— O sol ainda estava baixo no horizonte, mal iluminando as montanhas que cercavam a aldeia. O ar fresco da madrugada trazia consigo o cheiro da terra úmida, mas eu não prestava atenção a isso. Meus passos ecoavam no chão de pedra enquanto eu me dirigia à torre onde as missões eram distribuídas. A convocação havia chegado cedo, sem muito aviso, e eu não tive tempo para questionar ou hesitar. Ao chegar ao escritório, percebi a movimentação habitual: mensageiros indo e vindo, ninjas recebendo instruções, a rotina constante da vila. Entrei sem cerimônia, mantendo minha expressão fria e distante. Não gostava de interagir mais do que o necessário, e encarar missões era apenas parte do trabalho. Quando cheguei à porta do responsável pelas missões, bati uma única vez e esperei a permissão para entrar.

— Entre. — Ouvi a voz firme do outro lado, acompanhada pelo som de pergaminhos sendo manuseados.

Entrei na sala e vi Takeda Ryo, um jounin veterano conhecido por sua frieza, e um antigo conhecido de meu pai. Ele me avaliou com um olhar rápido, como sempre fazia. Era como se ele buscasse algo de novo em mim, algo que pudesse ter mudado desde a última vez que nos encontramos.

— Lil Mayer, — ele começou, lendo um pergaminho à sua frente, — temos uma missão de Rank C para você. Algo um tanto... incomum. —

Eu permaneci em silêncio, esperando que ele continuasse. O termo “incomum” reverberou em minha mente, mas não mostrei qualquer reação.

— Houve relatos de uma pequena vila perto da fronteira leste que está completamente isolada. Nenhuma comunicação saiu de lá nas últimas semanas. Mandamos batedores para investigar, mas até agora, nenhum deles voltou. O que torna tudo ainda mais estranho é que não há sinais de conflito, nenhuma atividade militar, nada. É como se a vila tivesse... desaparecido. —

Ele parou por um momento, observando minha expressão, provavelmente esperando alguma reação, mas eu continuei imóvel.

— Seu objetivo é simples: vá até lá, descubra o que está acontecendo e retorne com as informações. Pode ser um erro de comunicação ou algo muito pior. Não sabemos ao certo, então... tome cuidado. Essa situação é atípica. Seja o que for, não entre em combate. —

— Atípica. — A palavra martelou na minha cabeça por um breve instante, trazendo de volta memórias que eu queria enterrar. A imagem de Aiko, meu pai, e o confronto que tivemos no dia anterior me inundou. As memórias da faca cortando minha carne, o calor do sangue, as chamas dançando ao nosso redor, e aqueles olhos vermelhos frios, o Sharingan dele. A ideia de que isso poderia ter algo a ver com ele passou pela minha cabeça. O desaparecimento repentino dele após aquele encontro, o destino incerto... Será que ele tinha algo a ver com essa missão?

Eu quase cedi à dúvida, mas me forcei a afastar os pensamentos. Não tinha tempo para essas conjecturas. Se fosse relacionado ao meu pai ou não, isso não importava agora. A única coisa que importava era a missão diante de mim, e eu não podia me distrair.

Respiro fundo, mantendo meu foco, e faço um breve aceno de cabeça para Ryo. — Entendido. —

Meus olhos permaneciam impassíveis, minha voz sem emoção. Ele me encarou por mais um instante, como se procurasse algo em meu rosto, antes de prosseguir.

— Lil, essa missão pode parecer simples, mas não baixe a guarda. Algo sobre essa situação não me parece certo. Apenas... tome cuidado. —

Por um momento, pensei em responder, mas logo percebi que não havia necessidade. Eu sabia o que ele estava tentando me dizer. Mesmo assim, não precisava que me lembrassem de ser cuidadosa. Eu já aprendera essa lição há muito tempo. Sem mudar minha expressão, virei-me para sair. Quando minha mão alcançou a maçaneta, ouvi Ryo murmurar algo, quase baixo demais para ser ouvido.

— Essa garota... há algo diferente nela. —

Minhas costas ficaram tensas ao ouvir seu comentário, mas não me virei. As palavras dele ecoaram no ar, como se carregassem uma verdade que eu mesma ainda não havia aceitado completamente. Ele estava certo. Algo em mim havia mudado, algo que nem eu entendia completamente. O confronto com meu pai havia despertado algo profundo dentro de mim, o poder do Sharingan. E, junto com isso, uma nova frieza, uma indiferença que parecia me envolver como uma segunda pele. As pessoas ao meu redor podiam sentir isso. Eu podia sentir isso. Sem responder ou dar qualquer sinal de que tinha ouvido, saí pela porta. Meu próximo destino era o ponto de encontro fora dos portões da aldeia, onde meu time já estaria à minha espera. O céu estava começando a clarear por completo, e a luz do sol se espalhava lentamente pelas ruas vazias de Iwagakure.

Enquanto eu caminhava, a imagem de Aiko voltou à minha mente, e por um breve instante, me perguntei novamente se essa missão poderia estar relacionada a ele. Mas, mais uma vez, afastei o pensamento. Não havia tempo para isso agora. Eu tinha uma missão, e completá-la era a única coisa que importava. Seja o que for que eu encontrasse lá, eu lidaria com isso. Afinal, qualquer coisa que viesse em meu caminho seria apenas mais um obstáculo a ser eliminado.

Informações:

— Deixei os portões de Iwagakure para trás, sentindo o peso da missão repousar sobre meus ombros como uma sombra persistente. O caminho diante de mim era longo e traiçoeiro, as montanhas que cercavam a aldeia formavam um verdadeiro labirinto natural, cheio de armadilhas escondidas, trilhas falsas e abismos sem fundo. A estrada irregular se estendia diante de mim, serpenteando entre rochedos e encostas íngremes, e eu sabia que a viagem até a vila isolada não seria fácil. A cada passo, eu me forçava a manter o foco. O som dos meus pés esmagando as pedras abaixo, o vento gelado cortando a pele, eram constantes que me ancoravam no presente, me impedindo de me perder em pensamentos. E, no entanto, era impossível não me questionar sobre o que me esperava no fim daquela jornada. Uma vila inteira que desapareceu sem deixar vestígios, batedores que jamais voltaram... Algo naquela missão estava profundamente errado. Takeda Ryo sentiu isso, eu também.

Mas mais perturbador do que a estranheza da situação era a inquietação que crescia dentro de mim. Conforme eu subia as trilhas sinuosas, os pensamentos que havia suprimido antes voltavam a me assombrar. A imagem de Aiko, meu pai, e o que aconteceu no dia anterior, assombrava cada segundo de silêncio. O confronto brutal, o sangue derramado e a sensação de que, de alguma forma, aquilo havia mudado algo dentro de mim. Meu Sharingan, despertado em meio àquela violência, latejava em minha mente, um lembrete constante de que eu estava caminhando por uma linha tênue entre o passado e o presente. Teria aquela missão algo a ver com ele? Com meu pai? Eu sabia que essas perguntas não me levariam a lugar algum, mas, ainda assim, era impossível ignorá-las completamente. A cada nova subida pela trilha rochosa, a cada respiro da brisa gelada, eu me perguntava o que realmente estava em jogo. Talvez a vila desaparecida fosse apenas mais um eco do caos que minha família sempre carregou, uma manifestação externa das trevas que nos cercavam. Ou talvez fosse apenas uma coincidência. De qualquer forma, a verdade viria à tona, cedo ou tarde. As horas passavam lentamente enquanto eu avançava pela região montanhosa, e o peso do cansaço começava a se acumular em meus músculos. Mesmo para alguém treinada como eu, o terreno era implacável. O sol, que mal havia iluminado a manhã quando parti, agora pendia baixo no céu, preparando-se para desaparecer por trás das montanhas. A luz dourada da tarde tingia as pedras de tons alaranjados, e as sombras se alongavam, tornando a trilha ainda mais traiçoeira.

Eventualmente, quando a noite começou a engolir as últimas faíscas do dia, eu decidi que era hora de fazer uma breve pausa. Meus pés latejavam debaixo das sandálias, e meu corpo, embora treinado para resistir à fadiga, pedia por um momento de descanso. Encontrei um pequeno afloramento rochoso, suficientemente protegido do vento e com boa visibilidade da estrada à frente, e me sentei por alguns minutos. A noite trazia consigo uma escuridão completa, quebrada apenas pela luz pálida da lua crescente. Eu estava sozinha, cercada pelo silêncio mortal das montanhas. Mesmo o som do vento parecia ter diminuído, deixando uma quietude estranha, como se o mundo estivesse prendendo a respiração, aguardando algo. Uma sensação inquietante crescia em meu peito, como se algo estivesse me observando das sombras.

