— O garoto filho do Ryuuzaki, como é o nome dele mesmo? — olhou para B.A, virando a garrafa de cerveja em sua boca, enquanto River e Kimiko retornavam para a mesa.
— Mitsuki. — beliscou alguns petiscos, olhando ao seu redor.
— Ele era Chuunin em Kusagakure. Ele pediu transferência para cá. Talvez eu arrume um time para ele, e tudo mais. — colocou a garrafa vazia na mesa, assistindo Kimiko escrever algo em um guardanapo, o entregando. — Não, não devemos mantê-lo por perto. Nós juntos somos imã de treta, ele não veio para cá para se envolver nisso. A realidade é que ele quer honrar o legado do Ryuuzaki, mesmo não sabendo a verdadeira história dele. — limpou a boca com aquele guardanapo, amassando-o.
— Não sei se isso é verdade. O garoto parecia fazer muitas perguntas quando encontramos eles pela primeira vez. Perguntas específicas… — B.A bebeu mais um pouco da sua cerveja, enquanto um garçom chegava com mais bebidas para todos.
— Ele perguntarr sobre como Ryuuzaki morrerr, se tinha sido Kiyoshi. — River lembrou, abrindo a sua garrafa e de sua esposa.
— Aliás, quem é a mãe dele? Se não é da Misa, nem da Indira… Caralho, o Ryuuzaki tinha uma vida íntima bem misteriosa, não é? — ele pegou um cigarro no bolso, acendendo-o.
— Tenho uma ideia de quem seja. Ryuuzaki me contou sobre uma missão que ele fez em Kusagakure uma vez, no começo da sua caçada ao Kiyoshi, para encontrar um cara de quem ele estava comprando drogas experimentais. Ele ficou um tempo lá disfarçado, e segundo ele, teria conhecido uma mulher lá… — B.A forçou sua mente para lembrar-se daquela história. — Quantos anos o garoto tem agora, 15?
— De acordo com a ficha dele, ele logo vai completar 18 anos. — Nathaniel fumava o seu cigarro, sentindo a mente relaxar. — De qualquer forma, ele quer ter contato com a irmã dele, mas a mãe dela é contra. B.A, acho que a Indira odeia menos você, e vocês dois são pais… Poderia falar com ela? — ele logo recebeu uma sentença positiva do amigo.

[...] Eles saiam uma hora depois, visivelmente alcoolizados, mas atentos a tudo o que se passava ao redor deles, rindo bastante e esquecendo todas as coisas ruins que se acumulavam em suas vidas. Nate observava alguns cartazes colados nas paredes e nos postes com figuras de gatos pintados, anunciando uma data que estava muito próxima.


— Oh, filha da puta, para de mijar no poste, caralho! Se te pegarem, eu vou ter que multar você. — apontou para River, que resolveu se aliviar.
— Eu estarr muito apertado, Petit Nate, ou melhor, Petit Yondaime. — zombou.

B.A e Kimiko, tão alcoolizados quanto os outros, apenas riam, até que a garota Hattori ficou alarmada, abrindo os seus braços e movendo o rosto. De repente, ela se moveu em alta velocidade até um beco, onde puderam ouvir barulhos de latas de lixo sendo derrubadas, assustando o trio, até que um cajado caiu perto dos seus pés, depois um corpo foi projetado para fora do beco, trajando um manto preto. Nathaniel rapidamente se ajoelhou e tirou o capuz de seu rosto, ficando assustado com quem tinha invadido a vila.

— Alice? Não deveria ter vindo aqui!
— Kimiko dizerr que você terr cinco segundos para dizerr por que está aqui, ou então ela matarr você. — River traduziu os sinais feitos por sua mulher.
— Oberon-sama planeja atacar Silvermoon em breve, mas para isso, ele precisa de algo que só você pode dar a ele, Nathaniel-kun. — ela falou ofegante.
— E o que é? — olhou preocupado.
— A bijuu que reside dentro de você.


Já dentro do templo, por volta de uma da manhã, Nate chegou no salão principal com a arma da elfa negra na mão, enquanto Kimiko carregava Alice pelo pulso, que não resistia a abordagem.

— Prendam ela em um dos quartos com fuuinjutsu, mas sem tortura ou porrada. Veja se ela quer comer alguma coisa. — jogou o cajado de Alice para River, que agarrou no ar. — Guarda isso em algum lugar onde ela não possa achar. — ele observou Kimiko e B.A levarem ela para cima, subindo as escadas, enquanto River seguia para o corredor a esquerda. — Vamos lá, Matatabi, diga logo o que quer tanto falar. — pegou um cigarro do bolso, acendendo ele com um isqueiro.
— Na última vez que viu o seu tio, você mal conseguiu tocá-lo, Nathaniel-dono, e esse homem parece ter sempre uma carta na manga. Eu sei que você sente algo por essa mulher, mas não deve confiar totalmente nela. Ela parece esconder alguma coisa… — argumentou em sua cabeça.
— Mesmo que isso seja o caso, teremos que enfrentá-lo. Se ele for tão poderoso quanto ele diz ser, então teremos trabalho, e eu digo nós, porquê ele tentará tomar você de mim, então teremos que nos ajudar.
— Se esse momento chegar, você poderá acessar o meu chakra, como sempre faz em momentos de extrema necessidade, Nathaniel-dono. E se o Chakura Modo não for suficiente… — ela estava prestes a fazer uma confissão, quando ouviu o barulho de móveis sendo tombados no segundo andar.

Nathaniel correu como uma flecha na direção do local de onde vinha o barulho, encontrando Kimiko e B.A protegendo Alice, que tinha um semblante assustado em seu rosto, enquanto Anastasia e Azrael estavam do outro lado, o último com uma expressão feroz, esticando o braço direito para frente.

— Nós não temos nada contra você, meu chapa, só queremos a garota. Ela nos deve muitas informações, e nós não temos muito tempo ou paciência. — Azrael tentou barganhar com para B.A, que ficou com o rosto rijo.
— Isso não vai acontecer. Nós temos ordens para mantermos a garota segura. — cruzou os braços na frente da elfa, enquanto River surgiu um pouco atrás do Hokage.
— Ordens de quem? — Azrael fez a pergunta e logo todos olharam para Nathaniel na porta do quarto, com o seu cigarro na mão. — Você sabe de quem ela é serva, garoto? A quem ela vendeu a sua lealdade? E você quer dar os biscoitinhos e o cházinho da mamãe pra ela?  — estava indignado, e parecia que Anastasia concordava com ele.

