”O despertar”:

Espreguiçou-se em sua cama exausta, sentindo a cabeça doer. Apesar de desconhecer o motivo aparente para tal, a chūnin suspeitava que havia sido por causa de sua má alimentação. Permaneceu sentada, questionando o fato de estar completamente despida após o ocorrido. Uma enfermeira apressadamente abriu a porta de seu quarto e pediu desculpas, notando que a sua paciente havia recuperado a consciência repentinamente. A mulher não parecia ser muito mais velha que a própria Allannia, aproximadamente na casa dos seus vinte e cinco anos, embora fosse nitidamente inexperiente.

— Você está bem? Acordou rápido. Fale o que está sentindo. Oh, você está com febre? Precisa de analgésicos?

— O que aconteceu comigo? — cada palavra era um esforço para a prateada.

— Não sabemos. Um cidadão a encontrou desacordada na floresta, junto de mais dois rapazes — o olhar da enfermeira escondia a discriminação, dada a circunstância que fora relatada, se assim houvesse o julgamento. Allannia corou imediatamente, pensando em possibilidades desagradáveis.

— Fui encontrada sem nada? — seus olhos permaneceram fixos na cama, temerosa para com a sua castidade — Eles também foram encontrados assim? Eu não lembro de ter bebido algo...

— Oh, não se preocupe, você não estava nua. Pelo menos não na hora que a encontramos — Allannia olhou de relance para o semblante da mulher, tão enfurecida quanto envergonhada —Calma, calma, não foi isso que eu quis dizer. Suas vestes anteriores achamos por bem descartar, estavam imundas e rasgadas, providenciamos roupas mais adequadas para a senhorita — indicou com a mão esquerda um vestido dobrado, depositado com zelo na superfície de uma bancada — Eu fui designada como a sua responsável, iria vestir ele em você se não acordasse tão rápido — a enfermeira finalizou, por fim. Allannia não havia prestado atenção na maior parte, mas anuiu debilmente com a cabeça.

— Licença, por favor — o crânio doía fortemente. Levantou-se com dificuldades, se aproximando das vestes cedidas, timidamente. Quando virou-se para se vestir, a enfermeira estava de costas, cedendo a privacidade necessária para pôr o traje — Obrigada. Terminei.

— Você se sente bem? Posso chamar o médico? Precisa de alguma coisa?

— Quem eram os dois que foram encontrados comigo? — indagou, tão curiosa quanto constrangida — Não lembro muito bem deles, apenas um pouco das feições, mas não muito.

— Aparentemente eram shinobi, também. Eles estão bem, pelo que lembro da última atualização, mas não tenho certeza, pode ser que o quadro tenha mudado — ela deu um sorrisinho quando percebeu a mão da Allannia repousando na área da cabeça — Cuidado quando for beber sozinha, nas florestas. É perigoso. Quer analgésicos? Para a ressaca.

— Eu não bebi nada, tenho certeza — mesmo com a afirmação, a chūnin não possuía certeza alguma do que havia dito. Era apenas o que ela desejava, para poupar a si mesma da vergonha — Estou bem, já posso ir embora?

— Certamente, já foi tratada, mas antes vou chamar o médico para fazer um último...

— Está bem, obrigada — ignorou o restante dos dizeres da enfermeira, passando rapidamente por esta, rumo a saída do hospital.

Surpreendeu-se ao encontrar Rauros, sua leoa, nas imediações. A mascote alegava sofrer dos mesmos efeitos que a sua dona, o que a aliviou momentaneamente. Não estava totalmente sozinha com uma dupla de estranhos, mas o que havia ocorrido ainda era uma incógnita desagradável. Havia sido alocada na segunda torre, exclusiva para as forças militares de seu vilarejo. Inicialmente, estranhou a presença de ninjas no recinto, contudo, recordou de sua posição e função em Iwagakure. Desceu o lance de escadas rapidamente, tomando o cuidado para não tropeçar, devido sua situação atual. Sequer fez qualquer menção de conversar com a dupla com quem fora encontrada, entretanto um dia faria questão de tirar a limpo com ambos o que havia acontecido. Rauros resmungou qualquer coisa inaudível antes de saírem do local, Allannia apenas afagou a pelugem albina da companheira em resposta. Independentemente do constrangimento, refletiu sobre o único aspecto positivo em tudo aquilo: não estava mais coberta por trapos.




Rauros, a Leoa:
HP: 1000/1000
CH: 1000/1000
ST: 00/05