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Era uma noite fria e límpida quando Czërny nasceu do ventre de uma de suas duas mães, Öphélia e Kyzame - ele era o maior desejo de ambas. Ao lado, acompanhando tudo, desde a inseminação ao parto, Tombuo, pai de Öphélia, aquela que agora possuía seu primogênito em seus braços, sorrindo apesar do cansaço que jazia em todo o seu corpo. Czërny era tudo o que eles mais queriam, e provindo do amor, seu caráter seria constituído sob isso.

Desde muito novo, Czërny sempre demonstrou independência e um bom coração. Extremamente parecido com Öphélia, suas feições e detalhes de seu rosto recorriam muito à mulher, esbelta, de madeixas longas e tão brancas que reluziam por onde quer que estivesse; consequentemente, alguns vestígios de Tombuo também ressoavam nos olhar impetuoso do menor, que parecia vislumbrar tudo com ansiedade, querendo ver, saber e compreender - e não era atoa que o velho, percebendo essa semelhança, fugia com Zy pelos arredores de Konoha, mostrando-o tudo, deixando-o enxergar e assimilar o que cada coisa tinha para oferecer (não deixando de se encrencar algumas dessas vezes). E, é claro, Kyzame não ficou para trás: ela talvez fosse a influência mais forte do comportamento do tenro kunoichi, quem sabe por ter sido a mais dura dentre os três. Enquanto Öphélia mostrou-o a beleza dos entre-meios que há em tudo e em todos, o respeito, e a valorização de cada indivíduo; e Tombuo o levava para cruzar os limites da realidade, seja do que viviam, do que viam, do que escutavam, falavam e até comiam; Kyzame o embarcava no semblante mais duro da vida - e até da morte.

Quando Zy já era capaz de fazer quase tudo com autonomia, foi quando Kyzame o mostrou pela primeira vez uma lâmina. Diferente de Öphélia e Tombuo, Ela era uma kunoichi de exímias capacidades, tendo ávida maestria tanto do corpo, quanto da mente, características essas que acabaram sendo passadas à Czërny no porvir. Demonstrado o interesse por parte de Zy, Kyzame então decidiu unir o útil ao agradável, mostrando a ele tudo o que ela sabia sobre o manejo de uma arma tão esguia como aquela que ela empunhava. Além disso, vendo que o rapaz ainda tão tenro exibia alto desempenho, sendo capaz de decorar tudo o que lhe era demonstrado, dito, aplicado, tudo começou a fazer sentido não apenas para Kyzame, mas também para Öphélia e Tombuo.

Czërny sempre teve extrema facilidade para se desenvolver, sendo apto de tão somente ver e copiar, observar e apreender, errar e se corrigir. Depois disso, tudo pareceu fluir para um percurso como shinobi; não demorou para que, com as perícias básicas aprendidas com sua mãe, Zy alvorecesse enquanto suas obrigações para com Konohagakure, e pouco depois se graduasse como Genin, em seus curtos 8 anos de existência. Passou como um dos melhores e mais prósperos kunoichis, assim como outros poucos rapazes e moças com mais ou menos a sua faixa etária. Pode-se dizer que esse foi um dos períodos em que Czërny mais se aprofundou em suas próprias capacidades, além das que já haviam sido instruídas por Kyzame, sua mãe; ele começou a ter mais consciência da amplitude de sua mente, entendendo que era realmente capaz de incorporar toda e qualquer informação com uma desenvoltura impressionante, assim como seu corpo que, no mesmo âmbito, reagia e agia de forma excepcionalmente rápida.

Fora isso, três coisas o deixaram absorto, o ninjutsu, o kenjutsu, e algo que ele nunca cogitou ser capaz de efetuar: o katon. Este último ele nunca efetivamente o fez, mas foi em um momento específico que, deixando-lhe uma marca, o lesionou e definiu seus propósitos enquanto shinobi.

Foi numa manhã de primavera. Czërny tinha acabado todos os seus afazeres, e estava indo rumo ao Hokage para então entregar seu relatório, quando demasiada fumaça parecia surgir do antro da floresta. Naquele momento, Zy cerrou um dos punhos e esticou seu rosto na direção dos ruídos que vieram em conseguinte; enrijecendo o maxilar, ele tomou a decisão de ir por si próprio ver o que estava acontecendo e, nesse momento, seu coração parou: havia um homem completamente apático em meio a uma planície na flora. Diferente de tudo que Czërny tinha visto até então, ele estava consumido pelo fogo, mas não como se estivesse queimando - e sim, emanando as chamas através de seu próprio corpo. O menor ficou paralisado, sem saber como reagir; foi quando ele virou-se para Czërny. O menor recuou e ele adiantou um passo. Depois outro, e então mais outro.

"Eu sabia que você viria...", ele disse, foi quando uma mulher atravessou o vão que havia entre eles, cortando o ar, e parando em frente à Zy: era sua mãe, Kyzame. Ela já parecia estar ferida e ofegante, como se já tivesse entrado em confronto desde antes com aquele homem, ainda mais pelas queimaduras que a mesma possuía em áreas isoladas de seu corpo. Czërny não sabia o que estava acontecendo, e antes que pudesse espaçar os lábios para falar, o homem o intercedeu: "...De uma forma ou de outra, Meu filho".

Depois daquilo houve um sopro de chamas e sua visão e mente se apagaram. Quando recobrou a consciência, estava em uma cama ao lado de suas mães, Öphélia e Kyzame, e seu vô, Tombuo. Algo estava diferente em seus olhos, mas sequer o ar escapava de suas bocas. Algo de errado teria acontecido, e foi ao virar o rosto para seu reflexo em um jarro de flores que ele encarou pela primeira vez sua nova face: seu rosto, ao lado direito, completamente enfaixado. Aquilo ardia. Doía. E quando Czërny engoliu a seco e questionou o que tinha acontecido, e sobre quem era aquele homem a resposta veio, então, como um engunho: "Ele queimou seu rosto, Zy. Aquele homem era seu pai... Biológico. Mas não se preocupe, ele nunca mais virá atrás de você".

"Ele está morto".