A maldição do clã recaía sobre os olhos lúgubres, que agora dotados de tonalidade carmesim ardiam em um excêntrico fulgor. Embora a sensação fosse desagradável para que chegasse, o Uchiha estava sempre naquele local, conforme possível e quando a coragem lhe tomava a corrente sanguínea, permitindo que encarasse seus próprios demônios. O Ninho do Urubu era definitivamente sua casa, muito além do que a própria moradia representava.

De certo, naquele lugar, tornava-se indetectável ao mundo exterior. Contudo, seu maior temor era fitar a si próprio. Yohma temia a escuridão, e ainda que as máculas de seus orbes fossem profundas, bem como permanentes, o rapaz visitava seu próprio Ninho de modo a encontrar sua luz. Cada semblante no local, demonstrando sua própria mudança psicológica e igualmente patológica, lhe lembravam exatamente quem era quando tudo fora iniciado. Também podia ter vislumbres daquele que se tornaria no futuro.

Yohma não era um shinobi especial. Sempre fora um covarde, que temia sua própria sombra e visualizava o mundo por uma ótica totalmente pacifista. Ele via em Kreese, seu avô, métodos considerados desagradáveis, utilizando-se da violência como estilo de vida. Sua percepção era de seguir um caminho distinto, mas desde o princípio lhe fora ensinado o contrário; fosse por seu avô, fosse por seu companheiro de equipe, fosse por seu sensei.

Irônico.

Os passos vagarosos se direcionaram por todo o cenário caótico, obscuro, um reflexo de sua própria mentalidade abalada e bastante curiosa. Era apenas sua caminhada habitual, lenta, lidando com as batidas velozes de seu coração em condição do exercício físico, e também com o ardor dos olhos que gotejava sequencialmente.

O mancebo interrompeu o movimento apenas ao sentar-se em uma das faces, esta que representava um semblante choroso, com o desespero lapidado nos olhos fixos ao solo. Yohma suspirou vagarosamente, sentindo o ombro ser tocado pelo avô. Kreese não estava mais vivo. Fora ele o responsável por moldar a estranha habilidade ocular de permitir que uma dimensão fosse criada, contudo, embora com o peitoral perfurado, ele continuava a atormentar os pensamentos do Uchiha como parte de si.

Quedou a cabeça quando o habitual frasear de seu avô fora sibilado, com um sorriso no canto dos lábios. Yohma fitava exclusivamente o céu obscuro, e a luz que pairava sobre si. Temia definitivamente aquela escuridão, mas por mais que pudesse fazer parte dela, ainda desejava encontrar a luz. Ele não sabia como, e tampouco encontraria a resposta com facilidade, porém, o conceito de eternidade lhe era bastante agradável e receptivo aos lóbulos.

De tal modo, o mancebo apenas deitou-se no meio daquela estranha dimensão. Os olhos foram semicerrados aos poucos, para que descansasse, finalmente, em paz. Precisava e desejava somente dormir, sem quaisquer preceitos além daqueles. Seu problema seria resolvido com o tempo, assim esperava. No momento, ele desejava unicamente aproveitar um dos poucos momentos em que estava ali; naquele estranho lugar, o seu ninho, o seu verdadeiro lar.  
 

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