— Esses malditos velhos. — Esbravejei conforme caminhava de forma vagarosa até o complexo militar e científico da Areia. Já fazia dias que eu precisava lidar com eles, pensar em movimentos seguros e estratégicos para lidar com os seguidores de Jashin, como também em outros pequenos detalhes. Fazer o vilarejo andar, mesmo sem a presença da líder não era uma tarefa fácil e tornou-se mais difícil ainda quando me instruíram a trabalhar com velhos sem personalidade. Tudo bem, talvez por conta da minha personalidade, seja muito mais difícil lidar comigo do que eu lidar com eles, mas quem se importa? Se essa história é sobre mim, o homem que descobriu a pouco tempo fazer parte de um clã praticamente extinto, que me deixem reclamar desses malditos em paz.

Um problema que vinha assolando o vilarejo era, sem dúvida, Serroy ainda preso, junto da anomalia presente nos céus. Os dois fatores, ligados à fé inabalável dos seguidores de Jashin nos causavam problemas complicados de se lidar. Felizmente, na última reunião havia ficado decidido que iríamos mandar um pelotão de soldados bem treinados para inibir qualquer tipo de movimentação mais acalorada, ou talvez algum protesto. Não precisávamos de mais protestos, ainda mais sem a sombra da Areia presente e, com os velhos concordando com meu pensamento, conseguia retirar um peso gigantesco das costas.

Hoje, porém, não fiquei de ir encontrar os idosos, mas sim o homem responsável por cuidar, vira e mexe, de Serroy e estudar a anomalia física que o homem apresentava, sempre se regenerando, mesmo perdendo um ou dois dedos durante sua estadia na cadeia. Estava atrasado? Sim, afinal, pela primeira vez em pelo menos uma semana eu conseguia finalmente dormir bem, sem pensar nos problemas que afligiam tanto o vilarejo quanto minha vida pessoal.

— Eu não escolhi isso, Altria, sua maldita. — Procurei sussurrar dessa vez, levando um cigarro aos lábios conforme o acendia e continuava andando na direção do centro científico, próximo ao centro militar, ficando no mesmo complexo. Os tragos me trouxeram ânimo e quando vi o nerd na minha frente, me esperando, sorri. Procurei ser o mais simpático que meu gênio individualista me permitia. Conforme ia me aproximando, ele levantou a mão como forma de chamar minha atenção.

— Bom dia senhor Kōga. Desculpa ser tão cedo assim, mas meu horário é um pouco diferente do normal. Nfufufufu. — De fato, um nerd estranho, só que, a risada dele me forçou a segurar para não gargalhar na cara dele. Puxei mais uma vez o fumo, tentando esquecer aquilo o mais rápido possível.

— Bom dia senhor… — Espremi os olhos para tentar ler o nome disposto sobre a credencial que ele carregava. — LeBron, é isso? — Ele consentiu com a cabeça rapidamente. De fato, um nome estranho para um homem estranho.

Considerações:

Jutsus Utilizados:

Itens:

— Isso mesmo senhor Kōga. — E ele ficou me olhando, como se dependesse de mim para fazermos o que quer que precisarmos fazer. Dei mais alguns tragos aproveitando a pausa e o silêncio, conforme ficava analisando o homem à minha frente; franzino, pequeno, corte de cabelo parecendo uma cuia e ósculos horríveis. Porém, não estava ali para julgá-lo, muito pelo contrário.

— E então… fiquei sabendo que aquele maldito do Serroy tem certas habilidades peculiares, né? E que você tem estudado sobre. — Fui direto, como dita minha personalidade áspera. Ele soltou um breve riso.

— Isso mesmo. Tenho tentando decifrar de onde vem a habilidade regenerativa dele e, quem sabe, conseguir replicar o efeito em alguns dos nossos ninjas. Pelo menos foi isso que os anciões me pediram. — Eu olhei com certa estranheza, franzindo o cenho. Não haviam me falado sobre tentar replicar o efeito em nossos ninjas. Sequer concordaria com isso, entretanto, entender sobre a habilidade do homem me era muito mais necessário, por hora, do que contestar as ordens dos velhos decrépitos.

Ele me convidou para entrar no modesto prédio com gestos. Eu o segui de forma calma, buscando analisar tudo ao meu redor, principalmente o fato de ter quase nenhuma pessoa ali, a não ser por uma secretária loira. Fomos até um corredor escuro, iluminado apenas por alguns candelabros dispostos nas paredes, fruto da anomalia que estava acontecendo no céu de todo o mundo shinobi.

— Pode entrar, pode entrar. — A luz da sala era mais vibrante, vinha de um objeto grande e esférico disposto no centro do cômodo. Lá dentro, conseguia ver tudo com clareza. Os diversos frascos com líquidos de várias cores, uma espécie de freezer para manter a temperatura dos estudos. De fato, o LeBron se trata de um verdadeiro cientista e o local permitia eu tirar essa conclusão um pouco prematura.

— Logo nossa cobaia será entregue. Hoje pretendo fazer mais algumas pesquisas, talvez tirar um ou dois dedos dele. Nfufufufufufu. — E a risada dele me fazia pensar o contrário, de imediato. Um sorriso amarelado brotou de minha face, enquanto continuava a olhar tudo o que tinha no cômodo, como uma criança em um parque de diversões.

Considerações:

Jutsus Utilizados:

Itens:

De fato, Serroy não demorou para chegar com o sorriso sarcástico pertinente daquele velho seguidor de um falso deus. Ele primeiro cumprimentou LeBron com um simples balançar de cabeça. Achei estranho o fato, afinal, pelas palavras do cientista, ele mutilava o outro durante as várias seções. Por fim, ele se aproximou de mim, ainda acorrentado.

— Parece que você cresceu um pouco, jovem Kōga. HAHAHAHAHA — A gargalhada me irritou na hora, fazendo meu cenho franzir, conforme me aproximei ainda mais do velho, com os punhos cerrados, doido para acertar um jab na cara dele e tirar o sorriso sarcástico da sua face na base da porrada. Entretanto, me contive, gélido como minha linhagem. — Fiquei sabendo, inclusive, que o sucesso de ter me prendido te rendeu uma graduação fácil, não? — Era o que as más línguas falavam. Outros diziam que Altria estava tendo um caso comigo o que, até certo ponto, era mentira. Prefiro Asuna e Pan, sendo sincero, mas a líder não é de se jogar fora, claro.

— Sim. Só não foi mais fácil que te prender, velhote. — Devolvi a fala destilando veneno sobre ela. Ele fechou a cara na hora, conforme se aproximava do cientista e estendia as mãos. LeBron, por sua vez, pegou um molho de chaves e, olhando uma a uma, finalmente encontrou aquela que iria retirar as amarras de Serroy.

Sem as correntes, Serroy caminhou vagarosamente na direção da maca, deitando sobre ela. LeBron utilizava das amarras de couro presas à maca para dificultar com que ele saísse de lá, ou se debatesse no meio do processo.

— Então, jovem Kōga, tem interesse em aprender um pouco de ciência? — A pergunta foi respondida de imediato, com um simples balançar de cabeça afirmativamente. Me aproximei da maca, vendo LeBron pegar um bisturi e colocar a lâmina aparentemente afiada sobre a pele enrugada e velha de Serroy. Fez um corte rápido, do tórax ao umbigo, utilizando de um mecanismo para abrir um pouco o corpo do velho. A cena era nojenta, mas fiquei observando atentamente.

Com uma seringa na destra, LeBron pegou boa quantidade de sangue, como também um pouco de tecido dos órgãos de Serroy que, por sua parte, parecia tranquilo com aquilo. Todo o processo durou longos vinte minutos, exatamente cronometrados. Após, LeBron deixou as amostras que recolheu sobre a bancada e retirou as amarras do velho seguidor de jashin, dizendo que o mesmo poderia ir embora e que a pena dele teria uma diminuição considerável por conta da ajuda.

Considerações:

Jutsus Utilizados:

Itens:

Depois do homem ir embora, com guardas o levando, me aproximei do balcão onde LeBron estava analisando os fluidos pegos. Vi ele manuseando os frascos com perfeição, conforme fitava cada coisa. O tecido dos órgãos eram colocados sobre uma pequena fileta translúcida e, após, a fileta foi colocada em cima de um equipamento que não soube decifrar.

— Pra que serve isso? — Perguntei e ele me respondeu, primeiramente, com um sorriso.

— Aqui eu consigo ver coisas que, com o olho humano, não conseguiria. E é necessário para analisarmos o que compõem esses tecidos, os motivos dele conseguir se regenerar. Sabe… ele fala ser um dom ganho por Jashin mas, eu, cientista e cético como sou, tenho minhas dúvidas e prefiro acreditar na ciência e apenas nela. — A explicação foi clara, inclusive, o convite para que eu pudesse analisar.

Me aproximei do aparelho, colocando os olhos no que aparentemente me fazia enxergar várias vezes mais, como uma espécie de zoom. As células estavam agitadas, pareciam se juntar e se afastar como em um completo frenesi. Não sabia identificar com perfeição se ali estava o motivo da regeneração de Serroy, portanto, me dirigi a LeBron.

— As células estão agitadas, não? Será que isso é suficiente para que ocorra a regeneração dele? — Ele concordou e ainda apontou algumas coisas.

— Não só isso. Se você reparar no sangue dele, tem bastante ferro, muito além do que pessoas comuns, como nós, temos. Essa alteração pode ser de alguma alimentação na cadeia, mas acho bem difícil. — E ele me entregou o composto de sangue se misturando a um líquido.

No começo os dois não se misturavam mas, aos poucos, começavam a se misturar o sangue passava para uma coloração mais enegrecida. Entretanto, um líquido mais pegajoso se dispersava do sangue e do composto. Olhei na direção de LeBron sem entender muito bem.

— Sim… o sangue dele tem algo associado nele que, com o composto, faz se separarem. Eu ainda não consegui ter noção exata do que é, mas acredito que esse líquido pegajoso seja o real motivo dessa regeneração absurda de Serroy. — Ele explicou já pegando o objeto da minha mão.

Ficamos ali por algumas horas. A análise do cientista demorou para sair, sequer sairia naquele dia, ou naquela semana. Demandaria de mais algumas seções torturado Serroy, o que, para mim, tudo bem. O velho decrépito merece.

— Bom, preciso ir embora. Tenho outros afazeres, mas foi bom aprender com você, LeBron. — Disse, me despedindo e indo embora. Eu tinha mais o que fazer? Não, mas n ia ficar vendo um composto reagir ao sangue durante horas da minha vida, né? Convenhamos.

Considerações:

Jutsus Utilizados:

Itens: