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A LUZ DAS TREVAS
Arco 02
Ano 27 DG
Inverno
Meses se passaram desde a missão de investigação ao Castelo da Lua, no País do Vento, que culminou na Batalha da Lua Minguante. Soramaru, o cientista responsável pelos experimentos, morreu em combate, assim como outros ninjas do lado da aliança. Após a missão ser bem-sucedida, mas carregando tantas mortes, Karma, o líder da missão, ficou responsável por relatar às nações o máximo de informações sobre a organização por trás dos crimes agora que estava com o selo enfraquecido e com isso ele revelou o verdadeiro nome dela: Bōryokudan. Ainda não tendo como fornecer mais detalhes, pois o selo se manteve, e precisando de mais pistas antes de investir novamente em uma missão, Karma saiu em missão em nome das Quatro Nações para encontrar o paradeiro dos demais membros da organização — e sua primeira desconfiança recaiu sobre Kumo.

O mundo, no entanto, mudou nestes últimos meses. Os Filhos das Nuvens concluíram a missão de extermínio aos antigos ninjas da vila e implementaram um novo sistema político em Kumo ao se proclamarem o Shōgun sobre as ordens não de um pai, mas do Tennō; e assim ela se manteve mais fechada do que nunca. Em Konoha a situação ficou complicada após a morte de Chokorabu ao que parece estar levando a vila ao estado de uma guerra civil envolvendo dois clãs como pivôs. Suna tem visto uma movimentação popular contra a atual liderança da vila após o fracasso em trazer a glória prometida ao país. Já em Kiri a troca de Mizukage e a morte de ninjas importantes desestabilizaram a política interna e externa da vila. E em Iwa cada dia mais a Resistência vai se tornando popular entre os civis que estão cansados demais da fraqueza do poderio militar ninja. Quem está se aproveitando destes pequenos caos parece ser as famílias do submundo, cada vez mais presentes e usando o exílio de inúmeros criminosos para Kayabuki como forma de recrutar um exército cada vez maior.

E distante dos olhares mundanos o líder da Bōryokudan, Gyangu-sama, se incomoda com os passos de Karma.
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SHION
SHION#7417
Shion é o fundador do RPG Akatsuki, tendo ingressado no projeto em 2010. Em 2015, ele se afastou da administração para focar em marketing e finanças, mas retornou em 2019 para reassumir a liderança da equipe, com foco na gestão de staff, criação de eventos e marketing. Em 2023, Shion encerrou sua participação nos arcos, mas continua trabalhando no desenvolvimento de sistemas e no marketing do RPG. Sua frase inspiradora é "Meu objetivo não é agradar os outros, mas fazer o meu trabalho bem feito", refletindo sua abordagem profissional e comprometimento em manter a qualidade do projeto.
Angell
ANGELL#3815
Angell é jogadora de RPG narrativo desde 2011. Conheceu e se juntou à comunidade do Akatsuki em fevereiro de 2019, e se tornou parte da administração em outubro do mesmo ano. Hoje, é responsável por desenvolver, balancear, adequar e revisar as regras do sistema, equilibrando-as entre a série e o fórum, além de auxiliar na manutenção das demais áreas deste. Fora do Akatsuki, apaixonada por leitura e escrita, apesar de amante da música, é bacharela e licenciada em Letras.
Indra
INDRA#6662
Oblivion é jogador do NRPGA desde 2019, mas é jogador de RPG a mais de dez anos. Começou como narrador em 2019, passando um período fora e voltando em 2020, onde subiu para Moderador, cargo que permaneceu por mais de um ano, ficando responsável principalmente pela Modificação de Inventários, até se tornar Administrador. Fora do RPG, gosta de futebol, escrever histórias e atualmente busca terminar sua faculdade de Contabilidade.
Wolf
Wolf#9564
Wolf é jogador do NRPGA desde fevereiro de 2020, tendo encontrado o fórum por meio de amigos, afastando-se em dezembro do mesmo ano, mas retornando em janeiro de 2022. É jogador de RPG desde 2012, embora seu primeiro fórum tenha sido o Akatsuki. Atua como moderador desde a passagem anterior, se dedicando as funções até se tornar administrador em outubro de 2022. Fora do RPG cursa a faculdade de Direito, quase em sua conclusão, bem como tem grande interesse por futebol, sendo um flamenguista doente.
Mako
gogunnn#6051
Mako é membro do Naruto RPG Akatsuki desde meados de 2012. Seu interesse por um ambiente de diversão e melhorias ao sistema o levou a ser membro da Staff pouco tempo depois. É o responsável pela criação do sistema em vigor desde 2016, tendo trabalhado na manutenção dele até 2021, quando precisou de uma breve pausa por questões pessoais. Dois anos depois, Mako volta ao Naruto RPG Akatsuki como Game Master, retornando a posição de Desenvolvedor de Sistema. E ainda mantém uma carreira como escritor de ficção e editor de livros fora do RPG, além de ser bacharel em psicologia. Seu maior objetivo como GM é criar um ambiente saudável e um jogo cada vez mais divertido para o público.
Akeido
Akeido#1291
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Havilliard
Havilliard#3423
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Mako
Game Master
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A Maré…

A Luz das Trevas




[RP] A Maré... UA7a5be



A Névoa

Um barco se aproximava do porto de Kiri. Karma observava a aproximação com o único olho amostra, os cabelos sacudindo com a brisa de verão assoprada contra suas bochechas. A maresia deixava uma sensação salgada nos lábios e arenosa nas pálpebras, mas ele estava acostumado. Havia viajado por muitos lugares ao longo de sua vida em missões dos mais variados tipos. Passou a mão pelas costelas por dentro do manto preto que escondia seu corpo. Os ferimentos da sua batalha contra Jūgo estavam recuperados após aquelas várias semanas desde a batalha, mas o amargor de não ter encontrado a espada que procurava ainda lhe corroía.

