[CAÇADA] O odor e seu rastro.

Marujos da vida são patéticos; acompanham as ondas e seus balanços, apreciam a infinitude do mar ou o véu da noite. Contentam-se com seus portos seguros e quando lá estão, não tiram os olhos da água e suas sereias, no fundo, não sabe o que querem; no fundo, querem apenas as ondas passageiras. Mas há aqueles que navegam com os chicote nas costas e a garrafa de rum ao lado, não idolatram o mar apesar de ser sua casa, não amam as mulheres apesar de serem seu deleite noturno, ligam para portos só no momento do saqueamento; estes piratas da existência tem seu valor. Vivem e navegam sem destino, mas sempre com propósito -muito diferente de sua contra parte-; querem o poder, o ouro, sentir o ar puro da adrenalina em cada mera êxtase do tempo. "E ele fugiu." O antecessor de King era um marujo, um péssimo marujo. Quando atracamos em suas terras não se dignou à proteger suas posses e agora tudo que meus olhos alcançavam nos pertencia. Um trago profundo e reflexivo. A fumaça rumou ao alto buscando fé em um país onde só existia fome e miséria. Encontrava-me sentado sobre o telhado de um bar enquanto o movimento pacato abaixo de mim se desenvolvia conforme a noite se entrelaçava à nós.

A missão havia sido pontual e sabia que meu papel dali para frente seria crucial caso quiséssemos avançar com os planos da Pedra. O único amigo entregue por Jashin em meu destino lidaria com a parte burocrática e caberia à mim, ser sem escrúpulos e agradecido pelo resquício de classe, cuidar do sangue que deveria escorrer entre as rochas. Estava no rastro do antigo Tsuchikage e naquela altura, entre goles e fumos me perguntava onde um covarde daquela espécie havia se escondido. Não havíamos o encontrado desde que chegamos ao vilarejo e aquilo já fazia alguns dias, o rastro da sua assistente também era nulo mas em minha memória martelava o retrato no qual a brasa havia sido apagada ainda dentro do gabinete noites atrás. "Para onde uma liderança porca como esta iria?" A noite era fria mas a chuva havia dado uma brecha. "Alcançaria outros países?" Meus olhos miravam os copos sobre a mesa de um grupo de bêbados logo abaixo de mim. "Pelo modo como esse lugar se encontra ele deveria ter feito isso antes." Os homens conversavam e meus devaneios navegam sem rumo, mas com propósito. "Será que simplesmente fugiu ou abandonou o povo para trás? É uma boa hipótese. No entanto, algo vindo daquela mesa me chamou atenção. A Desumasuku subiu rápida até meu rosto e meu corpo cortou o ar até pousar sobre a superfície de madeira, fazendo com que copos e garrafas se estirassem aos flancos.

-Repita o que disse! Ordenei. A kusanagi angulou em direção aquela jugular pousando sobre sua pele sem a dilacerar. Ele era magro, velho e visivelmente flácido com suas rugas dispostas por toda a face; os olhos arregalaram-se ao topar com os meus. -Você... Ele gaguejou. -Shi! Aquele foi o primeiro momento que escutei o agnome que haviam me concedido. -Repita o que disse. Manifestei-me pausadamente colocando o fio da lâmina milimetricamente em sua pele. O sangue escorreu. O bar em nosso entorno esvaziou-se com minha presença ali e restou apenas nós dois. "Ótimo para um interrogatório." Não que seus ossos aguentassem tanto. - E-eu... Eu disse apenas um boato, nada demais. Por favor, não me mate. Suspirei e controlei o ímpeto violento que subiu ao ar do demônio intocado em meus calabouços. Ele entendeu. -Dizem por aí que o antigo kage, Takeo, nos abandonou para se retirar em um treinamento. É tudo o que sei, eu juro. Seus olhos esbanjavam medo e a mais pífia sinceridade. -Onde ele costumava se retirar para o seu treinamento? Ele engoliu em seco. -Eu não sei, Shi. Novamente aquele nome, me surgiu o questionamento. -Shi? Ele simplesmente fechou os olhos. -Lhe chamam de Morte por essas terras, senhor. Não pude conter aquele monstro em sua jaula. Surgiu com toda a sua satisfação e moveu a lâmina que degolou o velho.

"Bom, pelo menos agora tenho alguma pista." Ainda encoberto pela máscara caminhava sobre os telhados emendados uns aos outros e esculpidas em pedras brutas. "Vou buscar nos arredores do vilarejo, onde os shinobis costumam se aperfeiçoar. Acendi um cigarro. "Se ele ainda estiver vivo, cairá esta noite."

CH: 1750/1750; HP: -/-; ST: 0/3

considerações:

Itens e afins:

Convidado

Ter 10 Dez - 22:15

Ok.