Utahime tinha acabado de chegar em casa, havia passado a manhã toda no campo de treinamento tentando evoluir suas habilidades. Sua mãe havia saído, deixando um bilhete em cima da mesa que a genin não tardou a encontrar.

“O almoço está pronto. Precisei resolver algumas coisas na rua, não vou demorar. Coma direitinho!

Com amor, mamãe”

-Não precisa ser tão melosa assim, mãe - falaria baixinho enquanto revirava os olhos e voltava a pôr o bilhete em cima da mesa.

Ao ir em direção ao quarto, passou pelo quarto de Ayumi que estava com a porta entreaberta, parando por um instante para ver o que tinha do lado de dentro. Seus olhos logo se depararam com uma caixa aberta em cima da cama e pelo que podia notar, tinham algumas fotos. Curiosa, a genin entrou no quarto e foi logo em direção da caixa.

Nas fotos ela pôde ver sua mãe quando mais nova e junto um rapaz de. Esse rapaz tinha os olhos roxos, cabelos pretos que chegavam na altura dos ombros, ele lembrava muito a Utahime e no fundo ela sabia quem ele era: seu pai. Em todas as fotos os dois pareciam muito felizes e apaixonados. A menina continuou a olhar o conteúdo da caixa até que encontrou uma carta, sem pensar duas vezes ela abriu e começou a ler o que estava escrito.

“Ayumi, nunca tive o sonho de ser pai e como você bem sabe eu desejo me tornar o mais forte dos ninjas e essa criança dentro de você só vai me atrapalhar. Não me procure, não quero ter vínculo nenhum com essa criança.

Ass: Kenji Hoki”

Utahime nunca tinha parado para pensar sobre seu pai, claro que ela sabia que em algum momento ele existiu, mas nunca tinha se questionado o que teria acontecido para ele não estar presente em sua vida. A Hoki permaneceu alguns minutos encarando a carta, ela tentava entender o que tinha acontecido. “Esse era meu pai?”, ela se perguntava em seus pensamentos, seus olhos começavam a encher de lágrimas. “Eu sou um estorvo pra ele?”, as lágrimas começaram a cair pelas suas bochas. “Mas porque? Ele parecia ser tão feliz com a minha mãe… Eu estraguei a vida dos dois?”, a cada pensamento seu coração se apertava ainda mais, como se estivesse sendo despedaçado.

Em algum momento ouviu a voz de sua mãe avisando que tinha chegado, mas estava tão perdida naquele momento que nem chegou a reagir, permaneceu no mesmo lugar que estava, encarando a carta enquanto deixava as lágrimas molharem seu rosto. Passou alguns minutos até que Ayumi chegou no quarto e se deparou com aquela cena.

-Utahime! - a mulher falou um pouco desesperada, aquele ponto sabia que a menina tinha achado o que não deveria - porque você está mexendo ai? - perguntou enquanto se aproximava da filha e retirava a carta da mão da mesma, guardando dentro da caixa com as fotos e a retirando dali.

-Porque? - a menina questionava sem conseguir terminar a frase.

-Não era pra você estar mexendo nisso, são coisas íntimas minhas - a mulher respondia um pouco brava.

-Intimas suas? - o tom de voz da mais nova aumentou - porque você nunca me contou que eu sou um estorvo pro meu pai? E provavelmente pra você já que ele era o amor da sua vida - o tom aumentou ainda mais, agora ela estava gritando. Se levantou da cama e se colocou de frente para a mãe que a olhava assustada.

-Minha filha… não é bem assim, eu te amo - ela falava gentilmente, sabia que a menina estava ferida por dentro e não queria piorar ainda mais a situação.

-Me ama? E escondeu um negócio desse? - a menina chorava desesperadamente enquanto falava

-Sim, eu te amo. Seu pai… ele… - os olhos de Ayumi começaram a encher de lágrimas também, aquelas lembranças eram dolorosas demais para ela. Ela então passou os braços em volta da filha na tentativa de abraçá-la.

-Me deixa em paz! - Utahime a empurrou para trás e saiu correndo pela porta do quarto, indo em direção a porta de saída da casa. No caminho, tirou sua bandana e jogou no chão.

-Utahime! - Ayumi gritou ao começar a ir atrás dela, mas a menina saiu rapidamente pela porta e sumiu pelas ruas da vila.

A Hoki corria desesperadamente pelas ruas, as lágrimas corriam em abundância pelo seu rosto. Ela não tinha a menor idéia do que iria fazer nem de para onde ia, apenas continuava correndo mesmo que suas pernas parecessem queimar com o esforço que fazia e quando foi perceber estava na parte da periferia da vila. A menina entrou em um dos becos e sntou no chão, abraçando os joelhos e escondendo a cabeça nos mesmos.

Os minutos foram se passando e a menina continuava na mesma posição, a carta que seu pai deixou realmente a tinha machucado, seu coração estava despedaçado. Em um certo momento, um trio formado por uma menina e dois meninos, adolescentes, se aproximou.

-I, a donzela está chorando - um dos meninos falou, rindo em seguida.

-O que uma menina tão arrumadinha faz aqui? - o segundo menino segurou os cabelos da Hoki, forçando-a a levantar a cabeça e olhar para eles.

-Ei, deixem a menina! - a menina brigava com eles fazendo com que o menino largasse os cabelos da genin. Pelo que parecia a menina era líder do grupo, já que os outros dois a obedeciam - vamos, não fique aí chorando - falava agora se dirigindo a Utahime - não sei o que aconteceu, mas tenho algo que vai fazer essa dor que você sente passar

A Hoki olhou para a menina que estava com uma expressão gentil no rosto, o grupo parecia ser formado por adolescentes rebeldes, já que todos tinham tatuagens e os meninos fumavam um cigarro cada um. Enquanto a genin encarava a menina ela pode vê-la tirar um cantil do bolso para em seguida dar nas mãos da Hoki.

-Vamos, beba - ela falava com um sorriso no rosto.

Utahime olhou desconfiada para o cantil, ela não sabia o que tinha ali, e se tivesse envenenado ou tivesse algum tipo de droga e eles fossem fazer alguma maldade com ela depois? “Que se foda, ninguém se importa”, responderia internamente para ela mesmo pouco antes de abrir a tampa e beber o líquido. Sua garganta queimou um pouco e o gosto daquilo não era nada bom, fazendo com que a menor fizesse uma careta e parasse de beber. O grupo começou a rir.

-Olha ela, nunca tinha tomado uma bebida tão forte, né? - um dos meninos falava - vamos, beba mais, você vai ver como seus problemas vão sumir.

A menina voltou a beber a bebida alcoólica e ao terminar sentia como se tudo à sua volta estivesse rodando, mas a tristeza que sentia realmente tinha diminuído, era como se sua mente tivesse sido distraída daquilo tudo.

-O que é isso? Eu quero mais - a genin falava, sua voz estava um pouco diferente do normal.

-Vamos, nós temos mais - a menina estendeu a mão para ela, a ajudando a levantar.

O grupo agora seguia em direção a um galpão abandonada e ao entrar, Utahime pôde ver que tinham outros adolescentes ali, muitos deles estavam bebendo, usando droga, fumando. A vestimenta deles era muito diferente do que a genin estava acostumada, todos vestiam roupas meio largadas, como se não ligassem para nada.

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