— Você está muito preocupado — dissera a mulher antes de ele sair para Kiri. Seus cabelos verdes estavam esparramados sobre os lençóis brancos e seus olhos dourados encaravam o teto empoeirado acima deles.
— Se a espada não estava lá isso significa que alguém a pegou antes — reclamara, colocando o tapa-olho no rosto. — Não podemos correr o risco dela cair em mãos erradas.
— Ela não funciona dessa maneira, querido. O chakra ancestral contido nela pode alterar até mesmo a natureza ao redor dela. Tenho certeza de que esteve naquelas cavernas, posso sentir sua alma, mas ela também deve saber que estamos procurando seu paradeiro.
— A espada possui vontade própria? —
Karma debochara, ajeitando o colarinho da camisa preta justa ao corpo.

A mulher dera de ombros e se sentou na cama com as pernas cruzadas e as mãos apoiadas nas coxas, a pele exposta era pálida como a neve. Karma virara-se para a mulher com uma expressão confusa. Bruxa maldita, resmungara, pois ela sabia tantas coisas, mas escondia tantas outras. E, ainda assim, não havia nenhuma sinalização de mentira em seu chakra.

Agora descia no cais de Kiri dentro de um manto preto, o pingente de seu tapa-olho sacudindo com a brisa marítima comum na região. Os marinheiros e pescadores passavam diante de sua vista como coadjuvantes da história daquele ninja. O sol iluminava através das nuvens e da fina camada de neblina comum na vila. Um ninja notou a entrada do andarilho e se aproximou com o colete de Kiri.

— Você é Karma, não é? O que está fazendo em Kiri? — questionou o shinobi, seus cabelos pretos eram bagunçados demais e sua voz não tinha muita firmeza, parecendo apenas um novato no serviço. Onde estão os modos dessa gente?, Karma perguntou-se, mas não ousou falar daquela maneira. Uma discussão ou pior era a última coisa que estava buscando visitando Kiri. A liderança da vila não era do tipo a levar desaforo para casa — pelo menos era nisso que o mundo acreditava.

— Visitar um amigo — contou e, próximo, encostou no ombro do ninja, trocando rapidamente um olhar com ele. — Avise Hōzuki Naritoshi que esperarei à beira-mar — após falar aquilo, ele tirou a mão do ombro do estranho e seguiu caminhando. O ninja assentiu como um soldado obediente; era o que ele era de fato. Ninjas eram apenas ferramentas afinal de contas. Separaram-se, o Caolho indo em direção ao oceano e a camada de areia mais fofa e o ninja, atrás do ninja que seria convocado àquela reunião.

Karma parou diante do oceano com as sandálias afundadas numa fina camada de areia. Ali a maresia era muito mais forte, mas o som das ondas quebrando e virando espuma eram tranquilas. A distância era como uma estátua sombria parada no meio da praia, seria fácil para Naritoshi encontrá-lo…

Considerações

  • Essa é uma RP oficial para o enredo do RPG. Não será permitido a entrada de ninguém a menos que seja previamente conversado.
  • Não há nenhum roteiro pré-determinado, ambos estarão jogando normalmente.
  • Essa RP é fechada com o jogador @Naritoshi.


Mako
Ficha de Personagem : https://www.narutorpgakatsuki.net/t88952-npc-karma
Naritoshi
Jōnin
[RP] A Maré... Xq4VeLG
[RP] A Maré... Xq4VeLG
[RP] A Maré... X8Mtg6J

que minhas ondas cheguem até você



HP: 2050/2050 — CH: 3450/3450 — ST: 0/7 — SAKKI: 13/50 — SUIKA NO JUTSU: ---/---


Arco II — Primavera, 26DG
— Eu já paguei o aluguel desse mês — anunciei, esbaforido, ao homem do outro lado da porta do ateliê. Sua batida na porta e aparição através das cortinas da janela principal foi o suficiente para me desesperar. Problema, era só o que alguém de sua patente podia significar naquela hora da manhã. Deixei um rolo de 5kg de tecido de brim cair, desenrolando-se pelo chão abarrotado, enquanto tentei ajeitar a ruína que eram meus fios loiros suados na testa e o moletom cortado e abarrotado. — Se for sobre as reclamações da infiltração no andar debaixo, eu já falei com a manutenção...

Minha fala foi cortada, e o que se seguiu me lançou numa espiral que tirou o chão de meus pés.

Senhor Karma.

Era ele, enfim, como sempre era. Aqui, contemplei, de coração acelerado. Aqui na Névoa.

Não me lembraria de ter agradecido o aviso do outro shinobi, apenas de fechar a porta mecanicamente e encarar a maçaneta por segundos em silêncio... estupefato.

E então, um arfar alto para recuperar o fôlego e uma agitação repentina.

Senhor Karma!

Corri pelo Prismarina tropeçando em caixas e rolos de corino e organza, desviando das máquinas de tear até chegar no escritório dos fundos. Busquei me arrumar desajeitadamente na frente do espelho de corpo inteiro da melhor maneira que pude, mas não tinha muito a ser feito. Estava suado, mal dormido e com olheiras. Sorria, ordenei, e uma expressão trêmula surgiu em meu reflexo, tão natural como se eu tivesse uma kunai alojada na garganta. Perfeito.

Faltava algo antes de partir — não ousaria deixar o Arauto das Tragédias esperando nem mais um instante. Aquilo. Fui até minha gaveta pessoal da escrivaninha, libertando-a com minha chave secreta e de lá removendo um embrulho com todo o cuidado do mundo. Analisei-o por alguns segundos, cogitando inúmeros cenários... mas, no fim, decidi por levá-lo. Mesmo se ele odiasse, bem... que assim fosse.

Corri pela névoa da manhã com pernas trêmulas e o fôlego escapando a cada passo.

[...]

Reconheceria-o de toda maneira debaixo daquele manto bruxuleante, mas ainda assim contive meus passos na areia macia. Meu peito explodia numa miríade de sensações, mas uma prevalecia: alívio. Vivo. E é claro que estava. Tão diferente da última vez que o vi desaparecer na neve cheio de feridas, mas ali se dispunha o Caolho, de pé, como sempre esteve.

Não pude deixar de sorrir, até mesmo com uma precipitação de lágrimas ardendo nos olhos.

— O mar é bonito na primavera, não é? — diria-lhe sob suas costas, o embrulho tremendo nas mãos, uma expressão agitada pincelando o rosto. — E-eu gosto, é menos revolto que no outono e me acalma ao olhar, especialmente de manhã — cantaria. Depois, mais baixinho, caso se virasse, iria dizer num murmúrio tímido: — Que bom que está bem. F-fiquei... muito preocupado com o senhor.

A confusão e a surpresa, depois de ter certeza do bem-estar daquele homem, seriam uma força borbulhante em mim. Perguntas se aglutinariam em minha garganta, mas o efeito hipnótico de Karma já deveria fazer efeito — a atenção em seu olho violeta, a curiosidade atenta por tudo que tem a dizer. Respiraria fundo, sem interrompê-lo, antes de indagar-lhe:

— C-como... Por que o senhor... hã... É muito bom vê-lo no meu país — decidi dizer, por fim. — Sua viagem foi tranquila, senhor Karma? Como está se sentindo? Eu sempre enjoo quando viajo de barco — Informação demais. Ele não quer saber disso. Balançaria a cabeça, apertando o que carrego em minhas mãos. Com alguns passos tímidos, caso houvesse a brecha e a permissão, estenderia uma caixinha preta envelopada numa fita de azul-cerúleo e um brasão manuscrito (e desajeitado) do Ateliê Prismarina. — P-para v-você — diria. Não conseguiria olhá-lo nos olhos, o rosto completamente vermelho, mas sussurraria entre as quebras de ondas: — Isso é pouco para o que o senhor merece e muito menos do que eu gostaria de ter feito. Ainda assim... e-espero que goste...

Caso o homem abrisse a caixa, encontraria um lencinho de tecido fino e delicado como fios de água, alguns floreios bordados e bordas ornamentadas com acabamentos azuis, lembrando ondas.

[RP] A Maré... CGGI3ar

— São heléboras negras — anunciaria, ainda sem encará-lo, caso abrisse o presente. — São flores de inverno, minha estação favorita, e por isso são meio difíceis de cultivar. Algumas pessoas acham que trazem má sorte, mas eu as acho lindas. Especialmente de noite. Quando a lua as ilumina, é possível apreciar suas pétalas... roxas — ajeitaria uma mecha loira atrás da orelha, encarando o mar com timidez. Minha última frase seria quase inaudível, sob a quebra de uma onda: — Me lembram o senhor.


considerações:
Formando
Tenha sua ficha de personagem aprovada.
Um Pequeno Arsenal
Compre/treine três jutsus.
Estudioso
Compre/treine três jutsus.
Primeiros Passos de um Ninja
Conclua sua primeira missão.
Eu Tenho um Sensei!
Entre para um time.
Falando em Genjutsu...
Tenha cinco jutsus classificados como "genjutsu" de rank B ou superior.
Meu Primeiro Evento Paralelo
Conclua seu primeiro evento paralelo.
Um Poder só Meu
Adquira sua primeira Habilidade Secundária.
Perito
Adquira uma qualidade de perícia (elemental, armamentista, etc.).
Domínio Elemental
Compre/treine um jutsu classificado como "elemental" de rank B ou superior.
Falando em Ninjutsu...
Tenha 10 jutsus & complete cinco missões de profissão.
A União Faz a Força
Tenha cinco tópicos diferentes de interação (incluindo uma missão) com seu time.
Conhecendo Minhas Aptidões
Adquira uma qualidade treinável.
Superando Minhas Fraquezas
Supere um defeito inato.
Eu me Tornei Chūnin
Vença um evento de Exame Chūnin.
Fazendo História
Conclua uma mini-trama.
Mestre Elemental
Torne-se um mestre elemental.
Naritoshi
Ficha de Personagem : https://www.narutorpgakatsuki.net/t85033-ficha-naritoshi-hozuki#694809
Gestão de Fichas : https://www.narutorpgakatsuki.net/t85034-gf-naritoshi-hozuki#694814
Mako
Game Master
[RP] A Maré... P5OpjVT
[RP] A Maré... P5OpjVT

A Maré…

A Luz das Trevas




[RP] A Maré... UA7a5be



A Névoa
O barulho incessante do quebrantar das ondas era um deleite e uma maldição. Recordava-o de muitas coisas, a maioria delas que preferia esquecer. Mas não conseguiria mesmo se tentasse muito, nem deveria. Por mais tenebrosas que fossem suas memórias, elas eram parte do seu combustível. A espuma se aproximou e desapareceu absorvida na areia. Assim deviam ser os sentimentos mais impuros; fragilizados pela necessidade de continuar crescendo mesmo que para morrer em instantes.

Sentiu a aproximação do garoto muito antes de ele sequer tocar os pés na areia. Aquele chakra azul-cerúleo era notável. A forma como ele flutuava em antecipação também. Karma abriu um sorriso de canto quando os pés do rapaz encostaram na camada fofa de areia. Havia encontros predestinados e, às vezes, pensava que eles eram um desses casos. Outros ninjas já haviam perdido a vida na tentativa de interromper as ações do experimento de Soramaru naquela cidade da Areia, mas o menino de cabelos loiros permanecia em pé, corajoso em sua própria covardia, vitorioso em sua própria derrota.

Calado, deixou-o se aproximar. Karasu dizia que era feio ficar assustando as pessoas com aquela habilidade de saber quando alguém estava chegando perto — ele também mandava-o economizar energias e usar somente durante as missões. Karma pensava diferente; tinha de estar preparado para qualquer coisa, a qualquer momento, em qualquer lugar. Naritoshi, então, quebrou o fluxo de memórias nostálgicas ao comentar sobre o mar e o nervosismo ficou tão mais claro que fez Karma desejar ter a capacidade de rir despreocupadamente.

Encontrou o menino atrás de si — e assim deixou o oceano de lado. Naritoshi sempre tentava contar o que sentia, mas era desnecessário. Karma podia sentir todas as flutuações dentro dele. A ansiedade, o nervosismo, a preocupação, a felicidade. Conseguiu, por fim, abrir um sorriso para o garoto. — Sempre fico bem, Naritoshi-kun, mas creio que o mar está assim pelo verão, não a primavera — brincou, esforçando-se para sustentar o risinho amarrado no canto dos lábios, virando-se ligeiramente para encarar o brilho esplendoroso sobre as águas calmas do oceano, cabelos esvoaçados com a brisa marítima.

Mais uma onda se quebrou; desta vez uma de nervosismo dentro do menino. Uma chuva de questionamentos e divagações típicas escaparam dos lábios de Naritoshi, fazendo com que Karma retornasse à atenção a ele e apenas ele. Antes de ele ter a oportunidade de responder o jovem estendeu uma caixa preta envelopada que fez o shinobi pressionar o olho em genuína curiosidade. Um presente para mim?, ele questionou-se, descrente, mas pegou a caixinha e continuou ouvindo o que ele tinha a falar sobre aquilo.

— Presentes são uma forma de dizer que nos importamos com alguém — Karasu dissera certa vez enquanto ele analisava um envelope deixado por aquela moça.
— Ela não devia se importar comigo — comentara. — Cães não amam humanos.
— Ainda bem que você é humano, não é mesmo, █ █ █ █?


Você era humano, Karasu, pensou e começou a abrir o presente de Naritoshi. Sempre fui apenas um cão sarnento obedecendo aqueles que me davam comida, agora sou apenas um fantasma, encontrou um lenço de tecido fino, personalizado com floreios bordados e acabamentos azuis como ondas; um trabalho excepcional. Naritoshi foi logo explicando o significado daquilo, fazendo o ninja erguer um pouco o olho em sua direção, ouvindo com atenção a explicação. Conhecia algumas coisas a respeito do mundo das flores — um dos tantos ensinamentos para se tornar a ferramenta perfeita —, mas o que mais lhe trouxe certo acalento foi a citação da coloração roxa naquelas flores e a crença do azar que elas impunham ao mundo.

— É um lindo presente, muito obrigado, Naritoshi-kun — respondeu com honestidade e guardou o lenço dentro do manto. — Tive uma viagem tranquila e passo muito bem, obrigado. Precisava ver como você estava após a missão em Tetsu no Kuni, pelos relatórios, soube que enfrentou Kyūbei… e venceu. Estou mesmo impressionado com suas habilidades, Naritoshi-kun, adoraria saber mais desse combate — disse e virou-se para contemplar o horizonte da manhã de verão, esperaria que ele contasse, mas independentemente disso, após a explicação ou não, concluiria com uma pergunta: — Como tem passado?

Aquela última pergunta saiu baixa, frágil, como se fosse proibido perguntar algo assim.

Considerações

  • Essa é uma RP oficial para o enredo do RPG. Não será permitido a entrada de ninguém a menos que seja previamente conversado.
  • Não há nenhum roteiro pré-determinado, ambos estarão jogando normalmente.
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Arco II — Primavera Verão, 26DG
Fui atingido pela surpresa, o que me leva a contar nos dedos das mãos e murmurar em silêncio, freneticamente. Há quanto tempo estive fazendo a mudança do ateliê? Céus, o novo ano estava tão próximo. Os dezesseis se aproximavam com a voracidade daquelas ondas e a juventude esmorecia como a espuma. Tanto tempo desde nosso encontro no deserto.

Continuei relembrando àquela noite enquanto Karma recolhe o presente e ouve minha explicação — mesmo fitando o mar, podia sentir seu olhar violeta. O elogio ao lencinho feito às pressas me faz corar mais, e logo estou prestando muita atenção nos nós dos dedos da mão, disfarçando um sorriso de canto.

Kyūbei é o que murmuro assim que aquele mistério é solucionado. O nome do anjo. — Ele realmente... se foi? — A memória de nossa fuga ainda era muito vívida, um oceano elétrico deixado para trás sem a certeza da vitória. E porque me sinto... triste? Era idiota, eu bem sabia, se tratando de alguém que não hesitou em tentar nos decapitar, mas a ideia de ferir o garoto bonito de tapa-olho me deixava angustiado. Quase desejando que estivesse bem. Idiota. Suspiraria. As palavras seguintes fluiriam com facilidade. — Aquilo foi... assustador. Anjos, vampiros; acho que fui ingênuo ao pensar que essas coisas teriam um fim na Lua Minguante. Mas, novamente, eu só saí vivo de lá graças à minha irmã que... eu te falei que ela vira uma tartaruga gigante? Assim, eu nem sei como começar a entender isso — faria uma pausa, balançando a cabeça. — Graças à Ethan de Iwa, também. Ele foi uma surpresa. Ele me deu medo no começo, mas acho que nos conectamos de alguma forma. Queria... tê-lo ajudado mais. — Deixaria ambíguo assim, lembrando de suas palavras ásperas no fim. Havia notado uma angústia no rapaz, uma rocha rígida difícil de romper e acessar a joia bruta. Daria mais alguns passos em direção ao mar, respirando fundo. — Não sei o que a Rokudaime estava pensando em me nomear como líder da equipe, e foi aterrorizante desempenhar esse papel, acredite — pararia para pensar um pouco, e os sussurros que viriam seriam quase uma conversa comigo mesmo —, e ainda assim... é meio louco, não é? Querer voltar. Fazer de novo. Eu te encontro quase todas as vezes que ponho os pés para fora do vilarejo, quase sempre numa missão mortal, e ainda assim... é bom trabalhar com outras vilas. Isso já me rendeu problemas, mas são nesses momentos ocasionais que sinto que realmente importa ter essa bandana presa no pescoço. — Viraria-me para o Caolho por sobre o ombro, sorrindo. — Acho que é quando me sinto um pouquinho igual à você, senhor Karma. Viajando o mundo e reunindo gente de todo canto. Mesmo que seja só um bocadinho... é bom.

O monólogo viria com facilidade, pela primeira vez sentindo o alívio de um desabafo com alguém de confiança. O garotinho no deserto tinha partido e o homem de olho violeta ocupava outro espaço de importância... ainda florescendo.

— Céus, seria mais fácil lhe falar do que não estou passando. Tenho taaanta coisa para fazer — choramingaria ao responder a pergunta baixa, erguendo os braços num espreguiçar looongo. — Nunca abra um comércio, viu? Tô tão atolado com as papeladas, tão cheio de projetos de roupas que mal tenho tempo de respirar. Muito menos fazer qualquer treinamento. Ah, mas se o senhor quiser algo, eu furo a lista de espera sem problemas, certo? — daria-lhe uma piscadela cansada.

A ideia de ter perdido uma virada de estação enfurnado no ateliê ainda me incomodava. Talvez fosse isso, unido ao calor, que me instiga a descalçar as sandálias azul-escuras. O toque na areia causava um aconchego familiar. Sigo saltitando até o solo se tornar úmido e, então, a primeira onda me envolver até o começo das canelas. Um arrepio me faz tremelicar do calcanhar à nuca e abraçar o corpo todo... sorrindo. Era bom. Refrescante e necessário.

Brrr... Eu precisava disso — diria, me virando para ele. Karma, em seu manto de escuridão e vestes pretas, compunha uma imagem engraçada naquele cenário. Um sorriso travesso se pinta em meus lábios. — E acho que você precisa também, que tal? — Com o indicador direito, aponto para ele e para as ondas. — Karma, água, água, Karma — o direito aponta para mim mesmo, e novamente ao mar — Água, Naritoshi, Naritoshi, água... água amiga do Naritoshi — No fim, as duas mãos se juntam e se estendem na direção do Caolho. — Vem? Vem conhecer minha amiga. É feio recusar.

Todos os meus instintos indicavam uma negativa, mas a sugestão daquela brincadeira me fazia sorrir. Era a libertação do estresse das últimas semanas junto do alívio sobre seu paradeiro. Inclinaria a cabeça, então, ainda numa expressão travessa, sob olhos pedintes.


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Naritoshi
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Mako
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[RP] A Maré... P5OpjVT
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A Maré…

A Luz das Trevas




[RP] A Maré... UA7a5be



A Névoa
Karma havia sido treinado a vida inteira para se tornar um especialista no quesito humanidade. Conseguia notar perfeitamente os desejos mais profundos das pessoas com seu chakra, sabia as palavras exatas para fazê-los se dobrarem, quebrarem ou explodirem, e entendia uma coisa ou outra em como seduzi-las. Além de todo o treinamento, ele tinha prática. Chamavam-no de cão, mas sempre se viu mais como um felino; astuto, ardiloso, perigoso. Disposto a arrancar os olhos de quem se descuida. E, apesar disso, nunca entendeu uma coisa em particular sobre os humanos.

Como duas pessoas diferentes podiam ser tão semelhantes?

Naritoshi tinha um sentimento amargo dentro dele sobre a vitória. Quantas vezes ele notou o mesmo sabor no chakra de Karasu? Aquela tristeza tácita ao matar — ou acreditar ter matado — uma pessoa era algo que, por muito tempo, Karma não compreendeu. Um sentimento fadado àqueles com a humanidade intacta, não os animais como ele. Aprendeu com a infelicidade de uma tragédia, mas, ainda assim, jamais compreendeu como aquela mesma sensação sufocante podia aparecer nos corações alheios ao ceifar um desconhecido.

Manteve-se calado, ouvindo a história através da voz doce de Naritoshi. Uma voz que se tornava cada vez mais firme. Às vezes nem parecia a criança encontrada em Oásis terminando uma luta frenética contra um monstro. Tartaruga gigante, deve estar se referindo a Três-Caudas, analisou, ainda em silêncio, absorvendo cada palavra dispersada ao quebrantar das ondas. Citou a parceria com Ethan, ninja de Iwa, e complementou fazendo pouco caso de si mesmo — uma atitude que Karma já havia notado ser típica dele. No entanto, por mais que conhecesse as pessoas, que conseguisse sentir nelas a verdade e a mentira, nada lhe preparou totalmente para a revelação que seguiu.

Naritoshi estava gostando de fazer tudo aquilo, de ser um agente internacional, de enfrentar desafios com o mundo. Karma esboçou um sorriso sutil, de canto, com as palavras do menino. Naritoshi estava se tornando exatamente o que ele precisava se tornar. Aquela ingenuidade, aquela bondade, aquela forma de ser que tanto lhe recordava de Karasu… ele precisava daquilo. O mundo precisava daquilo. Eram pessoas como ele que podiam realmente mudar a forma como a roda girava se continuasse sendo assim.

Karma, então, mudou o tópico. Naritoshi abriu-se feito uma flor na primavera, a ingenuidade típica dele retornando como uma abelha polinizando. Havia se tornado tecelão desde o último encontro deles e aberto um negócio. Tinha começado a se movimentar num caminho diferente de outros ninjas. Acenou com a cabeça, concordando com a dificuldade em manter os negócios, mas preferiu continuar o assunto anterior; talvez não fosse tão interessante saber da carreira de um jovem tecelão tanto quanto era lembrar-lhe os motivos de continuar lutando.

— Não é nenhuma loucura você estar disposto a ver o mundo e assim buscar mudá-lo, Naritoshi-kun. Acima de uma ferramenta como tentaram lhe ensinar na academia, você é humano. Um dos mais humanos que já tive o prazer de conhecer — comentou, virando o rosto para encará-lo. — Consigo ver o motivo da Rokudaime-sama ter lhe imposto um papel tão importante, Naritoshi-kun — disse-lhe, esboçando um sorriso sem mostrar os dentes, mais gentil do que simpático, e então voltou a contemplar a imensidão dos mares. — Soramaru era um cientista de alto calibre para a Bōryokudan, é muito provável que ele tenha espalhado aqueles experimentos para diversos aliados da organização. Ganhamos a luta contra ele, mas não a guerra. Ele nasceu de um experimento de cultivo de células especiais, não posso ter certeza absoluta de que não exista outro dele neste exato momento fazendo mais desses experimentos bizarros — assumiu, dando uma informação única, uma peça no enorme mosaico que era aquela organização sombria. — Por isso é que duvido também da morte de Kyūbei. Se ele foi confiado a tais poderes, é muito provável que tenha uma resistência abismal.

Prestaria atenção em como aquela notícia fluiria dentro de Naritoshi, por mais que deduzisse que tudo o que viria seria um alívio humano demais para ele conseguir entender em sua totalidade. Isto, porém, foi logo seguido de um movimento saltitante daquele menino rumo a água fria do oceano. Uma onda chegou até ele, mas ele não ficou incomodado, ele… sorriu. Uma expressão tão leve, um chakra tão tranquilo, pacífico…

— Estamos presos nessa ilha, então por que não aproveitar? — dissera Karasu, ficando apenas com a roupa íntima diante de uma cachoeira. — Temos que descansar para nossos chakras se recuperarem e a missão foi concluída, podemos curtir um momento de paz em nossas vidas.
— Deveríamos sair o quanto antes, não sabemos o que Gyangu-sama fará com essa ilha se demorarmos demais —
ele estava preocupado, observando os arredores, nenhum tapa-olho escondia o lado esquerdo do rosto. — Ei, não tire toda a roupa, ninguém precisa ver isso.
— Pelo amor da Deusa, você é uma criança? Entre logo! Aproveite!


Quando os pensamentos deixaram a mente do Caolho, ele estava vendo e ouvindo Naritoshi lhe chamar para dentro da água. E, como num passe de mágica, a humanidade contida no fundo de uma caixa no coração do ninja acabou escapando fazendo o olho dele marejar. Virou o rosto, esperando que o menino não notasse ou apenas achasse ser um efeito natural da brisa oceânica. — Eu não estou com as roupas adequadas, Naritoshi-kun — mentiu, pois, na verdade, aquilo pouco importava de verdade. Mas aquilo não era suficiente para o destino; e assim, com um pouco mais de força, o mar fez questão de alcançar as botas dele e molhá-las.

Suspirou, desabotoou o manto, tirando-o até cair na areia como um caule morto. Caminhou retirando as botas ninjas e andou até a maré molhar as calças pretas que combinavam com a camisa preta, ambas com detalhes dourados, algo que um verdadeiro tecelão logo notaria não ser típico daquele continente. O frio da água se transformou rapidamente em um arrepio que o percorreu inteiro. Observou como o menino gostava daquilo — e como não gostaria sendo daquele clã? — e por um momento quis ser capaz de aproveitar da mesma forma, mas não estava ali para conversar apenas.

— A maré é mesmo incrível — disse-lhe com um sorriso gentil. — Continue mantendo esta humanidade dentro de você, Naritoshi-kun. Sinta-se abatido, triste, amargo com o pensamento de matar uma pessoa, seja ela conhecida ou não. Isso é exatamente o que lhe diferencia de todo o resto. Não permita que isso se apague, a chama de um mundo melhor… o mundo que estamos buscando — aquelas suas últimas palavras foram ditas com a seriedade de um messias lembrando seu fiel seguidor. — Além de vir vê-lo, vim também para saber se tem alguma mensagem ao Kazekage, pretendo ir até Suna muito em breve — a mudança de assunto veio concomitante a troca de semblante e tom de voz para algo muito mais suave, pois conhecia a verdadeira relação entre eles.

E, durante todo aquele tempo, a água continuou batendo em suas pernas e o sorriso daquele menino continuaria lhe fazendo lembrar de Karasu.

Considerações

  • Essa é uma RP oficial para o enredo do RPG. Não será permitido a entrada de ninguém a menos que seja previamente conversado.
  • Não há nenhum roteiro pré-determinado, ambos estarão jogando normalmente.
  • Essa RP é fechada com o jogador @Naritoshi.


Mako
Ficha de Personagem : https://www.narutorpgakatsuki.net/t88952-npc-karma
Naritoshi
Jōnin
[RP] A Maré... Xq4VeLG
[RP] A Maré... Xq4VeLG
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que minhas ondas cheguem até você



HP: 2050/2050 — CH: 3450/3450 — ST: 0/7 — SAKKI: 13/50 — SUIKA NO JUTSU: ---/---


Arco II — Verão, 26DG
Aquela dança era repetida do último encontro. Meu pouco caso dos meus feitos em contraparte à assertividade dele com... o quê? Seria aquilo uma pitada de orgulho? Não seja emocionado. De toda maneira: um vai e vem agradável como as ondas à nossa frente. Seus elogios são o bastante para me fazer corar, mais ainda com a menção de ser o "mais humano". As maquinações que me colocavam como capitão, infiltrador, assassino — eram mais que o suficiente para me sentir o oposto daquilo, mas vindo daquele rapaz, eram a dádiva de alguém admirável. Algo a ser vestido como uma honraria.

A situação inclinou com o assunto de Soramaru, Bōryokudan e todo o resto que impedia a visita de Karma de ser apenas isto: o reencontro de um amigo. Um novo mundo precisava ser traçado e o percurso para isso não seria bonito. Nunca tinha sido, e eu bem sabia desde a primeira saída. Ainda assim, por mais que tivesse feito as pazes com alguns traumas passados, talvez ainda houvesse a semente da ingenuidade. Afinal, o que mais havia de alimentar um tolo alívio em saber que ele poderia estar vivo? Kyūbei, o nome recém-descoberto passeava em minha mente, ia adquirindo uma cor nova. Aproximava-me daquele samurai. Um garoto, como eu. Não deveria ser muito mais velho. A promessa era de que as crianças de Tetsu no Kuni não precisariam mais sofrer, mas havíamos deixado uma para trás.

Isso, então, me imbui com um desejo revoltoso como uma maré: o de reencontrá-lo. E salvá-lo. Diferente do Rei Vampiro o do monstro da Torre Leste, ainda parecia haver alguma humanidade a ser resgatada ali — e eu tentaria, dada a chance.

É o olho marejado do meu messias que me remove daquele estado absorto. Como não estaria fitando aquela joia violeta? Céus, me repreendi, temendo ter feito alguma coisa de errado. Pior, de tê-lo ofendido com aquela sugestão. Tudo aquilo me arrebata com suas ações seguintes. Não é possível; mas era. Ali estava, na água junto comigo, ao contrário de todas as minhas previsão. Fiquei tão chocado que só pude soltar um riso surpreso. Logo, aquilo se transforma num sorriso de orelha à orelha e um balançar agitado e alegre na água, chapinhando alguns passos para perto dele.

Olhá-lo tornaria-se uma tarefa cheia de explorações. É cetim? Com acabamentos em lamê? A blusa interior tinha sido uma incógnita por um tempo, mas nem era o mais surpreendente da cena. Era tão incomum vê-lo sem o manto que é como se eu estivesse vendo Karma pela primeira vez. Sua altura, a extensão de seus braços. O caimento de seus cabelos. Até o olho violeta parecia mais humano, levemente saturado pelo reflexo azul das águas. Um rapaz. Não tão divino. talvez não fosse muito fã de crustáceos como eu. Gostava da cor roxa e talvez tivesse algum passatempo mundano quando não estava em missões mortais.

Mas, ah, que coisa perigosa era aquela. Olhá-lo daquela maneira. É tarde demais quando percebo que estou encarando, e que meu rosto deveria estar o mais vermelho possível. Já superamos isso, lembra? Suas palavras são firmes, mas tenho dificuldade em me concentrar nelas com o turbilhão na minha cabeça. No fim, compreendo o suficiente para me por de volta em órbita: temos um mundo novo para construir, preciso me focar em nossa real missão. O pequeno item metálico bem protegido em minha gaveta no ateliê cintila em minha memória.

Ah acabaria suspirando.

Sua última dádiva também me devolve aos eixos. Ken. Quanto tempo desde o gabinete? Já estávamos no verão seguinte... Céus, um ano desde que não o vejo. Seria minha vez de ficar com olhos marejados, porém, não conseguiria evitar que transbordassem nem se quisesse. Me aproximaria bastante de Karma caso houvesse a brecha, mas de todo jeito cobriria a boca com as mãos, entre lágrimas, contendo não só um sorriso diferente de todos os outros mas também a vontade de dar alguns pulinhos de alegria.

— Você me honra tanto com esse presente, Karma. — O "senhor" acabaria sendo deixado de lado, pela primeira vez. Só poderia olhá-lo com muito carinho. Obrigado sussurraria com toda a honestidade do mundo, e só aquilo bastava. Imaginava que não precisava dizê-lo sobre as dificuldades implicadas naquele conturbado relacionamento. Minha mente viaja, então, tentando formular em palavras os sentimentos que merecem cruzar um deserto até ele. A aliança entre vilas era uma promessa efêmera que veio e se foi; um par de asas agora o protegia, num país que parecia responsabilidade demais para um garoto de quinze anos — ainda assim ele seguia com a resiliência que eu jamais tive.

Me encontraria sem ser capaz de cobrar-lhe nada. Pedir-lhe menos ainda. Quem eu era se não um Tokubetsu Jōnin de um arquipélago do outro lado do mapa?

Passaria algum tempo refletindo, calculando, os dedos tocando a superfície da água. Lembraria do que disse instantes antes, sobre trabalhar em equipe com outros vilarejos. Lembraria-me de Ethan, de Tetsu no Kuni. Da dupla da Areia e como nutria carinho por eles. Da resiliência de Tousen. De Karma e do novo mundo.

Tudo, então, convergiria.

— Diga-lhe que — começaria após uma longa pausa — as novas gerações emergem na mesma medida que a Guerra do Relâmpago. Os jornais e aqueles que vão ao campo de batalha sabem disso, estando ele incluso. Diga-lhe que... estou cansado, temeroso pelo futuro, e desejo fazer algo. Algo além de um frágil e superficial aperto de mãos entre daimyōs. Quero fazer algo de verdade, pois um novo mundo precisa de novas vozes. Caso ele tenha interesse... — ajeitaria uma mecha atrás da orelha, hesitando diante da próxima frase, mas dizendo-a mesmo assim: — diga-lhe que a mesa do meu ateliê também suporta o peso desse tipo de conversa diplomática.

Muito bom, pensaria, a Rokudaime já está sabendo desse plano? Afugentaria aquele temor, já sabendo que a próxima visita ao gabinete seria tão excruciante quanto à última... mas dizer tudo aquilo nem parecia o suficiente. Era investir em algumas ideias que já flutuavam ao meu redor, mas não significavam tudo.

Havia algo mais a ser dito.

Não, você não quer dizer isso.

Talvez eu estivesse querendo, sim.

É loucura.

Eu tinha tão poucas chances de dizê-lo o que sentia, aquilo não era seria mais ou menos imprudente que o resto...

Não. Não, não, não. NÃO. Acredite, é muito imprudente.

— Diga-lhe mais uma coisa.

Não! Pense bem...

— Diga-lhe que Naritoshi Hōzuki está lhe pedindo em casamento.

Respiraria fundo.

— Ele não precisa responder de imediato. Na verdade, compreendo que ele deve pensar com cuidado na irresponsabilidade que seria uma Sombra se casando com um ninguém de outro vilarejo — fitaria o horizonte aquoso, suspirando. — Caso queira, ele terá alguns anos para ponderar, que é quando pretendo resolver esse problema. E ele saberá quando, imagino que os jornais se encarregarão de avisá-lo... — voltaria a olhar para Karma, agora sorrindo. — ...pois eu vou ser o próximo Mizukage.