Nate então ouviu passos vindos do corredor, e as vozes da sua mãe e dos seus irmãos adotivos, perguntando o que estava acontecendo. De repente, o quarto estava cheio com todos os moradores e visitantes, todos trocando olhares uns com os outros, principalmente com a fugitiva Alice Grey. Até mesmo Kiara surgia, encolhendo suas asas acima das suas costas. O Yondaime, por sua vez, ficava parado com o cigarro soltando fumaça, revirando lentamente os olhos com aquela situação constrangedora, levando a mão direita ao topo do nariz quando ouviu a voz da sua mãe.
— Fumando dentro de casa, Nathaniel? Quantas vezes eu já falei pra você não fazer isso? O cheiro fica todo pela casa, você está fazendo todos nós fumarmos com você, e o seu irmãozinho Finrod fica tossindo a noite toda. — nesse momento, o menino tossiu involuntariamente, fazendo a mãe apontar para o garoto. No meio do silêncio, pode-se ouvir a risada discreta de Alice, que ficou corada quando todo mundo olhou para ela, cada um reagindo de uma maneira diferente. Nate não se deixou abalar, pigarreando e atraindo a atenção dos padrinhos para si.
— Acredite em mim quando eu digo, Azrael, que eu sei a quem ela é leal, mas ela veio aqui e entregou-se de boa vontade. Até mesmo na guerra existem regras que devem ser cumpridas. Ela vai ficar aqui essa noite, sendo vigiada. E voc~es não vieram de longe e chegaram a essa hora da manhã a toa, não é? — olhou diretamente para os dois.
— Nós temos informações importantes que devemos compartilhar com você. — avisou Anastasia, parecendo aflita.
— Bom, o que tiverem para dizer, digam amanhã. Hoje a noite já foi muito conturbada, e não vamos resolver nada com todo mundo de cabeça quente, cansados e com álcool na mente, não é? — sua reação pegou todos de surpresa.
— Bebendo a essa hora da noite? Você é Hokage da vila agora, Nathaniel, você não pode ficar por aí bebendo todas! O que as pessoas vão pensar de um líder que bebe e fuma o tempo todo? — Elleanor fez questão de dar um sermão no rapaz na frente de todos, que apenas se retirou para o seu quarto, cansado de todo aquele melodrama, sendo seguido por Kiara.


— Ela não é confiável, Nathaniel-dono. Olha só quantos conflitos ela causou em sua casa. Eu não me sinto confortável com ela por perto. A qualquer momento, seus aliados podem surgir aqui, e se der brecha para ela… Eu posso ser arrancada do seu corpo e me tornar um instrumento de poder nas mãos de seu tio. — desconfiada como sempre, Matatabi  tragou a mente de Nathaniel para um local no inconsciente dele, uma caverna onde eles se encontravam. Com os olhos fechados no mundo físico, comunicando-se telepaticamente, ele podia ver a Bakeneko na sua frente.
— Eu não confio nela plenamente, mas se ela tem informações, o mínimo que podemos fazer é ouvir, depois decidirmos o que fazemos com ela. — respondeu, ficando em posição de reflexão em cima de uma pedra que existia no cenário imaginário. — Antes da confusão começar, você estava prestes a me dizer algo. O que era?
— Se a batalha escalonar para algo mais complexo e que necessite de uma força extra, você poderá evoluir o Chakura Modo para um modo mais poderoso. Você poderá fazer coisas que nunca imaginou fazer antes, mas para isso, precisará compreender exatamente o que está em jogo. — olhou diretamente para o elfo.
— Por que você está falando em códigos comigo?
— Porque eu não sei se posso confiar esse poder a você a ponto de contar a você os mistérios que envolvem o meu poder. — revelou sem nenhuma cerimônia, deixando Nate chocado.
— Do que está falando? Nós passamos o último ano, quase dois anos, juntos, construindo um laço de confiança. Eu sei que você desconfia de todos, mas quando foi que passou a desconfiar de mim? — abriu os braços, confuso e decepcionado.
— Quando você passou a ter sentimentos por Alice Grey. — suas palavras causaram um silêncio naquele ambiente. — Honestamente, apesar da sua instabilidade emocional, você sempre pareceu um elfo centrado e capaz de tomar boas decisões, Nathaniel-dono, mas com essa garota presente… Ela tem a capacidade de mexer com a mente das pessoas, principalmente a sua. E se ela convertê-lo a causa de Oberon, e ele convencê-lo de usar o meu poder como uma arma de destruição? —
— Você realmente não me conhece tão bem, não é?
— Eu vivi eras o suficiente para testemunhar o quão longe um homem bom pode ir por conta de uma mulher, para o bem ou para o mal… Seus sentimentos estão tão confusos agora, não só sobre essa elfa, mas sobre tudo.
— Então me ajude a lidar com essa confusão. —  pediu, fazendo que era raro: buscar por alguém (no caso, uma bijuu) para confrontar os seus sentimentos.
— Pelo menos existe algo de bom: você não parece tão obcecado pelo meu poder.
— Bom, eu tenho outras habilidades mais poderosas, então… — ele observou a Matatabi arregalar levemente os olhos, parecendo chocada com as suas palavras. — Que foi?

— Você precisa entender, Nathaniel, que quanto mais conhecimento obtiver acerca da minha energia, mais poderá desejar usá-la. Ela se tornará o seu amuleto, mas também pode se tornar a sua maldição. As pessoas lá fora veem você como uma fonte de poder, e a julgar pelo que já compartilhou comigo, isso é assim há muito tempo. Eles querem o poder do seu clã, suas armas, seu dinheiro, seu cargo, meu chakra, até roubariam a sua aparência, se pudessem. Quanto mais você expor o poder que compartilhamos, mas atrairá inimigos para si. É o caminho inevitável de todo Jinchuuriki, se ver cercado por pessoas gananciosas buscando o seu poder.. — foi a última coisa que ouviu da duas caudas.

Nathaniel nem percebeu quando a conversa entre ele e Matatabi se encerrou, mas quando abriu os seus olhos, o Sol batia em seu rosto, indicando que uma nova manhã havia se iniciado. Espreguiçou-se e rapidamente se levantou da cama, fazendo flexões e despertando Kiara, que dava um bocejo alto, chacoalhando o corpo para mandar o sono embora. Em poucos minutos, estava de banho tomado e pronto para executar o seu trabalho, chegando na cozinha e observando algo inusitado: Alice Grey conversando com Elleanor e Rachel aos risos enquanto preparavam o café da manhã, enquanto B.A, River, Kimiko, Ezekiel e Finrod estavam sentados a mesa saboreando o café.


[...] O café da manhã foi quieto e rápido, e de repente, Nathaniel reunia seus amigos e os seus padrinhos no bar, onde poderiam conversar sobre o elefante na sala. Mesmo que fosse de manhã, Nate se serviu de um copo de whisky, oferecendo para quem o quisesse.

— Tudo bem… — puxou um cigarro do bolso e o acendeu rapidamente, observando River trazer o cajado da ilustre convidada. — Alice, pode começar a contar tudo o que tem para dizer. — sentou-se em uma cadeira.
— Você está pensando com a cabeça errada, camarada. Dar o cajado na mão de uma ilusionista como ela… Está ficando idiota que nem o seu pai. — Azrael não perdeu tempo em criticar o afilhado, enquanto este permaneceu em silêncio. — Erasmus está com Ravenna, Masako e as crianças em Kusagakure, reunindo a velha turma da Ordem, mas aparentemente, Oberon também está recrutando, e não somente os exilados de Silvermoon, mas gente de dentro do país, gente importante. Estamos em guerra, meu garoto, e você está querendo comer a inimiga. — suas palavras saiam alta, deixando Alice constrangida, enquanto o Yondaime ficava com o semblante sério, silencioso.
— Alice. — olhou para ela, apontando para o cajado em sua mão.
— Seu tio está certo. — se manifestou repentinamente, fazendo Nate respirar fundo.

Alice era uma ilusionista como Nathaniel nunca tinha visto antes. Sua capacidade de projetar o que ela queria que vissem, de controlar a mente das pessoas e até mesmo de alterar o cenário era impressionante. Com uma batida no chão, o cenário mudava de repente, criando um cenário falso que aos olhos de todos ali parecia verdadeiro. Uma imagem de dois grupos na descida de uma montanha era revelada, todos usando mantos. Os elfos negros se mostravam com mantos negros, enquanto os visitantes chegavam com mantos brancos.

— A uns dias atrás, Oberon-sama se reuniu com pessoas que não se identificaram, apenas trouxeram muitas malas de dinheiro e disseram que gostariam de financiar o nosso grupo, para que um golpe de estado fosse orquestrado em Silvermoon. Não dava para ver muita coisa deles, só que quem falava por eles era uma mulher. Mais do que armas, eles ofereceram equipamentos, locais para nos escondermos e até mesmo apoio. Eles só tinham uma condição. — a ilusão se desfez, e eles retornaram para o bar.
— Que condição é essa? — Anastasia cruzou os braços.
— Que Nathaniel fosse morto… Mas não sem antes vinculá-lo a nossa organização. — a elfa negra revelou, fazendo todos ali trocarem olhares.
— Mantê-la aqui só iria aumentar as suspeitas. — B.A olhou para o Yondaime.
— Trazer você para o nosso lado era parte do plano, mas matá-lo não. E-eu… Eu não queria que matassem você, por isso eu traí o grupo e fugi, pois acredito que a morte do Nathaniel não é parte dos planos de Gehenna.
— Gehenna? Ela disse Gehenna!? — Azrael se levantou da cadeira, assim como Anastasia, ambos chocados com aquele nome. — Ela é um perigo, Nathaniel! Devemos prender essa fedelha imediatamente! Você não sabe do que ela é capaz!
— Ela não está contra nós, ok? — Nate tentou acalmar a situação.
— Não ela, Gehenna! — Azrael argumentou. — Existem muitos espíritos dentro do submundo, alguns mais nobres, outros vingativos. Gehenna é a encarnação da destruição, e os seus seguidores são lunáticos, obcecados pela morte e pelo fim do mundo.
— Agora dá para ver como Oberon ficou fanático daquele jeito. — Anastaia falou olhando para o afilhado.

De repente, todo mundo tinha algo a dizer, uma opinião sobre Alice, mas no fim de tudo, a opinião que importava era a de Nathaniel. Prontamente, o elfo se levantou da cadeira, terminando de tomar a sua bebida.

— B.A, fiquem o tempo todo com Alice. Ela será uma visitante da vila, mas estará em estado de observação. Eu contactarei a ANBU para prestar apoio. Azrael, Anastasia, por favor, retornem para Kusagakure e digam para Erasmus que eu financiarei a Ordem da Fênix. Minha conta bancária não é tão grande, mas podemos fazer grandes coisas. — ele olhou para River e Kimiko. — Fiquem de olho numa mulher chamada Suzuki Rinka. Ela trabalha para o Byakuya, com certeza essa tentativa de golpe de estado tem dedo desse filho da puta. Agora, se me dão licença, alguém precisa comandar a vila. Kiara. — pegou o chapéu de Hokage na mesa e pôs na cabeça, saindo junto com a sua Kumorineko do bar.

Em dez minutos, Nathaniel começou o seu trabalho como Hokage, com o mapa da cidade de Konoha em cima da sua mesa, analisando o esquema de segurança para o dia do evento, que aconteceria em dois dias e atrairia diversos moradores da vila e até alguns turistas para a cidade, pegando um pergaminho e conferindo os valores que foram cedidos para os organizadores do evento. Tentava ao máximo não pensar naquele assunto envolvendo Oberon e uma possível aliança com Byakuya, podendo assim produzir mais em seu trabalho. Porém, algo dentro de si fazia questão de lembrá-lo.

