam usar outras ferramentas. Mako odiava essas. Falar era algo dispensável na sua opinião. Quando pessoas falavam demais, elas enganavam. Mentiam. Contavam coisas que os outros gostariam de ouvir apenas para ganharem alguma coisa. Ouvindo o homem falar do último trabalho antes de partir, ele sentiu que era uma dessas ocasiões. Apenas uma mentira. Aquilo o incomodava muito. Era como estar de frente para todas as pessoas que passaram na sua vida, inclusive a mulher que chamou de irmã. — Se você tivesse coragem de passar por cima da emoção e matar seu queridinho, você não estaria nesse mundo agora — Mako retrucou quando o viu dar as costas. — Okina... selá-la era o correto a se fazer. Hagoromo nos instruiu assim, mas ele não podia imaginar, nem em mil anos, que vocês viriam para este mundo. Que Shaka arrancaria os poderes dela e colocaria uma Kāma nele. — completou, jogando a culpa de todo aquele caos mais uma vez sobre os ombros do Hattori. — Os únicos culpados por essa situação são os Hattoris, especialmente você — sentenciou, preparando-se para o pior.

Saber que Hagoromo também tivera presença no mundo daquele homem foi uma surpresa. Mako tentou não demonstrá-la, mas qualquer ninja que sentisse o chakra alheio podia notar a flutuação de suas energias. Até mesmo a besta em seu interior ficou espantada com a informação. Ele não imaginava que Hagoromo realmente pudesse fazer aquilo, mas isso era melhor, pois significava que ele mesmo tinha os meios necessários para fazê-lo. Com as marcas em ambas as mãos, ele não encontraria dificuldades. A surpresa veio como um belo presente dentro. Saber daquilo lhe fez começar a cogitar as possibilidades até que Shion devolveu a provocação, falando sobre a morte de um Otsutsuki. Ainda próximo à Shion, ele retribuiu o sorriso debochado e respondeu: — Engraçado, pois seu filho, aquele mesmo que você nunca matou e deixou destruir seu mundo e invadir outro, está agora deixando um desses parasitas dentro dele..., deixa eu adivinhar, é para trazer de volta aquele demônio, não é?

Mako tirou o foco de si, começava a ficar perigoso. Preferia não ter que entrar em detalhes mais sórdidos sobre os escolhidos de Hagoromo naquele mundo. Projetou-se para frente, colocando sua testa mais próxima à de Shion, fazendo-os ficarem em contato direto; ao redor deles a pressão de chakra fez o chão estremecer. — Não me venha com esse discurso moralista, Hattori. Você é tão falho como qualquer outro homem. Fala tanto em matar os Otsutsukis, porém, deixou um monstro como Shaka vivo, mesmo a custo de pessoas muito próximas a você. Eu sei disso, Hattori Shion. Sei da verdade da batalha dos Três Santos contra Shaka. Você falhou na hora crucial, por isso é você quem está aqui, em carne e osso, e não Opus ou Katsura. E agora, neste mundo, cada segundo que você deixou Shaka vivo, uma vida se perdeu. São tantos nomes que eles se tornaram incontáveis a esta altura — ele finalizou aquilo empurrando Shion com ambas as mãos contra os ombros do Hattori. — E você está falando que agora irá derrotá-lo? Quem você está tentando enganar? Você irá vê-lo prestes a morrer e lhe dará uma nova chance, como sempre fez. Quem aqui não sabe como exterminar pragas?

Ao terminar de falar aquilo, não havia nenhum sorriso no rosto de Mako, apenas a seriedade do Shinigami.

Shion se afastou com um semblante diferente. A aura entre os dois ficou mais leve por um momento. A conexão entre os dois parecia estar se estabelecendo mesmo que Mako evitasse; pelo menos era isso que Shion destacava. Então, seu tom mudou, a expressão no rosto do Hattori ficou menos aliviada. Ao perguntar sobre paternidade, Mako lembrou de todas as coisas que aconteceram em sua vida; o pai postiço tentando matá-lo, a família se perdendo na seita, as enganações... ele não sabia mesmo como era ter um filho. Se dependesse dele, nunca saberia. Pouco se importava com essas relações humanas. Shion andou para o quintal e voltou a falar dos mortos, de Opus e Katsura, do peso de ter seus fantasmas em seus ombros, sussurrando constantemente. O peso de ter deixado a morte alcançar pessoas importantes — isso ele conhecia muito bem. Mako até mesmo abaixou a cabeça, ficando de guarda aberta, percebendo que Shion não o atacaria. E Shion tinha razão, Mako concordava com aquilo. A morte não era mais a mesma coisa. Matar não tinha o mesmo peso de como teve na sua primeira vez. Ele nunca seria um jovem ingênuo novamente, nunca poderia voltar àquela inocência. Shion ficou ao lado dele e, naquele momento, Mako percebeu que os dois eram mais semelhantes do que ele imaginava. Tentou se colocar no lugar de Shion, em ter aquela obrigação com seu filho — o mesmo a quem ele devia cuidar ter que ser morto. Quis chorar sentindo aquele peso se entrelaçando em seu coração, mas manteve-se firme.

Os olhos dos ninjas se encontraram mais próximos. Shion mudou novamente seu tom, mostrando seus crimes, contando suas maldições. Agarrou-o pelo colarinho e Mako deixou-o desabar aquela torrente de palavras, todas as suas emoções sendo cuspidas. Para alguém julgando-o pelo coração, ele mesmo tinha muitos erros. E Shion os conhecia. Jogava contra ele o fato de ter desaparecido — por mais que estivesse investigando — e, principalmente, em ter ajudado Mordred que, secretamente, ajudava Shaka em suas conquistas nas sombras. Já liberto das mãos de Shion, ele deu dois passos para trás absorvendo toda a culpa que carregara por anos, mas então notou que Shion não sabia de tudo. Ele tocou no dedo de Shion e o abaixou devagar, mostrando o símbolo do sol na mão direita. — Eu não sabia. Mordred... ela era uma Uchiha de sangue puro, você sabe o que isso significa, não sabe? Ela tinha um poderoso Sharingan. Sem eles, ela era uma ótima manipuladora, mas nunca foi capaz de me levar a coisas ruins até que... ela implantou coisas na minha cabeça com aquele maldito poder. Junto de suas memórias, ao me contar sua trajetória, ela me deixou preso dentro de sua ilusão... — Mako abaixou o rosto, a raiva começou a consumi-lo. Odiava se lembrar daquelas coisas, de como Mordred foi apenas mais uma das pessoas que traíram sua confiança. — Eu não me fingi de cego como você tem feito sobre Shaka, Hattori Shion. Eu fui enganado, manipulado. Quando eu descobri, quando ela morreu e tudo veio à tona, eu desapareci do mundo e fui atrás de respostas concretas para como resolver o problema chamado Shaka. Não me orgulho de ter deixado tantas pessoas para trás, mas eu precisava. Por isso... — ele olhou firme de novo para o homem, mas dava para ver certa fragilidade naqueles olhos multicolores. — Se você não pode matá-lo, deixe que eu mato.

O sorriso de Shion, na maior parte do seu discurso, fez com que Mako questionasse se ambos estavam mesmo em lados opostos. Não via naquela expressão uma zombaria, era algo diferente; e Shion confirmou aquela ideia ao relacioná-lo a outra pessoa em sua vida. No entanto, ele ainda era um pai. Ouvir a proposta de Mako sobre matar seu filho não acertou como uma faca certeira no coração, mas como um aviso de que as coisas estavam saindo de controle. Voltou a assumir a responsabilidade de acabar com o monstro que criara. Mako não acreditava que Shion pudesse realmente exterminá-lo. Tivera muitas chances, não apenas naquele mundo, como em outro, segundo as escrituras. Uma fenda trouxe uma espécie de cristal que Shion explicava ser a arma final para derrubar um Grey — algo que Mako vinha procurando há muito tempo.

Ele esticou a arma na direção de Mako, que não escondeu a surpresa pela oferta. O vento assoprou balançando os cabelos de ambos com um suave assovio. Mako tomou a pedra na sua mão esquerda, onde a lua se desenhava na palma. Sentiu a energia fluindo dela, impressionado. Então, novamente, Shion colocou-os como pessoas mais próximas do que pareciam. "Lembrar alguém", era o tipo de coisa que Mako detestava, pois quem ele conseguia se lembrar... eram todas pessoas ruins. Em silêncio, ele ouviu quando aquele homem assumiu que poderia voltar mudado, afetado. E arregalou seus olhos quando recebeu uma permissão, quase como uma súplica, para matá-lo caso se tornasse necessário. — Você tem certeza disso? — Mako hesitou. Por que estava hesitando? Aquilo que ele tanto evitava sentir, a empatia, estava dominando seu coração? — Você sabe melhor do que eu que Shaka está tentando trazer Lilith de volta, se você falhar... — ele não conseguiu concluir o pensamento, o frio citado por Shion chegou até ele também...

Era o frio da morte.

Shion estava mesmo determinado, mesmo com seu deboche. Ele se certificava de indicar o não-retorno de Lilith, mas Mako não conseguia engolir facilmente. Sabia que as coisas podiam sair de controle de um modo impensável se Lilith tivesse um vislumbre dos poderes Otsutsukis. Mas... precisava confiar. Uma última vez, ele precisava confiar. Pois aquele homem não era Mordred ou nenhuma outra pessoa que tentara lhe enganar. A mão estendida, mostrando a marca de Hagoromo gasta era a prova derradeira; aqueles dois homens eram os escolhidos ou, em outras palavras, as pessoas a quem os mundos dependiam. Mako apertou sua mão, selando um contrato entre os dois. — Gostaria de ter lhe encontrado antes de muitas coisas acontecerem... eu sinto muito também, pelos erros que minha fraqueza permitiu que fossem cometidos — ele disse firme, como se as palavras entre os dois pudessem cobrir o enorme buraco gerado pelos sofrimentos de ambos. Ainda com a mão conectada à de Shion, Mako assentiu para ele e, se Shion lesse sua mente como ele estava cedendo espaço graças àquela conexão, ele saberia que Mako estava dizendo: boa sorte.

Com o cristal em mãos e a confiança lançada, Mako sabia que não tinha nenhuma serventia naquele momento. Viu o homem subindo as escadas para se preparar. Esperava ter a oportunidade de rever o shinobi, mas não gostaria que fosse com o propósito de matá-lo. Apertou o cristal entre os dedos, sentindo a energia e seu peso. Usá-lo seria o mesmo que arrancar um pai de seus filhos. O mesmo vórtice de energia azul-escura surgiu ao redor do corpo de Mako, levando-o para outra dimensão, onde ele poderia enxergar o desenrolar das coisas e estar pronto.

A família estava unida de novo. Não, não era assim. Ela estava unida pela primeira vez, esse era o modo correto de falar. Com os filhos, Shion finalmente mostrava a face mais conhecida pelo público. Aquela que Ayako ouvia durante sua viagem com Hitsugi, nos dois anos após o Chunin Shiken. Um rosto aliviado, longe de todos os fantasmas que somente ele tinha consciência plena. Erguendo a verdadeira herdeira dos clã, e a mão do bastardo, ele continuava ostentando a postura de um herói. O rosto que as pessoas tanto esperavam encontrar. Ayako estava, com certeza, feliz com aquilo. Por mais que não usasse o termo com naturalidade, era a melhor maneira de descrever seus sentimentos. No entanto, preocupado como sempre, ele temia. Por mais que estivesse saindo da prisão ao lado de seu pai, ele ainda tinha motivos para temer. A fração rochosa derrubada tornava-se clara ao olhar o céu noturno; a outra lua havia se desfeito e isso só poderia mesmo ser obra de Shaka — ele se perguntava quanto tempo levaria para Shaka invadir a vila definitivamente.

Retornando com as palavras da vila sobre seus heróis, o garoto tentou não preencher seu ego com toda aquela sensação de poder, pois, se isso acontecesse, tinha certeza que acabaria falhando quando realmente precisasse. E ele sentia que esse momento estava muito próximo.


Chegaram na casa de Angell — ou deveria começar a chamar de Casa dos Hattoris? — com o sentimento lhe incomodando o peito. Shion tirou Angell de cima de seus ombros, um feito bastante engraçado quando notado que ela ainda era oficialmente a Hokage, e deu uma desculpa esfarrapada para a situação da casa; Ayako não engoliu. Conhecia algumas coisas sobre pessoas, principalmente homens explosivos. Ainda lembrava dos rompantes de seu pai adotivo, Yuki Fujimoto, e como ele destruía algumas coisas nesses momentos. Shion mandou seus filhos deitarem por causa do horário, como se ambos fossem crianças. Ayako assentiu, mas não se moveu de imediato. Recebeu o beijo de Angell em sua testa, abaixando-se um pouco para recebê-lo, e a viu sair do recinto. Sozinho com o grandioso Hattori Shion, ele respirou fundo.

— E agora, o que faremos? — ele perguntou ao pai, sem olhá-lo diretamente. Sentia que se fizesse, perderia toda sua coragem. — Você sabe que foi Shaka quem atacou... e sabe que ele virá atrás de você, de nós. O que nós faremos, pai? — a pergunta escapou com ele colocando-se de costas para o homem, a pressão de ficar frente a frente era demais para o menino. — Não está pensando em nos deixar para trás, está?

Hattori Ayako: HP: 2300/2300 | CH: 2475/2475 | ST: 00/10 | V: 00ms/18ms | F: 00/03.
Gobi: CH: 3500/3500

Consid.:

Jutsus Usados:

Os poderes de Shion eram mesmo incríveis, Ayako percebeu. Como se pudesse alterar o fluxo do próprio tempo, indicando ser uma habilidade do Clã Grey. Ele lembrou da técnica usada por Hinka na batalha contra o Kazekage e não pode conter um abaixar de cabeça; a imagem da mãe sacrificando-se e sendo devorada ainda o assombrava ocasionalmente. Mas o homem tão poderoso voltou a conversar diretamente com o filho, insinuando uma proximidade dele com o Clã Hattori que o fazia estufar o peito cheio de orgulho. Sentado, ele citou a alcunha que chamavam Ayako dentro da vila — o Guardião Hattori — e ainda o chamava de teimoso. Para esse último detalhe, porém, ele apenas vincou a sobrancelha. Conversando o homem se aproximou do menino que o olhou diretamente com o único olho que restara após o combate com o clone de Shion. "Quando acordar", falou o homem e Ayako arregalou o olho, sendo atingido logo em seguida, sua consciência se esvaindo no mesmo instante.


Flutuando em um espaço escuro, tudo o que o garoto sentia era frio. Não o tipo de frio do qual estava acostumado graças à sua linhagem sanguínea, mas aquele mesmo encontrado em cadáveres. Como se a Morte estivesse ficando cada vez mais próxima dele. Flutuando no espaço vazio, ele sentiu o corpo inteirou vibrar e a voz de Hattori Shion ecoar numa desculpa esfarrapada, com uma promessa carregada de mentiras. Flutuando no espaço mais sombrio que conhecia, Ayako sentiu-se vigiado e finalmente abriu seu olho direito. Sobre ele um enorme par de olhos encarava diretamente. A respiração quente do dono deles se derramava pelo corpo do menino. Seu olho esquerdo, o mesmo ferido em combate que não podia retornar, começou a doer. Ayako levou a mão sobre ele, encolhendo-se no ar que flutuava.

— Você nunca fará diferença alguma se não usar o meu chakra. — disse uma voz suave, um tanto feminina, com uma polidez estranha para um monstro de pesadelos. — Quem é você? — Ayako questionou, encarando a fera com apenas seu olho direito. Aqueles enormes olhos no meio da escuridão se aproximaram um pouco mais. Todo o corpo do menino estremeceu com a presença e a selvageria refletida nos olhos e então... ele acordou.

Ayako levantou a cabeça tão depressa que sua visão nublou parcialmente e a vertigem o tomou nos braços. Após alguns segundos com a mão sobre o olho esquerdo ainda dolorido, ele percebeu que estava sozinho. Droga, resmungou saindo do sofá onde seu pai o havia deixado após desacordá-lo. Correu até o quarto de sua irmã e bateu na porta, sem invandir. — Angell! Angell! — ele repetia mais algumas batidas e completava: — Ele se foi outra vez!

Hattori Ayako: HP: 2300/2300 | CH: 2475/2475 | ST: 00/10 | V: 00ms/18ms | F: 00/03.
Gobi: CH: 3500/3500

Consid.:

Jutsus Usados: