A forja do Dragão Flamejante está situada em uma vasta caverna subterrânea, esculpida nas profundezas de uma formação rochosa–arenosa imponente. As paredes de pedra escura são iluminadas pelo brilho alaranjado das fornalhas em funcionamento contínuo, conferindo ao ambiente uma atmosfera mística e imponente. A forja é um complexo arquitetônico magnífico, composto por várias plataformas e edifícios conectados por pontes e escadas de pedra intricadamente trabalhadas. As construções principais são feitas de pedra negra polida, adornadas com detalhes metálicos dourados que refletem a luz das chamas das fornalhas, criando um contraste visual impressionante. As fornalhas são o coração da forja, situadas em plataformas elevadas, onde o calor intenso é canalizado por canais de lava líquida que fluem pelo complexo, proporcionando a energia necessária para o trabalho incessante dos ferreiros. Cada fornalha é equipada com equipamentos modernos, forjados e mantidos com extremo cuidado para garantir a máxima eficiência e precisão. Próximo às fornalhas, existem laboratórios de infusão onde materiais raros, como Hyōrinmaru, devem ser tratados e combinados com outros elementos. Essas áreas são equipadas com instrumentos precisos para a infusão de chakra nas armas, um processo que exige concentração e habilidade dos ferreiros mestres.

Em um nível superior, acessível por uma escadaria majestosa, estão as salas de planejamento e design. Ali, os ferreiros podem se reunir para discutir novos projetos e inovar nas técnicas de forjamento. As paredes dessas salas estão cobertas por diagramas detalhados e esboços de armas variadas. Nos níveis inferiores, localizam-se os armazéns onde os materiais brutos e as armas acabadas são armazenados. Cada depósito é cuidadosamente organizado, garantindo que os ferreiros tenham acesso rápido aos recursos necessários para suas criações. A caverna em si é um espetáculo à parte, com estalactites e estalagmites que adicionam um toque natural ao ambiente industrial. O som constante do martelar do metal, o crepitar das chamas e o fluxo de lava criam uma sinfonia rítmica que ressoa por toda a caverna.

O percurso que ligaria o centro da aldeia à sua forja pessoal era uma travessia que evocaria a solidão e a serenidade do deserto. Partindo da movimentação do mercado central, onde mercadores e aldeões negociavam sob a luz pálida das lanternas de papel, o Senju seguiria em direção ao leste. As ruas de pedra gradualmente se transformariam em um terreno arenoso, onde as dunas se elevavam como guardiãs silenciosas da noite. O luar banharia o deserto com um brilho prateado, criando um contraste de luz e sombra que transformava a areia em um mar ondulante de reflexos. Conforme se afastaria da vila, o silêncio do deserto o envolveria, substituindo o burburinho da aldeia por uma quietude quase reverencial. As dunas, majestosas e imponentes, se ergueriam em torno dele, e as estrelas acima brilhariam como mil olhos vigilantes. A formação montanhosa à distância, seu destino final, pareceria uma fortaleza natural esculpida pelo tempo e pelos elementos.

A entrada da forja, escondida em uma das encostas das montanhas, seria discreta, quase invisível para olhos não treinados. Ele adentraria o espaço com passos firmes, sentindo a familiaridade do local abraçá-lo como um velho amigo. O interior da forja seria uma caverna ampla, iluminada por tochas que projetariam sombras dançantes nas paredes de pedra. O calor da fornalha ao fundo aqueceria o ambiente, enquanto o som suave do fogo crepitando adicionaria uma sensação de vida àquele refúgio de pedra. Sobre uma mesa de madeira robusta, papéis com esboços de novas armas estariam espalhados, cada um detalhando meticulosamente as intricadas criações que planejava forjar. Ele organizaria os papéis com cuidado, alinhando-os em uma ordem lógica que facilitaria seu trabalho. Os desenhos variariam de espadas elegantes a kunais com lâminas duplas, todas projetadas com uma precisão que refletia a mente afiada de Maeda. Próximo à mesa, uma pilha de matérias-primas esperaria para ser transformada. Os metais brilhariam sob a luz das tochas, prontos para serem moldados pela habilidade do jōnin. Ele guardaria com cuidado os materiais que Hakuryū havia entregue no último encontro, integrando-os ao seu estoque. As barras, os pedaços de Meitō e outros componentes exóticos prometiam dar vida às armas de alta qualidade que ele se propunha a criar.

Com tudo devidamente organizado, sentiria-se satisfeito com o progresso. Ele daria uma última olhada ao redor, verificando se tudo estava em ordem, antes de sair da forja.

O sol já havia passado seu zênite e se encaminhava para o horizonte quando o Senju decidiu que era hora de finalmente dedicar-se à tarefa que há muito lhe incumbira o amigo Hakuryū — Já posterguei demais a encomenda dele — diria a si mesmo, tendo como resposta um sorriso a nasalado de Kurama, que concordava com o fato de ter procrastinado demasiadamente. As dunas ao redor de Sunagakure reluziam sob a luz suave do entardecer, uma vasta extensão dourada que parecia se estender infinitamente, lembrando ao jōnin a imensidão do deserto e a insignificância de um homem diante de tal vastidão. O ar estava seco, carregando consigo o aroma característico do deserto, uma mistura de areia e calor, que parecia se agarrar à pele e às roupas. Ele carregava consigo uma sacola de couro desgastada pelo tempo, onde estavam guardados os esboços detalhados dos anéis, cuidadosamente desenhados. Cada traço no papel refletia a precisão do pensamento, uma habilidade refinada ao longo dos anos. Os desenhos eram intricados, linhas cuidadosamente planejadas para representar não apenas beleza, mas também poder e significado oculto.

O caminho até a forja era longo e árduo, passando por terrenos irregulares e sinuosos, montanhas imponentes que se erguiam como gigantes adormecidos, suas formas escuras contra o céu em mutação. O Haritsuke movia-se com a graça de alguém habituado àquelas paragens, os músculos trabalhando em perfeita harmonia, treinados pela experiência e pela necessidade. A forja, situada em uma formação rochosa isolada, oferecia a privacidade necessária para que ele pudesse se concentrar sem interrupções, um santuário onde o ruído do mundo não podia penetrar. Enquanto caminhava, o som de suas botas contra o solo áspero parecia se misturar ao murmúrio do vento, criando uma melodia monótona e hipnótica que o acompanhava. A cada passo, seus pensamentos vagavam para os eventos recentes: a despedida de Nobara, as missões cumpridas, e a constante vigilância contra os Hōki, que agora lhe rendia o cargo como ANBU. Suas memórias eram sombras que passavam por sua mente, carregando consigo um peso emocional que ele mal conseguia expressar.

— Não acha que está com coisas demais na cabeça? Vai acabar ficando cheio de rugas — brincou Kurama, abusando se teu tom sarcástico.

— Preocupada comigo? — retrucou no mesmo tom, fugindo dos pensamentos que lhe atormentavam.