— Você parece despreocupado com os perigos que estão ao seu redor. Permitir e ainda por cima participar de um evento em que atrairá pessoas suspeitas para o seu território, pessoas que podem ter a intenção de matar você. — a bijuu se manifestou novamente, enquanto Nate enrolava o pergaminho novamente, guardando dentro da gaveta.
— Você subestima os shinobis desta vila.
— Alice Grey entrou na sua vila duas vezes, enganando os seus rastreadores e chegando até você com facilidade. — ela falava com ironia e mau-humor.
— O que você quer, hm? Eu estou em horário de trabalho, não posso parar para conversar.
— Eu quero que voc~e pare de focar em coisas supérfluas e me ouça Nathaniel-dono. Eu tenho algo muito importante para dizer. — suas palavras chamavam a atenção do elfo, que respirou fundo. — Se você quiser triunfar sobre o que está por vir, você precisa entender a conexão que existe entre mim e você. Você conseguiu desbloquear o poder do Chakura Modo, mas ele ainda tem os seus limites. Uma vez que entender o significado do meu nome e o porquê das minhas alcunhas, você ultrapassará os seus limites, mas para isso, somente quando nos conectarmos realmente. — explicou.
— Você claramente disse ontem que não confiava totalmente em mim, agora quer conversar? — tudo isso acontecia dentro da sua mente.

Nate pensava na possibilidade de fazer uma pausa no trabalho para ouvir a bijuu. De repente, Hanabi entrou na sala em passos apressados, parecendo bastante nervosa, chamando a atenção de Kiara, que estava deitada em sua pantufa. Ela mostrou um pergaminho que tinha em mãos.

— Olha o que um dos Chuunins da vila relatou em sua ronda externa. — ela entregou o pergaminho para o Grey, que o abriu e leu atentamente tudo o relatório do ninja da vila.
— Alice Grey está em minha casa, sendo vigiada, e ao mesmo tempo, eles foram vistos montando acampamento não muito longe daqui. Se esses caras estão rondando os arredores, ela pode estar envolvida com eles. — teorizou, enrolando o pergaminho e o colocando na mesa.
— Ainda acha que pode confiar nessa mulher? Se você deseja sobreviver, você precisa descobrir o que ela está tramando e depois matá-la. — a Bakaneko tentava influenciá-lo, não demorando muito para fazer com que Nate levantasse da cadeira e fosse caminhando em passos firmes em direção a sua casa.

O Yondaime Hokage passava pelas ruas em passos rápidos, sendo seguido por Kiara, sem ouvir nada que acontecia ao seu redor. Em poucos minutos, ele chegou no Templo da Fênix, observando Alice colhendo algumas plantas de uma árvore com sua mãe e sua irmã, sendo vigiada por B.A. Acabou se aproximando dela, agarrando-a pelo pescoço e a levantando do chão, roubando-lhe o ar enquanto os segundos passavam, assustando todo mundo que estava ao redor.

— Seus camaradas estão rodeando Konoha, Alice. O que vocês estão tramando, hein? É melhor você começar a falar a verdade, ou então eu vou te matar aqui e agora. — falou num tom ameaçador.

Nathaniel não ligava em apertar bem forte o pescoço de uma forasteira que estava em sua casa como se fosse alguém da família. Ela podia ter o sobrenome Grey, mas não era uma deles. Ao seu redor, as pessoas ficavam assustadas, até que B.A segurou em seu braço, indicando que ele a deixasse falar. Lentamente, o elfo colocou a moça no chão, deixando ela cair em seus próprios joelhos, percebendo que ela olhava para ele com medo.

— Eu não sei porque eles vieram para cá, nem quantos vieram, pois eu vim para cá sozinha. Eles devem ter vindo atrás de mim, para me levarem de volta ao Oberon-sama. Eu sei que você não acredita em mim, e que nunca vai confiar em mim, então não há porquê eu me justificar. Me perdoe por isso… — sua voz estava embargada de tristeza e os seus olhos marejavam, demonstrando um sentimento sincero vindo da sua parte, um que cativou o Hokage, e no momento em que a elfa negra virou o rosto para não encará-lo, ele deu alguns passos para trás, observando Elleanor e Rachel levantá-la do chão e ampará-la.


— Você passou do ponto, garoto. — B.A o reprendeu. Nathaniel,, assistindo Alice sendo levada para dentro de casa por Elleanor, Rachel e até mesmo Kiara, nada respondeu.

[...] O Sol estava se pondo em Konoha, e depois de retornar ao Gabinete e ficar o dia inteiro lá, Nathaniel foi para o terraço do gabinete, onde ficou sozinho assistindo o fim do dia apoiando os braços na grade. Seus pensamentos eram tão fortes que nem mesmo parava para fumar enquanto sua mente trabalhava em reproduzir as lembranças que menos gostaria de reviver, sentindo tudo de negativo novamente.

— Depois de tudo o  que descobriu, você ainda acredita nela? — em sua mente, ele ouvia a pergunta de Bakeneko.
— Ela não parecia estar mentindo, não é? De qualquer forma, agir de forma truculenta por uma simples desconfiança não deveria ser a minha conduta como Hokage, nem como anfitrião. Isso também é culpa sua, ok? Você fica me jogando contra todo mundo com as suas desconfianças. Já não basta meus padrinhos com isso?
— Isso tudo foi para nos protegermos, Nathaniel-dono. — explicou-se de forma tímida.
— Essa porra é porque você não consegue confiar nas pessoas, simplesmente isso! Não podemos passar por essa merda, não podemos nos isolar do mundo mais uma vez… Não podemos. — suas palavras soavam como um desabafo, falando sobre eles, mas referindo-se a si mesmo.


— Você sabe por que o meu nome é Matatabi? — mudou de assunto rapidamente. — É o nome de uma planta para gatos, deixa-os animados e elevam o seu bem-estar, mas também os acalmam. Meu criador dizia que se sentia assim do meu lado, e por isso me batizou com esse nome. Eu era muito feliz ao seu lado, e me sentia bem com a sua presença. Quando ele se foi, os humanos passaram a me disputar como uma arma. Com o tempo, eu ganhei outros nomes, alcunhas que eu carrego como uma maldição. Eles me chamavam de Bakeneko e Honō no Kaibyō. Toda vez que eu renascia ou era capturada, eu lutava para desenvolver um laço duradouro com o meu hospedeiro, mas a sua sede de poder o destruía antes que eu pudesse fazer algo… O ódio, a ganância e o instinto assassino da humanidade me corrompeu conforme as eras passaram. Você não é muito diferente dos outros, mas pelo menos você tenta alcançar alguma nobreza em sua vida. É por isso que você deve aprender a Matatabi Modo. — aquilo pegou Nathaniel de surpresa, a ponto dele esquecer tudo o que tinha acontecido anteriormente.

Naquela tarde, a bijuu de duas caudas ensinou como Nathaniel poderia acessar o poder absoluto do seu chakra, tanto a quantidade que ele deveria acessar e incorporar ao seu chakra como também a força que absorveria para si, além da capacidade de elevar o poder das suas técnicas que envolvessem o elemento fogo e a manipulação do manto, revelando ao seu Jinchuuriki que não haveria mais a necessidade de ficar trocando chakra constantemente com ela, o que para Nate soava como alívio. A Bakeneko também ensinou ao elfo como ele poderia invocar um avatar de chakra do tamanho da bijuu, com uma resistência elevada o suficiente para se proteger de ataques poderosos.

O Grey, conforme a noite caia, resolveu usar o terraço do Gabinete como uma área de treinamento, ficando com as pernas flexionadas no chão e rapidamente entrou em estado de meditação, tentando absorver o chakra da bijuu dentro de si para tentar acessar a chamada Matatabi Modo, porém, sempre que o fazia, acabava mesclando o seu chakra ao dela, enviando uma parte de si para ela, não conseguindo acessar o poder em sua totalidade. Por uma hora inteira, Nathaniel tentou elevar o seu chakra para isso, porém, não alcançava o sucesso que gostaria.

— Não se preocupe com isso, irá acontecer no momento em que for necessário, como sempre é com você. Talvez devesse cuidar dos assuntos que tem perturbado a sua mente o dia inteiro, Nathaniel-dono. — sugeriu a bijuu.


[...] Era um pouco depois das dez da noite, quando Nathaniel voltou para casa, decidido a fazer a coisa certa, precisando de uma dose de whisky para aumentar a sua coragem. Foi quando entrou em seu bar e viu Alice sozinha, pronta para pegar uma garrafa de vinho, ficando surpresa com a chegada do homem, mas logo virando o rosto, demonstrando estar chateada, voltando a pegar o que queria.

— Eu vim pegar uma coisa que a sua irmã pediu. Estamos fazendo a noite das garotas hoje, mas se quiser me revistar pra ter certeza que eu não roubei nada. — ela abriu os braços e deu uma volta completa. — Está vendo? Eu não estou roubando você ou plantando alguma armadilha. Posso ir agora, Yondaime? — questionou com tons de ironia e ira, fazendo Nathaniel abrir espaço para ela passar, tirando o chapéu e colocando em cima da mesa. Segundos depois, ela voltou em passos pesados, colocando a garrafa na mesa, enquanto ele buscava por uma garrafa de whisky do outro lado do balcão. — Quer saber de uma coisa? Eu arrisquei a minha vida e tudo o que eu acredito para vir aqui e te proteger, só pra viver com um bando de humanos e até elfos me olhando torto para onde eu vou. E sabe por que eu fiz isso? Porque eu sou apaixonada por você. Quando eu vi você discursando em Silvermoon a anos atrás, eu achei que você era diferente, eu achava que poderia ser o nosso salvador, mas você é só mais um idiota que foi corrompido pelo sistema deste continente. Anasterian tinha razão quando disse que você manchava o nosso nome. — colocou toda a sua raiva para fora, enquanto Nathaniel olhava para ela em silêncio.
— Ela soou sincera. — opinou Matatabi, fazendo o elfo soltar o ar pelo nariz.
— Me desculpa. — pediu com toda a sinceridade que tinha em seu coração. — Por agredir você, por desconfiar de você, mas principalmente, por iludir você. — as suas palavras fizeram com que ela o olhasse confusa. — Eu não sou o homem que você pensa que eu sou. Eu prefiro que você me odeie do que você me ame, porque eu consigo lidar com o ódio das pessoas. — ele deixou de olhar para ela, pegando um copo de whisky e se servindo.

Alice, com os olhos marejados, saiu em passos largos, deixando o bar com a garrafa de vinho na mão, passando pela porta, enquanto Nathaniel bebia o seu whisky, encarando a porta por alguns segundos, mais uma vez enxergando a partida de alguém com quem poderia dividir a vida juntos.

— Oh, Nathaniel-dono… Você nunca vai conseguir superar o que aconteceu no passado, não é? Seu coração quebrado é a sua força, mas também a sua fraqueza. — disse em sua mente.

Dois dias depois, o evento Makeni Neko começou. Era um dia muito alegre em Konoha, com estátuas gigantes de gatos da sorte posicionados em vários pontos da vila, além das bandeirinhas decorativas. Haviam ninjas espalhados por toda a vila, muitos a paisana, enquanto alguns ANBUS ficavam vigiando em posições estratégicas, assim a vila poderia receber todos os turistas e moradores da vila. Nas ruas, diversos moradores com os seus rostos pintados, desde crianças, até adultos, até mesmo pessoas mascaradas. Na praça no centro da vila, as pessoas se reuniam logo pela manhã, para o anúncio do Hokage, que tinha a imagem de um gato azul pintado do lado direito da bochecha.

— Começa agora o Festival do Gato da Sorte. Dentro do território de Konoha, foram escondidos 100 pequenas estátuas de gatos da sorte, cada um de uma cor diferente. Algumas regras: todos os lugares onde podem estar as estátuas estão marcados com o símbolo do gato na porta, portanto fica proibido a entrada em casas e estabelecimentos que não tiverem marcados. Está proibido o vandalismo e a destruição dos patrimônios, seja público ou privado. O festival começará daqui a cinco minutos, quando o relógio bater as nove da manhã, e irá durar até as seis da tarde, quando o sino tocar por toda a vila. Aqueles que conseguirem a estátua poderão ganhar descontos em restaurantes e lojas, mas terão que comprovar que ganharam o item. Boa sorte a todos, e que a festa comece! — declarou a abertura do evento diante de vários aplausos.

