A caminhada para a fronteira que o levaria para Kirigakure no Sato era bastante tranquila, sem nenhum perigo desafiador até aquele momento, o levando a concluir que os verdadeiros desafios começariam quando entrasse no barco e então tivesse que entrar em contato com o oceano mais uma vez. Enquanto seguia a sua viagem tranquilamente, ele se lembrava das coisas que lhe ocorreram em Kumo. Acabou dando uma risadinha leve, mas rapidamente pensou na carta que recebeu assim que chegou em Konoha.

Kumogakure, a alguns dias atrás…

Após concluir a missão envolvendo a família Tsukumo, Nathaniel resolveu dar um último passeio nas noites de Kumogakure, antes que pudesse retornar para Konoha. Como não conhecia a vila direito, foi difícil achar um bom lugar, mas de repente, alguém cruzou o seu caminho, para a sua alegria. Era a jovem Midori, que o ajudou a se recuperar depois da primeira batalha contra Tsukumo Seiki. Ela abriu um sorriso quando se deparou com o Sannin, correndo até ele.

── Nathaniel-sama, que bom que você está vivo! Eu senti muito receio de você não conseguir sobreviver, mas você está a altura da lenda. ── ela disse com os olhos brilhando, mas demonstrando preocupação com algo.
── Eu só tive muita sorte, Midori. Mas e como o outro carinha está? ── perguntou curioso.
── Ele despertou, e está bem irritado por quase ter morrido por causa do patrão. Ele se reuniu com os outros funcionários para discutirem uma forma de conseguirem o pagamento pelos serviços. Você soube que alguns foram presos por roubarem pertences da casa? ── ela questionou, mas era algo que Nathaniel sabia que tinha acontecido. ── Eles estão sendo julgados nesse momento. É capaz deles pegarem 10 a 20 anos de cadeia. Eu estou indo para o tribunal me juntar ao protesto que está ocorrendo. ── comentou.
── Isso tudo por um roubo mínimo? Eles nem analisaram o contexto! ── respondeu irritado. ── Onde eles estão? ── perguntou para a moça.

Em cinco minutos, Midori levou Nathaniel para a frente do tribunal onde o julgamento ocorria, onde haviam manifestantes pedindo por justiça pelos trabalhadores presos. Havia um pequeno grupo de repórteres que cobria a notícia, afinal, um homem rico de Konoha havia sido lesado e feito o papel de vítima na televisão. O julgamento era feito em tempo recorde, o que levava a muitas suspeitas, pois sairam direto da delegacia para serem julgados. Ao verem o Sannin de Konoha, os repórteres correram na sua direção.

── Nathaniel-sama, o que está achando da nossa vila? Qual foi o motivo da sua viagem? ── questionou uma repórter.
── O motivo da minha viagem é o motivo que me trás até aqui. Lá dentro, algumas pessoas estão sendo julgadas por roubarem pertences do seu patrão. Será que eles sabem por que eles tiveram que recorrer a esse ato? Nenhum trabalhador honesto recorre a práticas ilícitas por ganância, mas por necessidade. ── avisou, apontando para o tribunal.
── Você está dizendo então que concorda com a atitude deles? ── questionou.
── Eu digo a vocês que todos eles estavam com pagamentos atrasados, tudo por conta de um patrão prepotente e sem nenhum pingo de consciência de classe, que gastava tudo o que ganhava sem mover um músculo em festas e viagens, enquanto seus empregados passavam necessidades. Nós, trabalhadores, temos necessidades, contas a pagar, pessoas para sustentar, e ninguém se importa quando nossos salários atrasam, nem mesmo nossos estômagos. Então quem deveria estar lá dentro sendo julgado era Tsukumo Daisuke, mas quanto tempo demoraria para levar um homem rico a julgamento? Eu digo a vocês! A família dele é acusada de diversos crimes, dos crimes financeiros aos crimes hediondos, e quantos deles estão presos atualmente? Nenhum! Aliás, estão todos mortos! ── bradou sem nenhuma cerimônia.

Aquela informação causava um grande espanto nos repórteres e nas pessoas que estavam perto. Nathaniel se mantinha firme em sua postura, mantendo os braços para trás, encarando aqueles repórteres sem nenhum medo.

── Você diz que eles roubaram o patrão por necessidade, mas eles não poderiam ter se reunido com o chefe para exigirem o pagamento, ou buscarem pelos meios jurídicos para isso, ou até mesmo terem negociado com o patrão? E uma outra pergunta: você disse “Nós, trabalhadores”. Você acredita que um shinobi é da classe igual a todas as outras, visto que são responsáveis por governar as vilas? ── um repórter quis saber.
── Negociar com o patrão? Em que mundo você vive? Um homem que não move um músculo para dar uma vida digna para os seus funcionários, mesmo tendo totais condições para isso, jamais se prestará a negociar. Os donos do dinheiro, a classe burguesa, controla tudo, desde os juízes até o conselho. Esse filho da puta do Daisuke iria protelar o pagamento até onde pudesse, enquanto os seus empregados contrairiam dívidas e não teriam como arcar com um processo longo desses. E sim, nós, shinobis, somos da classe trabalhadora. Gennins, Chuunins, Jounins, Kages… Todos nós servimos ao nosso vilarejo e ao nosso país, mas como eu disse, aqueles que são donos da terra e do ouro são aqueles que controlam os lordes feudais, os políticos, os juízes e até mesmo alguns shinobis. São eles que encomendam as grandes missões que são feitas ao redor do mundo, recrutando sempre os ninjas mais fortes. ── ele falou de forma veemente. ── Vocês nunca questionaram porque Gennins fazem missões de empregados, enquanto que os Jounins fazem missões para fazendeiros e magnatas? Se um comerciante comum quiser uma escolta, ele só poderá pagar por Gennins e Chuunins. Em situações de invasão, os ninjas de menor graduação protegem as pessoas, enquanto os mais fortes protegem as propriedades. Eu digo a vocês que devemos valorizar as pessoas das nossas vilas, e é por isso que eu também digo que o que está acontecendo ali é um absurdo, é o sistema protegendo os ricos dos pobres! É por isso que eu digo que todos os fatos devem ser analisados criteriosamente, então um veredito justo deve ser dado, e enquanto não houver condenação, esses trabalhadores devem ter o direito de andarem livres pelo vilarejo! ── avisou, inflamando a população do lado de fora.

A ira deles era tanta que eles invadiram o tribunal, exigindo que o julgamento fosse adiado e que todos os lados fossem averiguados. Diante do apelo de uma parte da população, o julgamento era adiado, e eles concordavam em deixar os trabalhadores acusados de roubo sairem livres, desde que ficassem no vilarejo e aguardassem julgamento. Aquilo foi visto como uma grande vitória para as pessoas, enquanto Nathaniel assistia tudo com um sorriso no rosto, feliz de ter contribuído para que uma grande injustiça fosse reparada. Graças a sua reputação, as pessoas haviam se mobilizado para algo grandioso.

Atualmente

── Talvez seja isso que a carta esteja falando. ── pensou alto, vendo que estava a poucos metros do porto, onde pegaria um barco para Kirigakure no Sato, se dirigindo para lá.