Teishiki parou por um momento ao sair dos portões imponentes de Konoha, sentindo o peso das missões que aguardavam. O sol já despontava no horizonte, sua luz dourada iluminando as muralhas da Vila da Folha e projetando sombras alongadas sobre o caminho de terra batida. Ao seu lado, o mensageiro que ele escoltaria—a figura que carregava uma mensagem crítica para uma vila aliada—aguardava em silêncio, sua expressão marcada por uma mistura de ansiedade e determinação.

O mensageiro, Hiroshi, era um homem magro de olhos penetrantes e cabelo castanho escuro preso em um rabo de cavalo. Ele trazia uma bolsa de couro presa ao cinto, onde o pergaminho selado repousava. A mensagem que carregava era de alta importância política, e qualquer falha em sua entrega poderia desencadear uma série de conflitos entre as vilas. Teishiki sabia que as ameaças não seriam poucas, e seu instinto o mantinha alerta enquanto começavam a viagem.

A floresta que cercava a Vila da Folha era densa, com árvores de troncos largos e copas que pareciam tocar o céu. O som das folhas farfalhando ao vento trazia uma sensação de inquietação no ar, e Teishiki mantinha a mão firme no cabo da kunai em sua cintura. A natureza ao redor, que para muitos poderia ser tranquilizadora, era um território fértil para emboscadas. A missão, por mais simples que parecesse, exigia um estado de prontidão constante.

Enquanto eles avançavam pelo caminho de terra, o silêncio foi quebrado por um ruído súbito vindo da mata. Teishiki parou abruptamente, ergueu a mão, e Hiroshi, obedecendo ao sinal, ficou imóvel. Seus olhos escanearam a área ao redor, mas tudo parecia calmo.

— Continue caminhando, mas fique atrás de mim, — murmurou Teishiki, os músculos já tensos.

Sem perder tempo, eles seguiram, agora em um ritmo mais acelerado, sabendo que a estrada à frente não seria tranquila. No entanto, o verdadeiro desafio ainda estava por vir.

Teishiki avançava com cautela, cada passo cuidadosamente calculado no caminho de terra batida que serpenteava pela floresta. O cheiro da terra molhada misturava-se ao aroma fresco das folhas verdes, criando uma atmosfera densa de expectativa. O sol, agora mais alto, filtrava seus raios através das copas das árvores, criando um mosaico de luz e sombra que dançava ao redor deles. Hiroshi, o mensageiro, seguia de perto, seu semblante tenso refletindo a seriedade da missão.

Conforme se afastavam dos portões de Konoha, Teishiki sentia a pressão da responsabilidade aumentar. A mensagem que Hiroshi carregava não era apenas um pedaço de papel; era uma promessa de paz, uma chance de evitar conflitos que poderiam mergulhar as vilas em uma guerra devastadora. Sabendo disso, Teishiki manteve os sentidos aguçados, os ouvidos atentos a qualquer som que pudesse indicar uma aproximação de inimigos.

A floresta parecia viva, seus sons ecoando ao redor deles, e cada farfalhar de folhas poderia ser um prenúncio de perigo. Teishiki recordou as histórias que ouvira sobre emboscadas naquelas trilhas, histórias que falavam de ninjas traiçoeiros aguardando o momento perfeito para atacar. O frio na espinha o fez apertar o cabo da kunai, um lembrete de que ele era a única linha de defesa entre Hiroshi e o caos.

De repente, um movimento nas sombras chamou sua atenção. Com um gesto rápido, Teishiki sinalizou para Hiroshi se manter atrás dele. O mensageiro, embora assustado, obedeceu, os olhos arregalados, refletindo a compreensão da gravidade da situação. Teishiki se aproximou cautelosamente da origem do ruído, a tensão no ar era palpável, como se a floresta inteira estivesse segurando a respiração.

Após alguns momentos que pareceram eternos, Teishiki se deparou com um grupo de bandidos, ocultos sob a folhagem. Seu coração acelerou, mas o treinamento o manteve firme. Ele respirou fundo, ponderando sobre a melhor forma de proceder. Com um movimento ágil, lançou uma kunai, atingindo um dos bandidos, que caiu ao chão. O confronto estava prestes a começar, e ele precisava garantir que Hiroshi chegasse ao destino com a mensagem intacta.

Os bandidos, agora alertados para a presença de Teishiki, se dispersaram, formando um semicírculo ao redor dele. O líder, um homem robusto com uma cicatriz profunda no rosto, avançou com um sorriso cruel.

— Olha só, temos um herói aqui! — ele zombou, brandindo uma espada gasta, mas afiada. — Pensei que poderia passar sem ser notado, não é?

Teishiki manteve a calma, analisando a situação. Ele sabia que a luta não seria fácil; o número de adversários e a ambição deles eram grandes. Mas ele também tinha a vantagem do elemento surpresa e a determinação de proteger Hiroshi a qualquer custo.

— Vocês não sabem com quem estão lidando, — respondeu Teishiki, a voz firme e clara. — Se desistirem agora, talvez consigam sair com vida.

O líder riu, gesticulando para os outros. — Ele acha que pode nos intimidar! Atacá-lo!

A batalha começou. Teishiki se lançou contra o primeiro bandido, esquivando-se de um golpe e contra-atacando com uma série de socos rápidos. O som de metal contra metal ressoava pela floresta, misturado ao grito dos bandidos e ao farfalhar das folhas.

Hiroshi, por sua vez, permaneceu escondido atrás de uma árvore, observando a luta com os olhos arregalados. Ele sentia o peso da responsabilidade e o desejo de ajudar, mas sua segurança era primordial.

Teishiki lutava com destreza, suas habilidades ninjas em plena exibição. Ele usava o ambiente a seu favor, fazendo uso de troncos e arbustos para se ocultar e atacar de forma rápida. O líder dos bandidos, furioso com a resistência, se lançou em direção a Teishiki com uma fúria cega.

— Vou acabar com você, garoto exibido! — Bradou o bandido.

Mas Teishiki, com um movimento ágil, desviou e usou uma técnica de imobilização, prendendo o braço do homem e forçando-o a soltar a espada. O bandido, atordoado, não teve tempo de reagir antes de ser derrubado no chão. Bastou somente um corte superficial com a kunai banhada em Raiton pelo Chakra Nagashi, e os braços do homem foram imobilizados. Em seu rosto, havia um misto de raiva e medo. Teishiki o golpeoou com o aro da kunai, bem na testa, apagando-o. — Vamos continuar, Hiroshi-sama. Perdão pela interrupção.

Dali em diante, a viagem continuou, teoricamente pacífica, mas Teishiki permanecia em total alerta.

Em algumas dezenas de minutos, enfim, chegaram ao destino do emissário e, portanto, a missão havia sido concluída. Teishiki e Hiroshi se olham em aprovação mútua poucos instantes antes de entrarem no castelo erguido numa colina, guardado por uma dúzia de militares shinobi de nível Chunin; aquela era a embaixada do País do Arroz, e quando reconheceram Hiroshi e o pergaminho que carregava, deixaram ambos passar.

Não tardou até o pergaminho ser entregue a um serviçal, que o entregou ao que parecia ser um monarca com um estilo de vida regado de fartura; trajava robes azuis marinho com detalhes em marrom-claro. Ele não disse uma palavra, nem sequer olhou Teishiki diretamente, somente murmurou algo para o criado. Uma liteira carregada por dois serviçais mais fortes vinha pelo hall, passando por uma das portas laterais. O diplomata simplesmente embarca e fecha a cortina que separa os ambientes. Seus serviçais parecem esperar a liderança de Teishiki — eles têm uma expressão confusa e ligeiramente aversa à figura do Genin, talvez devido à sua aparência. Ele não se importou, havia uma nova prioridade: a proteção do diplomata que chegaria a Konoha para discutir o mesmo acordo que Hiroshi levava.

Teishiki se posicionou em frente à liteira, observando o diplomata acomodado em seu interior. O homem, envolto em robes azuis marinho, parecia alheio à tensão que pairava no ar. A liteira, cercada por quatro robustos shinobi da vila, começou a ser levada de volta pela estrada que levava até de Konoha, em direção à sede dos líderes. Teishiki sentia o peso da responsabilidade em seus ombros; sua missão era proteger aquele homem e garantir que o acordo de paz com Tsukigakure fosse selado.

À medida que avançavam, o som dos passos ressoava nas calçadas de pedra, ecoando como um alerta silencioso. O sol, embora ainda visível, começava a se esconder atrás de nuvens escuras, como se a própria natureza estivesse pressentindo a iminência de um perigo. Teishiki olhou ao redor, os sentidos aguçados, captando os sussurros da floresta.

Os criados que cercavam a liteira trocavam olhares inquietos. Todos estavam cientes de que a paz estava em jogo, e um único erro poderia comprometer todo o trabalho realizado até aquele momento. Teishiki notou a maneira como os transeuntes olhavam para a liteira, alguns com curiosidade, outros com preocupação. Ele se perguntou se as notícias sobre o acordo já haviam se espalhado ou se algo mais sinistro estava a caminho.

Ao atravessarem uma ponte sobre um pequeno riacho, Teishiki sentiu uma mudança no ambiente. O cheiro do vento, antes fresco, tornou-se pesado, e a cidade, que antes parecia tão viva, agora soava como um campo de batalha prestes a eclodir. Ele se lembrou das histórias de emboscadas e ataques furtivos, e sua mente começou a criar cenários possíveis. A cada esquina que viravam, cada sombra que passavam, parecia esconder uma ameaça.

A liteira parou por um instante, e Teishiki deu um passo à frente, mirando uma bifurcação onde algumas carroças se aglomeravam. Ele fez sinal aos criados para aumentar a vigilância e, enquanto se moviam, uma sensação de inquietação começou a se estabelecer. O diplomata, embora tentasse manter a compostura, começou a se inquietar dentro da liteira. Teishiki fez um gesto para tranquilizá-lo. — Tudo ficará bem. Estou aqui para proteger você. — O diplomata não pareceu se importar. Enfim, Teishiki ajudou a liberar o caminho, e seguiram viagem.

A liteira continuou seu caminho, mas a atmosfera estava carregada de tensão. Cada movimento parecia atrair a atenção de olhos invisíveis, e Teishiki estava constantemente em alerta. Quando atravessaram os portões, a cidade estava cheia de vida, mas havia algo de sinistro sob a superfície. Algumas pessoas se acumulavam nos cantos da rua para ver a chegada do diplomata, outra cochichavam aqui e ali... Algo parecia fora do lugar.

Quando se aproximaram de uma esquina, um grito repentino cortou o ar. Um homem, de aspecto desleixado e com uma expressão de desespero, surgiu de uma das ruas laterais, correndo em direção à liteira. Teishiki não hesitou; ele se lançou na frente do diplomata, a kunai em mãos, pronto para agir —Afastem-se! — gritou ele, mas, antes que pudesse reagir, dois shinobi guardas pessoais do diplomata rapidamente imobilizaram o intruso.

— O que você está fazendo? — Teishiki perguntou, mantendo a guarda alta. O homem, ainda ofegante, balbuciou algo sobre um grupo que planejava um ataque. A revelação causou um calafrio na espinha de Teishiki. A liteira precisava chegar à sede dos líderes em segurança, e a situação estava se complicando. — Precisamos acelerar.

Com um sinal, a liteira recomeçou sua jornada, mas agora a pressão era palpável. A cidade, que antes parecia acolhedora, tornara-se um labirinto de possíveis emboscadas. Teishiki se perguntava se poderiam chegar a tempo, se algum inimigo já havia se infiltrado entre os cidadãos. Cada movimento nas sombras, cada sussurro, parecia um presságio de ataque.

Enquanto avançavam, Teishiki notou um grupo de pessoas se aglomerando em torno de um cartaz colado em um poste. As palavras "Conflito Iminente" chamaram sua atenção, e ele sentiu uma pontada de preocupação. O clima na vila estava mudando, e isso não poderia ser ignorado. Com os olhos firmes na liteira, ele não poderia se permitir distrações.

Após o incidente e as revelações alarmantes, a liteira continuou a avançar. O grupo se movia com mais cautela agora, os shinobi ao redor da liteira estavam mais atentos do que nunca. A tensão era palpável, e o ar parecia carregado de eletricidade. Teishiki não podia permitir que sua mente se distraísse, mas não conseguia ignorar as vozes ao fundo que se tornavam mais altas.

Finalmente, chegaram a um trecho mais tranquilo da cidade, onde a arquitetura clássica de Konoha se destacava, mas a sensação de alívio foi breve. Um olhar atento de Teishiki notou um movimento nas sombras de um beco. Ele fez sinal aos shinobi para parar e se aproximou cautelosamente, a kunai ainda em punho. Um instante de tensão...

E um par de gatos foi avistado caçando um rato. Teishiki estalou a língua, aliviado. Sinalizou que poderiam continuar, e os serviçais seguiram carregando a liteira pela rua ladrilhada retilínea, desviando do fluxo de pessoas com graciosidade. Os guardas particulares delimitavam o espaço e tiravam civis do caminho, Teishiki agia como a ponta de lança. Seus olhos cinza varriam e corriam de lá pra cá, sem localizar perigos iminentes. — Lá está. — Quando ergueeu os olhos, pôde ver a construção cilíndrica do Prédio do Hokage, local para onde o diplomata iria e onde se instalaria pelos próximos dias.

Comerciantes, trabalhadores e civis no geral pintavam as ruas com roupas de diversas cores, desbotadas ou novas. Uma miríade de sons e cheiros comuns em praças, mercados e ruas comerciais de grandes cidades. Teishiki se esforçou para não baixar a guarda, e fisgou umas folhas de menta na bolsa. Num instante, seus dentes estavam sutilmente tingidos de verde, e seu hálito, fresco. — Nós estamos chegando, por favor, prepare-se, senhor. — O fluxo de pessoas diminuia gradualmente à medida que se aproximavam da área mais militarizada da vila, sendo substituída por vozes semelhantes e passos ritmicos, como marchas ou corridas sincronizadas. — Desse ponto em diante... — Ao passar pelo arco dos portões do pátio do edifício, um par de Chunin surge numa tênue lufada de vento e folhas. Eles prestam vênia ao diplomata, e sinalizam para que Teishiki fique em silêncio, e que sua missão estava completa.

Era como se ele não existisse ou não servisse para mais nada ali e, naturalmente, já estava dispensado. Ele não pensou muito antes de se aprumar para fora do local, ainda refletindo sobre a forma desdenhosa com que o diplomata o tratou, e o quão ríspidos foram seus superiores, dada a situação... — É assim que os poderosos se comportam...