Mais uma manhã fria se iniciava em Kumogakure e a jovem Saori não via a hora de ver o fim do inverno. Não é como se odiasse a estação, achava bela, mas sentia sua disposição pra fazer qualquer coisa se esvair de seu corpo diante do frio que doía os ossos, literalmente. Deitada no tapete felpudo da sala de casa a garota lia um grande atlas de botânica mundial, afim de aprofundar seus conhecimentos em uma das disciplinas que resolveu estudar para melhorar suas habilidades como Iryonin depois de sua última missão onde teve mais dificuldade do que gostaria pra identificar um lírio-das-ilhas.

Estava sozinha em casa. Kagayaki, seu pai, trabalhava no hospital na parte da manhã; Yumi, sua mãe, estava fazendo um procedimento de rotina depois de ter passado por uma cirurgia improvisada em campo de batalha ha algumas semanas. Imersa numa teoria sobre as propriedades antimicrobianas do floema do dragoeiro, não ouviu as batidas fracas à sua porta, apenas se levantando para atender quando ouviu seu nome ser chamado por uma voz infantil conhecida. — Olá Samy, o que faz aqui a essa hora? — A morena perguntou. Foi respondida com o mínimo de informação possível e recebeu os dois pergaminhos entregues pela garotinha. Segundo Samy, Rin estava em sua casa de chás preferida para tratar do assunto nos pergaminhos. Ambas trocaram mais algumas palavras e a menor seguiu seu caminho, quanto Saori entrou em casa e desenrolou os dois grandes manuscritos para entender do que se tratava. Missões, lógico, o que achou que podia ser?

Recentemente o chuunin dava um jeito de colocar a morena em todas suas missões. A princípio Saori não gostava da ideia devido as constantes investidas do mais velho, mas depois da terceira missão juntos a garota começou a olha-lo com outros olhos, ainda que custasse a admitir. Depois de ler todas as informações nos pergaminhos, a morena se apressou para trocar de roupa e ir para a casa de chás. Trajando uma roupa confortável e que a mantinha aquecida e uma mochila pequena nas costas, saiu de encontro a Rin. Poucos minutos depois, chegou a seu destino.

— Yoo, Rin! Esperou por muito tempo? Não né? — Perguntou, retórica, assim que se sentou na cadeira livre a frente do chuunin. Havia demorado cerca de vinte minutos para chegar ali depois de ter recebido os pergaminhos. — Bem, é... Não tem mais nenhuma informação que você queira me dar sobre as missões? — Perguntou, sem graça. — É que essa história de caçadores de recompensa não me traz boas lembranças, não fiquei muito animada. — Teve que admitir. Sentia-se livre para falar sobre qualquer assunto com o moreno. — Não tivemos muita sorte da última vez, né... — Continuou. Referia-se a sua última missão, onde Rin foi ferido em batalha contra ninjas caçadores de recompensa que tentavam roubar a carga dos mercadores que ambos escoltavam e ela teve que o curar em meio a uma nevasca.

— Camomila, por favor. — Direcionou seu pedido para a garçonete da casa de chás que se aproximou e escreveu algo em um pequeno bloco de notas. A intenção da garota era tentar manter a cabeça no lugar e se acalmar um pouco antes de ter uma crise. — Voltando ao assunto, escoltar ela? — Outra pergunta retórica, sentia como se estivesse falando sozinha. — Imagina se algo da errado e ela é sequestrada enquanto nós a escoltamos? — Suspirou pesadamente. — Dessa vez você não acha melhor convidar outra pessoa pra te ajudar? Eu simplesmente não consigo me encaixar nessa missão, digo, missões. — Finalizou. Estava sendo sincera. Recentemente estava tendo crises de ansiedade e existenciais sempre que parava pra pensar em suas habilidades. Alimentou, sem perceber, por anos, um sentimento de incapacidade que cresceu e se tornou uma baita insegurança.

Considerações:

Hip-Pouch: