A notícia da morte de Ryuuzaki chegou em todas as pessoas com alguma proximidade com ele através de cartas enviadas por Nathaniel. O líder dos Garotos tinha sido desqualificado como um shinobi devido a eventos anteriores que levou ele e os outros (exceto Nate) a não serem convocados mais para missões importantes. Mesmo assim, ele continuou lutando por Konoha e pelo ódio que sentia por Kiyoshi. Mas a sua guerra contra o ex-policial de Konoha tinha acabado, assim como a guerra de Nathaniel contra Abraham. Tudo havia terminado.

O enterro de Ryuuzaki era num final de tarde nublado e extremamente frio, e o local era o Templo da Fênix, a nova morada do Sannin de Konoha. Uma carroça tinha sido comprada para colocar todos os pertences do ruivo, além de fotos dele. Nathaniel, Kimiko, River e B.A carregavam o seu caixão, colocando ele dentro da carroça. Abaixo dele, havia diversas madeiras banhadas com óleo. O Grey das Trevas viu todos os que estavam ali: Masako chorava copiosamente nos braços de Erasmus, o seu noivo, enquanto Ravenna permanecia ao seu lado. A ex-mulher de B.A estava ali com os seus filhos, apoiando bastante o homem com quem tinha construído uma vida um dia. Também estavam lá Elleanor, Rachel, Reina e Magnus, o Tio também se fazia presente, assim como Yamanaka Indira, ex-esposa de Ryuuzaki, com uma garotinha ruiva.

Naquele momento, Nathaniel entendeu o que todos os Garotos tinham deixado para trás em nome do ódio e da vingança. O Grey tinha lido o diário de Ryuuzaki, e então entendeu tudo.

B.A pegou a carta de despedida de Ryuuzaki, lendo-a em voz alta.

── ”Começo essa carta pedindo perdão por todas as coisas ruins que eu fiz. Eu poderia enumerar todas as minhas falhas, mas eu não tenho saco para escrever tudo isso em uma carta grande. Saiba que tudo o que eu fiz, mesmo sendo um completo cuzão, foi pensando em cada um de vocês. Agora, sem a minha presença nesse mundo, vocês podem viver uma vida feliz! Vivam as suas vidas, amem intensamente, esqueçam o passado. Já eu, seguirei neste mundo como um espírito vagante, desbravando novos mundos… Assim espero. Enfim, tornem-se melhores, porque vocês são as pessoas mais incríveis que eu já conheci. Sonhem alto, voem mais alto ainda, e tornem-se as estrelas que iluminarão os céus deste mundo sombrio e poluído. Eu confio em vocês para isso. Com amor, Ryuuzaki…” ── ele falou diante de várias lágrimas das pessoas ao redor.


Nathaniel acendeu a fogueira abaixo da carroça, observando ela queimar ao lado de sua mãe e da sua irmã, enquanto ficava com o rosto virado para baixo. Nunca mais veria Ryuuzaki, e por mais que estivesse extremamente decepcionado com as descobertas que fez sobre o passado do ruivo, não desejava a sua morte, e sim confrontá-lo e acertar as suas contas com ele, mas não seria mais possível. Se limitaria somente aos diálogos em sua mente, que nunca poderiam ser concluídos.

Depois daquele dia, Nathaniel passou a ter menos contato com todos os presentes, tirando os seus familiares. A primeira atitude que tomou foi enviar uma carta para Ravenna e para Reina, pedindo perdão por não poder estar mais presente nas suas vidas, entendendo finalmente o que B.A tinha lhe dito. No final de tudo, ele acabou partindo o coração das duas moças ao dizer que elas seguirem em frente e encontrarem um novo amor, pois ele não poderia dar a ela o amor que elas mereciam.

Mesmo não perguntando, Rachel contava para Nathaniel os fatos. Naomi, por exemplo, decidira partir para Iwagakure no Sato, onde recomeçaria a sua vida. Segundo a irmã caçula de Nate, ela queria ir para um lugar onde ela lembrada pelos amigos como “a garota que quebrou o coração do Sannin de Konoha”. Enquanto isso, River e Kimiko assumiam o relacionamento deles, e B.A conseguia o perdão de sua esposa, que retornara com os seus filhos para Konoha. Masako estava de casamento marcado com Erasmus, mas pedira mais um tempo para se recuperar da perda do sobrinho, e sua mãe Elleanor estava decidida a recomeçar a sua vida, mas em Silvermoon.

Numa dessas noites solitárias, Nathaniel sentou no chão, encostando a cabeça na cama, engolindo umas pilulas para ajudar em sua insônia, bebendo como whisky. Depois, acendeu um cigarro, ficando a olhar para a Lua, fumando um pouco. Como sua mãe e sua irmã já tinham ido embora, não havia mais sentido se policiar tanto. Seu olhar frio, apático, observando tudo da janela, solitário, sem vida.

Ele então refletiu sobre tudo o que tinha acontecido com ele durante os últimos três anos, e chegou a conclusão de que tinha conseguido tudo o que tanto desejava. Havia se vingado de todos os que tinham lhe feito mal, de alguma forma: Naomi, Abraham, Solomon, Kiyoshi. O seu antigo amor tinha sofrido as consequências das suas escolhas, a ponto de ter que deixar Konoha. Seu irmão adotivo estava preso, e tanto Solomon quanto Kiyoshi estavam mortos.

Ele havia se tornado muito mais forte, lutando ao lado de grandes shinobis, tendo a sua força reconhecida por vários Kages e shinobis de alta patente. Ele era o Sannin de Konoha, o Mensageiro do Caos, o Escolhido, o Guardião da Paz, um shinobi famoso no mundo inteiro, uma referência entre os Greys, o homem que tinha salvo o mundo três vezes, e matado Ootsutsuki Kaguya, o herdeiro do Martelo da Luz e dos ideais de pacificação entre os clãs. Dono de um grande templo no centro de Konoha, cheio de dinheiro e com muitas mulheres querendo ser sua esposa. Ao pensar nisso, o Grey foi as lágrimas.

Nathaniel Grey havia conquistado tudo, mas não tinha nada.