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A Névoa
Primeiro o menino da névoa pareceu não acreditar na atitude do andarilho. Depois, uma onda se quebrou no seu âmago, cobrindo o pesar e o nervosismo com uma espuma forjada em alívio e algo próximo da felicidade. Karma notava cada ondulação dentro do menino. Cada redemoinho de sentimentos ornamentado com o chakra único dele, aquela sua assinatura que, apesar dos pesares, permanecia intacta. Era impossível não se relembrar de quem Karasu foi um dia; aquele menino-homem que podia matar e sonhar com um mundo melhor. Alguém capaz de destruir tudo, mas também de amar tão profundamente que doeu no dia em que tudo ruiu.

— Isso não é justo — Karasu dissera com lágrimas presas nas pálpebras recusando-se a cair.
— Ela sabia dos riscos, Karasu — Karma respondera não por antipatia, não por não sentir o pesar do amigo, mas porque era a verdade. Porque, gostando ou não, tinham sido enviados em uma missão. Gostando ou não, aquela era a vida deles. Dentro, porém, uma tempestade já estava formada. — Consegue me entender, Karasu? Não podemos mais deixar que Gyangu faça o que bem entender — as palavras escaparam como uma serpente abocanhando um rato.
— Não quero ouvir seus planos mirabolantes agora. Deixe-me com meu luto, vá embora — Karasu dera-lhe as costas, a voz embargada demais. Karma suspirara, dando as costas também, encostando-se nele. Encontrara a mão do amigo e fez questão de entrelaçar os dedos nos dele.
— Não estou mais aqui.

As coisas podiam ter sido tão diferentes, pensou, vendo o menino da névoa se aproximar. Você podia ter mantido esse sorriso para sempre se não fosse a Bōryokudan, aquela era a única certeza que tinha sobre tudo o que havia lhe acontecido e ao amigo. Lembrava-se muito bem do sangue manchando as vestes brancas de Karasu, os cabelos espalhados sobre seu peito, o corpo sem vida em seus braços; uma simples missão e uma armadilha. Gyangu devia saber o que estava acontecendo naquele lugar. Enviara os três naquela missão para ensinar uma lição àqueles dois soldados. Um lembrete de que a felicidade era efêmera aos homens — e proibida às ferramentas.

Naritoshi, então, cortou a forma respeitosa de falar e aquilo foi suficiente para fazer Karma ancorar de volta a realidade. Percebeu sutilmente as flutuações que indicavam não sentimentos conflitantes, mas a vontade de falar algo que há muito sonhava. Ouviu o que ele precisava colocar na mesa ao Kazekage — a esperança, o temor, a paixão. Ameaçou mostrar um sorriso de canto, mas achava que ele ainda tinha algo a mais e assim permaneceu calado. O conflito interno de Naritoshi era claro tanto no corpo quanto no espírito. Pediu para transmitir mais uma mensagem; Karma chegou a assentir, silenciosamente, mostrando que estava dando atenção.

O chakra do menino, por um momento, vibrou em neon. Karma arregalou o olho. Casamento. Um pedido de casamento. Sentiu um aperto no centro do peito, uma memória trépida. O brilho no rosto de Karasu contando que iria se casar antes do desastre daquela missão veio à tona. Antes de falar alguma coisa, antes mesmo de ameaçar abrir a boca, o jovem continuou falando. Entendendo a situação com a maturidade esperada de alguém com sua idade e experiência, deixando claro que aquela não era uma ideia para o agora, mas para o futuro. Um em que ele se tornaria o Mizukage.

Então você não entendeu nada.

— Transmitirei sua mensagem, Naritoshi-kun — disse-lhe, virando-se de costas, caminhando para fora da água. Aquele foi o lembrete que precisava sobre a natureza das pessoas. Chegou até o manto, tirando-o do chão e colocando sobre o ombro, segurando-o nas pontas dos dedos. — Você será um bom Mizukage — ele anunciou e saiu andando rumo ao horizonte. — Até nosso próximo encontro, futuro Mizukage-sama — disse acenando com as costas da mão, sabendo que não demonstraria a decepção no rosto, mas preferindo evitar olhá-lo e ter a mesma sensação que teve com Karasu.

Considerações

  • Essa é uma RP oficial para o enredo do RPG. Não será permitido a entrada de ninguém a menos que seja previamente conversado.
  • Não há nenhum roteiro pré-determinado, ambos estarão jogando normalmente.
  • Por favor, encerre com seu próximo post, @Naritoshi.


Mako
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Naritoshi
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Arco II — Verão, 27DG
Agora você realmente enlouqueceu. Havia um tremular perpassando meu corpo muito além do frio da água, uma secura em minha garganta. A tontura parecia advir do meu vício biológico, mas seria só isso mesmo? Um gole da garrafa amarga tirada da bolsa — agora encharcada — fora o bastante para saciar, mas o incômodo não dissipa.

A Rokudaime está sabendo desse plano também?, questiono-me novamente, mas não haviam respostas. Talvez o tempo recluso no ateliê tivesse sido o suficiente para me fazer delirar. Sequer temos idade para um matrimônio. O tremor continuava, o arrependimento tomando conta de minhas entranhas. Senti-me zonzo. Mizukage. Eu? Era tão risível que nem funcionava como piada de mau gosto, além de uma ofensa terrível para todos os seis que já usaram aquele chapéu tenebroso.

— Até — a partida repentina do Caolho me faz acordar do delírio. Meu murmúrio foi baixo, suspirado, assistindo suas costas se afastarem. Quando Karma recolhe o manto, percebo que aquela fagulha de momento se apagou. Breve e efêmera como eram os momentos em que vejo aquele olho violeta brilhar em outras cores. — Até, gentil moço bonito de um olho só — murmuraria de novo, provavelmente baixo demais para ser ouvido.

A promessa de um reencontro me alegrava, de toda maneira. Com preguiça e certa tristeza, vou chapinhando de volta para a costa também, calçando as sandálias novamente e respirando fundo. Já era hora de voltar ao Prismarina. Em meu percurso de retorno, tentaria ao máximo evitar pensar na próxima visita ao gabinete da ruiva implacável.


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