Nada havia restado. A força opressora daquelas criaturas devastou tudo aquilo à sua volta. Foi necessário da própria Sombra do Relâmpago, a valentia de um ninja de menor patente e um dos ninjas de maior nome em Kumogakure para impedi-los, mas a vida de muitos foram sacrificadas. Sem o quartel, as forças do vilarejo sofriam uma imensa pressão, como se os céus tivessem caído sobre as costas de todos aqueles que defendiam o vilarejo, desde genins a jōnins. Por tempo demais aquela calamidade se perpetuou, e já estava na hora da esperança se reerguer. É durante o entardecer que um ninja andeja pelos vastos corredores do gabinete. Ele mordiscava a dobra do dedo indicador, com um semblante tão pesaroso quanto pensativo. De onde estava, ele podia ver os rastros da destruição, ruínas até onde a vista alcançava. É como se aquelas monstruosidades ainda estivesse ali, pensava, aflito com a situação. O ninja então cessa seus devaneios ao ver de soslaio outras duas figuras. Eles o acompanharam até uma sala, onde diversas pessoas estavam presentes. Todos estavam inquietos, mas um silêncio sepulcral pairava. Todos sabiam que era hora de tomar uma atitude, e sem o Raikage presente, Kumo aceitava calada uma injustiça sem precedentes.

Todos sabiam o que precisava ser feito, mas ninguém tomava a iniciativa, seja pela pesada responsabilidade, seja pelo temor. Mesmo que a vila tivesse saído vitoriosa, as perdas eram sentidas no coração de todos, e não havia a quem culpar, se não aqueles monstros, que ainda eram um mistério. Além disso, sem as ordens de um líder, o que restava era a inquietação perante o indiscutível elefante dentro da sala. É então que aquela figura se senta a vista de todos, enquanto ajeita sobre a mesa circular alguns papéis, a vista de todos, mas apenas a sua disposição. Entre eles, havia a ficha de um shinobi sobressalente, mas essa não era a pauta. A figura se apresenta como Kurozawa Okari, e que a partir daquele momento, tomaria as rédeas de Kumogakure até que alguém pudesse cuidar dela. Começava-se então um amanhecer mais resplandecente na vila acima das nuvens.

Considerações:

Kurozawa se volta para os presentes, iniciando o projeto ao qual foi designado. Um homem contratado para que o quartel de Kumogakure se torne funcional novamente. Com o financiamento aprovado pelo Daimyō de Kaminari no Kuni, restava agora que todos ali fizessem suas partes. A reunião foi breve, pois bastavam algumas poucas palavras. Estavam ali os representantes de muitos dos grupos do sistema organizacional da vila, desde o representante do Corpo de Guarda do Raikage à Divisão de Inteligência. Para que o quartel esteja completamente operante, seria necessário que os próprios ninjas da vila escolhessem o que seria melhor. Ao término da reunião, todos se prepararam para o próximo dia, mas ainda estamos no prelúdio desse longo arco. Assim que todos se retiravam, Kurozawa suspirava enquanto apoia seus cotovelos na mesa, segurando sua cabeça e encarando os documentos.

No dia seguinte, milhares de remessas de materiais de alvenarua cruzavam as pontes suspensas do vilarejo. Antes que qualquer coisa pudesse se sustentar ali, foi preciso retirar os destroços do antigo quartel, pisoteado até que se tornasse ruínas decrépitas, uma lembrança de um dia trágico. Levaram dias até que todos os destroços do terreno fossem retirados, e então, eram construídas as bases. Começando por uma rígida fundação, afinal de contas, estando em Kumo, a última coisa que precisavam era de uma edificação incapaz de se sustentar em uma vila além das nuvens. A cada dia que se passava, Kurozawa acompanhava de perto o progresso de toda a equipe. Nada estava além de sua vigilância, e também, ninguém estava além de suas responsabilidades. Para suprimir a necessidade, ele pediu para que qualquer assunto militar fosse levado até o gabinete, e ele cuidaria da papelada por hora. Ainda seria necessário semanas até que fosse possível operar dentro das estruturas do novo quartel, mas um passo de cada vez.

Considerações:

Levaram semanas até que o lugar finalmente estivesse pronto. Kurozawa literalmente arquitetava tudo, escolhendo a dedo cada sarrafo, desenhando cada centímetro e coordenando cada pedreiro. Muitos se reuniram no dia da inauguração, como se houvesse uma festividade. A celebração foi breve, com uma salva de palmas assim que Kurozawa abre as portas de entrada da propriedade, apresentando seu trabalho. Todos ali, dos responsáveis pela construção até os ninjas das forças regulares acompanharam o homem, que os introduziu cada canto daquela construção, ainda que vazia. Restava agora torná-lo o quartel, e com isso, muito foi trazido até o lugar, desde o que pareciam toneladas de pilhas de papéis até pergaminhos selados. O quadro de missões também era enfim atualizado, então o tráfego de ninjas, que adentravam e se retiravam do recinto, tornava aquela construção, ainda que vazia, movimentada como de costume. A estrutura do lugar era imensa, enquanto que cada ladrilho parecia polido à perfeição. Detalhes que se fariam imperceptíveis com o tempo, mas Kurozawa foi contratado para fazer o projeto acontecer, não para fazer a manutenção. Os resultados agradaram seus superiores, que agradeceram, apesar de ainda haver um outro trabalho pendente, mas que por hora, poderia esperar.

Kurozawa novamente estava nos corredores do gabinete, agora sentado em uma poltrona, mas ainda de frente para a janela, contemplando toda a arquitetura do quartel. Apesar de uma tarefa exaustiva, o pior dos males já havia passado. Bastava que o tempo seguisse seu curso para que tudo se endireitasse, e com sua reconstrução, as forças de Kumogakure estariam tão eficientes quanto antes da chegada do exército invasor. O homem então leva até seus lábios um cigarro, conformado, mas ainda inquieto. Antes que pudesse terminá-lo, a mesma dupla de antes aparece, pedindo para que ele os acompanhassem. Ele assente, até se encontra novamente na sala de reuniões onde todo o projeto começou. Ali estavam o pagamento pelo seus serviços, além de um documento constatando o pagamento de todos os envolvidos na reconstrução. Pacientemente, ele averiguava tudo, para garantir que havia sido pago corretamente, por tudo que prestou a nação. Quando termina, ele reverencia a dupla, prestando seus agradecimentos. Uma despedida simples, mas ele tinha o pressentimento que os veria novamente.

Considerações: