— Hokage-sama, acho que o senhor deveria ver isso. — Nara Shiori era a nova assistente de Nathaniel desde que Hanabi, assim como Mahina, Soren e Draxler, decidiram partir para Otogakure no Sato para enfrentarem os Fujiwara por conta própria, inspirados nas antigas histórias de seu líder. A assistente chegou com um pergaminho e o colocou em sua mesa, interrompendo o seu trabalho e o induzindo a abrir o documento.
— Família morta por ataque a flechas e animal mutilado a Oeste do País do Fogo, próximo a fronteira com Kusagakure, uso do sangue das vítimas para desenhar símbolos na parede e animal usado para ritual. Símbolos identificados como tendo… Origem élfica. Casal morto nos arredores de Konoha próximos de uma barraca, corações arrancados, símbolos de origem élfica. Imagino o que as mentes brilhantes de Konoha devem estar pensando… — ele enrolou o pergaminho novamente, colocando-o em cima da mesa. — Isso não prova que foi um Grey que fez isso. Pode ter sido qualquer pessoa, com os nossos conhecimentos.
— Isso não importa muito para a opinião pública, Hokage-sama. A maioria da população está suspeitando que tenha sido alguém do seu clã, e o senhor já viu o noticiário das cinco da tarde? Tudo o que o apresentador faz é cobrar o senhor publicamente, exigindo que o senhor tome medidas severas para proteger a população. — ela recolheu o pergaminho.
— Mais um idiota tentando se aparecer por cinco minutos de fama. — ele pegou uma garrafa de whisky, enchendo um copo.
— O nome dele é Takamura Kenji. Esse homem é querido pelo público, e a audiência da TV sobe quando ele está no ar, mais do que os canais privados. Dizem que ele fala a língua do povo. — ela rapidamente tirou o copo da sua mão, colocando uma xícara de café na mesa. Ordens da sua mãe, ela dizia com o olhar, daquela vez.
— A única língua que o povo consegue falar nesses momentos é violência e intolerância. Quanto tempo vai demorar até que alguém pague a conta por isso? — bufou, pegando a xícara de café e tomando um gole.


O chamado de emergência veio ao seu gabinete através de um Chuunin da vila que chegava afobado, abrindo a porta no momento em que o elfo parava para fumar um cigarro. Ao ouvir sobre o ocorrido, Nathaniel seguiu para o local, acreditando que encontraria os responsáveis pelos assassinatos ocorridos nos últimos dias, mas tudo o que viu foi dois elfos caídos no chão com os rostos cobertos de sangue e hematomas, alguns policiais e investigadores, uma multidão de curiosos ao redor e os seus algozes gabando-se do seu feito macabro, e repórteres que cobriam a notícia.  Percebendo a presença do Yondaime na cena do crime, B.A se aproximou na posição mais alta da polícia.

— Os nomes deles são Gaston e Aeron Grey. Os dois têm ficha criminal, mas coisas leves, como roubos e invasões a domicílio. Ainda não deu para interrogar os dois, mas um policial de plantão entrou em suas mentes e não encontrou nenhum vestígio de algo que inclua assassinato, apenas que estavam caçando para se alimentarem perto de um acampamento que eles montaram. — explicou ao seu lado, olhando para as pessoas do outro lado do cordão humano feito por outros policiais.
— Eles tiveram as suas mentes vasculhadas? Mas eles não foram pegos em flagrante cometendo nenhum crime. Até que provem que eles fizeram algo, eles são inocentes. Quem deu essa ordem? — olhou sério para o amigo.
— Diz o cabo que a população no entorno fez pressão para que ele entrasse na mente dos dois usando o seu hijutsu e suas habilidades pessoais, mas mesmo que ele não tenha encontrado nada comprometedor, as pessoas ainda continuam acreditando que ele tem alguma coisa a ver com esses ataques que sairam no jornal.
— Ninguém tem o direito de ter as suas consciências violadas por conta das emoções contaminadas da população. Até onde sabemos, eles não são esses caras. —

Mesmo assim, parecia que as pessoas tinham uma opinião formada sobre aqueles elfos, e nada tinha a ver com os instrumentos que usavam, e sim por serem diferentes. Nathaniel olhou para os comerciantes narrando para um grupo de mulheres, algumas jovens, outras donas de casa, como haviam espancado os elfos, e de repente, tudo ficou em câmera lenta diante dos seus olhos. Na cabeça daquelas pessoas, aqueles dois eram os inimigos a serem combatidos. Seu transe parou no momento em que B.A estalou os dedos na sua frente, o acordando para a realidade.

