O farfalhar das folhas e o agito dos pássaros despertaram-me de meus sonhos, sucedido por um forte zunido que soou em meus ouvidos como uma nota mal tocada. A luz do astro solar, que até então fora totalmente ignorada pelo sentido da visão, penetrou pelas frestas das cortinas e coincidiu com o verde da vista esquerda, que imediatamente crispou em resposta. Apesar de desperta, não recusei o aconchego do leito e o calor do cobertor, afinal, o inverno fazia-se presente, carregando o frio lancinante das montanhas e trazendo uma senilidade medíocre para as cidades. Suspirei, sentindo um sopro quente afagar o rosto ao mesmo tempo que me acostumava com a claridade matinal. Então, foquei os olhos heterocromáticos nas aberturas das cortinas, vislumbrando o resplandecer do sol poente e sua ascensão no além do horizonte.

Decorridos poucos minutos, decidi finalmente levantar da cama, o que transcorreu em uma rápida içada, no estralar das articulações e no revigoramento dos músculos. Sem demora, calcei as pantufas e me dirigi até o banheiro em passos lentos, ainda levemente perturbada pela lassidão do sono. Por esta razão, lavei o corpo com água quente em um banho rápido e, como consequência, estimulei meus ânimos, trajando em seguida a habitual vestimenta de inverno após secar-me com uma toalha limpa. Por fim, tornei ao conforto de meus aposentos e tomei posse de minha espada sagrada, ocultando-a graças às suas propriedades mágicas e alocando-a em um coldre na cintura. Antes de sair, arrumei os fios dourados de meu cabelo no penteado costumeiro e passei na cozinha para nutrir-me com uma laranja, consumindo-a enquanto transpassava o átrio de meu apartamento e, sequencialmente, o átrio do edifício.

[...]

Os segundos se passaram como o despencar das folhas de bétulas em encontro ao pavimento degelado; lentos, quase intermitentes. Enquanto calcorreava pela avenida principal da cidadela, senti o corpo aquecido pela indumentária albina repentinamente tremer com o riscar dos ventos na atmosfera, soando como o silvo de uma lâmina de aço em encontro à um algoz. Com os longos segundos, vieram os minutos, e por fim as horas. Logo, apareci nos confins das cordilheiras, no topo de um pequeno monte forrado com neve e lama abafadas pelo solado de meus calçados. Parada, experimentei o molhar de meu rosto por meio da garoa que despontava das nuvens na abóbada; e permiti que as gotículas de natureza se acomodassem ao redor de minha vista em um espetáculo melancólico. — Não estou chorando. — disse à mim mesma, elevando o semblante aos céus para que o universo ungisse minha alma e reafirmasse minha bravura.

O momento deprimente transcorreu em um forte aperto no ponto acima de meus seios, evocando as memórias confinadas no fundo de minha psique em um relâmpago dourado. Neste ímpeto, vieram os fantasmas do passado, e com eles, um possante redemoinho vermelho, o emblema flamejante carregado nas entranhas de minha linhagem. Uzumaki. O nome alcançou meus ouvidos em um sussurro, eriçando meus cabelos uma vez mais e renovando a última de minhas essências – meu chakra. Devotei um suspiro e, com ele, um alento. Os dedos da destra estalaram rapidamente, projetando-se no ar defronte meu corpo enquanto a arte do turbilhão crescia em meu âmago. — Tamokuteki. — ciciei, volvendo os olhos no além.

Em um zunido quase imperceptível, a energia canalizada arrojou-se dos cinco dedos da mão direita no formato de correntes metálicas. Aos meus comandos, os grilhões se alongaram no horizonte como um raio, aos poucos se perdendo nas nuvens ou abalroando no cume de montanhas vizinhas. Com a manipulação, retraí o dedo indicador até próximo de meu corpo, e em seguida, concentrei minhas forças para ativar sua habilidade e cobrir meu corpo com uma aura dourada. Após isso, vieram os exercícios. A musculatura de minhas pernas rapidamente se contraiu em resposta ao envolto elétrico, permitindo me lançar pela cordilheira e percorrer grandes distâncias em pouco tempo. Síncrono ao percurso frenético, coordenei as demais correntes em derredor, ousando utilizar de suas muitas aptidões de maneira simultânea.

Após algumas horas, resolvi parar. Logo, recuei os grilhões mágicos aos íntimo de meus dedos e resfoleguei de exaustão, dado que havia utilizado de minhas energias abusivamente. Apesar disto, o aperfeiçoamento do estilo de luta era claro; resultado de um misto de esforço, dedicação, inteligência, poder e, é claro, de minha descendência. Por fim, iniciei meu galgar de volta ao vilarejo, experimentando uma dor fustigar as pernas e o braço direito latejar com a normalização da circulação sanguínea. Durante o andar, refletia acerca de tomar mais um banho de água quente e dormir ao abrigo do cobertor, ao mesmo tempo que relaxava meus ombros e recuperava um tanto de minhas reservas de energia.

Arthuria; Hp: 1950, Ck: 955/2675, Ckn: 00/400.

Considerações:

Arsenal:

Usados: