A luz opaca do sol se infiltrava pelas paredes de areia de Sunagakure, criando uma atmosfera pesada que refletia o clima da vila. Algo estava errado. Nos últimos dias, boatos de desaparecimentos haviam se espalhado como fogo pelas ruas estreitas. Eram pessoas comuns: comerciantes, artesãos e até crianças. Não havia padrão claro, mas o medo se alastrava. Fui convocado ao gabinete do Kazekage. Algo raro para alguém da minha patente. Não sabia o que esperar, mas o peso da responsabilidade já pairava sobre meus ombros. “Aizen,” começou o shinobi que me recebeu, sua voz grave. “Você foi designado para investigar os desaparecimentos. Há um padrão que queremos entender e cabe a você descobrir a verdade.” Estreitei os olhos, surpreso com a magnitude da tarefa. Por que eu? Um gennin? Será que acreditavam que minhas habilidades, embora ainda subestimadas por muitos, me tornavam ideal para algo que exigia mais sutileza do que força bruta? Ou seria um teste? Não importava. O desafio estava posto, e recusar não era uma opção. Recebi uma breve descrição da situação. As vítimas desapareciam à noite, sem sinais de luta ou invasão. Era como se a própria areia as engolisse. Nenhum corpo, nenhuma pista clara. Apenas o rastro frio do medo deixado para trás. A primeira etapa era clara: buscar testemunhas e examinar as últimas localizações conhecidas das vítimas. Peguei meu equipamento básico e prendi minha espada à cintura. Não carregava muito peso; preferia mobilidade e discrição. A informação era minha maior arma, e isso era algo que eu entendia melhor do que a maioria. Ao sair do gabinete, meus passos ecoaram pelas ruas tranquilas, mas havia algo estranho no ar. Os moradores evitavam contato visual, as lojas fechavam mais cedo, e até mesmo os shinobi de patrulha pareciam tensos. Algo nos desaparecimentos havia desestabilizado a vila. Comecei minha investigação no mercado, um local onde rumores e informações fluem livremente. A primeira vítima registrada era uma comerciante de tecidos, conhecida por sua personalidade alegre e tagarela. Mas agora, sua loja estava fechada, e seus vizinhos falavam pouco. “Ela foi vista pela última vez fechando a loja,” disse um homem idoso, evitando meu olhar como se temesse compartilhar mais do que o necessário. “Não voltou para casa naquela noite.” Continuei recolhendo fragmentos de informações. Um jovem aprendiz da ferraria local desaparecera enquanto entregava um pedido. Uma criança fora vista pela última vez brincando perto dos portões da vila. Nenhuma dessas pessoas tinha algo em comum além do desaparecimento. Conforme o dia avançava, decidi visitar os locais onde as vítimas foram vistas pela última vez. A loja da comerciante parecia comum, mas algo no chão chamou minha atenção: uma série de marcas quase imperceptíveis na areia, como se algo tivesse sido arrastado. Meu instinto me dizia que havia mais ali. Anotei a localização para um exame mais detalhado posteriormente. Quando a noite caiu, fui até o portão sul, o local onde a criança desaparecera. O silêncio era esmagador, e a única companhia eram os sussurros do vento movendo a areia. Examinei a área com cuidado, mas não havia sinais óbvios. A única coisa fora do comum era a ausência total de pegadas, como se a criança tivesse evaporado. Algo estava errado. Era como se a areia ao meu redor estivesse viva, observando-me, testando minha paciência e determinação. Decidi permanecer no local por mais um tempo, esperando que a noite revelasse algo que o dia escondia. O perigo parecia iminente, mas não podia me deixar intimidar. Ao me preparar para a vigília, senti a adrenalina começar a fluir. Havia mais nesse mistério do que aparentava. E, no fundo, algo dentro de mim sussurrava: “Você foi escolhido por uma razão.” Se havia uma ameaça real por trás desses desaparecimentos, eu não apenas a encontraria. Eu a desafiaria. Naquele momento, sob o céu estrelado de Sunagakure, percebi que esta missão era mais do que uma simples tarefa. Era um teste, um passo em direção ao desconhecido — e talvez, à perfeição que eu buscava.