A brisa suave do entardecer soprava gentilmente através das pequenas aberturas na parede de pedra, trazendo consigo um sutil aroma de jasmim e poeira do deserto. A luz do sol poente pintava o ambiente com tons de dourado e laranja, criando um contraste vívido com as sombras alongadas que dançavam pelo chão de terra batida. No Castelo das Rochas Sussurrantes, o ar estava pesado com o aroma terroso do incenso queimando em um canto, preenchendo a sala com uma serenidade quase palpável. O Senju estava sentado à sua mesa robusta de madeira, os olhos fixos em uma série de pergaminhos e esquemas espalhados diante dele. Suas mãos se moviam com delicadeza, deslizando sobre o papel desgastado enquanto examinava cada linha com atenção. O silêncio envolvia a sala, interrompido apenas pelo ocasional crepitar do incenso e o distante sussurro do vento.

De repente, uma mudança quase imperceptível no ambiente fez o Prodígio erguer a cabeça. Era como se o ar ao seu redor tivesse se transformado, carregando uma presença imponente. Seus sentidos, normalmente aguçados, não haviam captado qualquer som de passos ou o leve deslocamento do ar. Mesmo assim, ele sentiu, com uma certeza inexplicável, que não estava mais sozinho. Levantou-se lentamente, os olhos se arregalando levemente em uma mistura de surpresa e curiosidade contida. Ali, na entrada de seu aposento, estava Ubuyashiki, o chefe-maior da Anbu da Aldeia da Areia. A figura exalava uma aura de cortesia e calma tão profunda que parecia dominar o ambiente.

— Ubuyashiki-sama? — A voz do jōnin quebrou o silêncio, carregada de respeito e surpresa. Seu coração batia mais rápido, mas ele manteve a compostura, apenas seus olhos levemente arregalados traíam o espanto que sentia.

Ubuyashiki inclinou a cabeça ligeiramente, um gesto quase imperceptível de reconhecimento. Seus olhos serenos fixaram-se em Maeda com uma intensidade gentil. Vestia as tradicionais roupas da Anbu, mas nelas havia um ar de solenidade e gravidade ainda mais marcante. Cada detalhe de sua presença – o manto que flutuava ao redor de seu corpo, a postura impecável, a expressão imperturbável – contribuía para a impressão de que ele era um enigma vivo, um mistério envolto em carne e osso. Ele não precisou se mover para capturar a atenção do anfitrião; a aura de autoridade e tranquilidade que emanava era suficiente para a capturar. Sem sequer um movimento, começou suas diretrizes.

— Maeda — disse ele, carregado de uma gravidade inconfundível. — Achei pertinente vir falar com você pessoalmente desta vez. — o tom imutável — Houve uma convocação e uma reunião recente de Harikēn com o representante do Daimiyo. Infelizmente não é o momento de ficar a par de todos os detalhes, mas precisa se preparar e encontrar com o resto do esquadrão nos portões do vilarejo o mais rápido possível. Desta vez, você não vai como Ryū, a serviço da Anbu, mas como Maeda. Como seu mentor, devo alertá-lo sobre a importância desta tarefa. Sei que seu estilo é agressivo e destrutivo, mas desta vez, considerando que estará fora dos limites do País do Vento, é imperativo que proteja o Kaguya.

As palavras pairaram no ar, imbuídas de uma seriedade que o Senju não podia ignorar. Ele desviou o olhar, refletindo profundamente sobre as implicações da nova missão. A proteção da Sombra do Vento significava uma mudança completa em sua abordagem usual de combate, apesar de já ser sua função. O peso da responsabilidade assentava-se sobre seus ombros como uma armadura invisível. Quando levantou os olhos novamente, Ubuyashiki já não estava mais ali. O líder da Anbu havia desaparecido tão silenciosamente quanto surgira, deixando o capitão sozinho com seus pensamentos e a missão iminente. Sem a opção de não seguir as instruções de seu mentor, dirigiu-se ao quarto. Seus passos ecoavam suavemente no chão de pedra, um som que parecia amplificar a solidez de sua missão de forma poética. Ao entrar no aposento, a familiaridade do ambiente trouxe-lhe um breve conforto. A luz suave do crepúsculo penetrava pelas janelas, iluminando seus pertences de forma tênue e evocativa. Ele se aproximou da bolsa de armas e materiais, disposta cuidadosamente sobre a cama. Com o toque de suas mãos, abriu a bolsa e começou a verificar seu conteúdo. As bombas, kunais e shurikens estavam no lugar, organizadas meticulosamente. Fez questão de inspecionar cada item, assegurando-se de que tudo estivesse em ordem.

O pé direito tocou a borda da janela junto de ambas as suas mãos, firmes enquanto uma última vez, por sobre o ombro, lançou um olhar para o interior da moradia. Foi com um impulso sútil que lançou-se na direção da avenida, apoiando-se como o gatuno que era pelas paredes de adobe que cruzaria em direção ao portão. Não era mais do que um vulto transpassando os céus acima dos aldeões que nem ao menos davam-se conta da presença. Ele passou muito menos que um par de minutos para se ver diante do imenso arco, sobre o parapeito de um dos prédios que circundavam a região. Ninguém chegou ainda, pensou consigo mesmo ao lembrar-se de Ubuyashiki mencionar um esquadrão, saltando na direção do solo que não ficava a mais de cinco metros. Pousou sem forçar os joelhos em um movimento flexionar, algo esperado a partir de sua experiência. Caminhou a passos relativamente lentos em direção ao construto até ficar categoricamente abaixo dele. O vento noturno, gélido à sua maneira, esvoaçava a capa negra que cobria a armadura arroxeada que utilizava sobre as suas vestes padrões. Seus cabelos passavam pelo mesmo efeito, o cheiro do deserto se misturando com seu perfume.


— Parece que vamos nos divertir um pouco — o tom irônico e inconfundível da besta em seu interior ecoou por seu subconsciente. Sua resposta em positivo era o silêncio.  No instante em que seus companheiros chegassem tomaria como rumo o destino, sobre as ordens do Kaguya. Os cumprimentos seriam sucintos, visto seu foco, e deixaria os diálogos para ao longo da viagem.

Depois da conversa com o Assistente do Senhor Feudal devido a estranha e continuada indisposição do Lorde Ishtar, Shikakku no Harikēn precisou repensar sua rotina de treinamentos. O dia-a-dia do Gabinete e de seu Boticário deixam poucos momentos para o especialista em taijutsu cuidar de seu corpo, sua principal arma ninja.

Precisando cumprir sua palavra depois de colocar todo o peso do sucesso da delegação da Vila Oculta da Areia em seus próprios ombros, o jovem Kazekage passou os dias de preparação saindo mais cedo de suas atribuições no seu gabinete, o que acabou resultando num acúmulo de relatórios a serem lidos em sua mesa de trabalho, fazendo-o ter que mover algumas de suas plantas para poder fazer novas pilhas em sua mesa.

A rotina de treinamento de preparação para a ação militar era intensa. TInha como parceira de treinos a kunoichi de seu Clã, Albeda Kaguya, como companheira de treinos, a Shinobi reclamou algumas vezes de não ter sido incluída naquela incursão militar, mas as ordens do pai dela eram claros e ela deveria tentar se aproximar do Kazekage a todo momento.

Quando chegou o dia e a hora marcada para iniciar a operação militar, o Mestre da Botânica tentava se manter tranquilo. A situação política em seu Vilarejo era conturbada e sair da mesma para resolver uma situação em outro país era arriscado, mas minar o poder da Boryukudan era algo que, para o Líder Militar da Vila Oculta da Areia era de prioridade máxima.

Chegando no ponto de encontro nos portões da Vila, o Kazekage tentava andar e se portar de maneira séria, com um semblante estoico, tentando manter uma face séria e comprometida como imaginava que o momento pedia. Quando chegou, avistou seus parceiros de equipe Hakuryuu Kinsetsu e Maeda Senju, O que quase fez com que ele deixasse a “máscara” que portava em sua face cair com um sorriso, mas manteve as aparências, se limitando a um aceno com a cabeça para os dois colegas do Kinkotsu no Mori. Ainda faltava chegar o menino Jounin, ainda mais jovem que Ken era quando se tornou Jounin, o que causava um sentimento estranho no Kaguya.

Aguardaria mais alguns instantes para que Kabane chegasse. Quando ele chegasse ou, caso o menino demorasse a ponto de atrasar a operação, Ken lideraria seus ninjas para além dos portões de seu Vilarejo, em direção ao ponto de encontro em Hachō Mura.

— Despejados? Como assim?
— A espécie humana é realmente interessante, tão evoluída e ainda precisa pagar para ter um lugar onde morar.
— Deve ter algum jeito de resolver isso…
— Sinto muito, senhor Kabane! Eu só estou fazendo o meu trabalho. — respondeu o oficial. — Mas não se preocupe, terá até o fim da noite para retirar os seus pertences.

A situação estava mesmo complicada, como eu iria remover as coisas e procurar um lugar para dormir? Mas antes mesmo que eu pudesse refletir sobre a situação de ser despejado por não pagar o aluguel, um ninja mascarado se aproximou.

— Senhor Kabane, jovem Panda… Que bom encontrá-los aqui! — entregou o pergaminho da convocação. — Desculpe a demora, tive dificuldades para encontrar sua moradia. O senhor foi convocado para uma missão especial de última hora, é melhor se apressar!
— Ótimo! Eu não precisava mesmo de uma casa, eu precisava de uma missão de última hora…

Joguei as chaves da moradia ao oficial e deixei o pergaminho da missão nas mãos seguras de Panda. Estava pronto, com as vestimentas padrões e todos os equipamentos necessários para qualquer missão ninja, torci que fosse o suficiente para uma missão especial. Deixei para trás o bairro residencial e caminhei na direção do portão do vilarejo, local que Panda indicou ser o ponto de encontro com os selecionados.

— Olá senhores! Sou Kabane e este é o meu parceiro Panda. Estamos aos seus serviços. — Encarei os veteranos na minha frente e senti um frio na barriga ao imaginar que seria uma missão tão difícil a ponto de eu precisar acompanhar os melhores da vila. Feito uma ligeira apresentação, os acompanharia no momento da partida.