[CAP] - Ecos da Dissolução

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[CAP] - Ecos da Dissolução
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Agony

Tokubetsu Jonin

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— Perish Before my Flames

— Passei cerca de três dias em repouso completo em minha residência após o assalto à Iwagakure. A batalha havia me avariado muito mais do que todas as outras que travei ao longo de minha vida, e agora eu também começava a perceber que havia um ponto turvo ao longe de minha visão, um pequeno fragmento no horizonte que meus olhos eram incapazes de se focar. O uso extensivo do Mangekyou estava começando a pesar sobre a minha visão, me tornando cega de pouco a pouco. Os efeitos ainda eram benignos e haviam acabado de aparecer, mas já me deixaram extremamente preocupada, quase paranoica. Enquanto andava nos arredores dos grandes jardins da mansão que agora serve como o templo Uchiha no País da Pedra, percebi que Kazen estava logo atrás de mim. Enfaixado e com um braço quebrado, o shinobi abriu um largo sorriso e se aproximou, repousando sua mão sestra sobre o meu ombro antes de começar a falar, fitando as flores que enfeitavam os caminhos de mármore da mansão.

— Sabe que isso é loucura, não é, Mayer? — Ele me questionou com seriedade, sem me olhar nos olhos. — Após tudo o que você passou... Essas guerras, esse sangue... Você ainda quer perseguir essa vingança fútil? Esqueça-o! Ele é um veneno que está lhe consumindo! Você é mais do que uma casca. — Ele finalizou.

— Me perdoe, Kazen. Eu vivo a ponto de morrer. Me vejo no espelho todos os dia e apenas enxergo uma carcaça partida, um vaso frágil prestes a quebrar. Eu não tenho nenhum desejo ou ambição além de destruir Aiko. Eu não sei o que vou fazer depois que ele finalmente se for, mas... — Ele me interrompeu, forçando sua mão em meu ombro.

— Vive a ponto de morrer? Não, você foi abençoada! Você tem o poder para mudar as coisas, mas prefere jogá-lo fora perseguindo um fantasma. Pense nisso, Mayer. — Ele então se afastou.

Observei-o se distancar e retornar para o interior da mansão. Ele resmugava, gesticulando com uma raiva notável. Eu apreciava sua preocupação, mas não era um assunto o qual ele deveria se intrometer ou dar palpites. Eu sabia muito bem o que estava fazendo, e a missão que caiu em minhas mãos era perfeita: Espionar o braço-direito de um dos Daimyous do país, acusado de corrupção e de financiar um pequeno grupo criminoso que vêm saqueando estoques de Iwagakure e causando grandes prejuízos ao vilarejo.

[...]

Me preparei com velocidade, guardando todos os equipamentos necessários ao redor de minha bolsa, coletes e pernas, antes de me despedir de Momo e do outro, retirando-me da mansão com certa pressa. Eu sabia que o homem de confiança do senhor feudal participaria de uma reunião privada com alguns magnatas da região muito em breve, então eu deveria me preparar para emboscá-lo em um vilarejo fronteiriço chamado de Kurigakure. Este vilarejo distante era completamente neutro e quase invisível às cinco nações, o que o tornava um ponto estratégico perfeito para quem não quer chamar a atenção de olhares curiosos. No entanto, essa missão tinha mais uma coisa que me fez ficar tão interessada por ela.

— Uchiha Aiko! — Exclamei em minha mente, amaldiçoando-o. — Sei que está ligado a isso... Não pense que pode fugir da arma que você mesmo criou! —

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Agony

Tokubetsu Jonin

Ontem à(s) 3:21

— Perish Before my Flames

— A viagem através das estradas batidas de terra foi tonteante, para se dizer o mínimo. O solo era desagradável e traiçoeiro, e não havia sequer uma viva alma vagando através daquelas terras, quase como se houvessem sido abandonadas pelo próprio tempo. Durante o trajeto, tive o privilégio de respirar aliviada pela primeira vez em muito tempo. Era pacífico, e a solidão não me trazia lembranças escuras, somente uma atmosfera serena, tranquilidade absoluta. Olhei para cima, fitando as nuvens e então o céu antes dos olhos serem atraídos para um pequeno grupo de pássaros que viajavam em direção ao leste. Os cânticos da natueza ressoavam em meus ouvidos, me fazendo esquecer dos pesadelos que me perseguiam naquele mesmo instante. Se eu olhasse para trás, seria engolida pela escuridão.

— Eu deveria pertencer a terras como estas. — Disse a mim mesma, quase como um lembrete. — Correr livre através destes campos, sentir o vento em meu rosto e o esvoaçar dos cabelos... Sorrir em meio a vales floridos de margaridas e girassóis, assim como minha mãe. — Continuei.

Aquilo me trouxe de volta até minha infância. Me recordo muito tempo de quando minha mãe me puxava pelo braço com grande ânimo para corrermos sem preocupação através das planícies do país. Ela era apaixonada pela natureza, uma pacifista que não se rendeu aos horrores das batalhas sangrentas que viveu no País do Fogo. Ao contrário de meu pai, ela encontrou a felicidade nas pequenas coisas, e nada almejava além de uma vida plena e humilde. Eu gostaria de voltar e fazer tudo de novo, mas agora não era hora para lamentar o que já se passou. Meu objetivo seguia firme. Eu sabia que já não poderia mudar o meu destino, então faria valer cada instante de minha vida por aquilo que jamais tive a chance de sentir.

[...]

Enfim, Kurigakure, a "Vila das Castanhas". Era um local pacato, construído sob uma grande planície circular cercada por montanhas inclinadas e um pequeno bosque de flores diversas. Camponeses transitavam de um lado ao outro, carregando consigo baldes cheios de frutas, mochilas improvisadas segurando lenha e trajando vestes simples; algumas até mesmo rasgadas e imundas, quase como trapos. Não havia sequer uma única feição miserável no rosto daqueles homens e mulheres. Eles se contentavam com pouco, e isso me trazia uma certa... esperança? Era difícil dizer. Mantive uma postura simples, o olhar levemente baixo enquanto entrava no vilarejo humilde por uma de suas estradas laterais. Todo o local se comportava como um grande subúrbio, repleto de estabelecimentos comerciais pequenos e áreas residenciais extensas. Seria difícil adivinhar onde o braço-direito do daimyou se reuniria com seus aliados, mas eu ainda tinha tempo.

— Tenho até a noite para preparar minha emboscada. — Pensei, olhando para os lados. — Todos esses civis estão alheios a esse encontro, eu imagino. Não deve ser difícil extrair algumas informações deles. No entanto, se já houver alguém aqui, é melhor eu me precaver. —

Então, retirei a minha bandana e a guardei na bolsa de armas, a fim de ocultar a minha identidade como kunoichi da Pedra. Boatos correriam com muita facilidade por um local tão pequeno como aquele, então todo cuidado era pouco. Eu não pretendia lançar um ataque grandioso e nem nada do tipo: Eu precisava apenas capturar o alvo, interrogá-lo e me livrar de seus aliados sem chamar atenção.

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Agony

Tokubetsu Jonin

Ontem à(s) 14:55

— Perish Before my Flames

— Os aldeões se perdiam em bebedeira e festejos locais, dançando e gargalhando enquanto o impiedoso astro-rei julgava a vilga com seus raios de luz quentes como as chamas do Amaterasu. A atmosfera daquele lugar era muito diferente da de Iwagakure: Kuri era um vilarejo feliz, alegre e colorido. Não haviam shinobis, apenas camponeses levando suas vidas simples sem interferência do mundo exterior. Era raro ver qualquer tipo de atividade extraoficial nos arredores da capital, e, de certa forma, isso era um incômodo para mim; não porque eu odiava festas ou algo do tipo, mas porque já estava acostumada até demais com a atmosfera de morte e solidão da grande Iwa, comandada pelo - ainda - respeitável Tsuchikage. Eu sabia que ele era um ditador, mas ao menos estava levando as coisas para o caminho certo.

— Estão bêbados a ponto de cair. São inúteis. — Comentei em voz baixa, observando um grupo de transeuntes trombando entre si mesmos e as paredes. Em seguida, levei meus olhares penetrantes até o outro lado da rua em que estava, vendo algumas barracas. — Talvez sejam úteis. —

[...]

Me aproximei lentamente da pequena zona comercial, observando os vegetais e frutas que estavam a oferecer por preço de banana. As coisas eram tão baratas que me impressionava não serem de segunda ou terceira mão. De qualquer forma, eu não estava ali para comprar nada - apenas permaneci observando os itens para me passar por um cliente, colocando a mão direita sobre o balcão improvisado da barraca e erguendo meu olhar até encontrar os olhos do vendedor.

— Vou querer três. — Disse. — Ei, vai ter alguma coisa hoje à noite? —

— Huh? Ah, você não sabia? Hoje será a comemoração do aniversário do vilarejo, vamos lançar uma festa enorme mais tarde! — Ele exclamou, eufórico.

— Oh, muito bom. Virá alguém de alguma outra vila comemorar? — Continuei a questioná-lo, entregando os Ryous necessários para a compra.

O homem pensou por alguns instantes consigo mesmo.

— Hm... Não tenho certeza. Acho que o prefeito convidou alguns amigos de Iwagakure e Takigakure. Eles estão ajudando na organização da festa. — Cometou, com certa dúvida.

O agradeci pela compra, e me retirei em passos lentos.
Eu já tinha pelo menos uma resposta para um dos mistérios - É claro que alguém importante não viria até um subúrbio como este sem um bom motivo, e saber que o líder desta vila está por trás desse chamariz fazia bastante sentido. No entanto, ainda estava muito longe da resolução dos meus planos. Eu precisava encontrar onde estavam e descobrir para onde iriam, seria a única forma de emboscá-los sem colocar a vida de inocentes na linha.

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Agony

Tokubetsu Jonin

Ontem à(s) 17:58

— Perish Before my Flames

— Era mais fácil falar do que fazer. Logo percebi que eu não estava progredindo em absolutamente nada, apenas andando em círculos, procurando por detalhes inexistente entre camponeses iletrados. O povo claramente não fazia ideia do que se encontrava por trás das maquinações do pequeno grupo criminoso, e eu não estava em uma situação melhor do que eles, afinal de contas. Os segundos se transformaram em longos e agonizantes horas. O sol passou por cima de minha cabeça até o outro lado do céu, e nada. NADA!

— Porra! Não tem nada nesse vilarejo?! Nenhum hotel, nenhuma passagem secreta... Eu investiguei tudo, esse lugar está limpo. — Dei um tapa em minha própria testa, frustrada por não conseguir progresso algum naquele lugar. — Eles não vão simplesmente dar as caras assim, não é? Tem algo que estou deixando passar. — Continuei.

Se havia algum segredo naquele lugar, ele possivelmente estava escondido não entre paredes ou enterrado sob o solo - Mas entre os próprios moradores. Sequer havia passado pela minha cabeça a possibilidade de existirem shinobis disfaraçados entre os populares, tampouco que os próprios alvos da missão já poderiam estar naquele lugar. Quando a ideia cruzou a minha mente, os meus olhos se arregalaram de forma instantânea, como se eu houvesse acabado de ter uma epifania.

— Sim... Eles vão dar as caras. Na verdade, já deram. — Pensei, olhando para trás.

Seria impossível discernir um aldeão de um shinobi, mas para o Sharingan seria simples. O chakra se concentrou em meus olhos, deformando-o por um instante antes de deixá-lo completamente vermelho, com três tomoes negras surgindo e girando ao redor da pupila retraída antes se estacionarem de maneira uniforme. Mantive o olhar baixo para não chamar muita atenção, mas agora as coisas seriam diferentes. Eu seria capaz de ver através de seus corpos físicos e localizá-los através do fluxo de chakra de seus corpos. Franzi o cenho enquanto retomava minha caminhada entre as ruas esquálidas da Vila das Castanhas, determinada a encontrar o alvo antes do anoitecer. Um a um, cairiam. De forma silenciosa, seus nomes seriam carregados junto dos ventos gélidos daquela noite de inverno...

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Tokubetsu Jonin

Ontem à(s) 20:58

— Perish Before my Flames

— O vilarejo era um teatro de silêncio. Cada esquina tinha uma melancolia que parecia impregnar o ar, como se a própria terra guardasse segredos que ninguém ousava mencionar. O sol começava a se pôr, tingindo os céus com tons de cobre. Eu, com passos cuidadosos, continuava a vasculhar, mas a frustração ainda pesava. Não havia pistas concretas. Só olhares desconfiados e murmúrios que se dissipavam ao vento antes que pudessem ser captados.

Minha intuição dizia que o vilarejo escondia mais do que parecia. Quando o Sharingan foi ativado, revelou algo peculiar. Entre os aldeões que aparentavam normalidade, os fluxos de chakra não eram uniformes. Alguns apresentavam irregularidades — um fluxo que oscilava em intensidade, acumulando-se em certas partes do corpo, como se energia estivesse sendo deliberadamente controlada.

Fiz uma anotação mental de três suspeitos: um ferreiro, cujas mãos, aparentemente calejadas, possuíam uma circulação de chakra curiosamente alta para alguém sem treinamento; uma criança que caminhava com um cesto de frutas, mas cujo chakra exalava um brilho incomum para alguém tão jovem; e, finalmente, uma mulher que varria o chão da entrada de uma estalagem com movimentos precisos demais, quase calculados.

Decidi começar pela estalagem. Era o local perfeito para alguém operar à sombra de uma fachada banal. Não fui diretamente até a mulher — isso seria óbvio demais. Entrei, alegando buscar abrigo para a noite, e observei. O lugar era antiquado, com o cheiro amadeirado da mobília antiga misturando-se ao aroma de ervas secas penduradas no teto. Havia um tabuleiro de shogi sobre uma das mesas, como se alguém tivesse deixado o jogo inacabado.

Enquanto esperava ser atendida, percebi algo curioso: na parede havia um mapa do vilarejo, mas com detalhes que não correspondiam ao que eu havia visto durante o dia. Passagens que não existiam na superfície, ou que talvez estivessem escondidas, estavam marcadas ali. Fingi desinteresse, mas minha mente disparava.

— Um mapa assim, à vista de todos? Isso é um erro... ou um recado para os que sabem procurar. —

Quando a mulher da entrada finalmente apareceu, ofereceu um sorriso cortês, mas seu chakra dizia outra coisa. O fluxo se concentrava nos punhos, um padrão comum entre aqueles prontos para atacar.

— Vai precisar de algo mais, senhorita? — perguntou ela, enquanto se aproximava demais, o que confirmou minhas suspeitas.

Sorri de volta, mas com cautela.

— Na verdade, sim. Alguma recomendação para jantar? Parece um lugar bem tranquilo... —

— Quieto demais, às vezes. Mas os forasteiros costumam gostar. — respondeu ela, com um sorriso que não alcançou os olhos.

Guardei essa troca de palavras. Ela sabia quem eu era, ou ao menos suspeitava. Decidi não pressionar. Saí da estalagem logo em seguida, já planejando retornar sob a cobertura da noite.

Quando a lua surgiu no céu, com uma luz fria e distante, voltei para os arredores da estalagem, mantendo-me nas sombras. A mulher já não estava mais na entrada. O lugar parecia vazio, mas o fluxo de chakra dentro era maior do que deveria. Havia alguém lá dentro, ou mais de um.

Usei o Sharingan para vasculhar os arredores antes de entrar. Minhas suspeitas se confirmaram: uma sala nos fundos parecia esconder um espaço abaixo do piso, algo como um porão ou túnel. O chakra fluía para lá, como um rio que desaguava em algo muito maior.

Apertei os punhos, sentindo a adrenalina começar a subir. Algo estava escondido naquele vilarejo. Algo que pulsava de forma tão errática quanto o silêncio que tentava encobri-lo.

— E agora? O que vocês estão escondendo? — sussurrei para mim mesma, antes de decidir que era hora de desvendar os mistérios daquele lugar, nem que para isso tivesse que me tornar uma sombra entre as sombras.

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Tokubetsu Jonin

Ontem à(s) 23:58

— Perish Before my Flames

— A luz da lua se filtrava pelas frestas das tábuas podres que compunham as construções da Vila das Castanhas. O silêncio parecia carregado de intenções não ditas, tão denso que até o som dos meus próprios passos soava uma afronta. Com o Sharingan ativado, meu olhar rastreava padrões no fluxo de chakra ao meu redor. A energia era fraca, irregular — normal para civis. Mas uma vila nunca está completamente quieta, e o tipo de silêncio que me cercava agora era calculado. Eu decidi voltar ao centro do vilarejo, onde um pequeno mercado fora desmontado às pressas mais cedo. As barracas estavam vazias, mas havia marcas no chão — rastros de rodas que desapareciam abruptamente antes de chegarem às saídas da vila. Isso era impossível. Um carregamento daquele tamanho não simplesmente desapareceria no ar.

Me abaixei, analisando o chão. Partículas de barro grudadas nas marcas pareciam diferentes do restante do solo da vila, indicando que algo fora trazido de fora. Peguei um pouco daquela lama entre os dedos, sentindo sua textura. Não era nada local. Talvez fosse a pista que eu precisava.

Levantei-me e olhei ao redor. O vilarejo estava quieto demais, as janelas fechadas, portas trancadas. Mas alguém deveria saber de algo. Não era possível que todos estivessem completamente alheios ao que se passava aqui.

Cruzei as ruas escuras até a estalagem onde a mulher de olhos inquietos me atendera no início da missão. Antes de entrar, parei e observei de longe, avaliando os arredores. Não havia luz vindo das janelas, mas o chakra no interior do prédio ainda estava lá — fraco e disperso, mas presente.

— Não são shinobis. Ainda assim, por que mentiriam? — Pensei, franzindo o cenho.

Entrei pela porta principal, dessa vez sem me anunciar. O ambiente estava quase completamente escuro, exceto por um pequeno lampião sobre o balcão. A mulher que antes me atendeu agora estava sentada atrás do balcão, as mãos nervosamente ocupadas trançando um pedaço de pano. Quando notou minha presença, seu corpo se retesou por um instante, mas ela logo sorriu. Um sorriso falso.

— Está de volta, ninja-san? Não conseguiu descansar? — A voz dela era baixa, mas a tensão era perceptível.

Ignorei sua pergunta e me aproximei lentamente.

— Não vim descansar. Quero saber sobre os carregamentos que saem daqui. Vi as marcas no chão do mercado. Onde estão as carroças? —

Seu sorriso se desfez. Ela hesitou antes de responder, desviando o olhar para o pano em suas mãos.

— Não sei do que está falando... Não temos carroças aqui. O mercado é só para trocas pequenas, coisas que produzimos localmente. —

— Não minta. — Minha voz saiu fria, e percebi que ela recuou um pouco, apertando o tecido com mais força.

Houve um momento de silêncio pesado antes que ela finalmente sussurrasse:

— Se eu falar... eles me matam. —

Me inclinei um pouco, aproximando o rosto do dela.

— Se não falar, eu garanto que não haverá nada que eles possam fazer para te salvar de mim. —

Seus olhos se encheram de lágrimas, mas ela não chorou. Apenas acenou com a cabeça e começou a falar, quase num sussurro:

— As carroças... Elas não saem daqui. Vão para os subterrâneos, perto da colina ao sul. Mas, por favor, não me envolva nisso. Eu não sei o que fazem lá, nem quero saber. —

Minha mente já estava conectando os pontos. Subterrâneos... Esse era o padrão. Eu sabia que a maioria dos grupos criminosos que operavam sob a bandeira de pequenos vilarejos usavam túneis e esconderijos fora do alcance direto de ninjas rastreadores.

— Última pergunta. — murmurei. — Quem mais sabe disso? —

Ela engoliu em seco, os olhos arregalados.

— Ninguém... Só os que trabalham para eles. —

Inclinei-me para trás e fingi que acreditava. Saí do prédio sem olhar para trás, mas sentia os olhos dela queimando em minhas costas.

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Tokubetsu Jonin

Hoje à(s) 2:58

— Perish Before my Flames

— O ar parecia mais denso enquanto eu avançava pelas ruas silenciosas da Kurigakure. A colina ao sul permanecia em meu campo de visão, uma sombra no horizonte que chamava por respostas. Mas algo ainda me prendia ao coração do vilarejo. Havia peças soltas, informações faltando. E uma coisa era certa: ninguém na vila era tão ingênuo quanto aparentava. Minha paciência estava se esgotando, mas meus sentidos permaneciam afiados. À distância, percebi uma pequena movimentação em uma das casas próximas ao mercado. As janelas estavam fechadas, mas havia algo... sons abafados escapando das frestas. Vozes.

Me aproximei devagar, mantendo o Sharingan ativo, ainda que meus olhos começassem a queimar com o esforço contínuo. Com cuidado, me posicionei na lateral da construção, onde um pedaço de madeira mal encaixado permitia que eu visse um feixe de luz lá dentro.

Duas figuras estavam no interior da casa. Uma delas, um homem de meia-idade com vestes que indicavam um status maior que o de um simples aldeão. A outra, uma mulher jovem, com cabelos presos em um coque apertado e uma expressão que transparecia tensão. A conversa entre eles era baixa, mas clara o suficiente para que eu captasse os pontos principais.

— Está tudo preparado para o festival? — a mulher perguntou, olhando ao redor como se temesse ser ouvida.

— Sim. Mas a reunião será antes disso, na clareira ao norte da colina. Não podemos nos arriscar a usar o túnel desta vez. — A voz do homem era áspera, carregada de autoridade.

Meus olhos se estreitaram ao ouvir a palavra "reunião". Era disso que eu precisava. Eles estavam entregando o local exato de onde os próximos passos seriam planejados.

— E o Katayama? — A mulher voltou a perguntar, os dedos entrelaçando-se nervosamente.

— Ele estará lá. Não se preocupe com isso. Apenas faça o que foi pedido e mantenha os aldeões longe de nós. —

A conversa continuou por mais alguns segundos, mas o essencial já estava gravado em minha mente. Uma clareira ao norte da colina. Era ali que eu encontraria não apenas os responsáveis por este teatro de normalidade, mas talvez o próprio braço-direito do senhor feudal.

Me afastei da casa com o mesmo cuidado que havia chegado, certificando-me de não deixar sinais de minha presença. A ideia de esperar pela reunião antes de agir parecia lógica, mas a ansiedade já começava a pesar. Estava sozinha em território hostil, e qualquer passo em falso poderia acabar com minha missão — ou pior, com minha vida. Enquanto caminhava de volta para o centro da vila, passei pelo pequeno poço que havia usado como ponto de observação mais cedo. Encostei-me na borda, fingindo cansaço para qualquer olhar curioso, mas na verdade traçando mentalmente o plano para o cair da noite.