— Prendam eles e o coloquem em celas separadas. — deu a ordem.
— Eles mal conseguem andar, eles precisam de um hospital urgentemente. — B.A ponderou, fazendo com que Nate o olhasse.
— Não eles… — ele apontou para os comerciantes. — Eles.
— Espera! O que está pedindo…
— Aqueles dois podem estar cometendo delitos, mas não havia nenhuma evidência de que eles estavam cometendo algum crime. Se deixarmos eles sairem como heróis, vamos abrir um precedente perigoso. E se as pessoas começarem a achar que podem fazer justiça com as próprias mãos? — ele olhou para um dos comerciantes socando o vento.
— Uma coisa é eles não sairem como heroís, mas como se fossem bandidos… Isso é muito extremo, até mesmo para você.
— Eu vou lidar com isso, B.A. Essa gente está se deixando influenciar por todo o tipo de discursinho anti-governo, se voltando a teorias rasas e lógicas sem fundamento. Nós não podemos deixar isso acontecer. —
— Essa gente? — B.A o fitou surpreso e desconfiado, pois o tom de Nate ao pronunciar aquelas palavras pareceu um tanto pejorativo, com um tom de preconceito. O elfo parou para analisar o que havia dito, respirando fundo.
— Arranje pessoas para levar os suspeitos pro hospital, e os valentões pra cadeia, por favor. — depois que fez o pedido, ele deu as costas, ouvindo B.A dar as ordens para os outros policiais, e os gritos de protestos quando os comerciantes eram presos. Quando os repórteres vieram interrogá-lo, ele saiu em disparada, partindo em direção a sua casa.

Era cinco horas da tarde, quando o programa de maior audiência da TV estatal começava com o apresentador que, segundo ele próprio e os seus fãs, falava a “língua do povo”. Ele começava passando uma reportagem que mostrava a opinião da população sobre a prisão dos comerciantes acusados de agredirem dois “bandidos”, na linguagem do programa. Todos os entrevistados eram contra a prisão, achando a postura do Yondaime “absurda” e “tendenciosa”. Nathaniel ficava na frente da televisão assistindo tudo, com o rosto apoiado em seu braço esquerdo e uma expressão de tédio, quando uma dupla entrou em passos rápidos, fazendo Kiara abrir as suas asas na frente da mesas, colocando-se em posição de ataque.

—  Pare imediatamente! Você não tem permissão de entrar aqui!  — dentro do Gabinete do Hokage, Shiori, usando uma técnica do seu clã, manipulou a própria sombra para fazer o corpo de Katsuhiro parar de se mover, enquanto ele mantinha um sorriso no rosto.
—  Eu sei que não marquei hora, benzinho, mas a situação é complicada demais para esperarmos, e o seu amado líder vai entender isso, não é, Nathaniel? — Katsuhiro chamou a atenção do elfo, que virou o rosto lentamente para o bilionário.
—É melhor não me chamar de benzinho de novo! — as sombras percorriam o corpo do homem, que nem ao menos reagia, mas também não tirava o sorriso no rosto, até que Nate fez um sinal com a mão, um que Shiori entendeu bem, desarmando a sua técnica.
— Assim é bem melhor. Bom, espero que tenha um bom plano para lidar com isso, porque enquanto você banca o mártir dos Direitos Humanos, tem gente planejando contra você. — o bilionário jogou um jornal em sua mesa. — Vamos precisar da sala para nós dois, ok, moça e felina!? — ele falou com a sua postura arrogante, típica de um homem rico, enfurecendo as damas.
— Elas ficam. — respondeu-o em voz baixa, mantendo os olhos sobre o jornal, fazendo Katsuhiro erguer as mãos em rendição diante dos olhares de Shiori e Kiara.

E então, Nathaniel leu o jornal. As primeiras páginas eram dedicadas a ele, demonstrando as desconfianças de um setor da sociedade com o seu governo, envolvendo até uma notícia dele viajando para Kusagakure para visitar os outros Greys, mostrando também a escalada da guerra entre os Sarutobis e Shimura, assim como a onda de mercenários crescendo no País do Fogo. Mas o que lhe chamou atenção foram as conversas sobre a emancipação de Otogakure no Sato. Por um lado, ficava feliz de ver o vilarejo onde liderou por um tempo ser independente, por outro lado, queria ter certeza de como ela seria feita. O jornal também falava sobre ninjas que foram promovidos a “Asas do Kazekage” e um culto que acontecia na fronteira próxima a Takumi no Sato, uma das colônias do País do Fogo. ”Talvez eu tenha que investigar isso também”, pensou, enquanto lia notícias sobre desaparecimentos em Hoshigakure no Sato e a desconfiança dos investidores de Kiri no vilarejo. Paralelo a isso, leu as notícias sobre o Tsuchikage obrigar todos os ninjas a registrarem suas habilidades e o fechamento das fronteiras, o levando a ser considerado um ditador pelo povo, um novo “Raikage” acendendo em Shin Kumo e o fechamento do País do Ferro. Assim que terminou de ler, ouviu a voz irritante e egocêntrica de Katsuhiro.

— Sabe, tinha um cara que ele era o meu ídolo na infância. Tatsumaki, o nome dele, era o melhor jogador de polo do mundo. É um esporte de rico, coisa fina, muito dinheiro envolvido. Ele era o melhor jogador dos Gladiadores da Folha, meu time do coração, e da seleção do País do Fogo, e chegou a ganhar dois mundiais. Mas aí ele se aposentou, depois de uma carreira fantástica, e virou técnico dos Gladiadores. Foi um desastre. Ele não sabia gerenciar pessoas, e levou o nosso time ao fracasso. —
— Parece um esporte interessante. — falou em tom de ironia, olhando para Shiori e rolando os olhos, fazendo ela rir. — E o que isso tem a ver comigo?
— Você pode ser um grande herói da geração atual, mas eles não o verão como um líder intocável apenas por isso. Mesmo que o mundo seja eternamente grato a você por causa de Azshara e Kaguya, eles não vão aceitar que faça cagada dentro da vila. A prova está aqui. — ele mostrou o jornal na sua mão.
— As famílias nobres também estão expostas nesse jornal. Agora as pessoas saberão que eles estão tramando contra mim. — ele entregou o jornal para Katsuhiro, que puxou uma cadeira para se sentar, mesmo sem receber convite para tal coisa.
— Sim, mas no final do dia, eles continuarão sendo nobres. Já você, se continuar assim, deixará de ser Hokage mais rápido do que gostaria. — alertou o bilionário. — Você deveria ter percebido, há muito tempo, que não é bom agindo na luz. Seu lance sempre foi agir nas sombras, e era por isso que o homem que sentou nessa cadeira antes de você confiava na sua capacidade. Agora, como Hokage, tudo o que você faz será questionado.
— Está dizendo que eu deveria agir como eu agia antigamente?
— Não. Você precisa agir nos dois cenários, mas precisa ser mais do que um Hokage, mais do que um homem que senta numa cadeira e manda shinobis para missões ao redor do mundo. O seu legado, Nathaniel, traz algo que poucos Kages possuem: a capacidade de transformar seu legado em uma ideologia. Mesmo que esteja aposentado, o nome de Sarutobi Kaden soa como a de um shinobi lendário em todos os cantos do mundo. O seu camarada de guerra Yohma está no mesmo caminho, assim como Mei Ogosho. Você lutou ao lado dos dois, conhece a força deles, e agora você é como eles, cheio de alcunhas e habilidades.
— O que está tentando afirmar com isso? — Shiori ficou ao lado do elfo, encarando o visitante.
— O seu legado é a sua forma de poder, não o cargo que ocupa. Use isso para guiar as pessoas, para que elas a obedeçam. Use isso para guiar os seus parentes, para apontá-los contra os seus inimigos e os seus opressores. Você não precisa ser o sabichão ou ter o dom da palavra para isso, só precisa mostrar a eles tudo o que construiu e o que está disposto a fazer pelo mundo. Deixa eu colocar de outra forma: se você sofresse um golpe de estado hoje, quem o obedeceria nesse momento? — questionou o homem, fazendo Nathaniel cruzar os braços. — Quando aprender a fazer isso, não serão somente os seus amigos e familiares que seguirão as suas palavras. — a sala ficou silenciosa por alguns segundos, até que o homem cortou-o. — Ah, esqueci de avisar: pode ser que amanhã a tarde haja uma manifestação de uma parte da população pedindo a sua renúncia.