O evento, como prometido, durou o dia inteiro, envolvendo os mais novos numa corrida incessante pelos gatos. Por causa disso, as ruas ficaram movimentadas o dia inteiro, dando espaço para que as pessoas se divertissem. Alguns eventos mínimos aconteciam, mas quase todos sofriam uma intervenção rápida. Sua família também estava presente no evento, mas os Os Garotos se aproveitavam daquela situação para agir, conforme as suas tarefas. No fim do dia, foi informado que 99 gatos foram encontrados.

Quando a noite chegou, as crianças foram embora com as suas famílias e os adultos mais boêmios começaram a tomar as ruas, numa marcha que percorria as ruas da vila. Nathaniel, River e B.A caminhavam juntos a outras pessoas, enquanto o elfo ficava de olho em Kimiko, Rachel, Alice e Hanabi, que caminhavam juntas e se divertiam com os lançadores de fogo.

— Me digam que encontraram alguma coisa de útil sobre a missão de hoje. — perguntou em códigos.
— Nada sobre os visitantes indesejados. — B.A respondeu rapidamente.
— Eu e Kimiko encontrarr coisa interessante em nossa arrumaçon… Alice estarr certa sobre reunion, e você estarr certo sobre a assessora do ricaço, Petite Nate. Nós acharr um manto branco e uma máscara. — revelou River, levando Nate a passar a mão pelo rosto.
— Pelo menos agora sabemos quem são nossos inimigos. — colocou as mãos dento do bolso, observando um rapaz ruivo caminhando sozinho entre as pessoas. — Mitsuki! — chamou em voz alta, fazendo o rapaz olhar para trás, acenando timidamente.
— Hokage-sama! Está sendo uma grande festa hoje. Eu fui liberado para participar da festa, espero que esteja tudo bem para o senhor. — ele se aproximou, caminhando ao lado dos rapazes.
— Claro que está, rapaz, fui eu que o tirei da escala de hoje. E pode me chamar de Nathaniel. — deu um tapinha de leve em seu ombro. — Como você está se sentindo? Aproveitou bem o festival? — olhava o seu rosto inclinar para baixo.
— Bom, eu tentei aproveitar com a Midori, mas a mãe dela só faltou me bater quando tentei me aproximar dela. — falou num tom de tristeza.
— É, ela não costuma ser muito carismática. Honestamente, não sei o que o Ryuuzaki viu naquela mulher. Nunca vi ela sorrindo. — olhou para frente.
— Ela me disse que o meu pai foi enterrado no Templo da Fênix. Isso é verdade? — de repente, os três olharam para ele surpresos. — Se isso for verdade, eu gostaria de pedir para ver o lugar, se não for incomodo. — olhou nos olhos do elfo, que ficou sem saber o que dizer.

[...] Nathaniel e Mitsuki seguiram para o Templo da Fênix sozinhos, chegando ao lugar onde Ryuuzaki havia sido enterrado, que ficava em um pequeno bosque, com uma lápide com o nome do antigo líder dos Garotos e a sua foto ali bem grande. O jardim ao redor era muito bem cuidado pelos empregados da casa, e sempre havia uma garrafa de whisky cheia ali, mas com um pequeno furo na garrafa, fazendo com que a bebida saísse do invólucro e fosse lentamente absorvida pela terra.

— As vezes, se você estiver bem de longe, dá pra ter a impressão de que tem alguém que fica aqui rondando essa área, mas quando você chega perto, quem está aqui simplesmente some. — comentou com o rapaz. — Ele mudou a minha vida. Eu estava numa jornada de evolução, mas estava sozinho, largado. Nos conhecemos numa missão quando eu era Gennin. Eu consegui uma informação para ele na época que ele trabalhava como responsável das missões e escalas, mas parando para pensar, acho que ele nunca foi recrutador mesmo. Enfim, eu ajudei ele, ele me ajudou, e eu entrei para a galera dele. Ele me disse que nunca seríamos recompensados pelo que faríamos, mas acho que ele não imaginava que chegaríamos tão longe.
— Como ele era… O meu pai?  — Mitsuki olhou para o elfo.
— Completamente escroto e desbocado, além de obcecado em vingar a morte da mulher, constantemente colocando a gente em situações constrangedoras, as vezes extremas. Ele era o tipo de cara que podia dar uma de maluco a qualquer momento. — descreveu-o da forma como lembrava dele, decepcionando o seu filho.
— Você sente falta dele?
— Todos os dias. — falou rápido, com um tom de pesar.

O momento de melancolia era interrompido com a aparição de homens em roupas pretas e pele acinzentadas tomando conta do local, dezenas deles, liderados por Johann. Em meio a todo aquele certo, Nathaniel se colocou na frente de Mitsuki para protegê-lo, na medida em que via Oberon caminhando em passos lentos em direção ao sobrinho.

— Vá buscar Alice. — ordenou para Johann, que se moveu rapidamente com alguns outros elfos. — Está na hora de decidir de que lado você vai ficar, meu sobrinho. Irá se juntar a mim na minha cruzada contra esse sistema corrupto?
— Vai se foder, seu hipócrita de merda! Eu sei muito bem com quem você tá metido! — avisou apontando o dedo na sua direção.
— Então que Meredith me perdoe, mas eu não terei escolha, a não ser tomar a sua bijuu de você. Rapazes…
— Você quer o poder da Matatabi? Tudo bem, tio, você o terá. — disse com um sorriso no rosto, causando espanto em Oberon.

Em primeiro lugar, Nathaniel ativou o seu Byakugan, podendo ver tudo o que acontecia ao seu redor. Depois, ele fechou os seus olhos e fez um único selo manual, o Gassho, abrindo os seus olhos logo em seguida, absorvendo uma parcela do chakra da Matatabi, fazendo com que o seu corpo fosse tomado por uma energia azul-ciano, com um aspecto flamejante. Suas presas se tornavam afiadas e os seus olhos ardiam em uma coloração mais azulada, aumentando a sua força e a sua velocidade no processo, assustando Oberon, enquanto os elfos negros ficavam olhando uns para os outros, esperando por um comando do seu tio, que deu uns passos para trás, ficando entre quatro rapazes.

