Angell Hyuuga
[ HP: 3500/3500 | CH: 10300/10300 | CN: 000/400 | ST: 00/22 ]
[ Byakugou no In: 500/500 | Byakugou no Jutsu: 00/08 ]
[ Hachibi: 5000/5000 ]
Mesmo com a noite já avançando bastante, o jantar ainda não estava terminado quando a azulada retornou à casa de sua mãe, e, por mais que insistisse para ajudá-la na cozinha, não recebia permissão. Então, limitou-se a se sentar de pernas cruzadas no meio da sala de estar, de frente para Everything, e voltar a pensar no que havia acontecido mais cedo naquela mesma noite. Por que seu selamento de repente tinha melhorado tanto assim? Será que, já que seu Tenseigan não podia lhe ajudar a encontrar uma resposta, a caixa de pergaminhos de seu pai poderia? A azulada não se lembrava de já ter visto algum título – ou mesmo conteúdo –, exceto, claro, pelas informações acerca do Selo da Força de Uma Centena, ao menos minimamente sugestivo em relação a fuuinjutsus, mas e se houvesse algum pergaminho perdido por aí fora da caixa? Dizemos, não ali na sala de estar, mas lá no porão ainda, que fazia tantos anos que Katsura dizia que lhe convidaria para ajudar a reorganizar... mas, na verdade, nunca se lembrava nem de visitá-lo.
Angell chamou Everything para lhe acompanhar até lá embaixo e desceu as escadas com certa pressa. Foi vasculhando prateleira por prateleira das estantes cheias de besteirinhas aleatórias, esperando encontrar nelas algum pergaminho ainda mais empoeirado que os da caixa. Porém, por mais que procurasse, não chegava a nada capaz de lhe interessar, e, aos poucos, foi vendo as estantes se esgotarem. Foi só quando se aproximava das últimas delas que notou algo, no mínimo, intrigante: encostado em um canto quase oculto, mas ainda visível, estava o que parecia ser um... caixão?, sobre o qual havia um colar com um pingente quase tão azulado – mesmo que um tanto desbotado – quanto a si própria. Ela encarou Everything por um instante, como se quisesse perguntar à lobinha o que aquilo devia significar, mas só recebeu um mesmo olhar confuso como resposta. Então inventou de se aproximar mais e abrir o tal caixão. ...só para se deparar com um corpo em perfeito estado de conservação, apesar de dividido no meio.
Sentiu seus olhos azuis se arregalarem e seu queixo cair. Conseguiu conter seu espanto... mas por pouco, muito pouco. Caminhou até o outro lado do caixão, apesar de não deixar de encarar o corpo conservado dentro do mesmo. Quis entender do que aquilo tudo se tratava, mas estava tão embasbacada que não sabia nem por onde começar a analisar a situação. Dizemos, há quanto tempo aquele corpo estava no porão da casa de sua mãe?, quando o caixão tinha sido levado até lá?, quem tinha sido a menina em vida?, e, acima de tudo isso ainda, por que diabos era ali que ela estava agora, depois de morta? Angell respirou fundo, olhou ao seu redor uma, duas, três vezes seguidas, piscou longamente... e voltou a encarar o corpo, aproximando um pouco mais seu rosto do mesmo. Os aspectos da própria conservação denunciavam uns 15 anos de velhice, e o aspecto da menina, uns 13 anos de idade eternizados. Mas 15 com 13 são 28 – vulgo, a idade da própria azulada. Então... era com Angell que a menina – ou a morte dela, ou a vida dela, ou a família dela, ou alguma outra coisa dela – estava relacionada? Os cabelos dela eram rosa, do mesmo tom de rosa de um pingente – de formato idêntico ao do pingente azulado que havia em cima da tampa do caixão até instantes antes de o mesmo ser aberto – que ela carregava também em um colar, que sabe-se lá por que não tinha sido removido daquele pescoço morto. ...mas por um acaso aquele pingente azulado era de Angell? Por um instante, ela não soube no que pensar; sua mente parecia querer inventar qualquer desculpa para lhe livrar de já ter tido algum contato com aquela menina, apoiando-se, antes de mais nada, no pingente que Angell nem sabia que existia – que se diria saberia ser seu –, mas, para isso, de repente jogava a responsabilidade em seu pai, que nem ali estava para contestar suas teorias malucas. Dizemos, os cabelos de seu pai também eram azuis, e muito do que havia na casa de sua mãe tinha pertencido a seu pai em vida. Mas o que a menina podia ter significado para ele?, uma amada da adolescência ou uma primeira namorada?, uma filha bastarda?, uma... o quê? Não fazia sentido – principalmente porque aquela casa era de Katsura desde sempre, e Shion que tinha ido morar nela depois de adulto, então não haveria como ele guardar qualquer coisa – ou qualquer corpo – em algum cômodo sem que Katsura soubesse, mesmo que só descobrindo mais tarde. ...mas, de alguma forma, o corpo estava ali. Katsura não sabia?, ou era ela quem o escondia? Shaka tinha chegado a saber um dia? Shion tinha...?
A azulada fechou o caixão de novo, repousando o colar com o pingente também azulado de volta em cima da tampa do mesmo. Correu até o pé da escada que lhe levaria à sala de estar e se sentou no primeiro degrau. Recostou suas costas, seus ombros e a parte de trás de sua cabeça na parede, fechou seus olhos e respirou fundo mais uma, duas... várias vezes. Sentiu Everything se deitar sobre suas coxas, mas mal conseguiu esboçar qualquer reação; estava completamente avoada.
“But it’s the only thing that I have.”