[...] Depois de dar o seu recado, Katsuhiro foi embora e deixou Nathaniel sozinho, pensativo. Já era de noite, e o céu estava um pouco mais estrelado do que o normal, não fazendo nem muito frio, e nem muito calor. Por isso o elfo aproveitou para ir até o terraço do gabinete, longe dos olhos de Shiori e Kiara, que tinha retornado para o Templo para avisar que o seu dono não chegaria a tempo do jantar, para fumar o seu cigarro. Vez ou outra, lembrava dos gritos indignados do repórter, que dizia “Hokage-sama, o que o senhor está fazendo é ir contra o seu próprio povo! Ou talvez não sejamos o SEU povo! Você está prendendo cinco homens de bem, trabalhadores e chefes de família e para que? Pra proteger dois bandidos!? O POVO NÃO É BOBO, E NÓS NÃO VAMOS ACEITAR ISSO CALADOS!”

— Aquele homem com quem conversa pode ser um idiota arrogante, mas ele está certo. — em seu subconsciente, a criatura, que não era muito de falar, se manifestou.
— Eu sei que ele tem. A realidade é que, mesmo depois de todos esses anos, eu acredito que liderar não é bem o meu ponto forte. Eu aceitei esse cargo para evitar que uma tragédia se abatesse sobre Konoha, e agora parece que estou criando outras maiores.
— É porque você gasta mais tempo fazendo inimigos do que aliados. As vezes te custa a entender que o mundo já não está mais contra você, não da forma como imagina.
— Você tem um ponto. Eu quase me tornei um no passado… Talvez seja a hora de voltar aos termos com Ashborn. — pensou o assunto, quando Shiori apareceu chamando Nate, o assustando e o fazendo jogar o cigarro para bem longe com um peteleco.
— Hokage-sama, os dois elfos que estavam no hospital foram encontrados mortos. — revelou rapidamente, mostrando uma adaga manchada de sangue que estava em um saco de evidências. — Deixaram isso no local.
— Convoque B.A, Kimiko e River imediatamente.

30 minutos depois da convocação, River e Kimiko, usando suas habilidades e sentidos apurados, conseguiam encontrar o local onde o assassino estava, e para a surpresa deles, era em um bairro de classe média da vila. Sorrateiramente, Nathaniel, o casal de rastreadores dos Garotos e B.A entraram na casa sorrateiramente, abrindo a janela e entrando lentamente, enquanto Kimiko escalava o segundo andar e entrava por um dos cômodos vazios. Aos poucos, eles chegaram no quarto de um rapaz, que estava sentado numa cadeira com o quarto coberto de sangue, o cheiro impregnado por todo o ambiente, e símbolos élficos pintados com o sangue do animal no quarto. Nathaniel viu que o rapaz era jovem, de cabelo longo e mal cuidado, gorducho e com os olhos vazios, encarando o teto enquanto ouvia algo em seu fone de ouvido. Com cuidado, o Yondaime tirou o fone da cabeça dele, colocando em sua cabeça, ouvindo um som que lembrava Black Metal, com letras que veneravam a morte e a matança.

— O garoto estarr completamente alucinado. — River estalou os dedos várias vezes na sua frente, e o garoto não respondia.
— Kimiko, tem certeza de que é ele mesmo? — questionou-a, e a garota de cabelo azul respondeu que sim com a cabeça, fazendo o Grey olhar para River. — Vasculha a mente dele. Precisamos de provas.


Depois que River descreveu tudo o que tinha vasculhado na mente daquele garoto, ele parou por um momento, olhando para os amigos. Ele deu uma descrição de uma figura de capa branca e uma máscara vermelha de gárgula perto de uma fogueira em uma floresta escura, com voz masculina sussurrando comandos na mente do rapaz, e então símbolos élficos apareciam em sua mente, com uma mensagem que surgia após isso: “Mate em nome de Azshara”. Naquele momento, tudo ficou claro em sua mente. Todos olharam para Nathaniel de repente, até que o elfo colocou os dedos na têmpora do jovem, o empurrando de leve no chão, o assistindo cair como se fosse um saco de batata, babando no chão como um receptáculo vazio, para espanto dos que estavam presentes. Nate então sentou no quarto que havia ali, ignorando aquele cheiro fétido que se tornava mais forte e enjoativo.

— Vou chamar reforços. — B.A movimentou-se para sair dali, colocando o braço perto do nariz, mas Nathaniel fez um movimento com a mão, pedindo para ele esperar, o deixando agoniado.
— Os símbolos élficos são desconhecidos para a maioria das pessoas, a não ser que alguém aprenda com um Grey. Silvermoon quer colocar Konoha contra os Greys, principalmente contra mim, forçando-os de volta para lá, tirando minha liderança daqui. Se eu entregá-lo, os investigadores irão vasculhar a mente dele e chegarão a mesma conclusão. De toda a forma, a ira de Konoha ainda recairá sobre meu clã. É tudo por causa do Templo da Fênix. Esses filhos da puta não vão desistir enquanto não conseguirem o que querem. — olhou para o garoto caído.
— Kimiko perguntarr o que pretenderr fazer. — River traduziu os seus sinais de mão.
— Trazer o suspeito para nós. B.A, procure todos os registros de entrada e saída de Edwin Grey, e também do garotão esqusito aí. Se eu estiver certo, em algum momento, eles devem ter se cruzado. River, Kimiko, escondam o garoto em algum local fora dos registros. Iremos trazê-lo a luz no momento certo. — deu a ordem, quando viu B.A correndo em direção ao banheiro, podendo ouvir o barulho dele vomitando o que tinha comido anteriormente, fazendo uma expressão de nojo.


A noite se tornou dia rapidamente naquela madrugada, e de repente, havia uma grande manifestação na praça de Konoha, com muitas faixas e bandeiras espalhadas. Centenas de pessoas aglomeravam em um único ponto, pedindo principalmente a expulsão dos Greys de Konoha e das colônias, mas a renúncia de Nathaniel e a soltura dos comerciantes presos. Repórteres de Konoha e do mundo cobriam a manifestação, aumentando a importância dela. A cada momento, uma pessoa tomava conta do megafone e fazia discursos voltados contra a atual política do governo Grey, defendendo as famílias nobres como se fizessem parte delas, e ficando do lado das megacorporações como se seus pequenos comércios fossem comparados a eles. “Se eles soubessem quem são os seus verdadeiros inimigos…”, Nathaniel pensou, enquanto olhava para tudo de longe, em cima de um terraço, concluindo que não poderia lhes transmitir um conhecimento que eles não estavam dispostos a aceitar, no entanto, não permitiria que a “falta de inteligência e cultura” deles atrapalhasse a sua revolução.

— Tem certeza de que quer fazer isso, garoto? Você está apostando contra todas as expectativas. Se der errado, eles se virarão contra você. — B.A estava preocupado, enquanto o elfo permanecia firme.
— Eles já estão contra mim, B.A. Eles podem até permanecer contra mim, mas não será por conta da minha omissão. Manda o River e Kimiko trazerem o pateta. — ele apressou-se em usar de sua agilidade (vel 4) para percorrer o caminho até a praça, dando um salto, algo que era notado pelos manifestantes, que abriram uma roda ao redor, onde o Grey pousou, até ficar na frente de todos. Com a sua presença ali, o silêncio se instaurou. O Yondaime olhou para alguns que recuavam, o encarando com medo. — Vocês podem até não acreditar, mas eu não sou seu inimigo.

A atmosfera se tornava tensa naquela tarde nublada e a temperatura tendendo ao frio nostálgico do inverno, onde as pessoas não sabiam se fugiam ou ficavam, enquanto uma leve ventania batia sobre os cabelos e vestimentas das pessoas ali. Nathaniel sabia o que precisava fazer, mas também entendia que quando o fizesse, não haveria mais volta. Mesmo assim, ele ficou na frente deles, com o manto e o chapéu de Hokage na cabeça, simbolizando que era o líder deles, apesar do seu ódio, apesar de seus medos, mas quando a situação foi se acalmando, o Grey tirou o chapéu da cabeça, deixando que todos vissem o seu rosto, vendo uma placa que dizia “Yondaime, volte para Silvermoon” na mão de um manifestante, que ao perceber que o seu líder encarava sua placa, a abaixou imediatamente. O elfo respirou fundo, e então tomou a palavra para si.

— Eu encontrei o jovem que cometeu os assassinatos que chocaram a todos vocês, e levaram a todos os que estão aqui a se manifestarem contra o meu governo. — suas palavras trouxeram um grande alívio para muitos ali. — O nome dele é Seiko, um rapaz de classe média que veio morar em Konoha há poucos meses. Ainda estamos descobrindo quem fez tal coisa, mas temos a suspeita de que alguém do clã Grey o instruiu a isso. — sua revelação levou a muitos protestos e gritos da multidão, dizendo que eles eram “filhos do condenado”, “raça imunda” e que eles deveriam voltar para Silvermoon. — Ainda estamos procurando apurar esse fato, mas o mais importante aqui é: quem o instruiu a isso, sendo Grey ou não, será punido, mas isso não irá trazer quem morreu de volta, nem mesmo trará alívio aos corações que sofrem pelos seus entes queridos. Mas nós podemos nos tornar melhores do que isso, podemos superar as nossas diferenças se… —
— VOLTA PRA SILVERMOON, SEU COMUNISTA DE MERDA! — um homem interrompeu o discurso de Nate e lhe lançou uma pedra que mal cabia em sua mão fechada, tentando acertar a cabeça dele, mas o elfo foi mais rápido e segurou a pedra com a mão esquerda. Aquilo trouxe medo para as pessoas, que temiam uma represália. O Yondaime apertou a pedra com força, quebrando-a em vários pedaços, chocando as pessoas, deixando-os cair lentamente no chão. Naquele momento, o discurso que tinha pronto em mente evaporou.
— É isso que vocês querem? Que eu vá embora? Porque eu posso ir, agora mesmo, se quiserem. Mas deixem eu perguntar pra vocês: quem irá salvá-los quando um meteoro cair sobre a vila, ou quando os inimigos por trás das cortinas desse mundo atacarem? Os antigos salvadores de Konoha estão mortos! MORTOS! E a Angell não está mais nesse mundo, e vocês não sabem como chegar lá! Onde estava Sarutobi Kaden quando Konoha ficou um bom tempo sem um líder? Onde ele estava quando Chokorabu precisou dele? Onde ele estava quando eu reivindiquei esse posto? Vocês só tem a mim agora, e vocês me odeiam por eu ser diferente de vocês. Sim, eu sou um elfo, e melhor, eu sou um Grey! Vocês nos odeiam pela mesma razão que odiavam os Yamanakas: por que não sabem do que somos capazes. Vocês tem medo, eu sei disso, e deveriam ter, porque nós elfos não somos como os humanos comuns. Nós somos mais fortes mais espertos, nós somos melhores! NÓS SOMOS MELHORES! — abriu os braços, olhando para todos. — Por um acaso eu deveria lamentar por isso, ou andar de cabeça baixa por aí, como uma criança culpada? Pra mim chega. —

Ali, o elfo percebeu que prendeu a atenção de todos, e os seus olhares eram diferentes, mesmo que não conseguisse identificar se era medo, admiração ou qualquer outro sentimento. As câmeras ficavam focadas nele, enquanto o mesmo fazia o discurso. De repente, Kimiko e River chegaram carregando o rapaz algemado com os braços nas costas, trazendo ainda mais tensão ao momento.

— Esse é o jovem que cometeu todos os crimes. Ele não foi influenciado ou manipulado por técnicas, apenas acreditou que falava com uma criatura do outro mundo, e tudo o que fez foi por livre espontânea vontade. Em busca de sucesso e poder, ele matou muitas pessoas inocentes. Agora ele está aqui, na frente de vocês, o que farão com ele? Vamos lá, metam a porrada nele, como queriam fazer com os elfos assassinados por esse rapaz. Querem que eu libere os comerciantes para ajudar vocês? Vão, vocês tem meu aval. — ele deu espaço para as pessoas atacarem, mas ninguém o fez, mesmo com o elfo fazendo gestos com a mão, indicando que o fizessem, mantendo um sorriso convidativo e um pouco macabro no rosto. — Não? É, eu imaginei que não. —


Ele então concentrou um pouco de chakra em seu pulmão, misturando com o ar que puxava pelo nariz, soltando uma labareda de chamas contra o corpo do rapaz, que caiu de joelhos no chão enquanto o seu corpo era incinerado, para o choque de todas as pessoas ali, incluindo os Garotos, que eram os seus amigos de longa data. Mesmo que estivessem aterrorizadas com o fato, nenhum se propôs a ajudar. Nathaniel observou o rapaz agonizando e gritando de dor, até que não se ouviu mais o som da sua voz, no momento em que o seu corpo batia no chão, e o contato das chamas com o seu corpo provocava uma fumaça escura e um cheiro de carne queimada. B.A fez ânsia de vômito, mas Nate olhou firme para ele, o fazendo segurar o seu ímpeto.

— Eu tenho muitos planos para o futuro, um em que todos sairão ganhando, não importa se você é um trabalhador braçal ou um pequeno empresário. Eu disse a vocês antes que eu não sou o seu inimigo, mas eu também devo dizer que eu não deixarei que nenhum de vocês atrapalhe o meu caminho. Eu prometo a vocês, que os salvarei… Nem que seja de vocês mesmos, porque vocês precisam de mim. Precisam que eu salve vocês! Vocês não são os heróis de Konoha… Eu sou o herói de Konoha.

Nathaniel concluiu as suas palavras, mantendo a postura firme diante daquelas pessoas, gerando um silêncio ensurdecedor. As pessoas ali trocavam olhares umas com as outras, até que um deles soltou um grito, erguendo os dois braços para o alto, batendo palmas para a atitude e pelas palavras do elfo. De repente, as outras pessoas começaram a fazer o mesmo, aplaudindo o Yondaime por sua postura, algo que nem ele mesmo entendeu. Ao ouvir os aplausos e ver os seus rostos sorridentes, as pessoas ovacionando o seu nome e largando as placas que indicavam sua oposição a ele, Nathaniel deu um sorriso, acabando por rir da situação.  “É, isso aí!”, disse entre risadas. Depois ele olhou para os amigos, mas a reação deles não era muito boa, mas naquele momento, ele não ligou muito. Naquele momento, sentiu como se pudesse dizer e fazer o que quisesse, e as pessoas o seguiram até os portões do inferno se fosse necessário.


— Oh, enton querr dizerr que vocês, elfos, serr superiorr, e nós serr um bondo de merda!? — enquanto caminhava para dentro do Templo da Fênix, já no início da noite, Nathaniel era seguido por River, que cobrava explicações, assim como B.A e Kimiko.
— Você mesmo disse que somos “essa gente”. Eu me lembro bem disso! Você é melhor do que isso, garoto! — exclamou B.A, com certa ira, até que Kimiko pegou um papel e entregou para o elfo, que leu a palavra “Cuzão” escrita, fazendo o elfo parar.
— Olha, eu não falei aquilo para me fazer superior, mas esse é o legado dos Greys, e eu não posso fingir que não. Fomos criados para ser uma versão evoluída da humanidade, e nossos conhecimentos são muito mais vastos. O que eu disse foi o que eu ouvi a vida inteira do Solomon, até mesmo da minha mãe, e se vocês tivessem conhecido a Azshara, a Katsura… Eu não tive a intenção de ofender vocês, então se eu o fiz… Eu peço que me perdoem. — seu olhar pareceu sincero para os seus amigos, que baixaram a guarda diante do seu pedido.
—  Nós sabemos bem que habilidade social não é o seu forte, mas entendemos seu ponto de vista. Só tome cuidado com isso, rapaz. Meu pai sempre dizia que quando o ódio toma conta do coração do oprimido, ele deseja se tornar o opressor. — alertou o Akimichi, conforme Ezekiel Grey se aproximava deles quando estavam próximos da entrada, observando que tinham dois rapazes que aparentavam ter a mesma idade de Nate.
— Mais emissários de Silvermoon? Manda esses caras pra casa do caralho, porque não quero falar com nenhum representante da burguesia élfica hoje. — falou de mal-humor com o irmão, mas ele balançou a cabeça negativamente.
— Eles não são emissários, irmão. Eles vieram de Kusa para cá. Um deles é irmão do Aeron Grey, e vieram para enterrar os seus corpos, depois vieram para cá para falar com você… Eles querem aprender mais com você.
— Diga a eles que eu não tenho tempo para treinar ninguém.
— Eu disse isso, mas eles disseram que não querem treinamento. Os dois estiveram na praça hoje, e ouviram o seu discurso. Eles querem aprender mais da sua filosofia. Querem ser seus seguidores. — a revelação de Ezekiel fez com que todos ficassem chocados. Nathaniel havia finalmente alcançado a capacidade de liderar pessoas, só não sabia aonde isso poderia levá-lo.