Inesperadamente Noboru havia recebido uma segunda tarefa dos líderes do vilarejo que estavam bem felizes com os resultados da colonização. Ele havia se saído bem em lidar com aqueles que estavam atrapalhando a prosperidade de Yukigakure e agora havia sido enviado em outra viagem, desta vez para a ilha da cachoeira, situada entre o país da terra e o país do ferro. Ele não sabia se haviam boatos ruins rondando o vilarejo dessa vez, mas não custava nada checar seu estado e, em caso de estar tudo bem, tentar uma colonização pacífica. Ele havia saído durante a madrugada desta vez e seguido de barco até o país das fontes termais, por onde viajaria a pé, pelo menos parte do trajeto, em direção a Takigakure. A certo ponto, Cubellios se prontificou a carregar o seu mestre, como o animal leal e prestativo que era. — ...Me avise se ficar cansada. — ele pediu; não gostava de pedir que a serpente lhe servisse de transporte em viagens longas justamente para que ela não fizesse esforço demais.

A viagem foi rápida, apesar da distância, e enfim ele avistou a enorme cachoeira que indicava estar perto da vila, afinal aquela era a marca daquele local. Logo Cubellios pairou perto da cachoeira e, muito mal ela pousou, puderam notar a movimentação dos matos ao seu redor, surgindo então três homens e duas mulheres que carregavam em suas testas as bandanas daquele vilarejo. Provavelmente eles haviam notado a serpente alada e se alarmaram, o que fez Noboru suspirar; teria que lidar com eles de forma rápida e sem grandes danos, visto que não estava ali para gerar qualquer tipo de confronto grandioso com o vilarejo. Assim que os shinobis avançaram contra ele, Noboru energizou as mãos com seu ninjutsu médico e se defendeu com elas, cortando os sinais elétricos de cada um que tinha contato com suas mãos e seu ninjutsu medicinal. Era a forma mais prática que conhecia de imobilizar eles, afetando sua coordenação motora e impedindo que o sistema nervoso entendesse e respondesse corretamente aos comandos do cérebro.

Com todos efetivamente fora de combate, o médico pegou os cipós de uma árvore e usou para prender eles contra ela, mesmo sabendo que eventualmente eles poderiam se soltar, caso o efeito da técnica passasse. — Eu vim em missão de paz. Só relaxem aí enquanto eu troco uma ideia com o líder de vocês. — disse e seguiu em direção ao que seria o vilarejo, adentrando nele sem grandes dificuldades por já ter derrubado o pequeno grupo anteriormente. Além do ponto de referência que era a enorme cachoeira, que dava o nome a vila, o médico pôde notar também que ela parecia ter sido construída em volta a uma grande árvore. Os olhos cinzentos do rapaz exploravam o vilarejo com calma e ele notava que recebia de volta alguns olhares curiosos dos moradores. "Talvez não estejam acostumados a receber visitantes." constatou mentalmente enquanto caminhava. A certo ponto, Noboru notou uma criança ruiva que brincava na frente de casa e assobiou para a mesma, chamando sua atenção. — Então, garotinha… será que pode me ajudar? Pode me dizer para que lado fica a casa do líder da aldeia? — ele questionou e a mocinha assentiu, orientando o rapaz pacientemente.

Tendo seu senso de direção definido, Noboru se dirigiu a passos vagarosos para onde viveria o líder daquela aldeia. Diferentemente do líder de Yukigakure, ali a residência do representante não era tão luxuosa; ele vivia como o seu povo. É claro que isso não o impedia de ter seguranças, e por isso dois ninjas surgiram, avançando em direção ao médico com algum tipo de espada em mãos. Noboru recuou em um backflip rápido, sendo capaz de sentir as lâminas passando perto de si ainda sim. Sem dar tempo para o mesmo se recompor, os shinobis avançaram com mais afinco, mas algo retirou seus movimentos; duas serpentes brancas e fortes haviam deslizado para fora das mangas de Noboru e rodearam os shinobi, restringindo completamente os movimentos deles com as espadas. — ...Eu não vim brigar. Podemos resolver isso pacificamente. — disse olhando de um para o outro com a expressão neutra. Ambos não se importaram com a fala e se moveram para tentar se livrar das cobras, recebendo do médico os mesmos golpes usados nos shinobis da entrada; ele cortará os sinais elétricos do cérebro, bagunçando a coordenação motora da dupla.

Logo ele ouviu um bater de palmas que chamou sua atenção, fazendo o mesmo franzir o cenho. Um idoso, na casa dos 50 anos, estava observando a luta com um sorriso que confundia o médico. — Você é um rapaz muito talentoso, posso saber o que o traz aqui? — o idoso indagou e Noboru recolheu suas serpentes, afinal os outros não poderiam mais se mover. — Eu vim em nome de Kirigakure. Não quero problemas com a sua aldeia e… perdão, mas tive que imobilizar os seus ninjas. Você é o líder da vila?

— Eu mesmo. — ele respondeu, rindo. — Venha, entre, vamos conversar…

Noboru aceitou, seguindo o idoso para dentro da residência. O médico foi conduzido até um pequeno dojo, onde, por um momento, ele achou que enfrentaria o mais velho, quando na verdade eles apenas se sentaram com um tabuleiro de shogi entre os dois. Noboru olhou para o idoso que sorria e organizava as peças; aparentemente iriam jogar, Noboru querendo ou não. — Estava contando os dias para um de vocês aparecer. Eu estou velho, quase me aposentando, é claro que uma das grandes vilas iria vir tentar me derrubar e tomar meu lugar. — ele se pronunciou após longos minutos em silêncio, onde ele e o médico já até haviam começado a jogar, visto que Noboru estava apenas dançando conforme a música. — Por isso estamos jogando? Derrotar você será por meio do shogi? — ele questionou, mais curioso do que qualquer outra coisa, afinal ainda não havia entendido qual era a do mais velho. — ...Na verdade, nenhum desses ninjas me proporciona uma partida interessante e você era carne nova… por sinal está conseguindo se sair bem, mesmo que não seja alguém brilhante. — disse o velho, arrancando uma risada seca do imortal. — Vou preferir levar como um elogio…

— ...Ora, mas que surpresa… — o idoso murmurou, um pouco incrédulo ao perceber que o moreno havia preparado uma armadilha sutil e vencido a partida. — Parece que eu fui sagaz o bastante para te vencer… e então, sobre a colonização… — o moreno foi cortado pelo idoso que sustinha a expressão divertida e sorria para ele. — Irei me render e permitir a vinda de Kiri. Mesmo que eu lutasse com você, acho que não poderia te vencer, Noboru Inaba… está ficando conhecido. Você me venceu de forma limpa na partida, além do mais, estou perto de me aposentar, eu poderia te derrotar hoje, mas deixaria a vila nas mãos dos meus shinobis sem estarem aptos a fazer o mesmo no futuro?... Não poderia. Informe ao seu Kage que eu me rendo, irei anunciar isso ao vilarejo.

O idoso concluiu e foi saindo, deixando um Inaba surpreso o observando se afastar. De fato, o líder do vilarejo honrou com sua palavra e anunciou que iriam ser colonizados por Kiri, para que a vila da cachoeira pudesse prosperar como outras e os habitantes não pareceram incomodados; confiavam no mais velho. Enquanto isso, Noboru seguiu seu trajeto de volta para o seu vilarejo para passar o relatório aos seus superiores.

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