Após deixar de conversar com o Raikage, o Renegado da Névoa sorriu e descartou os copos de macarrão instantâneo que havia pego para se alimentar. Seus passos foram lentos até próximo de algumas janelas do prédio, onde se sentou, cruzando as pernas, respirando profundamente, abusando da calmaria de sua mente. Ambas as palmas das mãos do moreno se juntaram, próximo de sua boca, onde fechou os olhos e arqueou levemente o pescoço para baixo, mantendo uma concentração profunda. Ali, podia sentir os arredores e principalmente o chakra natural que rondava o ambiente de Amegakure no Sato. Seu corpo sentia os arrepios na presença da energia natural, e seus pensamentos começavam a flutuar entre suas memorias, levando-o a um estado profundo de transe. Precisava encontrar, em suas memorias, as palavras exatas utilizadas por Yuji, que conectavam diretamente o amigo com a influencia Jashinista que assombrava todo o mundo. De repente, Izuku era transportado para Nikko, a cidade onde havia enfrentado o fugitivo Reboro Utaka, com a ajuda de Yuji. Ambos estavam lado a lado, o renegado e seu amigo, os lábios de Yuji se movimentavam sem nenhuma palavra deixar sua boca. Fora de seu transe, os olhos de Izuku se fechavam com mais força e sua expressão mudava completamente, assumindo um tom de preocupação. A primeira palavra vinha de sua memoria e saia dos lábios do aliado. — Recentemente eu descobri... — E tudo se tornou mudo novamente. Izuku parecia ansioso para ouvir com clareza, mesmo sabendo o que estava procurando, buscava apenas a confirmação.

— Descobriu o que? Seu idiota... — Reclamou sozinho, mantendo o estado de transe profundo. A cena se repetia diversas vezes na cabeça do Lee, onde apenas o começo da afirmação de Yuji saia em falas audíveis. Mas não demorava para alcançar novas falas do garoto em sua memoria, estendendo sua afirmação sobre a influencia Jashin em sua vida. — Recentemente eu descobri o poder da.... — Estava mais próximo ainda de confirmar com exatidão. A expressão preocupado do renegado aos poucos se transformava para algo raivoso, suas sobrancelhas se abaixavam e a calma de sua expressão ia se esvaindo. — Recentemente eu descobri o poder da imortalidade.... imortalidade... imortalidade... — A memoria desapareceu como fumaça da mente do renegado, deixando apenas uma escuridão a ser preenchida. E isso aconteceu rapidamente, onde Rokuro surgia com seu comunicado, mas apenas uma parte dele importava naquele momento. — Kenshin pretende cometer o maior holocausto já realizado, para que assim aqueles que receberam a marca de Jashin obtenham a imortalidade. — E tudo se fechava, conectando Yuji ao massacre Jashinista. Os olhos do renegado se abriam, portando um excesso de fúria assustador.


— Y-Yuji... seu maldito... — Os punhos do Lee se fecharam enquanto ele se levantava, percebendo que, em seus arredores, todos haviam sumido. — Quanto tempo eu fiquei aqui? — Estava atento, como um verdadeiro guerreiro e caçador, seus sentidos estavam observando o ambiente. Com passos lentos, rumou pelas portas, até notar que os fundos estavam abertos. Estava sozinho, sem Altria, sem Senki, e tudo o que rondava sua mente era a ideia de Yuji ter se unido a causa daqueles monstros. Por um momento, cogitou invadir Kirigakure no Sato em busca do garoto, mas isso seria um ataque direto a Nação da Água. Saltou para algumas construções menores, e destas para as maiores, buscando atingir um ponto alto em Amegakure e observar melhor. A força da chuva havia diminuído brevemente, mas não o suficiente para não se tornar incomoda. Continuou rumando pelos topos das construções, até visualizar um montante de barcos, dos quais se aproximou aos saltos. Algumas pessoas deixavam Amegakure nestas embarcações, e o Lee não pensou duas vezes, tudo o que precisava era refletir sobre o que faria com a informação que havia confirmado em sua memoria. Haviam pessoas fortes o suficiente para lidar com a ameaça na Chuva, mas somente o próprio Lee poderia lidar com a ameaça de Yuji. Ao se aproximar dos barcos foi questionado por um dos encarregados de levar os cidadãos — Faço parte da Aliança... — Falou baixo e viu que a expressão do homem mudava, aceitando leva-lo dali. Foi então que deixou Amegakure, sobre o luar avermelhado...



A raiva que sentia havia se tornado amena, mas não a ponto de esquecer tudo o que havia descoberto em sua viagem pelas memorias. Após pegar a embarcação em Amegakure no Sato, utilizou do conhecimento sobre o Mapa-Mundi para rumar novamente até o País no Vento, mais especificamente para o próprio esconderijo. Um bom tempo havia se passado desde aquele dia e não tinha mais noticias sobre a conclusão dos eventos, sobre o que teria acontecido, havia se isolado no local, sem a presença de Eru ou Senki no mesmo. O deserto sofria com a passagem de tempo, se tornando ainda mais seco com a chegada do Inverno, e seu frio noturno ainda mais violento. Por sorte, o esconderijo o blindava do clima extremo do deserto, garantindo calor durante o frio e frescor durante as altas temperaturas. Por muito tempo, tudo o que fez foi meditar, aproveitar a intensa influencia natural da Caverna para retornar as memorias de Yuji, e formular a melhor decisão possível para investigar o paradeiro do garoto. A raiva já não era tão grande ao retornar para estes pensamentos, mas sim uma expressão de medo, de preocupação, de realmente temer que Yuji havia se unido a causa daqueles monstros. Acreditava que, confiando na índole do garoto, o mesmo conseguiria contornar as vontades malignas do Pastor, contornar suas ideias genocidas e utilizar tais habilidades para o bem maior, e não para seu próprio ganho pessoal. Em meio a essa tormenta, um estrondo ecoou da barriga do Lee, um grito, um rugido furioso de fome. Ele levou a mão até o estomago e sorriu. Era como se aquela carga negativa sumisse e a personalidade bem humorada retornasse ao ser despertado por sua própria barriga. — Calma ai fera, não precisa chorar, vamos ver o que encontramos para comer. — Sorriu, dando alguns tapinhas na barriga e indo diretamente para a mansão construída entre as arvores da Caverna de Deus.