Foi então que vi. Na distância, algo quebrou a escuridão. Um pequeno feixe de luz tremeluzente, movendo-se pela estrada. Me levantei imediatamente, alerta. A luz, fraca e distante, parecia vir de uma carruagem. Não era comum ver veículos tão longe da civilização, especialmente em terreno tão difícil. Imediatamente, minha mente começou a trabalhar. Uma carruagem nas montanhas à noite? Algo estava errado. Se fosse uma caravana comum, não estariam viajando àquela hora, e muito menos por aquelas estradas. Senti um frio subir pela espinha enquanto me escondia atrás de uma rocha grande, tentando observar sem ser vista. Havia algo de sinistro naquela cena.

Informações:

— Enquanto eu observava à distância, um estranho pressentimento começava a tomar conta de mim. Uma carruagem aqui? À noite, nas montanhas? Não fazia sentido, ainda mais em um local que, teoricamente, estava isolado. A missão parecia simples demais, mas esse cenário confirmava o que eu já suspeitava: algo estava profundamente errado. Eu sentia o vento frio acariciando minha pele, mas a tensão em meu corpo me mantinha alerta. Será que isso tem alguma relação com o desaparecimento da vila? O que quer que fosse, a presença daquela carruagem só adicionava mais peças a um quebra-cabeça que eu ainda não conseguia montar. Minha mente vagava brevemente para Aiko. Poderia ser ele, envolvido em tudo isso? Uma parte de mim esperava que não. A última coisa que eu queria era mais laços com aquele homem.

Enquanto permanecia escondida, os detalhes da cena se tornavam mais claros. A carruagem, agora mais próxima, estava sendo acompanhada por um grupo de homens. Mercenários, sem dúvida. Eles vestiam armaduras leves, armas variadas presas às costas e cintos, movendo-se com a típica confiança de quem está acostumado ao combate. A maneira como cercavam o veículo sugeria uma preocupação com segurança, o que só me deixava mais alerta.

— Aqueles ali não são meros viajantes. — pensei, ajustando minha posição para ter uma melhor visão sem me revelar. Meus olhos, apesar de não ativar o Sharingan naquele momento, eram bons o suficiente para captar cada detalhe com precisão.

Conforme a carruagem parava em um ponto mais baixo da estrada, pude ouvir fragmentos da conversa entre os guardas e alguém dentro da carruagem. O tom de voz era baixo, cuidadoso, como se estivessem deliberadamente tentando não chamar atenção.

— Está tudo certo para a entrega? — ouvi um dos mercenários perguntar, sua voz rouca cortando o silêncio da noite.

— Sim, estamos perto. A vila não está longe daqui. — A resposta veio de dentro da carruagem. A voz era suave, quase refinada demais para alguém associado a uma caravana de mercenários. Entrega? Para a vila? Isso confirmava minhas suspeitas: a missão estava diretamente ligada a essas pessoas.

Outro mercenário riu, mas havia uma tensão em sua risada. — Bom, desde que a gente consiga o que nos prometeram, não ligo para o que aconteça com o resto. —

Houve um murmúrio de concordância entre o grupo, mas um deles resmungou algo que chamou minha atenção.

— Mas... e quanto aos batedores que desapareceram? Não é estranho ninguém ter voltado? —

A resposta veio com um tom de desprezo.

— Não importa. Eles provavelmente se meteram com o que não deviam. Nosso trabalho é simples: pegar o que viemos buscar e sair. Agora cale a boca e continue andando. —

Meu coração acelerou. Então eles sabem dos batedores desaparecidos. O que quer que estivesse acontecendo, esses homens não pareciam preocupados em investigar ou ajudar. Eles estavam atrás de algo, e minha missão estava diretamente entrelaçada com esse mistério. Com a carruagem retomando o caminho, fiquei por um momento em silêncio, avaliando minhas opções. Seguir ou não? Meus instintos gritavam que sim. Eles estavam indo na direção da vila, o que tornava aquele bando de mercenários ainda mais suspeito. Se eles sabem mais do que estão deixando transparecer, eu preciso descobrir. Além disso, se esse era o objetivo da missão, eu não podia simplesmente ignorar.

Informações:

— Segui a carruagem em silêncio, mantendo-me sempre nas sombras e usando a paisagem montanhosa como cobertura. A trilha era traiçoeira, mas eu sabia que o caminho levaria direto ao vilarejo desaparecido. O ar noturno estava carregado de uma tensão opressiva, como se as montanhas ao redor estivessem segurando a respiração. A cada passo, eu me perguntava o que encontraria. — Será que vou encontrar sobreviventes? Ou apenas mais perguntas sem resposta? — Conforme nos aproximávamos do vilarejo, comecei a perceber os primeiros sinais de ruínas. As casas eram pequenas e malcuidadas, suas portas e janelas abertas, como se algo ou alguém tivesse invadido e deixado tudo para trás às pressas. O lugar estava completamente vazio. Não havia sinais de vida, nem luzes acesas, nem sons de movimento. Apenas um silêncio profundo, interrompido ocasionalmente pelo som da carruagem rolando pelas pedras do vilarejo deserto.

Me abaixei atrás de um amontoado de escombros, mal respirando enquanto observava. O que aconteceu aqui? As casas pareciam ter sido saqueadas; portas estavam arrancadas de suas dobradiças e móveis quebrados estavam espalhados pelo chão. Mas não havia corpos, nem sinais de luta. Apenas aquele estranho vazio, como se a vila inteira tivesse evaporado. Os mercenários pareciam alheios ao cenário desolador. Estacionaram a carruagem em uma pequena clareira no centro da vila e começaram a descarregar caixas pesadas. Conversavam entre si, mas o tom era relaxado, quase desinteressado, como se aquele ambiente fantasmagórico não os afetasse.

— Então, o que tem nessas caixas? — Um dos homens perguntou, com a voz baixa.

— Não é da sua conta. Nosso trabalho é entregar, não questionar. — Respondeu o líder, de forma agressiva.

Eu estreitei os olhos, focada em cada palavra, cada detalhe. Eles claramente sabem mais do que estão revelando, pensei, me esgueirando mais perto para tentar entender melhor.

Foi quando, distraída com os mercenários, pisei em um galho seco. O estalo foi baixo, mas em meio ao silêncio absoluto da noite, soou como um trovão. Meu coração congelou. Um dos homens parou imediatamente, virando a cabeça na direção de onde eu estava escondida.

— Ei, ouviram isso? — ele perguntou, apontando para a direção dos escombros onde eu estava. Os outros pararam por um momento, mas logo voltaram ao trabalho.

— Deve ter sido um animal. Vamos acabar logo com isso. —resmungou o líder, impaciente.

Eu me afastei rapidamente, abaixada, tentando me mover entre os escombros sem fazer mais barulho. Minha respiração estava acelerada, e cada músculo do meu corpo estava tenso, pronto para reagir se eu fosse descoberta. O mercenário, no entanto, não parecia convencido. Ele começou a andar em minha direção, cauteloso, os olhos atentos ao redor.

— Droga! — Pensei, me agachando ainda mais atrás de uma pilha de pedras, tentando não respirar alto. Ele estava chegando cada vez mais perto, e eu sabia que, se fosse descoberta, teria que lutar. Meus olhos vasculharam os arredores, buscando uma saída rápida. — Preciso despistá-lo, não posso ser vista agora. —

Informações:

— Pela forma como se moviam e reagiam, era óbvio que todos eram shinobis. Experientes, atentos. Se eu cometesse qualquer erro agora, seria o fim. Eu precisava pensar rápido, mas, mais importante ainda, precisava ver além do que meus olhos comuns poderiam captar. Cerrei os punhos, e num impulso, ativei o Sharingan. A energia familiar pulsou por meus olhos, e de repente, o mundo ao meu redor ganhou uma nova clareza. Cada detalhe, cada movimento deles se tornava mais nítido. As sombras que antes me intimidavam, agora revelavam caminhos escondidos. Eu podia ver o mercenário que me caçava, seus passos lentos e cautelosos, mas também conseguia prever os próximos movimentos.