— Nathaniel, você precisa entender que o que estamos fazendo aqui é importante para todos nós. Se você acha que viríamos aqui roubar a sua bijuu somente por desejo de poder, você não nos conhece realmente. Tudo o que queremos é fazer desse mundo um lugar melhor. — falou nervoso, tentando resolver no diálogo.
— Eu já disse, Oberon… Vai se foder. — com um movimento rápido, Nathaniel moveu-se a 40 m/s, chegando na frente do seu tio em menos de um segundo, uma vez que ele estava a vinte e cinco metros de distância. Com um golpe de martelo, Nate pretendia matar o seu tio, mas quatro elfos negros ficaram na frente para protegê-los, acabando por serem jogados para bem longe, enquanto Oberon saltava para trás, temendo pela própria vida.

Uns 15 elfos cercavam Nathaniel, sacando espadas e lanças, buscando ferir o Yondaime Hokage, sempre atacando a distância, porém Nate era rápido o suficiente para derrotar todos eles com golpes em seu rostos, costelas e em suas pernas, conseguindo enxergá-los com o Doujutsu dos Hyuuga, atacando-os antes que eles pudessem se aproximar deles, fosse desviando dos seus golpes e revidando à altura, ou avançando contra eles antes. Quando terminou, todos os que ousaram cercá-lo estavam caídos, sem vida.

— Impressionante. — Oberon elogiou, sacando a sua espada. — Acho que não terei nenhuma escolha. É decepcionante como você se recusa a enxergar… — seu corpo era tomado por um chakra de coloração roxa, enquanto sua pele era marcada por diversas listas negras.

Ele partiu em direção ao sobrinho, e os dois começaram a trocar golpes com as suas armas, produzindo sons metálicos das suas armas se chocando uma contra a outra, sendo enxergados com dois borrões, um roxo e outro azulado. Nathaniel observou Oberon dar um salto para trás, somente para que um dos elfos negros lançasse diversas estacas de gelo em sua direção, obrigando-o a ziguezaguear o corpo em alta velocidade para não ser atingido, olhando para cima e vendo o seu tio no ar com a espada em punho, buscando golpeá-lo de cima para baixo, bloqueando com o martelo na posição horizontal, tomando um chute em seu queixo, que só não o nocauteou por conta do manto, mas o jogou para bem longe, batendo em algumas árvores e as quebrando.

— Você está bem, Hokage-sama? — Mitsuki se ajoelhou na sua frente, tentando ampará-lo.
— Vá embora e procure por ajuda imediatamente! — ordenou ao garoto, assistindo Oberon se aproximando em alta velocidade, controlando o chakra do manto da bijuu e conjurando um braço de chakra de 10 metros, cujo punho fechado acertou em cheio o irmão do seu pai, jogando-o para o segundo andar do templo, atingindo uma das janelas e quebrando o quarto todo.
— Eu posso ajudar você, Hok-... Nathaniel. Você ajudou muito o meu pai, eu sei disso, eu posso fazer o mesmo por você! — tentou convencer o homem, que se levantava e limpava as folhas que grudavam em seu corpo.
— Você quer me ajudar, garoto? Procure os outros. Aqui, você só está me impedindo de usar a minha verdadeira força. — olhou direto para o filho de Ryuuzaki, vendo uma parte do quarto destruído explodir em chakra. Uma criatura monstruosa surgia de repente, enquanto outros elfos negros pareciam compartilhar do mesmo poder, ficando cada vez mais fortes. Nathaniel fez um sinal para Mitsuki, que obedeceu imediatamente.

Diante da transformação dos inimigos ao seu redor, Nathaniel começou a contar quantos inimigos restavam para derrotar. Oito, dez, quatorze, vinte… E Oberon. Seu manto flamejante vibrava incessantemente, enquanto Nathaniel ficava olhando para os lados, reparando todos eles se aglomerando, com suas faces grotescas. Suas peles adquiriam tom um pouco mais apodrecido, além de deformações em várias partes do seu corpo, incluindo os seus rostos, cujos olhos se tornavam amarelados. Eram monstros, semelhantes com os que viu quando lutou contra os Vipers.

O ambiente, que sempre mantinha sua natureza mística, se tornava pesado por conta da presença daqueles seres e a energia que liberavam naquele lugar. Suas intenções assassinas petrificaram o Yondaime, que sentia uma certa ansiedade e o coração um pouco mais acelerado por causa do que estava para acontecer, podendo ver os sorrisos maquiavélicos em suas faces, e pelo que parecia, os seus inimigos sentiam a sua hesitação como um tubarão sente sangue.

— Não tenha medo. Eu sei que eles parecem perigosos, mas você é muito mais. — Matatabi usou de poucas palavras.
— Eu estou em desvantagem aqui. — olhava para o cenário ao seu redor.
— Eles podem ser perigosos e sombrios, mas você é Nathaniel Grey, e eu confio em você. — anunciou, depositando toda a sua fé, deixando Nate surpreso.

Nathaniel entendeu o recado, segurando firme no cabo do martelo, estreitando os olhos e encontrando dentro de si a força necessária para triunfar diante da adversidade. O medo dentro do seu coração se transformava em coragem, inspirado pelas palavras de Matatabi, fazendo com que o seu manto brilhasse no meio daquela escuridão, assustando os seus inimigos. Diante da força monstruosa do elfo, os inimigos entraram em pânico, porém Oberon parecia se divertir com a situação, dando uma gargalhada alta, deixando o Yondaime confuso.

— Como esperado do filho de Allystair, sempre querendo exibir a sua força bruta, nunca a sua inteligência. É por isso que ele está morto agora… — ele disse, buscando intimidá-lo.
— Pelo menos ele morreu como um homem bom, se sacrificando por aqueles que ele amava e acreditava. Já você, vai morrer assistindo a sua ideologia cair junto com você. — prometeu.