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Hoje à(s) 6:02

— Perish Before my Flames

— A noite já havia caído completamente, e as árvores ao redor da clareira ao norte projetavam sombras longas e irregulares sob a luz da lua crescente. Eu havia seguido cada um deles, sem pressa, sem barulho. Observei a reunião de uma distância segura, ocultando meu chakra para evitar qualquer detecção. Um grupo pequeno, mas estratégico: quatro homens e uma mulher, todos mascarados, suas vozes abafadas pelo som do vento entre as árvores.

Palavras como “sabotagem”, “mensageiro” e “o festival como distração” chegaram até mim em fragmentos dispersos, mas foi o suficiente para confirmar minhas suspeitas: esse grupo era o coração pulsante da conspiração. Quando começaram a se dispersar, minha presa foi a última a deixar a clareira. A mulher com cabelos presos em coque.

Com movimentos calculados, segui-a enquanto ela avançava pela trilha sinuosa que levava de volta à vila. Ela estava distraída, ajustando algo na manga de seu kimono enquanto caminhava. Não era uma ninja habilidosa, mas ainda assim, um erro poderia alertar os outros. Mantive-me na escuridão, passos sincronizados com o sussurrar das folhas até que ela deixou o caminho principal, movendo-se para uma área isolada.

"Perfeito."

Eu me movi rápido e silenciosa, como uma lâmina atravessando a noite. Antes que ela pudesse reagir, agarrei-a pelos cabelos e empurrei-a contra uma árvore com força suficiente para fazer as folhas acima balançarem.

— Fique quieta ou isso vai piorar. — Minha voz saiu como um sussurro cortante, sem espaço para contestação.

Ela tentou gritar, mas minha mão livre já pressionava seu pescoço, sufocando qualquer som. Lentamente, retirei a Kokuto da bainha com a outra mão e pressionei a lâmina contra seu estômago, sua ponta afiada atravessando o tecido fino do kimono e arranhando a pele.

— Você acha que pode brincar de conspiradora sem que ninguém perceba? — murmurei, pressionando a espada com mais força. Uma gota de sangue escorreu pela lâmina, brilhando sob a luz da lua. — Diga uma palavra errada, e vou fazer você assistir enquanto suas entranhas caem no chão. —

Ela balançou a cabeça freneticamente, os olhos arregalados com uma mistura de pavor e dor.

— Quem está no comando? — perguntei, aproximando meu rosto do dela, o tom de voz frio como o aço.

— E-eu não sei o nome! — Ela gaguejou, lágrimas escorrendo pelas bochechas. — Só recebemos ordens por um intermediário! Eu juro! —

— Mentiras não vão te salvar. — Empurrei a lâmina mais fundo, não o suficiente para causar danos graves, mas o bastante para fazê-la contorcer-se em agonia.

— É a verdade! Eles chamam ele de “O Pastor”! — Ela soluçou, a voz entrecortada pela dor.

Por um momento, o silêncio se estendeu entre nós. Eu podia ouvir o som de seu coração batendo freneticamente, seu corpo tremendo sob minha mão. Finalmente, soltei o pescoço dela, permitindo que ela inspirasse profundamente, o desespero evidente em seus olhos.

Mas eu não poderia deixá-la viver. Não era questão de escolha, mas de necessidade.

Sem hesitar, movi a Kokuto com precisão. A lâmina perfurou seu abdômen, atravessando carne e osso. Um som abafado escapou de seus lábios enquanto ela desabava em meus braços, o sangue quente manchando minha roupa.

— Durma... —

Deitei seu corpo no chão com cuidado, observando enquanto o brilho em seus olhos desaparecia lentamente. O silêncio que se seguiu foi ensurdecedor. Sem cerimônia, limpei a lâmina na barra do kimono dela e me levantei, ajustando o capuz sobre a cabeça.

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Tokubetsu Jonin

Hoje à(s) 14:57

— Perish Before my Flames

— O cadáver da mulher permanecia imóvel na base da árvore, mergulhado na escuridão. Não fiquei para lamentar ou observar o sangue coagular na terra. Movi-me imediatamente, silenciosa e cautelosa, desaparecendo entre as sombras. Cada passo que dava na direção do vilarejo era medido; cada movimento, controlado. O que ela havia revelado confirmava o próximo ponto da conspiração, e isso bastava.

A Vila das Castanhas estava quieta, os aldeões se recolhiam lentamente, preparando-se para o festival ao anoitecer. Mas nem todos. Durante as últimas horas, mantive-me oculta, observando o comportamento de alguns moradores específicos. Homens e mulheres que, em teoria, pareciam comuns, mas que agiam com um nervosismo excessivo. Pequenos gestos: olhares furtivos, mãos inquietas, sussurros rápidos entre si. Era fácil perder tais detalhes sem o auxílio do Sharingan, mas, com meus olhos ativos, cada movimento errático era como um farol me guiando.

Posicionei-me em um telhado próximo, observando dois homens que cochichavam ao lado de um carro de bois carregado de feno. A conversa era abafada, mas os ventos noturnos traziam partes do diálogo:

— Tudo deve estar pronto antes do festival. O encontro é no galpão abandonado, ao leste. — A voz de um deles era baixa, mas claramente tensa. — Nenhuma falha será tolerada. —

O outro balançou a cabeça, os olhos varrendo a área em busca de intrusos.

— Já ouviu falar da ninja? Alguns dizem que ela está rondando a vila. Precisamos ser rápidos. —

Estão se movimentando. O galpão ao leste... Era um local isolado, mas estrategicamente próximo ao caminho principal para a praça do festival. Se planejaram uma reunião antes do evento, seria minha melhor oportunidade para agir. Eu os deixei sem interferir, esperando que minha presença permanecesse desconhecida. Assim que partiram, comecei a traçar meu próximo movimento. Ao encontrar o galpão, entendi por que o haviam escolhido. Estrategicamente posicionado à margem da vila, cercado por árvores densas e distante o suficiente para não atrair atenção, o lugar era perfeito para uma conspiração. A estrutura era de madeira desgastada, e as janelas estavam parcialmente cobertas por tábuas. Entrei pelo lado oposto, mantendo-me atenta a qualquer sinal de armadilhas ou guardas.

O interior era amplo, vazio, e cheio de cantos escuros. Era ideal para uma emboscada, mas isso exigiria precisão. Sem hesitar, retirei os papéis-bomba do bolso interno e comecei a trabalhar.

Fixei cada selo em locais estratégicos:

No teto, acima do centro do galpão. Uma explosão controlada ali faria as vigas desabarem diretamente sobre o grupo reunido.
Nas bases das colunas de sustentação, próximas às entradas, para selar qualquer tentativa de fuga.
Atrás de caixas e barris empilhados no canto oposto, onde poderiam tentar buscar cobertura.
Movi-me rapidamente, mas sem negligenciar o cuidado. Cada explosivo foi ajustado com precisão para criar um efeito coordenado.

Quando finalizei, recuei para a borda da floresta, ocultando-me entre as sombras das árvores. Ali, ajustei os papéis restantes como armadilhas secundárias, no caso de reforços inesperados.

Agora, restava apenas esperar. O som das cigarras enchia o ar enquanto a vila, ao longe, começava a se iluminar com lanternas para o festival. Meu coração permanecia constante, minha respiração, controlada.

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HP: 1425/1425 | CH: 4000/4000 | ST: 00/07
LC: 35/100 | SK: 15/50 | Mangekyou: 02/05

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"I Just live to Fall."

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