Havia uma rota segura. Um caminho entre os escombros, não muito longe dali. Se eu fosse cuidadosa o suficiente, poderia me esgueirar até a carroça sem ser vista. E então, descobrir o que realmente estava acontecendo. Lentamente, calculando cada passo com precisão, comecei a me mover. Cada pedra, cada resquício de parede quebrada se tornava meu escudo. O mercenário passou por mim, sem perceber minha presença. Eu o despistei.

Encontrei abrigo atrás de um antigo pilar arruinado, com vista direta para a carroça e os homens que ainda estavam ocupados descarregando caixas. Era o momento perfeito para escutar mais.

— A entrega está garantida? — Perguntou um dos shinobis, com uma voz grave. Ele parecia estar no comando, observando os outros com um olhar afiado.

— Sim, assim que entrarmos no santuário, o acordo será selado. — Disse o líder do grupo, baixando a voz, como se quisesse manter aquele detalhe entre os mais próximos.

Santuário? A palavra me fez franzir a testa. O que havia aqui, escondido nesse vilarejo abandonado?

Outro homem riu de forma seca. — Se conseguirmos sair daqui vivos, claro. — Ele soltou um suspiro pesado. — Não gosto desse silêncio todo. As montanhas escondem coisas. —

— Cale-se. —O líder respondeu bruscamente. — O que importa é que estamos perto. Mais alguns minutos e... —

Antes que ele pudesse terminar a frase, senti algo. Um pressentimento. E, instintivamente, me virei. Meu Sharingan captou o movimento antes mesmo de eu perceber o que estava acontecendo.

Atrás de mim, emergindo das sombras, um dos shinobis. Com uma espada em mãos, ele esbanjava um sorriso psicótico de orelha a orelha.

Informações:

—  No instante em que vi a lâmina se aproximando, meu corpo reagiu por puro instinto. Saltei para trás, evitando o golpe mortal por um triz. O vento frio da espada cortou o ar onde eu estava segundos antes. Não havia tempo para hesitar. Meus dedos já estavam formando uma sequência rápida de selos manuais, enquanto meus olhos vermelhos do Sharingan escaneavam cada detalhe ao redor. Eu precisava de uma estratégia — e rápido.

O mercenário à minha frente riu, como se estivesse se divertindo com a caçada. Seus olhos cintilavam com malícia. — Você não vai escapar dessa, garota. —

Atrás dele, os outros mercenários já haviam percebido que algo estava errado. Ouviram o som do combate, e em um piscar de olhos, assumiram posições de combate. Sacaram suas armas, criando um círculo de aço e intenção assassina ao redor da carroça. Era uma formação disciplinada, coordenada como se já tivessem treinado essa resposta inúmeras vezes. Eles sabiam exatamente o que estavam fazendo, e estavam prontos para acabar com qualquer ameaça.

— Merda... — pensei, mantendo meu olhar atento em cada um deles, minha mente acelerada. Eu estava sozinha contra pelo menos cinco shinobis, todos armados até os dentes. Eles tinham a vantagem numérica, o terreno familiar e, possivelmente, mais experiência em combate em grupo. Não seria fácil.

Enquanto desviava de outro golpe feroz, meu adversário à frente começou a exibir frustração. Seus ataques eram rápidos, precisos, mas eu conseguia antecipá-los com o Sharingan, movendo-me de forma quase fluida entre as investidas.

— Porra! — ele gritou, furioso, seus olhos arregalados. — Por que não consigo acertá-la?! —

Eu me mantinha à defensiva, evitando cada golpe com esquivas rápidas e precisas, mas sabia que essa tática não poderia durar para sempre. Eu estava sendo encurralada lentamente, forçada a recuar para perto dos escombros. As opções estavam diminuindo, e a pressão dos mercenários só aumentava. Eles avançavam, confiantes, enquanto meu oponente principal intensificava seus ataques.

Então, tomei uma decisão. Eu não poderia continuar fugindo. Meus olhos brilharam com determinação enquanto ajustava minha postura. Se eu continuasse apenas me defendendo, seria questão de tempo até que me cercassem completamente. Era hora de virar o jogo.

Num movimento rápido, esquivei-me de um golpe horizontal e, sem dar tempo para que ele reagisse, girei o corpo com um chute lateral, direto contra a guarda do mercenário. O impacto o fez cambalear para trás, sua expressão de surpresa denunciando que ele não esperava uma resposta tão repentina.

— Agora é minha vez. —

Informações:

— No momento em que o mercenário cambaleou para trás, eu soube que não poderia mais me segurar. Minha mão deslizou por baixo dos trajes, e senti o toque frio da Kokuto. A Kokuto não era uma simples lâmina – além de mortalmente afiada, era envenenada, pronta para consumir qualquer um que ousasse cruzar meu caminho. Eu sorri de canto de boca ao pensar nisso. Saquei a espada rapidamente, os olhos focados nos demais à minha volta. Não tinha tempo a perder. Meus dedos começaram a realizar uma sequência de selos com precisão, o chakra fluindo pelo meu corpo. Inspirei profundamente, reunindo o máximo de energia possível nos pulmões.

— Katon: Goukakyuu no Jutsu! — gritei, liberando uma massiva bola de fogo que avançou com fúria, engolindo o mercenário à minha frente. Ele não teve sequer uma chance. O fogo o consumiu por completo, e logo tudo o que restava era poeira e cinzas, subindo aos céus.

Com o Sharingan ativado, cada detalhe ao meu redor se destacava. A fumaça mal havia se dissipado, e já percebia os mercenários restantes se aproximando. Eles haviam me visto queimar um dos seus, mas, ainda assim, não hesitaram. Vieram todos de uma vez, espadas em punho, gritando em um ataque coordenado.

Idiotas.

Eu me movi com fluidez, a Kokuto bloqueando cada golpe, o som do aço ecoando enquanto minhas lâminas se chocavam. Meus olhos acompanhavam cada um dos movimentos — era como se eles estivessem se movendo em câmera lenta. Antecipava cada ataque com precisão, até que finalmente encontrei uma abertura. Num movimento rápido e certeiro, minha lâmina cortou a lateral do abdômen de um deles, que gritou de dor, vacilando, enquanto eu saltava para trás, fora do alcance.Eu ri. Sentia o sorriso se alargando em meus lábios, uma satisfação perversa crescendo em mim. As tomoe giravam intensamente, refletindo minha excitação.

— Vocês... — minha voz saiu quase como um sussurro, cheia de desdém. — Vocês não passam de uma distração. — Senti a crueldade borbulhar em mim, como se estivesse redescobrindo algo esquecido.

— Eu estava preocupada com uma brincadeira de criança dessas? Vocês não valem o meu tempo. — acrescentei, rindo baixo, enquanto deixava minha verdadeira natureza transparecer, a diversão de uma caçada fácil crescendo dentro de mim.


[spoiler="Informações"]

Objetivos:

Descrições :

— Os mercenários avançaram ao mesmo tempo, tentando me cercar. Cada movimento deles parecia tão lento, tão previsível, como se eu estivesse dançando ao redor de crianças desajeitadas. Meus olhos captavam tudo, mas ainda assim, a pressão estava aumentando. Eu conseguia ver cada golpe, cada movimento, mas eles estavam me forçando a um ritmo mais intenso, me obrigando a bloquear e contra-atacar a todo momento.

Eu sabia que não poderia manter essa dança por muito mais tempo.

Com um giro rápido, cortei a garganta de um deles, o sangue espirrando no chão. Outro avançou logo em seguida, a lâmina dele zunindo pelo ar. Bloqueei com a Kokuto, sentindo o impacto vibrar em meus braços. Ele tentou me empurrar para trás, mas eu já havia previsto isso. Saltei para o lado e com um corte horizontal, rasguei o peito do mercenário, o grito de agonia dele se perdendo no caos do combate. Mas algo dentro de mim mudou nesse instante. Senti uma pressão nos olhos, algo como um calor intenso queimando em meu interior, enquanto o combate ficava ainda mais feroz. Meu Sharingan pulsou, e então tudo ao meu redor ficou mais claro. Uma segunda tomoe girava nos meus olhos, e a percepção de cada movimento, cada detalhe do combate, se ampliou. Era como se a lâmina de cada um dos meus oponentes estivesse mais lenta, mais fácil de prever, quase como um instinto natural.

Eu me movi com uma fluidez que nunca havia experimentado antes. Cortei outro na altura do estômago, rasgando músculo e osso, e ele caiu como um saco de carne, morto antes de tocar o chão. A vantagem deles, numérica, desaparecia rapidamente. Restavam apenas dois. O líder dos mercenários me encarava com uma expressão de puro terror, enquanto o outro, desesperado, tentou um último ataque. Desviei com facilidade, e com um golpe firme, decepei o braço do líder. Ele gritou de dor, cambaleando para trás enquanto segurava o coto sangrento, incapaz de compreender o que estava acontecendo. Agora, com todos os seus aliados mortos, ele estava sozinho, ferido e sem opções. Eu me aproximei lentamente, a Kokuto pingando sangue, e apontei a lâmina para a garganta dele. Meu sorriso se alargou, o gosto da vitória já estava no ar.

— O santuário... O que vocês estavam planejando? — perguntei, minha voz baixa e afiada como a lâmina que encostava na pele dele. Ele estava apavorado, seus olhos arregalados, suando enquanto tentava formular uma resposta.

— E-eu... nós... o acordo... —Ele gaguejava, completamente em pânico, incapaz de dizer qualquer coisa coerente. — O que... o que você é?! — Ele finalmente perguntou, a voz trêmula e cheia de desespero.

— O que eu sou? — Ri baixinho, divertindo-me com o medo dele. — Eu sou a última coisa que você verá. — Aproximei a lâmina da garganta dele, sentindo a ponta perfurar levemente a pele.

— Agora... — sussurrei com um sorriso cruel no rosto. — Fale.

Informações:

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— Ele engoliu em seco, os olhos correndo de um lado para o outro, como se estivesse procurando uma saída, mesmo sabendo que não havia mais esperança para ele. Por fim, ele sussurrou, quase inaudível:

— O santuário... é uma armadilha. Nós... não fomos os únicos contratados. Outros... já estão lá... esperando. —

Minhas sobrancelhas se arquearam. Uma armadilha? O que isso significava? Ele percebeu minha hesitação e, num último suspiro de coragem, continuou:

— O acordo... o pagamento... é pelo que vocês vão encontrar lá. Não importa se... me matar... — Ele tossiu, cuspindo sangue. — Outros estarão à sua espera... pessoas muito piores do que nós. —

Eu dei um passo para trás, processando o que ele havia acabado de revelar. — Uma armadilha? — Alguém estava se preparando para nos interceptar no santuário, e esses mercenários eram apenas peões descartáveis. Mas quem eram esses "outros"?

Antes que eu pudesse fazer mais perguntas, o mercenário sorriu, um sorriso torto e ensanguentado. — Você não faz ideia do que está prestes a enfrentar, garota... —

Foi nesse momento que percebi a reviravolta. Ele estava se divertindo. Mesmo com a morte inevitável, mesmo com a perda de seus companheiros, ele sabia algo que me escapava. E eu não gostei disso.

— Idiota. — Minha voz saiu baixa, o sorriso desaparecendo de meus lábios. Ele achava que tinha conseguido o controle por um momento, mas estava enganado. Eu não deixo pontas soltas.

Num movimento rápido, a Kokuto cortou sua garganta, o sangue jorrando em um arco perfeito. Seus olhos se arregalaram pela última vez, e ele tombou para frente, o corpo se chocando contra o chão. Por um instante, tudo ficou quieto. O som do vento cortando o campo, o cheiro de sangue fresco, e eu... de pé no meio daquele cenário, com o peso das palavras dele pairando sobre mim.

— Uma armadilha... outros à espera... — murmurei para mim mesma, meus olhos ainda fixos no corpo caído. Estaria alguém me manipulando desde o início? Ou tudo isso era apenas um jogo maior, uma caçada onde eu também era a presa?

O Sharingan ainda pulsava em meus olhos, as tomoe girando lentamente enquanto minha mente mergulhava em confusão. O que eu realmente estava caçando aqui? E por que esse homem parecia saber mais do que eu? Cada respiração, cada pensamento estava repleto de incerteza, mas ao mesmo tempo, algo em mim florescia. Uma sensação de prazer, de... satisfação.

Eu ri baixinho, sem alegria.

— Talvez eu tenha subestimado isso... — falei para o vento. O gosto da vitória estava lá, mas a incerteza corroía. Não importava. No final, todos eles eram apenas obstáculos insignificantes.

Eu olhei uma última vez para o corpo sem vida do mercenário. Ele pensou que tinha conseguido uma vantagem sobre mim, que a informação dele me faria hesitar. Mas não. Seja lá o que eu estiver enfrentando a seguir, eles vão encontrar o mesmo destino.

Informações:

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— Com o corpo do mercenário ainda no chão, o silêncio foi a única coisa que restou. O eco de suas palavras ainda ressoava na minha mente: uma armadilha no santuário, outros esperando, algo maior do que esses vermes insignificantes. Mas nada disso me fez hesitar. Eu estava acima de qualquer jogo. Não importava o que eles planejassem; o fim seria o mesmo. Afastei o sangue da Kokuto com um único movimento rápido e preciso, limpando a lâmina na roupa ensanguentada do líder mercenário antes de embainhá-la. Ainda havia algo que eu precisava fazer antes de sair dali. A carruagem estava próxima, o último vestígio da missão original, e podia muito bem conter informações úteis. Eu não ia desperdiçar a oportunidade.

Ao me aproximar da carruagem, cada passo meu ecoava em meio ao campo coberto de corpos. Minha respiração era calma, controlada, mas o mundo ao meu redor parecia mais nítido, mais cruel, como se o sangue derramado amplificasse tudo ao meu redor. Com o Sharingan ainda pulsando em meus olhos, meus dedos deslizaram sobre as trancas da carruagem e, com um puxão firme, a porta se abriu. O interior estava abarrotado de documentos, armas, e suprimentos. Os pergaminhos eram os que mais chamavam a atenção. Os mapas rabiscados com pressa, menções fragmentadas a "artefatos antigos", "o contrato", e "rituais" alimentavam minha curiosidade, mas eram vagos demais para dar qualquer resposta clara. Quem quer que estivesse orquestrando isso, sabia manter as coisas nebulosas. Ainda assim, eu guardei tudo o que parecia relevante. Cada pista poderia ser um elo, e eu não pretendia deixar nenhuma peça para trás.

Com a carruagem vasculhada e os pergaminhos guardados, era hora de voltar para Iwagakure. As palavras do mercenário ainda rodopiavam na minha mente, mas não era a promessa de perigo que me incomodava. Eu já havia aceitado a violência e a morte como parte do meu caminho. O que me incomodava era o desconhecido — quem mais estava envolvido e o que queriam realmente com o santuário. Mesmo assim, aquele fragmento de dúvida não me deteria. Eu estava em uma caçada, e quanto mais me aproximava da presa, mais afiada minha mente se tornava.

O retorno foi solitário, como sempre. O vento cortava o campo aberto enquanto o sangue seco na minha roupa colava à pele, um lembrete constante do confronto recente. Mas minha mente vagava para lugares mais profundos, para o futuro, para a maldição que eu carregava. O que realmente importava naquele momento? O destino estava desenhado desde o início. Ódio. Ele era a única constante, o fio que tecia cada uma das minhas ações. Eu tinha aceitado meu ódio muito antes de entender o quão profundamente ele estava enraizado em mim. Agora, com o Sharingan evoluindo, as tomoe girando com mais intensidade, isso era mais claro do que nunca. O ódio era a minha verdadeira força.

— No fim, o ódio é tudo que resta. — murmurei para mim mesma, os lábios curvados em um sorriso frio. Eu já sabia. Sabia antes mesmo de tomar consciência plena disso.

Quando finalmente avistei os portões de Iwagakure, senti uma mistura estranha de alívio e tensão. Os documentos que trazia comigo mudariam o curso das próximas missões, e o homem no quartel-general teria muito a ouvir. Mas não era isso que me movia. O ódio. Era sempre ele. Sempre a sombra me acompanhando, sempre o que me mantinha de pé, mesmo diante das maiores ameaças.

Subi os degraus em direção ao quartel-general com passos decididos, minha mente já focada no próximo passo. Relataria tudo — os mercenários, a armadilha, os documentos. Mas no fundo, o que realmente importava não era o que estava por vir. Eu já havia aceitado minha maldição, muito antes de qualquer um desses mercenários cruzar o meu caminho. O sangue, a vingança, o ciclo eterno de violência... Eu não fugiria disso.

A verdade? Eu não queria fugir.

Com um último olhar para os corpos deixados para trás, eu sorri para o vazio. Eles achavam que podiam me manipular, que eu hesitaria diante de seus jogos. Eles estavam errados.

E seja lá quem estivesse à minha espera no santuário, o destino deles já estava selado.

Informações:

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