De repente, Nathaniel atravessou o templo, usando a sua velocidade para percorrer o cenário, enfrentando todos os inimigos que vinham em sua direção, derrotando um por um com o seu martelo, não pegando leve em seus golpes. Em menos de dois minutos, havia executado a maioria deles com marteladas precisos em suas cabeças, garantindo que suas existências fossem encerradas ali mesmo. Quando diminuiu a sua velocidade, pode ver que mais da metade dos inimigos haviam caído, e a outra tremia diante do seu poder.

— O que achou até agora, Oberon? — mantinha um sorriso no rosto.

[...] Mais de 24 horas depois da luta contra o seu tio e a sua facção de Greys desertores, Nathaniel, agora em seu estado normal, abriu o seu bar para os seus amigos e alguns frequentadores mais usuais,  que se aglomeravam no local. As pessoas que iam chegando no Templo da Fênix passavam na casa principal e viam que a parte destruída estava sendo parcialmente reformada, não sendo usado nenhum tipo de jutsu para tal coisa, sendo atraídos pelo som de piano, tocado por Nate dentro do bar. Uma garçonete chegava com um copo de whisky para o elfo, que pegou o corpo com a canhota enquanto tocava o piano com a destra, olhando para o jovem Mitsuki ao lado de B.A e sua esposa, observando o sorriso do garoto, acenando com  o copo na mão para ele. Até mesmo a Matatabi, dentro seu subconsciente, balançava a cabeça ao som do piano.

— Oh, Sinnerman, where you gonna run to? Sinnerman, where you gonna run to? Where you gonna run to? All along them days! — enquanto cantava para a platéia, ele lembrou-se da batalha contra Oberon, e como subjugou os seus capachos facilmente, matando alguns e deixando outros tão feridos que mal se levantavam. Porém, Oberon parecia ter uma força sobrenatural dentro dele, tornando-se impossível de acertá-lo, ainda que executasse manobras velozes e arriscadas, tornando a luta cada vez mais feroz. — Well, I run to the rock, “please hide me”! I run to the rock, “please hide me”! I run to the rock, “please hide me” All along them days… — Nate se lembrou a luta se tornou mais acirrada, e por um momento, parecia que Oberon conseguia pegar o sobrinho desprevenido, porém o elfo concentrava chakra ao redor do seu tronco a tempo de ter a sua barriga atravessada pela espada do tio. “É uma pena que você se recusou a enxergar… Mas não se preocupe, seu futuro seria muito, muito pior…” Oberon segurou no pescoço do sobrinho, o fazendo enxergar-se na praça de Konoha a meia-noite, amarrado a um tronco alto, perto de um monte de madeira, enquanto haviam pessoas ao redor dele com tochas.

— But the rock cried out, “I can't hide you”! The rock cried out, “I can't hide you”! The rock cried out, “I ain' gonna hide you”, all along them days! — em suas memórias, Nathaniel se viu sendo incinerado por aquelas pessoas, morrendo igual ao seu pai morreu em Silvermoon. Não era um Genjutsu, mas as intenções assassinas de Oberon aflorando, sendo necessário um grande esforço mental da parte de Nathaniel para sair dela. Aos gritos, Matatabi ordenou que ele se recuperasse, enquanto o elfo fazia dois braços de chakra azulados se manifestarem, tentando agarrar o tio, que pulava para fora. Um dos braços se encolhia e retirava a espada do seu corpo. Aos poucos, a sensação de pavor ia passando, dando lugar a uma sensação de ira. — So I run to the Devil, he was waitin'! I run to the Devil, he was waitin'! I run to the Devil, he was waitin’ all along them days — os seus olhos se fecharam, e flashbacks da luta retornavam, onde ele uniu as suas mãos, pronto para utilizar o poder do Meikai Modo, porém Alice apareceu atrás de Oberon junto com Johann e outros elfos negros, enquanto B.A, Kimiko, River, Hanabi, Anastasia, Erasmus e Azrael se juntavam ao Yondaime.

— And I cried: Power! Power! Bring down the power, Lord! Bring down the power, Lord — cantou, enquanto lembrou-se que pode ler os lábios de Alice implorando por perdão e prometendo ficar ao lado deles se poupassem a vida de Nathaniel, dizendo que encontrou uma solução para a conclusão de seus objetivos. Oberon deu um tapa no rosto de Alice, que manteve a cabeça baixa. O ímpeto de Nate foi atacar o tio, mas B.A e Azrael o segurava. — Oh, Lordy Lordy Lord! — sua última lembrança foi de Alice olhando nos olhos de Nate e sussurrando a palavra “Adeus”, erguendo o seu cajado e cegando todos temporariamente com uma escuridão que durava pelo menos 30 segundos, até ser desfeita e todos os elfos negros terem desaparecido. — Bring dooooooooooooooown… — se lembrou então de olhar para o cenário com os olhos arregalados, a tristeza e o arrependimento tomando conta do seu coração, enquanto Kimiko tocava o seu ombro, segurando algo em sua mão. Logo, sua mente retornava no momento presente, focando na platéia, diminuindo sua voz intencionalmente, até aumentá-la ao máxima. — Power to the… LOOOOOOOOOOOOOOOOOOOORD! — cantava em alto e bom som, tocando as notas numa melodia hipnotizante, arrancando aplausos da platéia. Quando a música acabou, ele manteve a cabeça baixa por uns segundos, refletindo em sua própria agonia.

[...] No dia seguinte ao show, Nathaniel parou em uma cafeteria, sentando em uma mesa sozinho, olhando para o lado de fora e vendo o dia claro que se formava. Não queria ter contato com outras pessoas, não naquele momento, por isso nem mesmo Kiara se fazia presente. Segurava um papel na mão, um entregue por Kimiko, mas que era de Alice. “Espero que um dia eu possa te fazer entender o que eu fiz por você.” Antes que pudesse pensar demais, Nate pegou o isqueiro do bolso e incinerou aquele papel imediatamente, colocando em cima da xícara vazia. Fechou a tampa do isqueiro e estava para guardar do bolso, mas ela escapuliu e caiu no chão,  obrigando o elfo a se abaixar para pegar. Foi quando olhou para debaixo da mesa e viu uma escultura de um gato.