No dia seguinte eu pretendia ir passear pela vila e fazer compras para o jantar daquele dia, mas antes mesmo que meus olhos estivessem abertos, tinha sido acordada pelos latidos altos e agudos do mesmo cachorro ninja de ontem. Minha mãe dizia que ele esperou por quinze minutos do lado de fora da casa, mas como meu sono estava muito pesado, ele começou a latir e latir até ela abrir a porta e ele correr para o meu quarto, onde voltou a latir até eu acordar. Sherlock infelizmente era o mais afetado pela situação, não era um dos maiores fãs de cachorros e estava todo contorcido no canto do quarto, rosnando e afiando as garras no tapete. Como se aquela fofa bolinha de pelos conseguisse fazer algo contra um cão ninja. Assim como antes, o pergaminho preso em sua boca trazia o símbolo da vila oculta da folha, com os dizeres instruindo: Um cliente solicitou uma gennin para ajudá-lo a capinar seu quintal e se livrar de qualquer erva daninha.

Aquela segunda missão era a coisa mais ridícula que eu já tinha lido. Enquanto me arrumava com as roupas e equipamento, eu pensava o quão miserável seria minha vida até o começo de algo interessante nessas missões. Rank D parecia mais um rank “Descartável”. mas lamentar sobre a missão dada não iria ajudar em nada, o melhor a ser feito era terminar logo as missões mais simples e conseguir evoluir de graduação para chuunin, onde conseguiríamos missões mais interessantes e desafiadoras.

A caminhada até o local tinha sido tranquila, o endereço não foi difícil de achar, mas ter que conversar com o proprietário era bem chato. Ele parecia querer diversas coisas que eu nem sabia fazer, tarefas do tipo “montar minha mesa de shogi”, “ajudar no banho do cachorro”, coisas que não foram solicitadas no pergaminho, e que com certeza ninjas não fazem. A vontade de desrespeitar quase prevaleceu nessa hora pela audácia de me pedir aquelas coisas, pra uma ninja, formada e graduada para investigar, extrair e assassinar alvos designados. Mas agora meu alvo era assassinar as ervas daninhas daquele jardim que mais parecia um jardim botânico, tamanha era a quantidade de mato e “ervas daninhas” daquele lugar.

Minha força não era das maiores, então ficar por mais de duas horas cortando mato não era a tarefa mais fácil do mundo. Na primeira meia hora eu sentia que minha coluna iria travar se eu continuasse tão encurvada para frente como eu estava, então eu parti para a boa e velha lâmina de corte. Por sorte o cliente da missão tinha um facão na residência, bastou eu afiar um pouco e começar a picotar o matagal como se estivesse cortando um pedaço de manteiga derretida. E para o final das ervas, ainda restava uma densa vegetação rasteira que o facão não conseguia alcançar, então eu precisei ficar uma hora inteira com aquela enxada pesada, formando bolhas nas minhas mãos de tanta fricção que eu precisava fazer para a ferramenta simplesmente não cair da minha mão e algum acidente acontecer.

Ao final das duas horas de serviços miseráveis, me esquivei rapidamente de qualquer solicitação que o cliente pudesse fazer além do que me foi pedida, contornando suas falas com despedidas e agradecimentos, o impedindo de falar qualquer coisa, e até fisicamente me esquivando de suas aproximações, parecendo que eu estava em ritmo de fuga do trabalho honesto do campo.

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