Era de madrugada, e Indra caminhava em direção a um dos poucos lugares que funcionava em Konoha: um barzinho onde ele costumava ir para comprar algumas garrafas de sakê e alguns mantimentos. Não que gostasse ou confiasse no dono do bar, mas confiava na sua capacidade de fazer boas bebidas e de ter boas peças na sua cozinha, e pelo menos as suas bebidas não eram adulteradas ou de segunda mão (Indra sempre se certificava disso testando as bebidas). Quando entrou no bar, rapidamente atraiu alguns olhares de ira e inveja por parte de alguns homens ali, até mesmo alguns ninjas. As mulheres direcionavam seus melhores olhares a ele, pois ele andava bem vestido e parecia afortunado.

   Indra se sentou no banco em frente ao balcão, colocando as duas mãos em cima da mesa, mantendo os olhos sempre para frente. Naquele momento, os remédios que tomava estavam fazendo efeito, por isso era mais fácil ficar ali diante de todas aquelas pessoas sem diversas vozes falando na sua cabeça. Logo que o dono do bar se aproximou, Indra pegou um papel de seu bolso, entregando-o para o homem rapidamente.

   - Gostaria desses itens, os melhores que tiver. - disse tranquilamente, observando a cara de espanto do homem.
   - Tem muita coisa aqui, rapaz, e o preço de algumas delas subiram, então... - Indra já conhecia a conversa mole do vendedor, então antes que ele continuasse com ela, o inventor pegou um bolo de dinheiro do bolso e colocou na mesa, vendo o homem catar o dinheiro e por no bolso. - Me dá cinco minutos. - pediu, saindo para a cozinha.

   Um jounin se levantou da sua cadeira, onde estava sentado com os seus amigos, e não era só o cheiro de whisky barato que incomodava o inventor, mas a sua energia negativa, e a forma como ele o fitava. O homem se sentou próximo de Indra, colocando o seu copo na mesa.

   - Grande Indra! - bateu na mesa, olhando para ele com um sorriso no rosto. - Smartest Man Alive! - falou com uma falsa zombaria, disfarçando sua ira contra Indra. - Tá com a vida boa, hein! Dinheiro no bolso, fazendo compra todo dia. Tu não está passando batido, cara. A gente vê você andando por aí, cheio do dinheiro, comendo bem. - dizia.
   - Eu sou um morador de Konoha, e você é da patrulha. É sua função ver o que estou fazendo, não é? - ele dizia, sem perceber a irritação contida do homem. - Aliás, o que tem de mal nisso? - questionou.
   - É que enquanto você anda por aí comprando coisas, existem pessoas passando fome, pessoas com necessidades reais. Meu sobrinho precisa de um aparelho capaz de reduzir os seus problemas de coração, mas esse aparelho simplesmente parou de ser fabricado. Os que existem estão ficando ultrapassados, e caros demais para comprá-los. - dizia rangendo os dentes.
   - Uma tragédia, com certeza. Aliás, uma tragédia que o mundo inteiro está passando, não só eu, você ou o seu sobrinho. - respondeu o inventor.
   - Uma tragédia que poderia ter sido evitada, se você não tivesse levado a guerra para Nakashima, se não tivesse feito eles fecharem as portas da vila para o mundo. Tudo isso é culpa sua! - falou mais alto.
   - Em primeiro lugar, tudo o que eu fiz foi perfeitamente calculado, tudo para evitar que uma grande tragédia ocorresse, uma ainda maior. Se o Pastor tivesse vencido, o mundo estaria muito pior. Mas um idiota como você jamais entenderia, então só me deixe em paz. - pediu.
   - Talvez possamos usar esse aparelho em seu peito para isso. - o homem tentou tocar o Reator ARC no peito de Indra.

   A reação do inventor foi rápida e imediata: ele sacou um objeto em seu coldre, ativando uma espada feita da energia do Reator, capaz de cortar objetos sólidos. A espada de cor azul clara era apontada para o pescoço do Jounin, que deu alguns passos para trás.

   - Para trás, seu bêbado imundo! - bradou;
   - Eu não entendo... Passamos por uma grande crise, e você tem o que dizem que pode ser a solução para vários problemas do mundo, mas ao invés disso, guarda isso para si mesmo. Por que!? - ele perguntou em voz alta.
   - Porque eu não confio em ninguém tal poder. Ninguém. - sussurrou, semicerrando os olhos. O dono do bar chegou com os pedidos de Indra em algumas sacolas, e ele logo a carregou. - Se tentar fazer isso novamente, eu cortarei os seus braços fora. - amaeaçou, desativando a espada e colocando o cabo no lugar.


   E assim, Indra partiu de volta para casa, ainda sentindo algumas pontadas na cabeça. Realmente, interagir com pessoas era complicado. Enquanto caminhava para casa, ele podia ouvir os gritos do homem.

   - NÃO PODE ESCONDER ESSE TESOURO DO MUNDO PARA SEMPRE, E NEM PODE FICAR COM ESSE PODER SÓ PARA VOCÊ! - gritava o Jounin, cheio de ira.