Munashi sentiu o frio da manhã tocar a pele enquanto abria a porta. Um mensageiro shinobi estava lá, postura rígida, olhos fixos. Sem dizer uma palavra, entregou-lhe o pergaminho selado com o símbolo oficial de Iwa.

"Por ordem do Tsuchikage, sua presença é requisitada imediatamente no Gabinete de Assuntos Ninja", anunciou o mensageiro antes de desaparecer numa nuvem de poeira.

Munashi fechou a porta, olhando para o pergaminho em suas mãos. Seus dedos, grandes e calejados, deslizaram pelo selo antes de abri-lo. As palavras confirmavam o que já esperava: havia chegado a hora de dar o próximo passo.

Sem perder tempo, vestiu sua camiseta avermelhada e ajustou a jaqueta de combate sobre os ombros largos. Prendeu a bandana de Iwagakure no braço direito e verificou se suas hip-pouches estavam devidamente equipadas. Antes de sair, lançou um olhar rápido para o pequeno espaço que chamava de lar—simples, sem adornos, funcional.

As ruas de Iwagakure permaneciam silenciosas. Alguns comerciantes começavam a abrir suas lojas esculpidas na rocha, e o aroma de pão fresco misturava-se com o ar frio da montanha. Munashi caminhava com passos firmes, cada movimento calculado, mas carregando a intenção de alguém acostumado a se mover tentando não ser notado. No entanto, os poucos que cruzavam seu caminho lançavam olhares rápidos—era difícil ignorar sua figura imponente.

Ao chegar ao Gabinete de Assuntos Ninja, foi recebido por um chunin veterano, o rosto marcado por cicatrizes contava histórias. Os olhos do homem encontraram os de Munashi, e por um momento, um entendimento silencioso pairou entre eles.

"Você foi selecionado para participar dos exames chunin deste ano", disse o chunin, a voz grave ecoando pelas paredes de pedra. "É uma grande honra e responsabilidade."

Munashi assentiu, mantendo o silêncio. Palavras eram desnecessárias.

"A primeira etapa será um teste escrito. Não se engane pensando que será fácil. Você será testado não apenas em seu conhecimento da história de Iwa, mas também nas técnicas tradicionais da nossa aldeia."

O chunin pegou um livro pesado de uma estante próxima e colocou-o sobre a mesa. "Estude isto. Aqui você encontrará informações sobre os fundadores de Iwagakure, as técnicas de Doton que nos tornaram famosos e a história de como nossa aldeia se ergueu das rochas para se tornar uma das grandes potências ninja."

Os olhos de Munashi pousaram sobre o livro. Letras miúdas, páginas amareladas pelo tempo—não era sua área de conforto. Mas determinação não lhe faltava.

"Lembre-se", acrescentou o chunin, com um olhar penetrante. "O teste não é apenas sobre o que está escrito. Esteja preparado para qualquer coisa. Os examinadores de Iwa são conhecidos por sua astúcia."

Com um último aceno, o veterano o dispensou. Munashi pegou o livro e sentiu o peso da responsabilidade que carregava.

De volta às ruas, decidiu não retornar para casa. Em vez disso, dirigiu-se a um dos terraços rochosos que ofereciam uma vista panorâmica da aldeia. Sentou-se, cruzando as pernas, e abriu o livro. As palavras tremulavam diante de seus olhos brancos. A leitura nunca foi seu forte, mas cada frase era um passo em direção ao seu objetivo.

Enquanto o sol subia no céu, aquecendo as pedras ao seu redor, Munashi mergulhou na história de Iwagakure. Lendas de ninjas poderosos, estratégias que moldaram guerras, técnicas que esculpiram montanhas—cada detalhe era absorvido com atenção meticulosa.

Em determinado momento, um grupo de crianças passou correndo, rindo, brincando de shinobi. Uma pequena pausa o fez observá-las. Lembrou-se de sua própria infância roubada, dos dias no circo, das batalhas que enfrentou para chegar até ali.

Assim, respirou fundo e voltou à leitura. Se queria proteger aqueles que considerava família e honrar a vila que lhe deu abrigo, precisava superar as próprias limitações.



Munashi: HP [1525|1525]; CK [1900|1900]; [26m/s]; [00|09];

Adendos:

Munashi respirou fundo ao entrar na grande sala escavada na montanha, a medida que o som de seus passos ecoavam suavemente pelas paredes de pedra. Ao cruzar o arco, o contraste entre a luz suave da manhã e a iluminação artificial da caverna fez com que seus olhos brancos piscassem uma ou duas vezes antes de se adaptarem.

No ambiente à frente, dezenas de shinobi se agrupavam, divididos entre sussurros ansiosos e silêncios concentrados. Ele varreu o local com o olhar, antes de se mover em direção às cadeiras da frente e sentou-se, sem pressa, próximo aos avaliadores. Não tinha dúvidas de que, além do que era visível, havia outros métodos sutis para monitorar cada candidato. Seria ingênuo subestimá-los.

Em sua cadeira, ele ajustou sua postura e aguardou pelo início da prova. O ambiente estava tenso, e quando apenas o som suave das folhas de papel sendo distribuídas permaneceu,  é que foi possível conceber a gravidade da situação. Quando finalmente recebeu a sua, Munashi se concentrou nas perguntas. A primeira impressão era de que parecia uma prova simples, ao menos refletia o que havia sido estudado nos últimos dias.

Mas, de repente, algo mudou. A princípio, era apenas uma sensação, como se o ar ao seu redor ficasse mais denso. Sua pele, sempre acostumada ao rigor físico, sentia um estranho pesar. Por isso, ele endireitou-se na cadeira, enquanto notava, com o canto do olho, os outros shinobis coçarem os olhos, inquietos em seus lugares.

Assim, Munashi voltou a atenção para a prova e notou que algumas letras pareciam ter se movido, sutilmente, enquanto ele não olhava para ela. Isso aconteceu em instantes. Por mais que piscasse, focasse ou esfregasse os olhos, não voltavam ao normal.

Um leve formigamento percorreu sua nuca. Era isso. A advertência do veterano no gabinete havia sido sobre essa estranha sensação que agora se revelava. Mas por quê? Por que aquele chunin havia sido tão específico ao aconselhá-lo? Havia algo mais que não estava vendo?

Decidido a confirmar suas suspeitas, Munashi fez um teste. Deliberadamente, contornou algumas letras, e com o olhar, focou em outro ponto da folha. Quando voltou a olhar para o local anterior, as letras, mais uma vez, haviam se movido.

Poderia ser... uma ilusão? Munashi cerrou o punho por um instante ao lembrar-se das experiências com Ayame e das ilusões que enfrentara. Ele não era um mestre em genjutsu, e romper uma técnica desse tipo estava fora de suas habilidades. Mas havia um método que até os estudantes da academia conheciam. A dor.

Sem hesitar, pressionou a ponta do polegar contra o dedo mínimo da mão esquerda. Um estalo seco ressoou quando deslocou a primeira falange do mindinho. Uma pontada aguda percorreu sua mão, mas sua expressão permaneceu inalterada. A robustez de seu corpo e sua determinação o permitiam suportar aquilo.

Em seguida, ele continou a responder a prova. A caneta deslizava pelo papel e traçava palavras com firmeza enquanto Munashi ignorava a tensão no dedo, e tentava o melhor para focar apenas no que estava à sua frente. Quer fosse uma ilusão ou não, ele precisava continuar respondendo as questões, ou todo o conhecimento acumulado nos últimos dias seria em vão.



Munashi: HP [1515|1525]; CK [1900|1900]; [26m/s]; [00|09];

Adendos: