Bebeu mais um gole de cerveja, limpando os lábios úmidos com as costas das mãos. Arrotou tão alto que achou que o rival na queda de braço fosse cair pra trás com o seu hálito, sendo pressionado tanto pela força física da loura quanto dos amigos ao redor, aos risos. A garota parecia não ter dificuldades, abusando de sua força máxima para simplesmente anular aos poucos o mais velho, derrubando o braço deste com tanta força que a mesa usada como apoio partiu, tal como os ligamentos do indivíduo. Reclamando de fortes dores, o homem caiu, colocando o dinheiro apostado entre os seios.

— Quem mais quer perder dinheiro comigo? Corre, que é por tempo limitado — a Tokubetsu Jōnin gargalhava, emendando mais doses de bebida entre as frases.

Um homem peculiar, mascarado e trajando uma armadura negra como o breu, esmaltada em tons de vermelho, estendeu a mão, oferecendo-se. A postura imponente do homem e o seu silêncio fez a arrogante kunoichi, em um dos raros momentos de sua vida, sentir medo. Assentiu, incapaz de recusar um desafio aberto. O bar ficou em absoluto silêncio, e todos pararam pra ver os dois se posicionarem. Despejou todo o dinheiro recebido na mesa, apoiando o braço por cima de sua riqueza, caso vencesse. O homem se limitou a entrelaçar os dedos nos dela, mantendo o pulso firme. Em uma fração de segundos, estava acabado.

Embora esperasse risadas e humilhação dos espectadores, nenhum som se propagou pelo bar. Todos, incrédulos, tentavam entender como Moon Homura havia sido derrotada numa queda de braço. O dinheiro recebido naquela noite, havia sido perdido. Não restava mais nada na mesa, e o seu rival se limitou a deixar uma moeda, como uma espécie de misericórdia trocista. Cerrou os punhos, irritada. Jamais iria aceitar uma derrota, não importa por qual motivo fosse.

— Volte aqui, vamos lutar de novo — Moon vociferou, empunhando sua espada de duas mãos. Para a loura, o armamento servia bem ao ser manuseado com apenas uma, fruto de sua Perícia com espadas e forte condicionamento físico — Vamos dançar, e essa dança ninguém conhece melhor do que eu.

Moon avançou em velocidade máxima, vendo os civis se afastarem dos golpes de espada desesperados. O seu rival se limitou a desviar das sequências, abusando de saltos e esquivas rápidas. Quando Moon abaixou a guarda por um instante, ao perceber das investidas infrutíferas, havia sido tarde demais. Num piscar de olhos ele estava atrás de si, e com um golpe limpo em sua nuca, a Tokubetsu Jōnin foi levada a nocaute.

Sequer pôde compreender como e por qual motivo teria perdido. O homem teria aparado sua queda, colocando o corpo da jovem em seu ombro. Permaneceria desacordada por um bom tempo, despertando em cima de uma mesa vazia, com fortes dores de cabeça. O desconhecido aguardava, mas quando virou-se para vê-lo percebeu sua beleza. Era um homem de cabelos negros, ligeiramente nevados pela idade. As feições eram maduras e seu semblante parecia não comportar sorrisos, sendo um indivíduo completamente apático a primeira vista. Seus olhos apenas refletiam fúria, mas encarando profundamente eles, a Moon se sentia acolhida, por algum motivo.

— Estive esperando seu despertar, espero que eu não tenha exagerado no golpe — o seu tom era estranhamente calmo para um indivíduo com características tão marcantes, esperando no mínimo alguma grosseria de sua parte — Você é bastante habilidosa, mas não o suficiente. Se vier comigo, posso a transformar em uma espadachim de verdade. Mostrarei minha espada, quando tivermos a sós. Ela não pode ser exibida em público.

— Uma espadachim de verdade? — encantada com as feições atraentes do indivíduo, sequer pensava no que estava dizendo — Sim, claro. Entendo muito bem o que você quis dizer com isso — ela deu um sorriso curto, mergulhado em malícia, levantando-se prontamente. “Por que não? Até que não parece ser tão ruim”, pensou consigo mesma, aceitando seguir o homem em meio ao anoitecer.