A saída do país da água fora algo um tanto quanto inconveniente para o imortal, uma vez que este sequer tinha dinheiro para alugar um simples hotel para passar as noites frias enquanto rumava para o desconhecido, em busca de abrigo e comida de verdade – animais mortos pelo caminho foram seu almoço e janta, e as grutas sua morada. Nanashi detestava viver daquele jeito, mas era necessário, pelo menos, foi necessário até o mesmo deparar-se com um barco já acabado na costa do país da água.

— Talvez com isso eu consiga ir até o pedaço de terra mais próximo... — murmurou, arqueando a sobrancelha direita enquanto tateava a pequena embarcação, verificando sua resistência. — Creio que vá servir... — concluiu, lançando-se para dentro do barco de madeira e iniciando seu trajeto rumo ao nada.

...

Incontáveis dias passaram-se desde que o imortal iniciou sua viagem rumo a outro país, e pelo caminho, vomitou no mar devido ao enjoo marítimo que tivera, e também aprendeu a pescar - precisava se alimentar durante a viagem, portanto, fora algo necessário de se fazer - enquanto fitava o céu azul e indagava a si mesmo sobre o que ocorrera em Kirigakure no Sato, mas sem sucesso. A proporção da destruição que ocorrera no país da água só podia ter sido feito por uma divindade, e a única qual Nanashi acreditava era Jashin, mas ele duvidava que seu Deus era capaz de fazer tamanha destruição. Enfim, o barco finalmente chegara ao pedaço de terra desconhecido, só restava ao imortal seguir a pé e desbravar o caminho adiante.

...

Algumas horas desde sua chegada se passaram, e o homem finalmente deparou-se com um bar de estrada onde poderia pedir por informações sobre onde estava. Apressado, perpassou a porta de madeira mas não antes de notar um punhado de moedas largado no canto da estalagem, ágil, surrupiou o mesmo e seguiu estabelecimento adentro em busca de alguém que pudesse saciar sua curiosidade sobre o local onde se encontrava, e felizmente, para sua sorte, uma mulher de estatura baixa, morena, com feições simples mas delicadas, o notou, e o convidou para se juntar à ela numa mesa encostada no canto da estalagem, iniciando assim uma curta conversa sobre onde estavam.

Alguns minutos se passaram, e Nanashi descobriu onde estava; País do relâmpago. Dada a informação adquirida com a moça bêbada - chamada Isabella -, o homem agradeceu a mesma, e pagou por uma rodada de cerveja para todos no bar com o dinheiro que achou minutos antes de entrar neste, saindo logo em seguida: rumou montanha acima, onde o vilarejo poderia ser encontrado.

Mais alguns minutos de caminhada, e finalmente o homem sentira os efeitos sobre seu corpo conforme avançava montanha acima; o ar rarefeito fazia com que sua respiração se torna-se mais curta, deixando o homem cansado em um curto espaço de tempo. Nauseado, e meio tonto, todavia, não deixou-se abalar e rumou montanha acima até que deparou-se com o portão gigantesco do vilarejo outrora mencionado.

— Kumogakure, huh. — arfou, enquanto repousava no solo e acendia um cigarro, tragando-o.

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O semblante de uma princesa otimista surgiu onde o solo rochoso dava lugar a uma robusta cadeia de montanhas interligadas através de túneis de ferrovias e escadarias de pedra, de onde a maioria dos shinobi fazia o seu caminho até o cume, a vila da nuvem. Seus olhos brilhavam como esmeralda, dessa vez ambos, não apenas o direito como começara a se acostumar recentemente; havia dominado não somente uma habilidade nova como também adquirira domínio o suficiente sobre a sua habilidade ocular para agora ser capaz de desativa-la e reativa-la ao seu bel prazer. Mordred caminhava um pouco rápido de mais, talvez pela satisfação que exalava que lhe motivava a dar o seu melhor nas tarefas mais simples ou mesmo a necessidade de descansar logo. Quaisquer fossem os motivos, bastou avizinhar-se da entrada do vilarejo para que uma figura desconhecida e suspeita lhe chamasse atenção.

A Uchiha era confiante o bastante para não sacar a sua arma em um primeiro contato, mas preferiu manter uma certa distância devido a tóxica fumaça do cigarro nas mãos do homem. Não se importava com os vícios alheios, mas não admitiria que sua saúde fosse agredida com tamanho descaso. Os ventos ali no alto haviam cessado por um momento breve, de forma que tomou aquilo como um sinal de que era hora de se manifestar a respeito do provável mendigo. Engoliu a vergonha, respirou fundo e tentou ser o mais suave e educada possível em suas palavras. —— Pedindo esmola, amigo? Ou talvez seria você um viajante?

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Conforme o fumo era expelido de sua boca, o homem ainda tentava imaginar o que ocorrera com seu país, mas sem sucesso. Aquilo o incomodava, até porque, sentia que o homem que outrora quase decepara sua mão havia morrido junto do vilarejo, e se fosse o caso, ele não era tão incrível quanto demonstrava ser.

— Um fim patético para um guerreiro, não acha? — murmurou, observando o céu azulado do país do trovão.

A voz melódica e suave do infante irrompeu o silêncio qual Nanashi desfrutava junto de seu cigarro, e o tirou de seus devaneios sobre a entidade que destruíra sua antiga morada. Porém, ao fitar aquele em sua frente, deparou-se com nada mais nada menos que uma criança, ou alguém que aparentava ser uma. A garota de longos cabelos loiros e olhos ferozes havia indagado o imortal, que a fitou por um longo minuto antes de sequer pensar numa resposta. Estava encarado com a beleza da moça, afinal.

— Um pouco dos dois, talvez. — disse, soltando um leve riso em seguida. — Pois bem, dona, minha morada fora destruída por algo ou alguém muito poderoso, portanto, como fui o único sobrevivente, saí de lá em busca de um novo lugar para morar. Aqui, creio que saiba donde esta bandana pertença. — concluiu, retirando o objeto metálico de dentro do casaco e arremessando no pé da mulher. Por fim, tragou mais uma vez o cigarro e soprou a fumaça, erguendo-se em seguida.

— Me chamo Nanashi, e você é? — As mãos foram em busca de algo para se apoiar, infelizmente o imortal ainda se sentia tonto devido ao ar rarefeito de Kumogakure.

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Não era justo que as coisas fossem da forma como eram. O sorriso otimista nos lábios da princesa murcharam e desapareceram, agora substituídos por um semblante sério e um tanto quanto distante. Ela de uma olhadela um pouco mais crítica que o habitual para o refugiado, compreendendo um pouco melhor agora o que havia se passado. Suas indumentárias eram trapos surrados e desbotados, consequência do uso frequente e da incidência de chuva sobre o tecido; devia ter viajado por dias, talvez semanas, desde o ocorrido em seu vilarejo. Conjecturou pelo tom de voz ostentado que talvez não tivesse se alimentado bem durante sua cruzada, de forma que era agora apenas a sombra de um ser vivo saudável. Mordred cerrou os punhos e rangeu os dentes em silêncio, pois sabia quem era a responsável por tamanha atrocidade. Era impróprio revelar a vítima do atentado o causador de seu sofrimento e por isso, a Uchiha manteve-se neutra perante a declaração, escondendo a verdade atrás de uma máscara.

—— É uma pena que a Névoa tenha caído. O inverno costumava ser rigoroso, mas era mágico como o clima tornava-se agradável acompanhado de uma xícara de chá. —— Lembrou-se, perdida em devaneios do tempo em que Akemi descansava em seus braços e o mundo parecia mais colorido do que de fato era. Era um tanto irônico como não só a sua amada como quaisquer outras coisas relacionadas a sua existência foram completamente apagados do mapa; talvez fosse esse um sinal que indicasse que a princesa não nascera para formar laços, mas para proteger os que os formavam. ——Chamo-me Mordred, Mordred Pendragon. —— A voz indicava uma cordialidade incomum às pessoas, mas padrão para as princesas, algo que ela jamais conseguira eliminar completamente. —— E essa completa desconhecida lhe sugere que faça desta vila a tua morada.

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— Um bom chá quente em meio ao inverno rigoroso de Kirigakure, de fato, era algo fenomenal, Mordred-san. — falou, dando um último trago no cigarro, jogando-o fora em seguida. — Isto me leva a crer que já passou um tempo por lá, correto? Estranho, considerando que nunca a avistei... — disse, fitando-a. Nanashi dera um passo a frente, rumo à guerreira, mas ainda se sentia tonto devido a altitude. — Uma ajuda seria uma boa... ainda não me acostumei com este local. Aliás, por que sugere tal coisa, Mordred-san? — Perguntou, arqueando a sobrancelha enquanto usava da pouca força que tinha para se manter de pé sem cambalear.

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—— Qualquer lugar com uma cama confortável e comida é um bom lugar para recomeçar. —— O braço destro se ergueu e o indicador apontou para além dos portões do vilarejo, onde alguns moradores transitavam em harmonia e aparente paz. O vento outrora calado levantou a sua voz, soprando através das roupas e fazendo os cabelos balançarem no ar. Mesmo no verão, era um pouco difícil encontrar calor sob aquela altitude, de forma que permanecer ali no portão por muito tempo logo traria os seus problemas. A princesa, entretanto, não sofria da mesma falta de ar do rapaz, pois já estava acostumada com aquele tipo de ambiente. —— Recomendo que decida logo. Teu corpo não vai aguentar muito mais tempo, você sabe.

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— De fato, é um bom lugar para recomeçar. Todavia, espero que me acompanhe enquanto o faço, afinal, é minha única conhecida aqui. — A canhota fora ao encontro do ombro da jovem, em busca de apoio. Sabia que talvez a mesma se afastasse devido ao súbito movimento, mas não podia deixar-se cair perante a mulher, seria uma falta de respeito. Pelo menos era o que Nanashi pensava.

— Adentrarei o vilarejo, porém, pareço um mendigo. Creio que não serei bem recebido pelos ninjas daqui. Se puder me emprestar uns trocados... prometo lhe pagar num futuro próximo. — esboçou um sorriso, e se pôs a caminhar vila adentro. — E então, irá me acompanhar e me mostrar a área, Mordred-san? — Indagou-a por fim.

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—— Claro, sem problemas. —— Replicou, com um sorriso simpático. O movimento do rapaz foi inesperado, mas a guerreira sabia diferenciar bem a queda de um homem frágil demais para manter-se de pé e a ofensiva de um soldado inimigo. Compreendeu assim que a investida se sucedeu que naquele caso em específico, o desafortunado viajante caíra bem na primeira das opções. Mordred ofereceu o seu ombro como amparo para o homem, apercebendo-se de um detalhe até então desconhecido: estava com febre, muita febre. Não poderia deixa-lo a própria sorte em terreno desconhecido, de forma que a ação mais sensata que tomou naquele momento foi escolta-lo até a unidade médica mais próxima para que fosse alimentado e recuperasse as suas energias. Colocou algumas moedas em seus bolsos antes que se desse conta, para que fosse capaz de alugar um quarto e comprar algo para comer por alguns dias.

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