O vento quente de Sunagakure soprava forte, carregando consigo partículas de areia que arranhavam minha pele. Este era o cenário perfeito para meu treinamento de velocidade: isolado, desafiador e implacável. Não havia ninguém para me guiar ou motivar. Eu sempre confiei apenas em mim mesmo, e hoje não seria diferente. O objetivo era simples: atravessar a maior extensão do deserto antes do pôr do sol, desafiando não apenas o terreno, mas minha própria resistência e controle. Aqui, não havia conforto nem sombra, apenas o calor sufocante e o som do vento ecoando entre as dunas. Iniciei o treino com uma corrida leve para aquecer os músculos. A areia movediça sob meus pés dificultava o equilíbrio, e cada passo exigia mais energia do que o normal. Em minha mente, visualizei o movimento perfeito: passos rápidos e precisos, com o chakra concentrado nas solas dos pés para reduzir o impacto e aumentar minha velocidade. Aos poucos, fui acelerando, sentindo o coração bater com força no peito. A maior dificuldade do treinamento era o próprio deserto, um inimigo imprevisível. Pequenas dunas surgiam do nada, obrigando-me a desviar bruscamente. Em alguns momentos, fui surpreendido por redemoinhos de areia que dificultavam a visão. Nessas horas, confiar apenas nos olhos era inútil; precisava ouvir, sentir as vibrações no solo e reagir instintivamente.

"Mais rápido", sussurrei para mim mesmo, enquanto aumentava o ritmo. Meu chakra fluía de forma constante, impulsionando meu corpo como se fosse parte do vento. Entretanto, cada avanço trazia um novo desafio. Em uma área mais rochosa, onde o terreno era menos estável, minhas pernas começaram a pesar. A exaustão tentava tomar conta, mas não permiti. Este era o momento de testar minha determinação. Durante uma pausa breve para recuperar o fôlego, senti o silêncio ao meu redor. Ninguém para dizer que eu estava indo bem. Ninguém para me criticar. Apenas o vazio do deserto e minha própria força de vontade. Isso era suficiente. No trecho final, forcei meu corpo ao limite. As pernas queimavam, o peito doía, mas a sensação de cortar o vento, mesmo que brevemente, me deu um tipo de êxtase que só o esforço máximo pode proporcionar. Quando finalmente cheguei ao ponto que marquei como o fim, caí de joelhos, ofegante, mas satisfeito. Este era o preço de treinar sozinho: cada vitória era apenas minha, e cada derrota também. Olhei para o horizonte, onde o sol começava a se esconder. Amanhã, eu faria tudo novamente, mais rápido e com mais intensidade. Sunagakure não perdoa os fracos, e eu não aceitaria ser um deles.


O sol já se despedia no horizonte, tingindo o céu com tons de laranja e dourado, mas meu treino estava longe de acabar. Velocidade sozinha não era suficiente. Para ser um shinobi de verdade, meu corpo precisava suportar o peso de um combate prolongado, da travessia de longas distâncias, ou até de sobreviver dias no deserto sem descanso. Hoje, seria o dia de testar minha stamina. Depois de um breve descanso da corrida, levantei-me lentamente. Meu corpo ainda estava exausto, os músculos queimavam e o suor fazia a areia grudar na pele, mas isso era apenas o começo. Respirei fundo, enchendo os pulmões com o ar seco e quente de Sunagakure. Cada inspiração era um lembrete do ambiente inóspito que eu chamava de lar.

Amarrei pesos improvisados nos tornozelos e pulsos, feitos com sacos de areia amarrados com tiras de tecido resistente. Este simples equipamento tornava qualquer movimento uma luta contra a gravidade. Comecei com séries de saltos entre as dunas, alternando entre passos longos e curtos para trabalhar força e resistência. O chão instável sugava meus pés, cada salto parecia exigir o dobro de energia, mas a ideia era essa. O deserto era meu campo de batalha e meu professor. Após os primeiros minutos, o cansaço tornou-se um adversário visível. Minhas pernas tremeram, minha respiração estava irregular, mas eu sabia que precisava continuar. Diminuir o ritmo não era uma opção. Gritei para mim mesmo, uma tentativa de quebrar o silêncio ensurdecedor do deserto: “Mais uma vez!” Em seguida, acrescentei burpees e flexões à rotina, alternando entre exercícios explosivos e sustentados. Minha mente insistia que parar seria a escolha lógica. Afinal, eu estava sozinho, ninguém me julgaria por descansar. Mas não era sobre os outros. Era sobre mim, sobre alcançar o limite e, então, ultrapassá-lo. Por volta da metade do treino, as sombras das dunas começaram a se alongar, trazendo consigo uma leve queda de temperatura. Isso me deu um fôlego renovado. Concentrei-me em minha respiração, usando-a como um mantra. Inspirar, segurar, expirar. Era quase como meditar em movimento, ignorando o desconforto físico e focando apenas no próximo movimento. No final, retomei a corrida, agora mais longa, com os pesos ainda presos ao corpo. Cada passo parecia uma pequena vitória. Quando finalmente cheguei ao ponto final, as pernas cederam, e me deixei cair de costas na areia fria da noite. O céu estrelado parecia me observar, testemunhando meu progresso. Treinar sozinho era exaustivo, tanto física quanto mentalmente. Mas no silêncio do deserto, encontrei uma verdade simples: a resistência que eu buscava não estava apenas no corpo, mas na força de nunca desistir, mesmo quando tudo ao meu redor dizia para parar. Amanhã, eu estaria aqui novamente.