Hakuryuu Kinsetsu

Com o passar do tempo, a situação ficava mais tranquila dentro da Cidadela do Deserto. Não porque os episódios histriônicos de Hakuryuu haviam ficado menos frequentes ou intensos, mas porque todos na propriedade já estavam plenamente acostumados a isso. Alguns até mesmo chegavam a aplaudir as tentativas impulsivas do dono da casa em chamar a atenção. Algo que, quase sempre, terminava em um pedido de desculpas acanhado, esfregando a nuca. Afinal, Nanabi demonstrava ter uma personalidade totalmente oposta à de Hakuryuu. Algo que, àquela altura, havia ficado bastante claro ser a origem dos estranhos impulsos que sentia.

Kinsetsu tinha passado os últimos dias revisando e treinando tudo que havia aprendido até então. Não conseguia projetar mais de uma cauda, porém, e isso o preocupava. Faltar o domínio de mais seis caudas não era sequer meio caminho andado para o processo de controle daquele novo poder. Contudo, Haku lembrou-se bem de que desde o começo havia prometido para si que, ainda que o caminho não fosse fácil, continuaria trilhando-o até o fim pelo bem da vila.


Naquela manhã, finalmente recuperado de suas queimaduras causadas pelo manto da besta, Hakuryuu havia terminado seus afazeres e se dirigido imediatamente para a sala de reuniões da propriedade. Sentia um certo mormaço e imaginava que os espelhos d’água do local certamente poderiam ajudar ao combater a sensação com seu frescor.

Palavras: 225

Legenda:
Falas do Hakuryū: — Texto — descrições. | Pensamentos do Hakuryū: "Texto" — descrições.
Falas do Nanabi: — Texto — descrições. | Pensamentos do Nanabi: "Texto" — descrições.

Hakuryuu Kinsetsu

A passos largos, Hakuryuu cruzou a passarela até a plataforma central e, então, tendo escolhido o sofá que mais lhe apeteceu, afundou-se no estofado macio. Só de adentrar naquela sala, quase gélida — do ponto de vista de um morador do deserto — imediatamente sentiu seu corpo relaxar.

Permitiu-se descansar por alguns minutos. Tinha muitas preocupações rondando sua cabeça. Como, por exemplo, o mistério acerca da saúde do Kazekage, que era vital de ser resolvido para a vila. Todavia, sem pistas relevantes, e sem condições de deixar a Cidadela do Deserto sem representar um risco a todos, o melhor que podia fazer era se permitir um pouco de descanso.

Algo que, para sua infelicidade, não durou mais do que algumas dezenas de minutos. O que lhe consolava, no entanto, era a curiosidade para saber o que o sensei e a veterana deveriam estar trazendo de novidade.

Ao que a figura encapuzada do mestre alcançou o topo da escada e começou a cruzar a passarela sobre a água, Haku imediatamente se levantou em respeito.

— Encontramos os últimos pedaços do diário, Hakuryuu — Ziusudra disse, enquanto caminhava a passos largos sobre os vãos de água. — Só que o próximo passo não vai ser nada fácil — de pé na entrada da plataforma, ele apoiou ambas as mãos sobre a bengala.

Palavras: 214

Hakuryuu Kinsetsu

— Aliás, pode ser necessário que nos dirijamos a um campo de treinamento mais afastado da vila — Terá com seu som de guizo, vindo logo em seguida, completaria após a segunda fala do mestre. — Os relatos detalham bem como proceder para dominar o chakra da besta por completo, mas nem de longe temos conhecimento suficiente quanto a tudo que pode dar errado — a mulher diria, de dentro dos diversos mantos negros que ocultavam seu rosto.

Hakuryuu engoliu seco. Afinal, aquele tipo de acidente era exatamente o que temia desde o dia em que a besta fora selada dentro dele. Paralisado por alguns instantes, percebeu que de nada adiantava ficar parado ali. Era definitivamente seguir a orientação deles.


— Certo. Então, partamos imediatamente — com um olhar meio consternado, Haku atravessou entre os dois, cruzando a passarela entre as águas e descendo a escada com presteza. — Vocês têm algum lugar em mente? — em bom-tom, já a alguma distância, sua voz ecoaria das escadas.

— Sim. Tenho um local perfeito em mente — curta, Terá seguiria logo atrás de Haku.

Plenamente confiante na aprendiz, Ziusudra seguiu ambos os pupilos sem nada dizer.


Ao que os três deixaram os grandes portões metálicos da cidadela para trás, com seu lento e pesado fechar, Terá já havia tomado a dianteira há algum tempo.

Palavras: 214

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Hakuryuu Kinsetsu

Sendo ela quem havia sugerido o local de treinos, o novato e o mestre apenas a seguiram sem questionar.

Nos minutos e horas que se seguiram, os três atravessaram as falésias de entrada da vila e se aprofundaram no deserto. Eventualmente, atingiram uma cadeia de montanhas e a kunoichi misteriosa os direcionou até uma grande caverna no sopé de uma das formações rochosas.

O interior era bastante amplo e alguns poucos buracos em um dos cantos do teto deixavam que uma quantidade de fachos de luz invadissem o ambiente, iluminando-o de forma razoável.

— Chegamos — a mulher coberta de negro freou sua caminhada. — O espaço é amplo o suficiente para caber a besta, mas também fechado o suficiente para que a besta não fuja para a vila — retomando sua caminhada, começou a circundar o enorme salão arredondado. — Além disso, basta um doton de Ziusudra-dono para facilmente soterrá-la sob a montanha e contê-la aqui — ela disse, enquanto voltava o vão sombrio sob o capuz para Hakuryuu.

Kin não precisou ver seu rosto para sentir um frio subir pela espinha. Terá era tão pragmática que chegava a ser impiedosa. A temia e, ao mesmo tempo, a respeitava por isso. Engolindo seco, dirigiu-se para o centro da galeria. Sentou-se em posição de lótus e, com os olhos fechados, atentou-se à audição.

Palavras: 213

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Hakuryuu Kinsetsu

Ziusudra se aproximou de Haku no centro.

— Onde está o selo? — ele perguntou em meio a alguns sons, que provavelmente eram preparativos. — Darei uma… Agitada nas coisas para que você possa enfrentar a besta — ele prosseguiu, enquanto Hakuryuu levava a mão esquerda sob seu peitoral direito.

Kin estava nervoso, claro, mas manteve-se em silêncio e concentrado para aprofundar o transe assim que possível.

— Sim, Hakuryuu, você deverá enfrentar a besta e subjugá-la como passo final para obter domínio do seu chakra — a voz de Terá ecoou ao longe, de um dos cantos da caverna.

Haku começou a se aprofundar cada vez mais. Por um tempo que não soube determinar, ele se sentiu caindo na escuridão. Até que, eventualmente, viu-se tocar mais uma vez o chão da cidade abandonada. As coisas já não pareciam mais tão degradadas quanto antes. As centenas de prédios ainda eram visivelmente velhos e abandonados. Todavia, já não estavam mais quebrados, tombados ou inteiramente desmoronados. Era como se tivessem regredido no tempo.

Ao que finalmente atingiu o local onde se recordava da besta estar, não teve tanto tempo de pensar. Alguma espécie de força externa, muito provavelmente alguma técnica aplicada por Ziusudra, enfraqueceu subitamente a prisão que impedia a Sete-Caudas de se movimentar. As correntes se afrouxaram, caindo no chão ao redor do corpo da besta.

— Lucky me! Heheheh!! — Nanabi gritou em comemoração, rapidamente alçando vôo em direção aos céus. — Agora você está frito, moleque! — a besta gritou dos céus, preparando uma esfera de puro chakra.

A princípio assustado, Haku tratou de retomar o controle do seu corpo e, então, criar uma defesa com seu Escudo de Pó de Ouro. Fazendo o fluxo de ouro ascendente surgir do chão, usaria movimentos de mãos para moldar as laterais do cone invertido em uma espécie de guarda-chuva e, então, finalizando-o num domo.

A explosão do lado de fora foi intensa. Haku apertou os dentes e, suando frio, manteve-se firme com sua defesa. Ao que o caos do lado de fora pareceu cessar, a barreira se desfez em pó de ouro.

Aproveitando-se da situação, Nanabi voava em uma descida vertiginosa, de cabeça para baixo, claramente visando atingir Haku com seu chifre. Kin novamente se viu perplexo diante de tamanha ofensiva. Entretanto, já no calor da batalha, não hesitou tanto em preparar manipulações para conter a besta. Um enorme fluxo ascendente, na diagonal para frente, cresceu na direção contrária à chifrada da besta. Não totalmente solidificado, o impacto fez com que algum pó de ouro fosse pulverizado pelo ambiente. Entretanto, isso também acabou por significar que o chifre da besta havia se afundado na sakin. Tendo planejado tal aspecto, Haku comprimiu prontamente a areia, prendendo a besta e magnetizando-a indiretamente.

