— O Gosto da derrota nunca me foi adequado; Imperando supremo como o arauto de Jashin neste mundo mortal, fiz tudo o que pude para manter a minha vigilância e poder no topo. Porém, minha cruzada contra um dos semideuses despertos do Kollichorn fracassou de maneira miserável. Ele escapou, e eu fui derrotado. Sinceramente, agora me parecia idiotice querer comparar o poder mortal ao de um Deus, e o momento de pura tristeza levou-me a me tornar alguém misantrópico e nilista. Exilado dentro de minha própria catedral, permaneci inerte durante meses, sem contato com o mundo exterior.

Rose perdera um dos braços, bem como o olho direito. A outra que me acompanhava acabou sendo reduzida a um cadáver mutilado pelos raios elétricos do semideus, que nem mesmo meus peões imortais puderam lidar contra. Silencioso, após a completude de meu período de completa exclusão social, dei meus primeiros passos em direção aos portões da Grande Catedral. O mundo continuava o mesmo, mas o vilarejo o qual comandei havia perdido a fé em seu líder. Olhavam para mim em completo desalento, como se Jashin houvesse me renegado. Meus olhos cruzaram o horizonte, de um lado para o outro. O povo estava desnutrido - Estavam desesperados, empilhando cadáveres de animais para se alimentarem, como em um período pestilento. Havia eu sido acometido por uma penitência divina, afinal? Bati o cabo da Hirakemarei no chão, e os questionei.

— "O que houve enquanto estive recluso? Pude ter sido derrotado, mas minha fé ainda permanece inabalável. Sei muito bem que Jashin-Sama não me abandonou, pois vejam o estado de meu corpo: Estou exatamente como há meses atrás! Uma queda não significa o desmoronamento de nosso império! Se a Necrópole realmente existe, então ainda nos aguarda! Há chance para reavermos o poder!" — Exclamei.

— "Todos eles estão mortos, não é?" — Um dos adoradores questionou-me. — "A Cabala...Todos eles desapareceram, com exceção da Kazekage. Até mesmo Kaguya Eru. Sem a sua presença, ó lorde Hades-Sama, ficaram sem um caminho a ser trilhado. Jamais foram vistos novamente. Estão mortos."  — Finalizou.

 Me mantive em silêncio.

Não continham mentiras em seu olhar e palavras. O povo não reagiu ao meu discurso - Pois lhes faltava confiança, fé, e força. Mesmo dentre os Jashinistas, a miséria havia se instaurado. Era como se tudo o que tanto me esforcei para construir houvesse se diluído em uma corrente sombria de pura misantropia. Os fiéis mal se olhavam, e pareciam se desligar completamente de seus valiosos pertences religiosos. Os poucos que se mantinham com a fé firme, no entanto, recusavam-se a levantar a voz ou mesmo sorrir. Eu havia perdido força, moral, fé, e companheiros. Minha vida estava desabando, mas mesmo que estivesse completamente solitário, não poderia abandonar o caminho que Jashin me predestinou a seguir. Que seja, então!

Saltei do monte onde estava, deslizando através das pedras até alcançar o conglomerado de duzentos e trinta fiéis ao solo. Todos eles partilhavam da miséria e infortúnio em seus olhos, então eu deveria mudar aquilo. Seria minha última chance para reaver o que há tanto tempo por mim fora perdido. Sem mais desculpas. Sem mais derrotas - O Arauto de Jashin não pode cair, mesmo que sem membros ele esteja. Se a Cabala foi morta, então eu devo permanecer. Tomei meus trajes reais, as armas e meu visor demoníaco. Então, deixei o comando na mão de Rose, e saí pelos portões da frente, para desbravar o desconhecido, prometendo trazer glória e a morte dos ascendidos de Kollichorn ao meu retorno para a vila Sagrada. Enquanto não cumprisse minha missão, jamais retornaria, pois se toda a humanidade cair, mesmo se cada alma for condenada, eu ainda vagaria. Entre todos os demônios, anjos, monstros, bestas e humanos, eu permaneci.

Porque eu sou o único homem no céu.
Na terra e no paraíso, eu sou o honrado!

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