Recostado sob a sombra de um carvalho qualquer com um pergaminho em mãos, observaria o horizonte tingido de laranja pelo Sol poente e clima ironicamente frio, deixando meus pensamentos vagarem. A brisa suave traz um aroma fresco de folhas e terra, um contraste pacífico à vida agitada que levo eu diria. — O que é "Ser forte"? — Penso, olhando para o céu, onde as primeiras estrelas começam a brilhar. Não é a primeira vez que essa pergunta surge. A força é um conceito multifacetado, difícil de definir e ainda mais difícil de alcançar de forma plena. Nisso, pensaria nos meus filhos, Naritoshi e Nobara. Vejo neles potencial bruto, ainda não totalmente moldado. Lembro-me das vezes em que os vi lutar, a determinação em seus olhos. Para eles, ser forte talvez signifique proteger os outros, superar desafios, vencer batalhas. Mas para mim, há algo mais.

Quer dizer... nem eu sei completamente o que significa ser forte. Shibai me disse que eu descobriria quando fosse. — Então ainda não sou forte? — Suspiraria, lembrando-me de meus próprios momentos de fraqueza, das noites insones no Laboratório, lutando para encontrar soluções e cálculos para problemas que pareciam insuperáveis. É fácil se perder na busca pela perfeição, esquecer que há vulnerabilidade, a necessidade de pedir ajuda, de reconhecer que ninguém é invencível. Dito isso, a imagem do albino logo vem à minha mente, uma figura imponente, divina. — Me pergunto, mais uma vez, como Yohma se sente, sendo considerado um Deus por tantos. Será que ele também se sente sozinho? — Pensaria, imaginando a expectativa constante de ser imbatível, de nunca falhar. — Será que um dia ele vai cansar? — Murmuraria para mim mesmo, vendo folhas de árvores caindo conforme eu fitaria os céus, aos poucos se tornando estrelado.

— Hora de ir. — Tão logo as palavras saíssem dos meus lábios, me ergueria, rumando os Arredores de Kirigakure no Sato em busca de um criminoso, levando comigo o pergaminho da missão que me fora entregue mais cedo.

O cair da noite se vê tranquilo, a Lua cheia iluminando o caminho enquanto eu percorro as áreas periféricas dos arredores da vila. Após alguns minutos de busca, finalmente avistaria um oásis no horizonte à poucos km de distância. O reflexo da água sob a luz da lua é quase hipnotizante, um local que parecia tão pacífico em contraste com a descrição da pessoa que busco. Dentro do oásis enevoado veria uma figura feminina se banhando, figura feminina essa que bate com a descrição física presente no pergaminho da missão — e que eu me aproximaria aos poucos, mas não sem me atentar à possíveis armadilhas, apesar de achar difícil. Confirmando a falta de perigos, iria diretamente à criminosa renegada, no qual se veria de frente para mim à poucos metros de distância, dentro da nascente, despreocupada.

Sem a intenção de atacá-la, quebraria o silêncio. — Para você... o que significa "Ser forte"? — Indagaria, levantando a dúvida que me assombra já há algum tempo. Seus olhos se abririam, encontrando a venda sob minha face. Não havia surpresa em seu olhar, apenas uma calma inabalável. Seu cabelo branco destaca-se à luz da Lua, e seu rosto é uma máscara perfeita, com sentimentos indecifráveis. — Ser forte? — Ela repetiu, sua voz neutra e sem emoção. — Por que o Apostador Hakari Ōtsutsuki está interessado nisso? — Ela respondeu à pergunta com outra pergunta, a névoa fria ocultando seu corpo desnudo. — Estou sempre em busca de entender o que significa a verdadeira força e como alcançá-la. — De forma relaxada, explicaria minha dúvida a criminosa. — Você, que vive fora das leis e enfrenta desafios diários, deve ter uma perspectiva interessante sobre isso. — Prosseguiria.

Ela me observou por um momento, seus olhos sem revelarem nenhum sentimento. — A força, para mim, é a liberdade. É não ser acorrentada por regras ou expectativas. É poder escolher meu próprio caminho, sem medo das consequências. Há um tempo atrás, poderia dizer que a minha "Força" era a minha família. Vocês, de Kirigakure, tornaram impossível que continuasse assim. — Ficaria em silêncio, refletindo sobre suas palavras, a brisa noturna balançando suavemente as palmeiras ao nosso redor. — Você, assim como eu, sabe que este encontro não vai terminar apenas em palavras. Os nossos objetivos são diferentes, e por isso nossos caminhos se cruzaram. — Ela murmurou, com a mesma frieza e neutralidade na sua voz desde o início. — Mas não posso negar que você parece ser um cara legal, Apostador. É uma pena não fazer parte do Submundo. — Emitira a antagonista, se erguendo enquanto cobriria suas partes superiores com as mãos, tendo as inferiores cobertas pela névoa local. Nisso, ela caminharia em direção a um montante de roupas e armas.

Nesse momento, sentiria uma onda de Intenção Assassina tomar conta do meu corpo. A paralisia acometeria todo o meu ser.

Tão logo a onda de Intenção Assassina acometera meu corpo, a assassina começou a se vestir com uma calma deliberada. O ambiente ficou mais tenso, mas até não há um confronto direto. Talvez ela só queira impedir que eu a ataque enquanto estivesse se vestindo. Sorri, encontrando um certo prazer na familiaridade daquela sensação. A opressão do Sakki é algo que eu já havia enfrentado muitas vezes, e estou ficando cada vez mais acostumado e encontrando maior facilidade em quebrar sua influência. Sendo assim, dentro de mim, visualizaria as correntes do Sakki tentando me prender. Tentando um esforço mental e emocional concentrado, imaginei essas correntes se rompendo, quebrando-se como vidro sob pressão intensa. Senti a força de vontade emergir, uma espécie de... Escudo invisível que se forma ao meu redor, empurrando a opressão para longe.