— Grrr! Não passa de sorte de principiante! — presa na posição desconfortável, tentando se debater para sair da sakin, a besta bradou de cima.

Hakuryuu, contudo, não estava interessado em papo. Conduzindo seu chakra através do pilar de sakin, entrou em contato com o corpo de chakra da besta, grudando-os. Antes que a besta pudesse se dar conta, Kinsetsu rapidamente iniciou um cabo de guerra.

Ao que o pilar de pó de ouro se desfez, um espesso cordão de chakra, metade amarelo e metade avermelhado, permanecia no local. A porção amarela, do chakra pertencente a Kin, gradativamente diminuía, indicando que, apesar de lentamente, a vitória eventualmente seria sua.

— Maldito! Essa sua onda de sorte vai passar e é agora!! — a sete-caudas berrou, puxando a sua ponta da corda, fazendo o progresso frear.

Cerrando os dentes devido ao esforço para não deixar seu chakra seu puxado e dominado, Haku tentou vencê-la na força bruta. Entretanto, percebendo que chakra não era inteiramente questão de esforço físico e que seu desespero apenas o atrapalharia, ele decidiu manter-se firme e, de olhos fechados, concentrar-se no seu chakra amarelo. Finalmente domando seus sentimentos, Kin retomou o controle sobre o próprio chakra, terminando com aquele cabo de guerra de uma vez. Uma silhueta avermelhada, no mesmo formado do corpo da bijuu, saltou de dentro de seu corpo com a vitória de Haku, sendo imediatamente puxada para dentro do corpo do suna-nin, marcando sua completa vitória.

— Talvez para você não seja muito tempo. Mas se estou fadado a passar o resto da minha vida preso a você, quero que seja em melhores condições — de expressões sérias, envolto por uma aura de poder, Hakuryuu dirigiu-se à besta jogada no chão, cuja constituição parecia murcha.

— GRR! MALDITOO!! MEU CHAKRA! — erguendo-se com certo esforço, visivelmente enfraquecida, a besta se esforçou para produzir outra bijudama.

— Eu genuinamente acredito que essa nossa condição atual ainda pode se mostrar bastante benéfica e possamos ajudar muitas pessoas em suna… — de olhos cerrados, Kin levou rapidamente a mão ao selo em seu peito, dando-lhe força.

Centenas de correntes de aço ganharam vida, agarrando a besta por todas as direções. Interrompendo a conjuração da bijudama, logo sete-caudas se viu completamente envolto no que parecia um casulo de metal.

— Tsch… — conforme as correntes se retraiam, puxando o corpo da besta de volta para o local inicial, sua voz emergiu de dentro do casulo de ferro. — Veremos se você terá tanta sorte assim — sumindo ao ser arrastado para dentro da sombra de um dos prédios, sete-caudas finalizou em tom de deboche.

Finalmente reavendo sua paz interior, Haku retornou para o mundo exterior.

Na caverna, Ziusudra e Terá pareciam estar de cabelos em pé. O velho olhava para o pupilo com os olhos arregalados e com um selo de mão de prontidão para caso o pior acontecesse. Terá, por sua vez, externalizava um braço para fora dos mantos, carregando algum tipo de fuuda estranho. Os dois não souberam muito bem como reagir.

— Acabou — sorrindo sem graça, Haku se levantou e bateu a poeira do seu Ars Occulta.

A guarda de ambos imediatamente baixou, estavam visivelmente aliviados.

— Sabia que conseguiria, Hakuryuu-kun — com um sorriso ambicioso, o mestre o elogiou.

— Meus parabéns, Hakuryuu-san — curvando levemente o corpo oculto em camadas e camadas de mantos negros, Terá disse com um tom mais leve.

Seu controle de chakra ainda não estava lá aquelas coisas, mas definitivamente o chakra estranho dentro dele estava mais comportado. Assentindo com a cabeça para ambos e efetuando uma reverência para cada, agradeceria ao mestre e à veterana.

— Mas, sem vocês, eu não teria conseguido — completaria, em meio às reverências de agradecimento.

Recolhendo as coisas, os três eventualmente deixaram aquela caverna para trás. Então, após algumas horas de caminhada, finalmente chegaram ao portão da vila. De lá, todos se despediram e cada um seguiu seu rumo. Especialmente contente com aquele resultado, Haku decidiu ir diretamente para casa. Comemoraria naquela noite.

Palavras: 1099

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