Cidadela do Deserto

O passar dos dias não parecia fazer os impulsos histriônicos em si amenizarem. Entretanto, era inegável que, pelo menos, a sensação de estranheza do chakra alheio em sua rede vinha diminuindo. Hakuryuu buscou continuar em casa, interagindo com os demais frequentadores da cidadela sempre que possível. Àquela altura, todos já pareciam ter se acostumado com os súbitos acessos de histrionismo que o jovem senhor da casa vinha apresentando. Por isso, a situação acabou por melhorar, ainda que os surtos estivessem fortes como sempre.

Determinado dia, um aviso veio de alguém da equipe. Uma mensagem havia chegado. Haku esperava atualizações vindas de Ziusudra e Terá, mas visivelmente não fora o caso.

O texto não era muito revelador. Algo típico de seu mestre. Todavia, Hakuryuu sabia que ele tinha razão: até que pudessem avançar para o próximo passo, era bom que ele praticasse tudo o que já sabia. Naturalmente, a primeira coisa que lhe veio em mente foi a aura adquirida no primeiro treinamento. Pensava que, por conseguir acessar uma quantidade maior de chakra, deveria também ser capaz de ampliar as capacidades previamente vistas.

Em uma manhã ensolarada, então, Haku tomou seu desjejum e, ao que tudo foi arrumado, imediatamente rumou para o karesansui.

Palavras: 202

Legenda:
Falas do Hakuryū: — Texto — descrições. | Pensamentos do Hakuryū: "Texto" — descrições.
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Cidadela do Deserto

Chegando ao pátio, aproximou-se do canteiro de areia branca adornada e, com um gracioso salto, pousou sobre a pedra central. Agachando e, então, sentando-se em posição de lótus, começou a se concentrar. De olhos fechados, aproveitando a completa paz do local, buscou aprofundar-se cada vez mais em si. Dessa vez, sua intenção não era adentrar naquele mesmo espaço compartilhado com a bijuu, mas sim focar-se na sensação que o segundo núcleo de chakra, intenso como uma estrela, causava em contraste com o seu próprio núcleo em seu interior.

Controle do seu chakra não estava fácil como de costume, mas buscou se focar nos preceitos que havia aprendido ao dominar o Shoki Jōtai. Iniciou tentando apenas coletar a energia dispersada pelo poderoso segundo núcleo que residia em seu âmago. Como quem tentava coletar a energia luminosa do sol, começaria a absorver tudo aquilo que era emanado pela sete-caudas. Inserindo a energia em seu sistema meridiano, o chakra da besta começaria a circular por todos os circuitos. Transbordando a rede, Haku começaria eventualmente a emanar a mesma aura avermelhada que produzira no primeiro treino. As escleras escureceram, as íris se tornaram vermelhas e as feições de Hakuryuu estavam muito mais bestiais do que o normal.

Haku permaneceu alguns instantes no Shoki Jōtai, concentrando-se na sensação de permanecer nele. Queria se acostumar o máximo possível antes de seguir com uma tentativa de uma versão mais intensa.

Palavras: 233

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Cidadela do Deserto

Após algumas horas exalando constantemente o chakra avermelhado e se aclimatando à sensação estranha que era ter um segundo chakra fluindo junto ao seu, Haku se sentiu preparado para algo mais.

Aproveitando-se da certa afinidade adquirida no último encontro, Kin voltou-se para o segundo núcleo de chakra com outros olhos. Tentando manipular seu chakra como se fosse seu próprio, Haku não se contentaria com apenas coletar aquilo que era naturalmente emanado pela besta. Usando de força tentaria extrair chakra a força da constituição do próprio núcleo. Ou seja, em vez de apenas coletar a luz da estrela, que normalmente se dispersaria no ambiente, tentaria absorver um pouco do seu material incandescente.

Talvez não fosse algo tão estranho assim. Entretanto, logo que entrou em contato mental com aquele montante de energia, sentiu como se a analogia não fosse tão distante da realidade assim. O material do núcleo parecia absurdamente mais quente do que a energia emanada por ele. O chakra era intenso e Haku sentiu dificuldades inicialmente — considerando ainda que a dissonância de chakras dificultava seu controle fino —, mas manteve-se firme no objetivo de incluir aquela enorme quantidade de chakra ao que já absorvia com maestria.

A reação, no entanto, foi completamente inesperada.

Ao que inseriu a enorme quantidade de chakra, o que antes era uma leve aura avermelhada transformou-se em um manto basicamente material. Agora com uma cauda saída diretamente das costas do manto, Kinsetsu sentiu sua pele imediatamente queimar. A dor era intensa e, por isso, instantaneamente ficou claro que o dano causado não era brincadeira. Pelas suas estimativas, mesmo suas técnicas de cura deveriam levar algum tempo considerável para manter aquilo.

Hesitou em ir adiante. Entretanto, logo percebendo que dominar o chakra da besta não deveria ser uma tarefa fácil, decidiu manter a técnica ativa o máximo que pudesse. Concentrando junto em sua energia vital, tentaria manter-se regenerando-a de forma paralela ao manto. Assim, buscaria manter-se o maior tempo possível sob efeito daquele manto.

Após o que se pareceram horas, Haku finalmente cedeu. A pele avermelhada significava que havia sofrido queimaduras consideráveis por todo corpo. Todavia, por todo aquele tempo concentrado, também constatou que, paradoxalmente, o aumento de suas capacidades físicas havia dobrado em relação ao Shoki Jōtai. Claro, por conta de queimadura, havia nulificado o efeito regenerativo. Contudo, considerando seu costume com o uso do Selo Amaldiçoado, conseguia pensar em situações que aquela faca de dois gumes poderia ser útil.

Após erguer-se da pedra, exausto, caminhou em direção à casa. O responsável pelo jardim, naturalmente, direcionou-lhe um olhar fulminante. Porém, na necessidade de causar situações, Haku devolveu-lhe seu olhar fulminante. Ainda um tanto bestializado da transformação, o homem imediatamente gelou. Os impulsos histriônicos imediatamente o fizeram sorrir.

Internamente aliviado, enquanto aplicava o Shōsen Jutsu em sua pele, Kin retornou para dentro de casa para descansar e se recuperar. Apesar de tudo, estava satisfeito com o resultado.

Palavras: 479

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