Logo após, empurraria toda a opressão para longe, como se afastasse uma cortina pesada. Com isso, meus movimentos seriam recuperados, e perceberia que a renegada já estaria de pé e trajada com todos seus equipamentos. — Boa tentativa, admito. — Debocharia vendo, por intermédio dos orbes celestiais, um construto feito de Chakra sendo lançado em minha direção, desviando do mesmo de forma despojada e igualmente cômica apenas virando o corpo, como num desenho animado. — Ei, toma cuidado com essas coisas. Sabia que gelo queima? — Indagaria para a antagonista que se encontra até então com a mesma expressão neutra e sem vida do começo.

— Enfrentei um cara que usa gelo esses dias. Só faz o favor de não criar espelhos. — Finalizaria vendo, mesmo com a névoa densa e vendado, espinhos de gelo se formando ao redor da minha inimiga enquanto degusto um chocolate despreocupadamente.

Os cristais de gelo brilharam, projetando uma luz fosca. Sem tardar, ela lançou os espinhos na minha direção, objetivando, obviamente, minha execução. Visualizaria o Chakra pulsando através dos espinhos de gelo, mapeando seus trajetos em frações de segundo. Utilizando dos orbes celestes como apoio, desviaria para os lados e diagonais, logrando êxito nas ações. Os espinhos passaram por mim, cravando-se no chão e nas palmeiras ao redor, mas nenhum encontrou seu alvo. Usando o impulso dos desvios e aproveitando a pequena brecha criada, projetaria-me para frente. O resultado disso seria eu atrás da antagonista, tendo minhas costas voltadas para suas costas. — Bom ataque. — Elogiaria os movimentos; mesmo que tivessem sido "Simples", certamente mirava pontos vitais e me deixariam incapacitado, ou até morto — isso se atingisse. Ela não demonstrou surpresa ou qualquer expressão de agradecimento, mantendo sua calma imperturbável. Ela saltaria para uma distância relevante de mim e começaria a formar construtos de gelo maiores e mais elaborados utilizando a água do oásis como matéria prima – lanças, lâminas e até mesmo blocos gigantes de gelo.

Feitos seus construtos, ela avançaria contra mim. Um golpe de sua lâmina com a destra passou rente ao meu ombro, enquanto me abaixaria para evitar uma corrente empunhada em sua canhota que visa me prender. Rolando pelo chão, vi uma abertura e avancei, apenas para ser barrado por uma parede de gelo que surgiu diante de mim. — Olhando assim, o Hyogo realmente deve ser forte pra caramba. — Ponderaria, suspirando após ter quase ficado de cabeça fria; piada ruim, eu sei. Voltando ao que interessa, saltaria para trás, evitando uma nova barragem de espinhos, e em seguida avançaria novamente, tentando fechar a distância. Antes que eu completasse meu movimento, uma série de lâminas giratórias de gelo surgiu ao meu redor, forçando-me a parar e reavaliar.

Meus olhos seguiriam o fluxo de Chakra dentro das lâminas, identificando o padrão de seus movimentos. Em um instante, mentalizaria a trajetória que precisaria seguir. Saltaria, rolaria e giraria repetitivas vezes, evitando as lâminas que passaram perigosamente perto, deixando um rastro de gelo quebrado no chão conforme se partiam. — Acho que tive uma ideia. — Faria um monólogo interno, percebendo a vilã cessando seus ataques temporariamente, talvez para recuperar um pouco as forças, desfazendo os construtos que antes estavam em suas mãos, se despedaçando como vidro. Nisso, procuraria sua assinatura de calor para pensar no próximo movimento. Preciso fazer uma aposta alta dessa vez.

Sem perder muito tempo e em alta velocidade, concentraria meu Chakra no solo, ativando o Doton: Sazareishi. A terra sob seus pés começou a se mover, como se tivesse vida própria, rapidamente se erguendo em camadas que a cercaram e a prenderam, tornando fácil meus próximos movimentos; não dando muito intervalo de tempo para que ela conseguisse se libertar ou qualquer outro movimento ofensivo e / ou defensivo, abusaria do Hijutsu Nara Kage Kubishibari no Jutsu, minha sombra se esticando até se conectar com a dela. Num instante, senti o poder do jutsu se firmar, minha sombra se enredando ao redor do pescoço da criminosa como uma corda invisível. Seu corpo tenso se mostraria ineficiente contra a sombra e sua expressão agora não seria mais de neutralidade, mas sim algo próximo do medo. O medo de perder e morrer aqui mesmo. E dito isso, fui controlando a pressão, até que seus movimentos ficaram mais lentos e, por fim, ela desmaiou, incapaz de continuar a batalha.

Retrairia minha sombra, deixando seu corpo inconsciente descansar na terra, ainda presa pelas camadas de rocha. Sentiria um misto de satisfação e decepção enquanto a observaria inconsciente. — Que chato. — Murmuraria, incomodado com o fato de que a luta teria durado pouco tempo enquanto faria um selo de mão para libertá-la do Doton, pegando seu corpo desmaiado antes que tombasse no chão. Após, em silêncio com minha própria decepção na mente, levaria a criminosa para Kirigakure no Sato, e entregaria para as autoridades, finalizando a missão por completo.

Olharia para o céu, deixando a brisa fria acalmar minha mente. A missão está concluída, mas o gostinho de frustração persiste em mim. — O que será que eu faço agora? — Indagaria a mim mesmo, pensando nos próximos passos e rumando ao meu descanso merecido.