Angell Hyuuga Hattori
[ HP: ????/???? | CH: ?????/????? | CN: ???/??? | ST: ??/?? ]
[ Byakugou no In: ???/??? | Byakugou no Jutsu: ??/?? ]
[ Hachibi: ????/???? ]
Ao retornar para casa, a azulada enfim deixou seus pensamentos rondarem sua mente de forma livre, consequentemente, deixou seu semblante preocupado com os ditos cujos se mostrar sem quaisquer impedimentos. Passou rapidamente por Hakurei e Everything na sala de estar, deixando-os sentados ali no sofá sem interagir com muito mais do que um beijo e uns afagos breves. Foi direto para o chuveiro do andar de cima, e, ao se enfurnar debaixo da água morna que saía do mesmo, fechou seus olhos azuis devagar e se apoiou só com seu braço direito na parede à sua frente, respirando fundo.
“Sabe o que eu acho, Angell?”, ela ouviu Gyuuki falar em sua mente. “Acho que o que você devia era salvar a si mesma.”
“...o quê?”, e ela rebateu.
“Você entendeu direitinho. Eu acho que você devia salvar a si mesma... de uma vida cheia de mentiras e de um coração cheio de dor e sofrimento.”
“Minha vida e meu coração não são assim.”
“Ainda não. Mas agora eu acho que já chega. Você tem se arriscado demais por uma teimosia boba, hã? Chega... antes que seja tarde demais.”
“Eu não consigo esconder nada de você, não é? Preciso continuar, você sabe. É real, não uma teimosia. E é muito importante.”
“E não dá para você pelo menos parar de se arriscar?”
“...vai precisar dar.”
Gyuuki experienciava os sentimentos, compartilhava as sensações, lia os pensamentos da azulada. E isso tudo com tanta precisão e já há tantos anos que, às vezes, parecia até que o coração dela pertencia à mente dele. ...ou vice-versa, que seja. Mas a questão, naquele momento, era que ele sabia que ela não mediria esforços para fazer aquelas “doações” das quais o diretor da prisão tinha falado e ainda estava tendo acesso livre e total aos planos que ela estava traçando para aquilo. ...e, devemos comentar aqui, eram planos péssimos. Ao menos, ela concordava com ele quanto a esse fato.
A mente de Angell estava trabalhando em situações que não condiziam nadinha com seus ideais. O primeiro dos planos que ela teve de descartar lhe faria tentar enganar Hakurei e uns antigos subordinados dele com a utilização de um Henge no Jutsu melhor treinado. Isso, claro, imaginando que seu nível de proficiência sobre a arte do ninjutsu alcançava o mesmo nível da maior – ou segunda maior? – usuária de iryou-ninjutsu da história antes de si própria: a já quase completamente esquecida Tsunade. Mas será que o segredo por detrás da transformação perfeita dela realmente morava na proficiência sobre ninjutsu?, e será que Angell teria tempo hábil para treinar mais uma técnica a um patamar assim tão elevado antes de descobrir que seu pai continuava sendo subtratado?, e será que haveria paz em sua consciência com tal enganação ao amor de sua vida?
O segundo dos planos que ela descartou consistia em utilizar uma técnica horrenda que conhecia e sabia executar – mas nunca o tinha feito – para, literalmente, tomar para si o rosto do corpo que mantinha escondido no porão de sua casa. A técnica era perfeita, e a dona do corpo estava morta há anos... mas que honra haveria em profanar um cadáver?, por mais que houvesse honra até demais em salvar Shion do inferno em que ele estava sendo mantido injustamente.
Os próximos planos que ela precisou descartar acabavam comprometendo sua imagem de uma forma ou de outra: havia aqui uma ideia vaga de apagar ou desabilitar quem quer que cruzasse seu caminho pessoal até aquele endereço em Kayabuki, mesmo sabendo que era uma medida radical e, claro, imprópria; havia ali uma ideia boba de mandar Katsuyu em seu lugar, mesmo sabendo que ela também poderia ser correspondida a si de incontáveis maneiras; havia mais para lá uma ideia ainda em formação de colocar mais sabe-se Deus quem em seu lugar...
Angell mordeu seu lábio inferior com força. Sentia como se estivesse perdendo, além de sua inteligência, parte de sua humanidade – ora por formular planos deploráveis, ora por ser incapaz de pensar em alguma forma decente de salvar seu pai. Quase nem tinha mais como se considerar filha do antigo grande rei Hattori.
...quando enfim se lembrou de que o clã, ao longo das eras, em ambos os mundos, tinha aliados só em toda parte. E ela própria, que ainda não tinha se re-revelado como Hattori na realidade falsa em que estava vivendo, não era uma exceção, apesar de ter a vantagem do anonimato até aquele momento. Sim, naquele instante, ela se lembrou de Kiba, que, mesmo nunca tendo sido chamado para lhe ajudar em quaisquer batalhas, aventuras ou mesmo desventuras, ainda devia honrar o contrato que tinha firmado consigo já há mais de dez anos. Angell enfim esboçou um sorriso sincero naquele dia.
Ela terminou seu banho, enfurnou-se no quarto que dividia com Hakurei, aproveitando a estadia dele – junto de Everything – no andar de baixo da casa, invocou Kiba e explicou para ele toda a situação. E claro que ele não entendeu muito mais que a missão que lhe estava sendo dada... que, convenhamos, era só tudo que importava realmente agora. Ela preparou um embrulho com o dinheiro que pertenceu a Shion no passado – e que, hoje, devia ser considerado sua herança – para ser retornado como benefícios a ele mesmo e deixou tal embrulho aos cuidados de Kiba. Vendo o lobo partir pela janela de seu quarto sob a luz da lua cheia daquela noite, respirou fundo, sentou-se em sua cama e perguntou mentalmente a Gyuuki se ele não tinha mais nada de que reclamar. E recebeu um “não” sonoro e um sorriso como resposta.
“But it’s the only thing that I have.”