[OnePost] – Goddess of Calamity

Mei saiu do gabinete já tarde da noite, os olhos levemente pesados pelo cansaço. A lua pairava alta no céu, banhando Kirigakure com seu brilho pálido, enquanto a névoa noturna, menos espessa do que durante o dia, permitia que algumas estrelas piscassem de vez em quando. O vento frio e úmido soprava através das ruas quase desertas, trazendo consigo o cheiro salgado do mar próximo e o murmúrio distante das ondas que se chocavam contra os penhascos. Mei respirou fundo, apreciando o silêncio raro da aldeia. Por alguns momentos, ela podia esquecer as responsabilidades que vinham com seu título, apenas uma figura solitária em meio à quietude da noite. Seus passos a levaram instintivamente até a Pedra Danketsu, um monólito imponente que se erguia na frente do prédio principal da aldeia. A rocha negra e áspera absorvia a luz da lua, sua superfície permanecia impenetrável. Para a maioria, era apenas um marco histórico, mas para Mei, a pedra escondia segredos mais profundos, revelações aguardando serem desvendadas. Ela parou diante dela, olhos semicerrados, como se pudesse ler o que estava além da pedra. O silêncio ao redor era quase total, interrompido apenas pelo som suave da água pingando das folhas, ecoando como um sussurro no vazio da noite.

Com um movimento suave, Mei ativou o Rinnegan, os olhos mudando para o dourado absoluto característico e anéis se formando ao redor das pupilas. A Pedra Danketsu, em sua visão, reagiu imediatamente à presença do dojutsu, as palavras gravadas em sua superfície se distorcendo, se embaralhando e tomando novas formas. As inscrições antigas se rearranjaram, revelando segredos que haviam ficado escondidos por incontáveis gerações. Mei inclinou a cabeça levemente, os olhos captando cada traço das palavras que emergiam. “Um Uchiha que desperta o Rinnegan tem o destino em suas mãos,” ela murmurou para si mesma, repetindo mentalmente as palavras. “Seus olhos são capazes de utilizar poderes quase divinos, que devem guiar o mundo à paz ou a um novo estado de completa calamidade.”

Ela permaneceu ali, fitando a pedra, enquanto refletia sobre as palavras. O Uchiha que desperta o Rinnegan tem o destino em suas mãos. Aquelas palavras ecoavam em sua mente, trazendo uma sensação de poder, algo que a ruiva conhecia bem. Pensou em Yohma, o único, além dela, que ela conhecia que fora capaz de despertar aquele poder. Um sorriso quase imperceptível surgiu em seus lábios ao pensar no assunto. Se alguém iria usar o Rinnegan para mudar o mundo, então seria ao lado dela, ao lado da família que ambos construíram.

Ou um novo estado de completa calamidade. A frase soava como uma promessa, não uma ameaça. Mei entendia mais do que ninguém que o verdadeiro poder não vinha sem sacrifícios, sem um preço a pagar. As calamidades poderiam muito bem ser o preço necessário para proteger aqueles que amava, e se era isso que o destino exigia, ela estava mais do que disposta a pagar, fossem quais fossem. Seus olhos voltaram a se concentrar na pedra, as palavras cintilando levemente sob a luz da lua. Sabia que como mãe, sua primeira e maior responsabilidade era para com seus filhos, sua família. Mei não se iludia com noções de bondade ou altruísmo. Ela sabia que era egoísta, que colocava sua própria família acima de tudo, e não sentia remorso por isso. A paz que almejava não era para o mundo inteiro, mas para aqueles que ela amava. Se o mundo precisasse queimar para que seus filhos e Yohma pudessem viver em segurança, então ela acenderia a primeira chama. Ela não era uma heroína, nem pretendia ser. Estava disposta a fazer o que fosse necessário, mesmo que isso significasse levar o mundo a um estado de calamidade. Afinal, o poder não era para ser contido ou temido, mas sim utilizado com propósito. E Mei tinha um propósito muito claro.

Com uma última olhada na pedra, desativou o Rinnegan, sentindo o peso das palavras gravadas em sua mente. Ela se afastou, e com cada passo, seu coração se enchia de certeza. Ela não era uma boa pessoa, e nem precisava ser. Enquanto tivesse o poder para proteger o que era seu, enquanto tivesse o controle do destino em suas mãos, nada mais importava.

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