A quem importa? Essa é a verdadeira pergunta do por que estamos aqui. Quem se importa com meu sumiço repentino? Talvez minhas namoradas, Seiji, mas, sinceramente, será que se importam tanto assim? São perguntas que vieram e abraçaram minha mente durante a repentina e rápida fuga para meditar e repensar sobre alguns acontecimentos.

Sim, talvez eu tivesse que ter ficado no vilarejo, afinal, não vi a volta de Altria, minha terceira namorada. E, por ter me tornado alguém importante dentro dele, não deveria simplesmente tirar um tempo para mim. Mas, será mesmo que eu não deveria tirar um tempo pra mim? Piada. Claro que sim. O trabalho não move o homem, pelo menos não esse que vos fala.

Pensar no recente acontecido, talvez não tão recente assim, vide os dois anos que se passaram, me fez pirar, admito. Descobrir fazer parte de uma outra linhagem? E, com isso, descobrir também sobre um novo poder latente que até hoje não consegui dominar com perfeição, coisa que sempre andou lado a lado comigo.

Os dias que passei longe, em uma caverna qualquer, tentando e conseguindo me conectar com Umbral e, consequentemente, Minerva, fizeram bem pra mim. Entendi que, talvez, descobrir sobre minha verdadeira linhagem e meu passado somente, bem mais velho, tivesse sido escrito pelos deuses assim que nasci. Entendi que não podia ir contra o destino e, se eu quisesse ir contra, só me tornaria mais um rebelde qualquer. Deveria abraçar a oportunidade, o novo poder, torná-lo mais forte para, no final das contas, ganhar poder e afundar todos aqueles que tentarem contra mim, sem exceção.

— É hora de voltar. — Suspirei mantendo um cigarro sobre minha destra, dando alguns leves tragos de forma pausada. Era meu último, afinal, deveria tentar mantê-lo o máximo possível. O maior motivo de voltar, obviamente, era o maço ter acabado de forma tão rápida. Viver longe de todos? Ok! Viver sem meu vício? Nunca.

Não estava longe do vilarejo. Cerca de uma hora ou dias de viagem nos separava e assim, de forma vagarosa, tentando manter o cigarro aceso, comecei a caminhar utilizando a estrada principal dos mercadores para uma viagem mais segura. Meu cabelo estava maior que o normal, barriga roncando por não comer de forma regular como fazia dentro do vilarejo e roupas visivelmente sujas de areia e poeira.

Alguns homens, durante o caminho, me reconheciam. Chegavam até mesmo a me cumprimentar. Eu? Ignorei. Além de ser um ser extremamente individualista, não queria olhar ou ter que falar com ninguém. Só precisava voltar pra casa, fumar um ou dois maços inteiros em poucas horas, tomar um banho e comer alguma coisa. Talvez estivesse na hora de experimentar aquelas merdas novas chamadas de hambúrguer. Sim, sou um homem simples, um pouco ortodoxo, preso às amarras do passado, que não gosta e nem pretende acompanhar a tecnologia, seja na culinária ou em outros âmbitos.

Chegar ao vilarejo foi fácil. Os guardas me reconheceram, tanto é que me deixaram passar sem qualquer problema. Não tardei em ir à periferia, mais especificamente ao meu apartamento e de Seiji. O velho não estava, como sempre. Saiu em uma missão? Quem se importa? Já tinha passado os anos que eu realmente me importava sobre onde ele estaria.

— Que se foda. — Vociferei, buscando qualquer alimento dentro da geladeira e de fácil preparo. Vi ovos, queijo e manteiga. — Vou deixar esse tal de hambúrguer pra algum outro dia. — Sorri sabendo que não teria outro dia que me fizesse querer experimentar aquela bosta. Fiz ovos mexidos com queijo e, enquanto comia, buscava os maços guardados em meu quarto.

Olhando a grande janela da sala, com um cigarro na destra e o prato na canhota, sorri. — É bom estar em casa. —  

Considerações:

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