A mente atormentada de Zsuzsanna Zaharina Zenith tornava cada uma de suas estações, um tormento. Normalmente envolvida em crimes e constantemente detida, a kunoichi nunca se adequava aos padrões ninja. Devido às suas condições psicológicas, ela nunca se viu desonrada ou punida com seriedade, tanto pelo grau diminuto dos seus delitos, quanto a ausência de dolo. Frequentemente distorcida pelo passado degradante, a Jōnin nunca alcançou a verdadeira felicidade em qualquer estágio de sua vida, e a sua ausência diante das próprias funções torna o traço mais marcante. Era uma mulher defeituosa, e a chegada da estação de seu nome apenas tornava a circunstância mais latente. Teria permanecido o restante de sua vida inteira deste modo, caso não fosse atingida pela crise política do vilarejo.

Kumogakure não era mais um lugar seguro para uma ninja, principalmente aos que amavam mais sua nação do que qualquer outra coisa. A ascensão dos temíveis Filhos da Lua, ou de seus simpatizantes, apenas tornavam a sua vida mais cinzenta em comparação com os dias áureos que a abandonaram no fluxo do tempo. O retorno forçado se viu intrínseco quando ela, em razão de seus antecedentes negativos, fora perseguida por indivíduos malignos desta seita. Visando mais do que a vida dela, teve de desvencilhar-se das existências maquiavélicas e buscar refúgio até se sentir mais segura para definir o próprio futuro.

(...)
Zsuzsanna correu pelas estreitas vielas da aldeia oculta da Nuvem, ofegante, com o coração martelando no peito. Os Filhos da Nuvem estavam em seu encalço, determinados a capturá-la por causa de sua trajetória fracassada, e a impunidade de seus próprios atos. Seu cabelo roxo balançava ao vento enquanto ela se esforçava para manter o ritmo.

O sol se punha no horizonte, lançando sombras longas e ameaçadoras pelas ruas desertas. Apenas alguns comerciantes ambulantes e gatos vadios testemunhavam sua fuga desesperada. Zsuzsanna sabia que não poderia continuar escondida por muito tempo na aldeia que um dia chamou de lar. A única esperança era alcançar o portão de Kumogakure, onde poderia encontrar proteção e revelar a verdade que guardava.

Os Filhos da Nuvem eram implacáveis, e ela podia ouvir seus passos se aproximando. Um arrepio de medo percorreu sua espinha, mas ela se forçou a continuar. Ela virou em uma esquina, quase colidindo com um grupo de crianças que brincavam, antes de se enveredar por um beco estreito e escuro.

Finalmente, Zsuzsanna avistou o portão de Kumogakure à distância. Seu coração saltou de alívio, mas ela sabia que ainda não estava a salvo. Os guardas do portão a observavam com desconfiança quando ela se aproximou, ofegante e com os olhos assustados. Tibbers, seu mascote, a esperava com um sorriso travesso, após tempo o bastante desaparecido para fazê-la quase se esquecer dele.

— O que está fazendo aqui, Tibbers? Onde estava quando mais precisei? Achei que fôssemos amigos, a única entidade com quem posso contar. — questionou-lhe, com o rosto coberto por lágrimas.

— Você, uma mulher patética e desprezível, não ofereceu vantagem alguma a mim nas últimas estações. Mas se está aqui, agora, e disposta a finalmente escolher seu destino... talvez seja o momento certo para ajudá-la

Os dois trocaram olhares, avaliando a situação. O urso tocou-lhe as mãos, puxando-a para a mais nova etapa de sua vida. Seus próximos passos seriam os últimos de uma história que nunca fora escrita, e os primeiros de um futuro que nunca esteve por vir. Pela primeira vez, Zsuzsanna se sentiu algo mais do que simplesmente mais uma nuvem num céu nublado.



Tibbers
HP: 350/350
CH: 350/350