O crepúsculo tingia o céu de tons alaranjados e rosados quando finalmente avistou a forja. Um refúgio de pedra e ferro, uma estrutura robusta que emanava uma sensação de segurança e permanência, contrastando com a fragilidade do deserto ao seu redor. As paredes eram grossas, feitas de rocha sólida, e o cume do monte expelia uma fina linha de fumaça que se perdia no céu crescente. Ao adentrar o espaço, Maeda sentiu o ambiente familiar envolvê-lo, o cheiro do metal aquecido e da lava queimado trazendo um estranho conforto, como o abraço de um velho amigo. A forja era um santuário de fogo e ferro, onde os sonhos dos homens tomavam forma sob o martelo do destino. Seus passos eram decididos, seus olhos negros atentos a cada detalhe. O crepúsculo banhava a sala em um brilho dourado, mas lá dentro, a luz era dominada pelo brilho constante das chamas. As paredes de pedra refletiam a dança do fogo, criando sombras alongadas que pareciam se mover com vida própria. O calor era sufocante, um abraço implacável que Maeda conhecia bem. Com uma atenção quase reverente, ele despejou a matéria-prima fornecida por Hakuryū sobre a mesa de trabalho. Cada pedaço de metal bruto reluzia sob a luz tremeluzente, carregando a promessa de algo grandioso ainda por nascer. Com gestos meticulosos, separou os instrumentos que precisaria: martelos de diversos tamanhos, pinças forjadas com precisão, e moldes detalhadamente esculpidos. Sua sacola de couro, desgastada pelo tempo e uso, revelou os esboços dos anéis. Cada linha e curva nos desenhos refletiam não apenas a funcionalidade, mas uma estética que Hakuryū exigia. Eram peças de uma complexidade artística que só um mestre artesão poderia conceber.

Ele acendeu a fornalha, e o som do fogo crepitando se misturou ao zumbido do fole que ele manejava com habilidade. A temperatura na sala aumentou gradualmente, preparando o metal para ser moldado. O calor intenso começava a envolver o ambiente, mas ele estava acostumado a isso; para ele, o calor era um aliado, não um inimigo. Enquanto aguardava o metal alcançar a temperatura ideal, revisava mentalmente cada etapa do processo. O ofício de ferreiro exigia não apenas força, mas um profundo conhecimento dos materiais e uma sensibilidade quase artística. Cada golpe do martelo tinha que ser perfeito, cada movimento calculado. O Senju, com seu espírito meticuloso, sabia que estava preparado. Ele conhecia os rigores do seu ofício e estava pronto para transformar o metal bruto em algo extraordinário.

— Há tempos que não o vejo tão empolgado.

— Estava precisando fazer isso. Além de um hobbie também me mantém distante dos conflitos internos.

— Achei que não queria se omitir mais.

— Não quero, mas também não gosto dessa vida cheia de tramas e segredos. Eu quero viver em paz, sem me preocupar com ser alvejado por inimigos.

— Nisso estamos juntos. Infelizmente meu poder é cobiçado demais. Isso acaba colocando um alvo na sua costa.

— Acho que podemos lidar com isso da nossa maneira.

— O que quer dizer?

— Talvez seja uma opção abandonar a vida de shinobi, viajar para uma área remota onde ninguém possa nos achar e finalmente viver a paz que tanto desejamos.

— Você aguentaria essa vida solitária?

— Do que está falando? Temos um ao outro.

O calor da fornalha era uma presença constante, uma entidade viva que respirava junto enquanto ele se preparava para começar. As chamas refletiam em seus olhos, uma dança hipnótica que espelhava sua concentração intensa. Era um momento de quietude antes da tempestade de atividade. O som do metal aquecendo, o crepitar do fogo e o zumbido constante do fole compunham uma sinfonia de expectativa. O metal logo estava pronto. O calor feroz que emanava da fornalha fazia o ar ondular, criando ilusões nas paredes de pedra da forja. O Prodígio, com expressão grave, usou pinças robustas para retirar o pedaço incandescente e colocá-lo sobre a bigorna. O clangor ressonante preenchia o ambiente, uma música áspera e brutal que falava da criação e da destruição. O som do martelo contra o metal era um ritmo antigo e hipnótico. Cada golpe era um ato de poder e precisão, uma dança coreografada que transformava o caos em forma. Ele trabalhava com a intensidade de um devoto em oração, seus movimentos fluindo com a graça de uma dança antiga e sagrada. O calor, o som e o esforço físico se entrelaçavam em uma experiência visceral e envolvente, onde o tempo parecia se distorcer.

A cada etapa do processo, ele interrompia seu trabalho para verificar o progresso, seus olhos percorrendo as peças em formação com a atenção cuidadosa de um caçador avaliando sua presa. Comparava os anéis em formação com os esboços detalhados, ajustando e refinando com a precisão de um cirurgião. O metal dobrava-se e moldava-se sob sua vontade, uma testemunha silenciosa de sua habilidade. O suor escorria por seu rosto, misturando-se à sujeira e à fuligem que cobriam sua pele. A concentração dele era absoluta, sua mente completamente imersa na tarefa à sua frente. O trabalho árduo era uma forma de meditação, um refúgio das preocupações que o assombravam, um meio de canalizar sua inquietação em algo tangível. As horas passavam sem serem notadas, a forja tornando-se um universo à parte, onde apenas o metal e o fogo existiam. O tempo perdia seu significado, absorvido pelo processo de criação. Os anéis tomavam forma lentamente, cada detalhe esculpido com uma meticulosidade que beirava a obsessão. As linhas e curvas surgiam, revelando uma complexidade que refletia a visão de Hakuryū e a habilidade de Maeda. O clangor do martelo, o crepitar do fogo e o zumbido do fole compunham uma sinfonia de esforço e dedicação. Ele, agora alheio ao mundo exterior e também ao interior, estava imerso na criação, os anéis se transformando de um pedaço de metal bruto em uma obra de arte.

O clangor do martelo cessou, deixando um silêncio quase reverente na forja. Com os dez anéis quase concluídos, ergueu uma a uma as peças incandescentes, o metal brilhando com uma luz vermelha viva. Ele mergulhou-os na água fria com um chiado alto que ecoou pelo recinto, o vapor subindo em espirais, denso e etéreo, carregado do cheiro metálico que permeava o ar. O som era como um suspiro longo e profundo, o sussurro do metal sendo domado pelo toque frio da água. Retirando o jogo de aneis da água, ele os inspecionou com olhos críticos, girando-os lentamente entre os dedos calejados. As linhas elegantes e detalhadas brilhavam à luz da fornalha, refletindo o esforço e a habilidade investidos em sua criação. Ele sentiu um profundo senso de satisfação ao ver o resultado de seu trabalho. Os anéis, sua obra de arte funcional, estavam prontos para serem entregues a Hakuryū, cumprindo a promessa feita ao amigo.

Maeda organizou as peças em uma pequena caixa de madeira, forrada com tecido macio para protegê-las. A caixa, simples e elegante, refletia a dedicação e o respeito dele pelo trabalho realizado. Cada anel, meticulosamente polido e inspecionado, era uma promessa de habilidade e confiança, uma extensão de sua própria essência. Ele olhou para os anéis mais uma vez, sentindo o peso do dever cumprido. Eles eram mais do que meros adornos; eram símbolos de seu compromisso, manifestações tangíveis de sua maestria. Ele fechou a tampa da caixa, sabendo que, dentro dela, estava não apenas o resultado de seu trabalho árduo, mas também um pedaço de sua alma. Com a forja finalmente silenciosa, sentiu o cansaço tomar conta de seu corpo. Mas era um cansaço bom, o tipo que vem com a certeza de um trabalho bem feito. Ele apagou as chamas que podia, o brilho se desvanecendo lentamente enquanto a escuridão começava a preencher o espaço. Já sabia que, no dia seguinte, entregaria os anéis a Hakuryū, e naquele momento, a satisfação de sua realização era suficiente para levá-lo ao descanso merecido.

Maeda se permitiu um raro momento de descanso. Ele sentou-se em um banco de madeira desgastado, os músculos cansados agradecendo pela pausa. Seus olhos, que haviam estado fixos no metal incandescente, agora observavam as chamas da fornalha diminuírem gradualmente. O calor intenso que permeava a forja começava a ceder, substituído por uma sensação de exaustão. As sombras dançavam nas paredes de pedra, criando formas efêmeras que pareciam contar histórias de tempos antigos. Ele fechou os olhos por um momento, deixando sua mente vagar pelas memórias que carregava. Cada golpe do martelo, cada centelha de fogo era um reflexo da jornada que ele havia trilhado. Pensou nas batalhas enfrentadas, nas cicatrizes que marcavam seu corpo e sua alma. Cada uma era um lembrete das lutas que havia travado, das vitórias conquistadas e das perdas sofridas. Amizades cultivadas ao longo dos anos surgiram em sua mente. Lembrou-se de Hakuryū, cujo pedido o trouxera a essa forja, e de Nobara, cuja despedida ainda pesava em seu coração. Cada amizade era um fio no tecido de sua vida, entrelaçado com suas experiências e escolhas. Ele se perguntou se os anéis que havia forjado seriam dignos das expectativas de Hakuryū, mas ao olhar para a caixa que continha sua criação, sentiu uma confiança tranquila. O crepitar das últimas brasas era um som reconfortante, uma canção de ninar que sussurrava promessas de descanso.

Item:

O som crepitante das fornalhas misturava-se com as nuvens de vapor que se erguiam dos barris de água usados para resfriar o metal quando o empalador surgiu pela porta de um dos construtos da galeria. Suas mãos carregavam um trapo velho e surrado pelo tempo, tão sujo quanto podia estar, na tentativa de remover a fuligem dos dedos. O calor era sufocante, impregnando o ar com o cheiro de ferro queimado. O jōnin não precisou apurar os sentidos para ouvir os brados e reconhecer a voz de Hakuryū que ressoava pelo local. Não se lembrava de tê-lo convidado ou notificado sobre a prontidão das encomendas, já que planejava entregar anéis e ombreiras juntos. No entanto, considerando que o amigo já estava ali, não via motivo para postergar a entrega.

— Hakuryū-senpai — sua voz ecoou clara apesar do chiado dos rios de fogo ao redor. — Não o esperava tão cedo. Vai gostar de saber que já tenho prontos os anéis.

Os passos do prodígio eram cadenciados enquanto se dirigia à velha mesa de madeira. Ele deslizou a destra pela alça ornamentada da gaveta, que se abriu com um ranger suave, revelando uma pequena caixa onde guardara os anéis. Estes estavam embrulhados em um tecido avermelhado, que visava evocar algo significativo. Virou-se para o amigo outra vez, enquanto recolhia a caixa, a fumaça e o calor criando uma aura quase etérea ao seu redor.

— Espero que estejam da maneira que idealizou e que sejam realmente úteis — diria, encurtando a distância entre eles e esticando os braços na direção do Kinsetsu, entregando-lhe a encomenda com cuidado.

Curioso como sabe tanto, refletiu, observando o amigo com um olhar crítico. É conveniente para seu ofício. O calor das fornalhas e o cheiro metálico do ferro fundido permeavam o ar, enquanto o vapor se erguia em espirais lentas dos barris de água.

— Então, tudo sobre sua habilidade se resume a magnetismo? — indagou, sua voz reverberando suavemente no espaço abafado.

Não tinha a intenção de invadir o espaço do mais velho, mas a curiosidade o consumia, um desejo fervoroso de mergulhar nos conhecimentos do investigador. As sombras dançantes das chamas jogavam um brilho inquieto nas paredes de pedra, como se refletissem suas próprias dúvidas. Sua expressão permanecia indecifrável, ainda que sua mente estivesse em turbilhão. Ele sabia pouco sobre a funcionalidade da habilidade, menos ainda sobre como o item poderia ser útil ao mais velho. O som ritmado dos martelos e o chiado do metal resfriando preenchiam o silêncio entre eles. Dado tantos fatos, não tenho mais do que um punhado de dúvidas, pensou, sentindo uma inquietação crescente. O ambiente parecia se fechar ao seu redor, as sombras e a luz das fornalhas moldando um cenário de incertezas. Era como se o calor estivesse não apenas fundindo o metal, mas também inflamando seu íntimo com questões que ansiava por responder.

— O que mais consegue me ensinar? — perguntou, a voz carregada de uma curiosidade insaciável. — É fato que, ainda que eu conte com uma vasta experiência, você vivenciou em primeira mão momentos muito mais impactantes para a humanidade como um todo.

Ele se sentou em uma cadeira à borda da velha mesa, o calor das fornalhas ainda se fazendo sentir através das paredes de pedra. Com um gesto da destra, indicou uma cadeira próxima, convidando o amigo a fazer o mesmo. As sombras dançantes do fogo criavam um jogo de luz e escuridão que acentuava a atmosfera de expectativa. Nisso, inclinou-se ligeiramente para frente, envolvido pelas palavras que Hakuryū pudesse esbanjar. Sentiria como se cada frase fosse uma peça de um quebra-cabeça maior, um vislumbre das complexidades do mundo que ainda estava por descobrir. A chama da curiosidade queimava dentro dele, como as chamas que rugiam nas fornalhas ao redor. Ele sabia que estava apenas começando a arranhar a superfície de um conhecimento profundo e vasto.

Depois de preencher o formulário 33 para abrir seu boticário, a Terceira Sombra do Vento carimbou mais alguns relatórios antes de se ausentar do gabinete. Passou pelo Centro do Vilarejo para procurar por um local ideal para abrir seu boticário, olhando se algum lugar bem localizado estava para alugar. Sabia que alguns lugares estavam disponíveis, mas fechados, sem falar com o proprietário, era difícil tomar uma decisão concreta. Se tratava do Boticário do Líder da Vila Oculta da Areia, não poderia ser qualquer lugar. A decisão, definitivamente, ficaria para outro momento.

Vendo o caos que era o mercado imobiliário de seu Vilarejo, Harikēn Kaguya decidiu ir até a forja de seu companheiro de time, Senju Maeda, para saber como tinha sido pra ele o processo de escolha de um local para seu empreendimento empresarial. Diferentemente de Ken, que estava procurando uma oficina para alugar no Centro do VIlarejo, Maeda escolheu um local além dos muros da Vila Oculta da Areia. O Herbalista não entendia o motivo de tal escolha.

"Será que é por causado barulho na hora de fazer os armamentos? Talvez seja graças ao calor gerado pela forja? Será que tem risco de explodit e, para prevenir, escolheu um local mais afastado? Ou só tá sendo um recluso?"

Após caminhar pelo deserto, chegou na entrada da caverna que dava na forja do Senju:

- Alou? Alguém por aqui - continuou caminhando caverna adentro - É assim que vocês recebem clientes? - falou em voz alta o suficiente para que ecoasse pela caverna, enquanto continuava seu caminho em direção a forja

O senhor da forja fixava seus olhos nos do escudo de ouro, aquele que pouco a pouco se tornava um amigo tão próximo quanto o irmão que nunca tivera ou teria, quando notou o gesto familiar de Hakuryū levar a mão ao queixo. Pela experiência com a cena, quase deixou escapar um sorriso singelo. Realmente gosta disso, refletiu Maeda, vai esbanjar todo conhecimento que conseguir e sou grato por isso. Como se voltasse aos tempos de menino, quando sua mãe sacrificava parte do merecido descanso noturno para contar-lhe histórias do clã Senju, ele se acomodou na cadeira pequena demais para seu corpo, apoiando o rosto na destra, que por sua vez se escorava no braço sujo do assento. Preparava-se para absorver cada mínima palavra do monólogo que sabia estar prestes a começar, algo que se tornaria evidente com o cerrar dos olhos de ônix.

Ele precisava admitir que, embora vasto, seu conhecimento não era ilimitado. No que tangia habilidades específicas, ele deixava a desejar, possuindo mais um intelecto perspicaz e de rápido raciocínio do que um arsenal de particularidades. Ainda assim, sua noção sobre a magnetização não era desprezível e, com a explicação direta de Hakuryū, parecia prático e fácil de assimilar. — Agora está explicada a função dos anéis — sua voz não interromperia qualquer fala do parceiro. — É bom entender melhor acerca de sua habilidade também.

Do clã Sabaku, nunca ouvira falar até então e, talvez por isso, tenha esboçado confusão ao franzir as sobrancelhas. Um clã com habilidades de magnetizar as coisas, ponderou, mas limitados a matérias-primas específicas. Era impossível para o empalador não imaginar cenas de outros shinobi manipulando areia e pó de ferro através do magnetismo, como antes observara o amigo fazer. Estava realmente inclinado a questionar qual dos tipos citados era o mais forte e resistente, mas considerou a ideia ultrajante. Ouro, obviamente, respondeu a si mesmo, reconhecendo a pergunta idiota que cogitara fazer. Na percepção do mais jovem, o amigo parecia alguém afortunado, ainda mais por ter ficado claro que o campo magnético dos membros do clã é algo ligado à genética, à linhagem sanguínea, não uma escolha feita ao atingir a maioridade. Não é tão diferente da minha madeira, reconheceu mentalmente, fico feliz de não precisar carregar um estoque de troncos por aí.

A menção a técnicas espaço-temporais levou-o a uma memória infeliz do cair de um dos ninjas de Suna no confronto em Sāra. Qual era mesmo o nome dele? Não fazia diferença na época, tampouco agora, mas a referência à técnica versátil de transporte imediato fez com que Maeda quase pudesse vivenciar novamente a cena dos olhos apagados do falecido. Estinien, confirmou com as falas de Hakuryū, era esse o nome. Ficou evidente que os conhecimentos do mais velho não haviam sido superestimados quando este começou a descrever com veemência e imersão louvável boa parte do que havia visto, começando pela vívida explicação de uma técnica espaço-temporal que originava um vórtice, capaz de transportar inclusive outras técnicas. Com a sequência, Maeda atentou-se ao fato passado pelo colega sobre o próprio Yohma ser alguém capaz de utilizar aquele tipo de técnica. — Deve ser uma arte potencialmente problemática. É bom que não sejam nossos inimigos a possuírem, visto a comodidade e versatilidade de se mover instantaneamente pelo espaço-tempo — sua expressão evidenciava o quão pensativo ficara.

O gosto doce na boca incomodou-o ao ponto de se levantar enquanto ainda ouvia as palavras do amigo e se aproximar de uma chaleira velha e muito usada. Trocou o pó de café antigo por um novo, retirado de um recipiente bem ornamentado feito de barro. Colocou-a no fogo, já ansioso pelo toque amargo de seu vício.

— Sandaime? — expressou ao reconhecer a voz do amigo. — Não ouse falar mal do meu espaço de trabalho, seu amante de cálcio! Isso aqui não é para receber clientes, apenas para construir os itens! — estava ligeiramente indignado, mas o tom amigável veio logo na sequência. — Chegou em muito boa hora! Estou passando um café nesse exato momento e Hakuryū-senpai está me entretendo com suas histórias e conhecimentos. Logo chegará sua vez na roda, então já vai se preparando.

De onde estava, em pé em frente ao recipiente posto suspenso em um gancho de ferro negro sobre um braço onde corria lava, Maeda apontou para uma cadeira próxima à mesa, sinalizando claramente para o Kaguya se sentar.

— Como é possível que vocês sejam basicamente um time e ainda assim seus encontros sejam tão aleatórios? — questionou Kurama, que até então acompanhava a cena completamente imerso em seus próprios pensamentos.

O sorriso anasalado do prodígio foi sua única resposta, acompanhado do chiado que evidenciava: o café estava pronto. Diferente do espaço de sua residência, ali os copos onde seriam despejados os cafés não eram nada ornamentados, feitos de plástico e não da porcelana renomada de sua falecida mãe. Derramou em dois e seguiu para oferecer aos amigos, não dando opção de recusa, mas alertando-os — Dessa vez não tem como adoçar, vão provar do verdadeiro café e não daquele suco que estão acostumados — era uma afirmação errônea, sabia disso. O café verdadeiro estava longe dali, daquele pó torrado e remontado. Serviu a si mesmo e recostou-se numa rocha, aquecida pela própria natureza do lugar, soprando o café de seu recipiente antes de tomar um gole e aspirar com prazer. Ssshhhuuuu.

Harikēn Kaguya seguia pela caverna quando ouviu a voz de Kinsetsu.

"O que esses dois estão fazendo aqui? Quer dizer, o Maeda era pra estar trabalhando, mas o Kin? Porra, nem chama."

Chegando onde a dupla de Jounins do Vilarejo se encontravam, o Algoz dos Ossos viu os colegas num ambiente descontraído. Maeda falou sobre como Kin estava contando algumas histórias e também informou o Sandaime que estava, naquele exato momento, fazendo um café. Aceitou o café oferecido pelo dono da forja a contra gosto, pois apesar de não querer fazer desfeita, não tinha interesse em beber um café sem açúcar, não estava acostumado com esse tipo de coisa. Tentando manter o clima bem humorado proposto pelo Senju, o jovem Kaguya respondeu:

- Aí é foda, Maeda, me chama de amante de cálcio e quando chega a hora de me oferecer café, cadê? Tu realmente não tem um leitinho pra me dar? Nem uma mísera gotinha pra botar na boca do seu Kage?

Provou o café com um micro gole, sem soprar. Acabou não queimando tanto a boca em razão da baixa quantidade, mas seus olhos ficaram cerrados e a boca pequena, com os lábios completamente enrugados. A feição do Kazekage não escondia o que ele tinha achado da bebida:

- Argh, me lembra de levar um pacote de açúcar na próxima que eu for tomar um café contigo. Se não tu vai ficar um mês só resgatando animal de estimação. Eu vim aqui pra ver como as coisas estavam indo com sua forja. Acabo de assinar os papéis de autorização de abertura do meu Boticário e estava procurando um lugar para abri-lo, ai eu lembrei que você, Maeda, passou por essa busca também. - Soprou o café, tentou mais uma vez beber o café - Dá não, continua como ferreiro mesmo. Mas eu te interrompi, né Kin? Do quê vocês estavam falando? Se quiserem um história inédita, posso falar sobre como eu fraturei meu braço - Mexeu sua destra musculosa, mostrando aos colegas que seu braço sarado havia sarado.

Manteve os dedos enroscados no copo de café, soprando-o delicadamente para alcançar a temperatura ideal: nem morno a ponto de perder o prazer da degustação, nem quente ao ponto de ferir-lhe os lábios. Vão se foder, pensou consigo mesmo, enquanto um sorriso se formava em sua expressão, visível para qualquer observador atento. Sabia que, se desse a resposta que tinha na ponta da língua, além de ferir a hierarquia, revelaria uma parte sua que pouco se importava com todo o peso exemplar de ser um ninja da elite do País do Vento. — Acha que eu não iria gostar de uma folga remunerada dessas? — sua voz soou com um tom amigável e carregado de ironia, sem recuar diante da brincadeira de Harikēn sobre puni-lo com missões abaixo do medíocre. Ele não tinha orgulho a ser ferido com tal ato, e não era hipócrita a ponto de negar suas próprias palavras. Não era mais um omisso e sabia muito bem da importância que tinha para o poderio militar.

Não se deixou perder em pensamentos intrusivos como aquele. Na realidade, foi fácil manter os pés centrados no encontro que se desenrolava de forma tão oportuna e involuntária, visto o início de mais uma sequência de explicações que Hakuryū dava acerca de suas próprias vivências no confronto que deu origem à ferida no deserto. A habilidade que o amigo inicialmente atribuiu, ao menos em suas próprias palavras, a um tipo de transporte espaço-temporal, foi destrinchada ali como uma espécie de manipulação física onde Soramaru conseguia diminuir e aumentar, à sua vontade, o tamanho de objetos e de si mesmo. Não parece o tipo de habilidade que faz alguma diferença sozinha, ponderou em silêncio, mas se com ela o inimigo conseguiu fazer tamanho estrago, é bem provável que o mérito seja todo de seu intelecto. — Kāma — murmurou quase inaudível, como se memorizando o nome para, caso ouvisse outra vez, já não estivesse tão alheio. — Se está dizendo que um Ōtsutsuki reconheceu a técnica e reclamou a propriedade da mesma, é possível que Soramaru fosse um e não o reconheceram como tal, ou mesmo que seja possível aos Ōtsutsuki passar essa particularidade — cogitou em silêncio que, se talvez fosse o caso da segunda opção, a Bōryokudan muito provavelmente tivesse em sua folha de pagamento o nome de algum membro desse clã.

Entretanto, se aprofundou ainda mais na parte da explicação que insinuava que os Ōtsutsuki não eram humanos. — Esses Ōtsutsuki — sua pausa foi mínima, apenas o suficiente para guiar outro gole de café aos lábios. — Já atribuiu muitas habilidades a eles. Cópia de técnicas que só deveriam ser passadas e mantidas secretas dentro de clãs, o tal Kāma e, querendo ou não, deixou a sensação de que não são humanos. O que isso significa? — Sua dúvida beirava a preocupação, lembrando-se do alerta de Karma no último encontro que tiveram.

- Café com leite e abacaxi fica bom, Kin-kun? Nunca experimentei. - Ken não tinha entendido muito bem o que o Escudo de Ouro quis dizer sobre deixá-lo a sós com Maeda nem a relevância do abacaxi para a conversa.

Kinsetsu continuou a contar o que sabia e se lembrava de algumas das técnicas usadas pelo Soramaru. Ao ouvir o nome do inimigo, levou a mão direita para o próprio esterno de maneira quase inconsciente, era ali que carregava a cicatriz feita pela mão do homem pálido. O algoz dos Ossos tinha apagado da memória boa parte dos acontecimentos daquela noite, a principal lembrança daquela noite depois do beijo de Naritoshi era o sentimento de impotência em ver seus ossos sumirem contra Soramaru e ver nomes de peso no mundo shinobi que compartilhavam o campo de batalha com o jovem Kaguya caírem mortos.

A explicação de Haku fazia total sentido para Ken segundo suas recordações, mas a parte do Kāma e do Clã Ōtsutsuki eram informações completamente novas para o jovem Kaguya. O nome, no entanto, "Otsutsuki", fazia Ken recordar das palavras de Soramaru sobre o Kagya ser decendente de Kaguya Otsutsuki. As habilidades desse clã, aparentemente, envolviam aprendizado de hijutsus de outros clãs. O Kazekage não compreendia como alguém seria capaz de imitar hijutsus de outros clãs, apenas aceitava pois viu o poder destrutivo de Soramaru, copiar não era nada perto do que o inimigo era capaz:

- Soramaru fazia meus ossos sumirem, nem me fale dessa habilidade, me senti  um inútil. Espero nunca mais encontrar um oponente com esse poder de "diminuição". - respirou fundo enquanto se forçava a tomar outro gole - Sobre os Otsutsukis... além dessa tal marca de Kāma e essa capacidade de reproduzir hijutsus sem ser do clã... Você tem alguma informação mais... Histórica? Recordo-me de Soramaru falando que eu não conhecia a história do meu próprio clã, que eu era descendente de uma Kaguya Otsutsuki, sabe algo sobre isso?

Ouviu as colocações e indagações sobre os Otsutsuki por parte do Senju e achou interessante a linha de pensamento do mesmo, sobre a possibilidade daquela particularidade poder ser passada para outras pessoas, mas não sabia se aquilo era de fato possível ou se esse tipo de compartilhamento de particularidade poderia ter algum efeito adverso. Como um bom Kaguya, só pensava nos efeitos adversos de particularidades, por experiência própria.

- Os poderes que Soramaru possuía eram verdadeiramente assustadores. Quando vi a transformação da Unohana naquela forma alada, com o juinjutsu de Soramaru, não poupei esforços por causa disso. - fez uma pequena pausa, adotando um semblante reflexivo - Acho que foi por isso que, pouco tempo depois dos acontecimentos em Saara e da votação para Kazekage, eu aceitei um desafio que deixou meu braço fraturado por um bom tempo. - começou a andar de um lado pro outro, por algum motivo estranho aquilo ajudava o Herbalista a relembrar o que tinha feito acontecido - Eu fui convidado para um spar com um shinobi simpatizante que queria me alertar sobre algumas coisas nessa vida shinobi. Confesso que fui um pouco arrogante no início, o tal do Quaetro Blitz falou que eu era lento, difícil de acreditar, né? - abriu um sorriso e começou a balançar a cabçla lentamente, em negação - Mas eu era mesmo, perto dele eu era. Não conseguia acompanhar suas investidas mesmo dando tudo de mim, só consegui acertá-lo quando permitiu. Ele utilizava uma armadura de chakra espiralado, que além de ter um grande poder ofensivo e defensivo, tornava o tal do Blitz extremamente veloz. Como eu disse, não conseguia enxergar o cara. Os golpes que ele me acertou com essa técnica me empurraram uns 10 metros para trás e criavam uma espécie de vendaval que empurrava o que estivesse dentro de mim num raio de 3 metros uns 5 metros para trás. Não só os golpes empurravam, mas  a própria armadura, empurra. Chegou ao ponto do rapaz parar com o intuito de me fazer acertá-lo. Saí voando 5 metros para trás sem o usuário da técnica fazer nada. A técnica se chamava Mukyū Shunkō. Fiquei com inveja, não vou negar. - passou a mão direta em seu cabelo, penteando com os dedos parte de seu cabelo para trás de sua orelha direita - Infelizmente o Quaetro Blitz me disse que eu não poderia aprendê-la por não ter o que era necessário. Mas a surra que eu tomei rendeu frutos. Por exemplo, se eu fosse chamado para participar de outro spar com o senhor Blitz, ele não conseguiria me surpreender com seus movimentos graças ao Kaihi no Jutsu do meu Yome... Também desenvolvi uma armadura de ossos, nunca sabemos quando vamos precisar de algo desse tipo em batalha para sobrevivermos.

O Senju nunca demonstrara apreço por discussões sobre família. Era, afinal, membro de uma dinastia que se estendia por anos de turbulências e que abrigava nomes tão imponentes quanto o cume gélido de uma montanha setentrional. Não era, de forma alguma, uma ovelha negra que desdenhava sua linhagem; pelo contrário. Entretanto, houveram membros de seu clã, em luas já passadas, que haviam buscado a autonomia de sua vida, projetando no jovem a expectativa de um líder nato. A sombra perturbadora de figuras como Chozen e Chokorabu frequentemente desestabilizava o ANBU, especialmente quando a fera alaranjada que habitava seu subconsciente ainda lhe escapava ao controle, utilizando seu ódio para influenciá-lo de maneira insidiosa. Atualmente, porém, ele era um bastião de calma e serenidade, tão imperturbável que nem as tentativas mais grosseiras conseguiam abalar sua compostura.

O que o mergulhara em tais divagações sobre sua família foram as palavras de Harikēn referentes aos seus antepassados. Felizmente, este logo desviou para uma narrativa sobre como havia fraturado o braço, um relato que, conforme o próprio Escudo de Ouro mencionara anteriormente, parecia ligeiramente incoerente, considerando as notáveis capacidades ósseas do Algoz. A maneira como descrevia a prodigiosa velocidade de Blitz era de fazer arregalar os olhos. O Empalador já testemunhara em primeira mão as capacidades físicas do amigo e não conseguia lembrar de um momento em que sua velocidade pudesse ser subestimada. Chakra espiralado, refletiu, recordando-se de sua esfera tão familiar. Não permitiu que o fio da narrativa se perdesse. Tratava-se, mediante o relato do Terceiro, de uma técnica que formava uma armadura ao redor do corpo do usuário, feita de chakra em constante movimento, versátil o suficiente para atacar, defender e ainda amplificar os atributos físicos. Realmente, algo digno de análise minuciosa. O Kaguya não se deteve e continuou a detalhar os efeitos da armadura, atribuindo-lhe ainda a capacidade de lançar a uma distância significativa qualquer alvo de seus golpes — Mukyū Shunkō — repetiu o nome, determinado a não esquecê-lo — É bom que esteja preparado para um próximo encontro com esse tal Blitz. Talvez eu deva me precaver também ou quem sabe evitar convites para esse tipo de ambiente — seu tom era jocoso, embora a seriedade do assunto fosse evidente.

Por um instante, sentiu uma pontada de melancolia por não poder compartilhar feitos ou histórias realmente interessantes com a dupla de amigos que resolvera lhe visitar, como estes faziam. Vasculhou a memória em busca de algum evento relevante, mas logo chegou à conclusão inevitável; suas histórias eram sombrias e macabras, frutos de seus próprios feitos. Talvez fosse sua percepção, moldada por suas metas pessoais de uma vida pacata e livre de conflitos, que transformava as lembranças de missões e batalhas em algo terrivelmente incômodo de se recordar.

Por sorte, Hakuryū complementou seu raciocínio, levando o Senju a cogitar um sorriso que ponderou bem até descartar, visando acima de tudo não desmerecer a importância das palavras que proferiria — Homens não caem do céu e qualquer coisa que caminhe na terra pode morrer — sua linha de raciocínio era agressiva, moldada talvez pela poderosa retórica de Karma — Bōryokudan tem seus artifícios. Eles podem impor dificuldades e adversidades, mas não são invencíveis. E se por acaso se intitularem como tal — uma breve pausa enquanto dava o último gole no café amargo que se esgotava no recipiente em sua mão — Bom, coloquemos isso à prova.

Na sequência das palavras do Escudo de Ouro, quem pareceu assimilar o assunto, ainda que silencioso em seu canto no subconsciente do hospedeiro, foi Kurama, que se eriçou com a menção aos heróis lendários que derrotaram Kaguya. Era quase como se uma parte dele próprio se recordasse de uma vida que, em tese, nunca vivera; nada além de uma vaga sensação, visto sua infeliz falta de memórias. De todo modo, tal fato passou completamente despercebido por Maeda, que naquele momento encontrava-se insatisfeito com a escassez de café. Com a falta do precioso líquido, viu-se forçado a encerrar o encontro, ainda que não desejasse parecer rude. Buscou em seu intelecto avantajado uma forma sutil de se despedir, tarefa árdua considerando que era, na realidade, o anfitrião — O café estava bom.

”Não era pro abacaxi deixar o leite ácido ao invés de doce? Coisa esquisita.”

Kin continuou falando sobre suas experiências passadas no campo de batalha. Discorreu um pouco sobre como a marca dos otsutsuki davam capacidades sobre-humanas e sobre como era uma surpresa até para quem era otsutsuki que humanos pudessem suportar os poderes da marca.

Aparentemente os Otsutsuki não eram humanos, mas amatsubitos, que, pelo nome, significa que eles são parte de um “povo celestial”, apesar de não poder confirmar se eles eram de fato seres celestiais.

Em resposta à pergunta do Kazekage, Haku falou que Kaguya Otsutsuki era considerada uma deusa, uma divindade poderosa, capaz de quase aniquilar a Vila Oculta da Areia com um meteoro.

”Minha antepassada não era fraca não, então. Mas como diabos ela dominava meteoros? Como meteoros se tornaram ossos com o passar das gerações? aAguém nesse mundo deve ter mais informações.”

O Algoz dos Ossos, apesar de não estar apreciando a bebida oferecida pelo dono da forja onde estava, estava apreciando o momento de confraternização entre os membros da equipe. No entanto, o anfitrião parecia ter outra visão sobre a situação. Não habia sido rude ou algo do tipo, mas Maeda estava claramente querendo encerrar o encontro entre amigos:

- Erm, eu tenho que voltar a procurar um local para abrir meu boticário. Kin, Maeda foi um prazer revê-los num momento mais descontraído desses, temo que nosso próximo encontro tenha um tom mais sério, mai profissional. Até breve.

Ken esperaria para ver se os outros dois fariam companhia até a saída da caverna e então se encaminharia novamente para o Centro da Vila

A fé do ANBU no destino não se erguia com mais força do que sua fé nos homens. Frequentemente, ele se via enredado não apenas em seus próprios preceitos de hedonismo e um pseudo-budismo, mas também em um ceticismo mordaz quanto aos acontecimentos aleatórios em sua vida. Se Harikēn temia que o próximo encontro não se configurasse como aquele, onde apenas usufruíam de um tempo para fortalecer laços ou simplesmente interagir sem a sombra de mortes, infiltrações e sabotagens, era provável que ele já suspeitasse da existência de uma tarefa específica a ser realizada em conjunto, ao menos sob a perspectiva momentânea de Maeda. Este, por sua vez, considerou que talvez o Terceiro já possuísse informações concretas sobre como atacar a Bōryokudan, liderando a investida como o próprio Tapa-Olho havia sugerido.  Não obstante, sendo o amigo leal que era, apesar de seu desejo de cumprir outras atividades e do convite sutil para se retirar, o Senju não se privou de acompanhar os companheiros até a entrada, onde, ao que tudo indicava, se separariam para trilhar caminhos distintos.

Tal caminho se estendia sinuoso e sombrio, um percurso serpenteando pelas entranhas da montanha que abrigava a forja. As paredes rochosas, esculpidas ao longo de milênios pela implacável mão da natureza, emanavam um calor abafado e uma opressiva sensação de confinamento. A luz da lava distante o suficiente para não causar incômodo oscilava nas cavernas esculpidas, projetando sombras que pareciam ganhar vida própria. O ar carregava o cheiro metálico do ferro e o toque agridoce da areia desértica que se infiltrava por fendas e aberturas minúsculas. Ao se aproximarem da saída, o ar deveria mudar. A opressão da montanha dando lugar a uma brisa mais fresca, ainda que carregada de areia. A luz natural, filtrada pelas dunas, criava um contraste quase surreal com a escuridão que deixavam para trás.

— Nos veremos em breve — respondeu rapidamente a Hakuryū, desaparecendo nas tempestades de areia.

O Senju encontrava-se imerso na quietude de sua moradia, onde o silêncio profundo apenas amplificava as lembranças dos dias recentes, repletos de batalhas ferozes e planos conspiratórios que ainda pesavam sobre seus ombros como uma armadura invisível. A missão com os demais membros do Kinkotsu no Mori ainda fervilhava em sua mente. Contudo, naquele dia em particular, uma nova tarefa exigia sua atenção plena. As ombreiras encomendadas por Hakuryū, um artefato essencial para seu amigo e companheiro de combate, precisavam finalmente tomar forma sob suas mãos hábeis. Eu tenho que parar de adiar as encomendas que me fazem. O caminho até o Dragão Flamejante era um percurso que conhecia intimamente, cada pedra e cada curva do trajeto gravados em sua memória. Porém, cada viagem carregava um novo peso e um significado renovado. Ao atravessar o centro de Sunagakure, a aldeia parecia envolta em uma calma outonal extraordinária para uma região tão árida e implacável. As dunas circundantes, vastas ondas de areia esculpidas pelo vento incessante, ofereciam uma visão de beleza singular e desoladora ao jovem jōnin. O ar, incomumente fresco para o deserto, trazia consigo uma brisa suave que dançava entre os grãos de areia, carregando a promessa distante de um inverno. A luz do sol, filtrada pelas nuvens esparsas, lançava sombras longas e dramáticas, criando um espetáculo natural que, por um momento, distraía Maeda de seus pensamentos inquietos. Seus passos eram uma mescla de familiaridade e renovação, com os sons da aldeia se mesclando ao ritmo de seus pensamentos. Os murmúrios dos habitantes, o clangor distante, e o sussurro constante do vento formavam uma sinfonia que acompanhava sua jornada. As construções de Sunagakure, feitas de adobe e pedra, refletiam a luz dourada do entardecer, criando um contraste hipnotizante com o céu azul profundo.

Chegando à entrada da caverna, a transformação do ambiente era imediata e impressionante. As formações rochosas e arenosas que compunham a paisagem externa cediam lugar a uma arquitetura de pedra negra polida, cuja superfície brilhava intensamente sob a luz das fornalhas ardentes. Cada passo adiante fazia-o sentir o calor aumentar, como se estivesse adentrando as profundezas de um dragão adormecido, cujo hálito incandescente permeava o ar e fazia o suor brotar em sua pele. A forja, situada nas profundezas da formação rochosa, era um espetáculo que misturava o sublime e o grandioso. As estalactites pendiam do teto como garras afiadas, enquanto as estalagmites surgiam do chão como colunas ancestrais, ambas se misturando harmoniosamente às construções elaboradas pelo homem. Este contraste entre a natureza selvagem e a engenharia meticulosa criava uma atmosfera de reverência e admiração.

As plataformas de pedra, habilmente esculpidas e dispostas, conectavam-se através de pontes e escadas intricadamente trabalhadas, cada detalhe refletindo a habilidade e o cuidado dos artesãos que ali trabalharam. As fornalhas, alimentadas por carvão e alimentadas por foles poderosos, emitiam um brilho laranja e vermelho que iluminava as paredes escuras, lançando sombras dançantes que pareciam ter vida própria. O som dos martelos batendo contra o metal ecoava pelas cavernas, uma sinfonia de criação que reverberava nas profundezas da terra. O ar estava impregnado do cheiro de ferro quente e carvão, uma mistura pungente que falava de força e transformação. Maeda, imerso neste ambiente, sentia-se pequeno diante da grandeza da forja, mas também inspirado pela energia vibrante que emanava de cada canto.

— Como você aguenta isso? — a voz de Kurama irrompeu e fez-se presente em seu subconsciente.

— Fala do calor? Eu já estou vivendo aqui na Areia há um tempo, sabe como o clima daqui no verão não é assim tão diferente do interior da forja — sua explicação era embasada, fundamentada e experimentada pelo companheiro que reconhecia silenciosamente.

Dentro da oficina, o calor era quase sufocante, mas ele estava habituado a essas condições extremas. As fornalhas, alimentadas por canais de lava líquida, criavam uma atmosfera de trabalho incessante, onde a precisão era imperativa. O brilho alaranjado e incandescente das chamas iluminava o ambiente, refletindo intensamente nos adornos metálicos dourados que decoravam as paredes e plataformas, conferindo ao local uma aura quase mística. O Senju  aproximou-se de uma robusta mesa de pedra, onde cuidadosamente organizava os esboços das ombreiras. Cada traço nos pergaminhos revelava sua destreza e atenção aos detalhes, uma dança harmoniosa entre arte e funcionalidade. Ele desenhava com minúcia cada aspecto das placas metálicas, visualizando a peça finalizada e sua importância na proteção de Hakuryū e suas manipulações. O design não era uma tarefa simples; exigia um equilíbrio exato entre resistência e leveza. As ombreiras precisavam ser robustas o suficiente para suportar o grande volume de Sakin, mas também leves para não comprometer a agilidade do amigo. O Empalador analisava as propriedades de diversas ligas metálicas, ponderando sobre como combiná-las para atingir o resultado ideal. Suas mãos, firmes e ágeis, moviam-se com precisão, ajustando medidas e refinando os desenhos com cuidado meticuloso.

Com os materiais dispostos e a fornalha ardendo intensamente, dava início ao trabalho meticuloso que lhe aguardava. As ombreiras, batizadas de Ars Goetia, necessitavam de uma precisão ímpar na forja das camadas metálicas que as comporiam. Cada detalhe era crucial, pois a dupla camada, separada por um espaço exato para armazenar o Sakin, demandava um manuseio extremamente cuidadoso do metal para assegurar a compressão adequada e a integridade estrutural. Movendo-se com a graça fluida de um dançarino e a força inabalável de um guerreiro veterano, manipulava o metal incandescente com seus martelos e tenazes, as ferramentas extensões de sua própria vontade e habilidade. O som do martelar reverberava pelas profundezas da caverna, criando uma sinfonia rítmica que se entrelaçava com o crepitar vigoroso das chamas e o murmúrio incessante do fluxo de lava. Cada golpe, cada ajuste minucioso, era um passo essencial na transformação de matéria bruta em uma obra-prima de arte e funcionalidade. O calor intenso irradiava das fornalhas, envolvendo-o em uma aura quase sufocante, mas ele mantinha seu foco inabalável. Seus olhos, fixos no metal em brasa, captavam cada nuance de cor e textura, indicadores sutis do progresso e da necessidade de ajustes. As faíscas dançavam no ar, um espetáculo de luz e energia que apenas adicionava à sensação de magia e poder inerente ao processo de forjamento.

A primeira camada do Ars Goetia precisava ser robusta, capaz de suportar impactos significativos sem deformar. O senhor da forja trabalhava o metal com precisão, aquecendo, moldando e resfriando de maneira controlada. O som do metal sendo martelado era uma melodia de poder, cada batida ecoando como um tambor de guerra nas entranhas da terra. Suas mãos, hábeis e treinadas, moviam-se com uma velocidade e destreza que pareciam contradizer a intensidade do trabalho. A segunda camada, interna e delicadamente separada da primeira, era onde residia o verdadeiro desafio. Este espaço serviria para armazenar o Sakin, uma substância vital para Hakuryū, e precisava ser perfeitamente balanceado entre resistência e flexibilidade. Maeda dedicava atenção especial a esta fase, ajustando a espessura e a forma com uma precisão quase cirúrgica. A temperatura da fornalha era monitorada constantemente, garantindo que o metal não perdesse suas propriedades ideais. Enquanto trabalhava, refletia sobre a importância daquela tarefa. Não era apenas uma questão de habilidade técnica, mas também de responsabilidade moral e emocional. Hakuryū confiava nele, e essa confiança era um motivador poderoso. O vínculo entre eles era reforçado em cada golpe do martelo, cada centelha que voava, cada ajuste que aproximava-o de completar as Ars Goetia.

— Devia se dedicar assim ao seu relacionamento a distância com Novara — fez-se ouvir outra vez a besta.

— Também sente falta dela? — brincou Maeda, tentando fugir dos pensamentos que o levariam a reviver o beijo.

— Não seja ridículo! Eu estou além de laços humanos! — o brado da besta apesar de expressar como se sentia era no fim das contas uma confirmação de seu lado mais humano, ainda que revestido com todo seu ódio.

A forja, com suas paredes de pedra negra iluminadas pelo brilho das fornalhas, parecia vibrar em harmonia com os esforços de seu senhor. O ambiente era ao mesmo tempo opressor e inspirador, um lembrete constante das forças primordiais que ele estava manipulando. Cada pedaço de metal que ele tocava carregava consigo a promessa de proteção e poder, uma extensão de sua própria vontade e habilidade transmitida através da arte da forja. Ao final de horas de trabalho incessante, com o suor escorrendo por seu rosto e os músculos queimando de esforço, via as ombreiras começarem a tomar forma. O brilho laranja do metal incandescente suavizava-se para um dourado reluzente, indicando que o processo estava quase completo. O som final do martelo ecoou pela caverna, um som que carregava em si a conclusão de um trabalho árduo e a expectativa de sua eficácia no campo de batalha.

Horas se passavam enquanto ele finalizava os adornos negros e os relevos intricados que decoravam as ombreiras prateadas. Os golpes do martelo, os traços cuidadosamente esculpidos, contribuíam para a criação de uma peça única e magnífica. O trabalho era árduo, exigindo concentração ininterrupta e uma habilidade que poucos possuíam, mas para o Prodígio Senju, o esforço era incrivelmente gratificante. A textura do metal, suavemente polida até brilhar, o peso sólido das ombreiras, conferindo uma sensação de robustez e segurança, e a sensação de dever cumprido traziam um sorriso discreto, porém satisfeito, ao rosto do jōnin. Movendo-se com uma mistura de precisão e graça, terminava os últimos retoques, os relevos delicados que adornavam as ombreiras, transformando-as de simples peças de metal em verdadeiras obras de arte. Os adornos negros contrastavam com o brilho prateado, criando uma estética visualmente impressionante e simbolicamente poderosa. Cada detalhe, por menor que fosse, refletia a dedicação, o empenho e a habilidade investidos na sua criação. Ele sabia que Hakuryū, ao usar estas ombreiras, sentiria não apenas a proteção física, mas também a força da amizade e lealdade imbuída em cada centímetro da peça.

Finalmente, ao erguer as ombreiras terminadas, sentiu uma onda de orgulho e exaustão o invadir. As Ars Goetia, agora completas, não eram meramente um item de proteção, mas um emblema de lealdade, uma prova tangível da profunda amizade entre os dois guerreiros. A luz das fornalhas dançava sobre a superfície polida do metal, realçando os relevos detalhados e os adornos intricados. A peça finalizada exalava um poder silencioso e uma beleza que só poderia ser alcançada através de um esforço tão dedicado e meticuloso. Com o trabalho concluído dedicou-se à tarefa final de limpar e organizar a forja. As ferramentas, que haviam sido suas companheiras fiéis ao longo das horas de trabalho árduo, eram cuidadosamente limpas e guardadas. Os materiais restantes, peças de metal e fragmentos de carvão, eram organizados e armazenados para futuros projetos. Ele olhou uma última vez para a forja do Dragão Flamejante, suas chamas ainda rugindo com uma vida própria, como se estivessem satisfeitas com a criação que haviam ajudado a forjar.

A noite caía sobre Sunagakure, lançando longas sombras sobre as dunas de areia e trazendo uma quietude ao deserto. As estrelas começavam a pontilhar o céu escuro, mas nenhuma delas brilhava tão intensamente quanto o orgulho e a satisfação que ele carregava em seu coração. Com as ombreiras embrulhadas em um tecido vermelho em suas mãos, ele estava pronto para entregar o Ars Goetia ao seu merecido dono e companheiro de batalhas, Hakuryū.

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