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Allannia Grey

HP:2325/2325
CH:2525/5200
ST:01/07
Vila:Iwagakure no Sato
Palavras:1205

Sentou-se e respirou fundo, antes de começar. Os dedos começaram a deslizar lentamente pelas teclas, gentis. Era como se a Grey tivesse feltro em seus dedos, mantendo um ritmo calmo e suave, deixando que a música em seu interior aparecesse na forma de notas mais lentas, abusando de tempos mais curtos, espalhando graça por toda Sala de Música. Seu tom era melancólico, sombrio e de dor. A voz em sua alma queria gritar e chorar, mas seus lábios não projetavam sequer uma menção de movimento, perenes. A partitura compassava seus próximos movimentos rigidamente, e cada vez que uma nova sentença era decretada pelo piano, seu próprio coração apertava na mais pura e absoluta tristeza. As notas sopraram ao vento, como se fossem folhas de outono recém-caídas, carregadas pelos ventos agudos da estação. E nessa nota intensa e teimosa, o violoncelo intercalou a música. Em seguida, veio o violino, roubando toda a cena para si.

Suas notas, tímidas, foram rapidamente sufocadas. Enquanto seguisse a partitura, seria apenas um ruído solitário no meio do espetáculo. Então, ela parou. Quando recomeçou, era outra pianista. Uma verdadeira mulher. Seu piano pôde acompanhar a dupla ao seu lado, mesmo que, de costas para eles, não pudesse sequer ter alguma noção do tempo. Não precisavam, haviam praticado por meses a combinação entre os instrumentos, dançando em uma sinfonia envolvente, trazendo para fora de todos os ouvintes o lado mais bonito de suas essências.

E na empolgação de dar vida para suas teclas, seus acompanhantes quase perderam a linha, sufocando suas emoções a partir da própria paixão. Não se deixou ofender, brincando com as teclas enquanto dava para suas parceiras a chance de brilhar. Aos poucos, foram abandonando sua persona, deixando-a sozinha novamente, recomeçando no mesmo ritmo de outrora, após uma curta pausa. Suas falanges repetiram as mesmas notas por dois tempos inteiros, fazendo a combinação inversa antes de chamar pelas companheiras num toque frenético e animado, na qual ambas pareceram se divertir, pois as cordas pareciam vibrar mais alto e o coração queria pular para fora.

Aos poucos, os sons foram se extinguindo e só voltaram novamente numa sequência aguda, quase ininterrupta, em que todos os instrumentos envolvidos queriam ter a sua própria voz. O piano de Allannia clamou mais alto por um instante, e os demais apenas permitiram passagem, quando o violino quis rivalizar com a protagonista da cena. Ambos foram perdendo forças aos poucos, e juntos, num toque tão suave quanto um suspiro, a canção acabou, tão rapidamente quando a volta de uma lua. Ou quem sabe, o esplendor de uma vida inteira.

— Espero que tenha chegado em você — Allannia murmurou, direcionando o olhar para o teto, esperançosa por um sinal que nunca viria. Ergueu-se, satisfeita, após tocar a melhor peça de sua vida, mas não a última. Não tinha planos para terminar — Vocês foram incríveis — virou a face para vislumbrar a própria silhueta, replicada num “Kage Bushin no Jutsu” e Sarah Ito, sua amiga e confidente, responsável por confortar a Tsuchikage em seus momentos de sofrimento.

Treinou para conceder uma despedida apropriada para Shizui, pondo fim de uma vez por todas na amarga sensação de culpa por não ter sido capaz de retribuir quando este precisou de sua ajuda. Egoísta, protegeu apenas a si mesma com o seu escudo, sabendo que possuía condições o suficiente para defender o Hokage. “Pelo menos compensei meu pecado com aquele menino. Pude fazer algo de bom para alguém, após tanto tempo sendo apenas um estorvo”, os pensamentos de remorso eram mais escassos que outrora.

Sarah veio ao seu encontro, cedendo o calor de seu abraço. A loura era sua amiga mais próxima, e eventualmente a sua parceria na futura oficina de Iwagakure no Sato, cuja construção e inauguração fazia parte de alguns dos seus planos. Pensar nisso alimentava sua força de vontade enfraquecida, alimentando a fagulha restante de esperança em seu coração torturado pelas linhas tortuosas da vida. “Atumsushi-kun, Shizui-senpai e Darkon-sama, jamais esquecerei de vocês”, decretou, ao derramar uma lágrima solitária e rapidamente se recompôr. Afastou-se da sócia, direcionando seus passos para a varanda. Observou o luar, solitária. Rauros aguardava, entretida com o brilho do satélite natural.

— Pensei que não viria nunca — a leoa começou, sem tirar os olhos da esfera brilhante ao céu — Como se sente?

— Nunca me senti tão bem na vida nos últimos anos  — ela afagou a pelugem da albina, direcionando um sorriso sutil para os céus. Por um instante, achou ter visto a face de seus ídolos em alguma nuvem, mas era apenas coisa da sua cabeça — E você? Como se sente.

— Melhor agora que não há mais aquela barulheira que vocês chamam de música. Consigo escutar daqui — resmungou a mascote, ranzinza como de costume.

— Seria estranho se não conseguisse, com essas orelhas tão grandes — fez careta, dando uma gargalhada. Fazia tempo desde a última vez que um riso seu havia soado tão genuíno.

— Pelo menos as minhas funcionam, e as suas que são apenas enfeite? — Allannia quase se ofendeu com a frase dela, mas ao fitar o semblante da leoa, riram juntas. A prateada apoiou-se na mesma, permanecendo ao seu lado enquanto contemplavam a vista — A lua está bonita hoje.

— E as estrelas também — admitiu Allannia, percebendo a mensagem subliminar da felina, ressentida com algo — O que houve?

— Eu estive pensando. E se fosse você declarada morta, vítima da guerra? O que seria de mim? O que seria da vila? O que seria de sua família?

— Não sei, não há como saber. Mas esse dia vai chegar, ele sempre chega. Pessoas morrem, mais cedo, ou mais tarde. Algum dia será minha vez, assim como foi a do Shizui. Assim como foi a do Darkon. Assim como foi a de todos os outros — pensar na ideia provocava uma sensação estranha, um misto de sentimentos indescritíveis. Talvez medo, receio ou repulsa. No fundo, ela não queria que fosse assim, mas era como as coisas funcionavam — Todos os homens e mulheres devem morrer, sem exceção.

— Todos os homens e mulheres devem servir — corrigiu a leoa, mas no final, o sentido era o mesmo. Vivos ou mortos, sempre serviam a algo.

— Por enquanto, vivemos. Ficarei mais forte, e mais corajosa. Enquanto eu tiver disposição e vontade de lutar, serei uma kunoichi melhor e irei proteger a todos.

— E se isso significar abrir mão da sua vida? — Rauros questionou, curiosa. Os olhos ambarados da leoa queria apenas uma resposta, e ela já sabia qual. Não a deu.

— Escolher um sacrifício não é uma forma de abandonar algo, mas um modo de renovar um mesmo ciclo. Uma vida por uma vida, que diferença há?

— Toda diferença.

— Devo concordar.

— Então, que sentido há no que disse, se não é algo que concorde?

— Eu não sei. Há certas coisas que apenas fazemos por amor— deu um sorriso amargo, refletindo sobre a situação.

“Que diferença faz imaginar como e quando vou morrer. Preciso pensar em viver, e se eu passar a vida inteira escondida em meus pensamentos, não vou aproveitar ela direito. A partir de agora, eu farei tudo diferente”, decidiu, antes de deixar a Leoa sozinha. Não tão sozinha, quando reparou melhor. As luas e elas estrelas estavam lá. E quem sabe, alguém a mais.






Clone A: 2525/2525

Emme

”Aparência”:

”Trajes:

”Allannia e Rauros”:

”Clã e Kekkei Genkai”:

”Equipamentos”:

”Qualidades e Defeitos”:

”Jutsus Utilizados/Ativos”:

”Databook”:

”considerações”:

”Links Comprobatórios”:

Situação: Aprovado
Recompensa: superação do defeito Melancólica e 100 de status