—  Uma convocação do Tsuchikage? Ora, parece que é meu dia de sorte. Passei algum tempo refletindo sobre a minha própria miséria e me relembrando sobre os eventos no antigo santuário. As coisas pareciam conspirar contra mim - Tudo por conta deste maldito sangue, e destes malditos olhos carmesim. Suspirando com pesar, fiz meus passos levemente apressados em direção ao gabinete do Tsuchikage, mantendo um olhar baixo enquanto trilhava a rota em direção ao quartel-general do vilarejo. Percebi a tensão no ar, e cessei os passos por alguns momentos para observar os meus arredores.

— Que ambiente mais agradável... — Ironizei-o em meus próprios pensamentos. — Parem de olhar pra mim, porra! — Franzi o cenho.

Mesmo sem pronunciar uma única palavra, meu incômodo era mais do que nítido. Os olhares pesados daqueles shinobis pareciam me julgar, quase como se tentassem penetrar na minha mente. Continuei o caminho até onde o líder se encontrava, buscando não me distrair mais do que o suficiente com as atividades incessantes ao meu redor. Ao finalmente alcançar o local destinado e observar a presença do Tsuchikage, retirei minhas sandálias e curvei-me levemente para a frente - uma forma de cumprimento respeitoso e tradicional. Então, me mantive em silêncio conforme escutava tanto as palavras de Kamizuru como as de seu guarda-costas, Akatsuchi. Por um momento, perguntei-me se aquela missão poderia, por algum acaso, ter conexão com o meu pai ou a maldição sangrenta que me perseguia, mas logo descartei tais pensamentos. Talv "ez estivesse apenas ficando um pouco paranoica demais com os acontecimentos passados.

Sim, o meu poder estava maior. Mas a que custo, afinal?
Ao término da explicação da missão e das palavras do Tsuchikage, curvei-me mais uma vez.

— Compreendo. — Dei uma leve pausa, erguendo os meus olhos com a determinação que eles esperavam. — Não se preocupe, Kamizuru-Sama. Com unhas e dentes, eu cumprirei esta missão! — respondi com firmeza.

Estranho. Eu normalmente hesitaria entrar em frias ou situações que pudessem colocar minha vida em perigo. Mas agora...Eu ansiava pela adrenalina do combate, e de minha existência estar a um único passo do fim. O derramar de sangue tornou-se natural, e minhas emoções parecem ter sido suprimidas após o despertar do meu sharingan. Isto também era parte da maldição? Esquecer o que é ser humano...

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—  Continuei atenta ao que o Tsuchikage havia a dizer. Com as mãos para trás e cruzadas, me mantive a uma distância respeitosa do líder da Pedra, mantendo-me não muito distante da porta, mas também de modo que não parecesse desgradável a Kamizuru. Meus olhos permaneceram fixos em seu rosto enquanto falava, quase como se buscassem algo além do que poderia ser visto por fora da "casca" de todos os seres humanos. No entanto, ele parecia ser, de fato, um homem honesto. Sentia a firmeza ao fim de cada uma de frases, bem como uma preocupação e zelo reais pela minha pessoa. Minha postura imutável tombou por um instante quando ele citou o fato da resistência estar em busca de ninjas com "habilidades únicas". Enquanto fitava meus olhos, eu, de forma quase instintiva, virei os olhares para o lado direito, como se estivesse disfarçando alguma coisa. Foi automático, mas eu senti um perigo distante com aquela frase.

— Então ele sabe? — Me perguntei, levemente preocupada sobre a possibilidade de Kamizuru já saber sobre os meus olhos. — ...Ele é o Tsuchikage, afinal. Com certeza ele têm olhos até nas paredes de cada casa desta vila. Não importa. É um fardo que devo carregar, um poder sombrio que devo conquistar com meu próprio sangue. — Finalizei a reflexão, e então voltei a encará-lo nos olhos.

O silêncio então pairou, e nem mesmo os cantos distantes do pássaros poderiam ser ouvidos. Os raios de luz que cruzavam as frestras do gabinete e iluminavam a sala de forma cordial pareciam tomar formas dançantes, e uma única gota de suor escorreu do lado esquerdo de minha testa. Então, veio a ordem de despacho do Tsuchikage: Partir ao nascer do sol. Minhas sobrancelhas se curvaram, e minha expressão deixou de ser neutra, e tornou-se confiante - Quase arrogante. Com um sorriso leve no canto da boca, eu levei a mão destra até o peito e a recostei sobre o esterno, onde o coração pulsava mais forte. Com aquele gesto simples, eu entreguei meu coração ao vilarejo.

— Assim será feito. — Respondi, com confiança inabalável. — Você é muito diferente do que eu imaginava, Kamizuru-Sama. Foi uma surpresa...agradável. — Ditei.

Então, dei minhas costas tanto a Akatsuchi como ao Tsuchikage, e parti.
Me sentia aliviada em saber que o líder da pedra era um homem equilibrado, e não um louco varrido e megalomaníaco como por muito tempo eu pensei ser. Eu sabia que não estava segura das garras de meu pai mesmo no interior da vila, mas pelo menos a paranoia do universo estar conspirando contra mim veio a cair por terra. Agora, eu precisava focar apenas na missão. Foque-se na missão, Lil....Sua vida depende dela!

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