—— Um bom chá.

Rotina. Com o passar dos dias, agora longe de seus pais, Miyazaki tomou para si uma rotina. A forma como seu dia fluía era totalmente voltado para treinamentos e descansos, e, mesmo não sendo tão otimista acerca de suas habilidades, via em si mesmo uma melhora aparente e usava isso como combustível para se dedicar ainda mais. Dentro de sua rotina, tinha seu momento de calmaria onde costumeiramente preparava um chá com algumas folhas secas colhidas nos arredores de sua residência – a qual não passava de um cômodo de solteiro sem qualquer divisória que interligava sala, quarto e cozinha. No chão, mais próximo da janela que ficava pros fundos, seu colchonete surrado. No centro do ambiente, um saco cheio de panos bem imprensados que simulava uma poltrona moderna – e julgada por Miyazaki como confortável. Do lado de fora, quase como se fosse uma área de lazer, ficava seu fogão de barro movido a lenha.

Àquela hora da tarde, já tinha colocado a madeira para queimar. Se afastou de casa alguns metros e colheu do pequeno desvio que o rio fazia próximo de sua casa, um balde de água. Voltando ao recinto, encheu sua chaleira com as folhas secas, colhidas na tarde anterior, e colocou água para ferver em uma outra panela. Sentou-se na mureta ao lado do fogão e aguardou alguns minutos. Naquele momento estava tranquilo e não pensava em problemas. Nem mesmo em seus pais que havia deixado para trás afim de se tornar mais forte. Não, naquele momento sua mente estava em paz. Foi então que ouviu singelamente o estourar de uma bolha e percebeu que a água da panela já estava no ponto. Retirou a mesma do fogo e aproximou da chaleira, onde despejou o liquido —— Vamos esperar um pouquinho que já vai estar pronto —— O garoto não tinha vizinhos ou amigos, por isso vinha cultivando o hábito de conversar com sigo mesmo. Abafou o chá com a tampa da própria chaleira e deixou repousar por dez minutos.


Após a passagem do tempo necessário, sentou-se em sua poltrona improvisada, colocando à sua frente o balde de outrora – agora virado para baixo, simulando uma mesa – e serviu a si mesmo. O chá estava magnifico e seu cheiro exalava por toda a casa, quiçá por toda a redondeza. A simplicidade era um forte do jovem rapaz, que por viver seus primeiros anos no interior da névoa, aprendeu a valorizar as coisas mais simples. Uma delas era o silêncio, que naquele fim de tarde não durou muito tempo. Algumas batidas em sua porta, o chamar de seu nome. Miyazaki foi até a mesma com a chaleira na mão esquerda e uma xícara vazia na direita —— Você chegou em boa hora. Aceita um pouco de chá de erva-cidreira? —— O sujeito a porta era claramente um jonin de elite. Miyazaki já imaginava do que se tratava, uma missão. O jovem ouviu atentamente as instruções e do que se tratava e, pela primeira vez, se animou com um trabalho.

Nunca antes havia tido a chance de sair do vilarejo, nem mesmo permissão, agora detinha o dever de ajudar um membro de uma família influente nas relações diplomáticas da Geada com a Névoa. O garoto bebeu duas ou três xicaras antes de sair, tateou a parede de sua casa e recolheu sua lâmina embainhada, saltou da entrada direto para o galho de uma das árvores ao redor da residência e saiu entre piruetas e avanços na direção do portão do vilarejo. Em sua mente pairavam algumas questões importantes. Para que lado fica a Vila da Geada e quem são os tais jashinistas. Não demorou muito para que se encontrasse debaixo do portão da vila da névoa, encarando o vasto e desconhecido mundo à frente.


Miyazaki; 375/375; 675/675; 0/6;

Considerações:

Usados:

—— Oculto pela luz da lua.

A figura não lhe causava estranheza, claramente um dos shinobi de elite que outrora viu pelas vielas da névoa. Tudo que precisava saber havia ficado claro com as especificações passadas pelo superior, que havia sido sucinto quanto a forma de se chegar no vilarejo destinado. Aquela não era o que poderia ser chamada de viagem desgastante, desde que fosse realizada com calma e sem pressa. Todavia, uma vida estava em risco e portanto Miyazaki assumiu que teria de entregar toda sua capacidade física em busca de chegar rapidamente em seu destino. Com tal pensamento pairando em sua mente, lançou-se contra os galhos das arvores que encontrou pela frente, controlando sua respiração de maneira que sua condição física se preservasse e acionando cada um dos músculos de seu corpo para maximizar a cadencia de seus movimentos. De certo modo aquela era uma oportunidade de elevar também o seu ritmo e treinar sua condição fisiológica. Assim o fez e em questão de tempo chegou no que acreditava ser a geada. Subiu no topo de uma grande arvore, a primeira que avistou, e encarou as construções se erguerem diante de seus olhos. Precisava usar de ser discernimento para diferenciar as residências e encontrar a de seu alvo. Para tal, não viu dificuldade. Com tantos adornos e uma estrutura bem ornamentada, seu objetivo estava claro.


As entradas todas estavam muito bem dispostas para sua passagem, o que indicaria até mesmo ao mais desprovido de conhecimento que sua presença já era aguardada. Miyazaki não era reconhecido por sua inteligência estratégica ou mesmo por sua alta capacidade mental, todavia seu instinto em batalhas era apurado, sua velocidade para tomar decisões era facilmente equiparada à sua física. Olhou para a estrutura e chegou a conclusão de que entrar pelas janelas ou portas era em todas as circunstâncias a pior das hipóteses. Tentou espremer seus olhos e averiguar se via algum dos malfeitores, apenas a caráter de conhecimento, tendo em vista que era uma boa ideia contabilizar seus inimigos. Seu esforço para não ser localizado ou mesmo visto era primordial e vinha sendo sua prioridade, ao passo que movia-se cuidadosamente na intenção de evitar qualquer armadilha que fosse capaz de encontrar e antecipar. Tomou por fim a decisão de invadir o lugar por cima, onde aparentemente não haviam cuidados, até mesmo porquê, quem em sã consciência invadiria pela cobertura? Apenas um shinobi em toda a terra ninja. Miyazaki subiria cuidadosamente, ocultando seus sons da melhor maneira e movendo-se da forma mais rápida que conseguisse. Alcançaria os telhados e retiraria telha por telha até que houvesse a mínima abertura suficiente para que pudesse entrar. Se localizaria no ambiente e buscaria entender onde estava. Agora seu objetivo era descer pelos andares assassinando rápida e sorrateiramente seus inimigos, assim salvando o seu alvo.


Miyazaki; 375/375; 675/675; 1/6;

Considerações:

Usados:

—— Força e velocidade.

Os passos silenciosos e vagarosos guiaram o genin até um ponto da escada onde conseguiu vislumbrar três inimigos a espreita, todavia notou que nenhum sequer demonstrava deter treinamento shinobi. O resultado era uma série de questionamentos sem qualquer vislumbre de resposta pairando por sua mente: Quais seriam os motivos para aquele sequestro? Porquê cidadãos comuns estariam agindo assim? Porquê eram chamados de jashinistas e o que significava isso? O fato é que não tinha tempo suficiente para chegar as conclusões por conta própria. Com a espada ainda embainhada sendo carregada em sua destra, moveu-se da forma mais veloz possível em direção ao inimigo que se colocava em uma posição mais distante dos demais, inclinando seu tronco para trás, como se seu corpo fosse uma mola, mirando um chute no abdômen na pretensão de não só lança-lo contra uma parede como também atordoa-lo por algum período de tempo, dando sequência ao seu movimento ao se deslocar pelo ambiente acrobaticamente até se aproximar do segundo inimigo, o qual atacaria com um movimento rápido e abrupto, almejando acerta-lo abaixo do queixo com o cabo de sua espada ainda embainhada, afim de desacorda-lo instantaneamente.

Àquela altura, se tivesse tido êxito em seus primeiros e sequenciados ataques, teria se livrado de dois de seus três inimigos. Antes mesmo que o segundo inimigo caísse no chão sacaria sua espada com a canhota, colocando a lâmina gélida no pescoço de seu ultimo adversário. Em sua destra a bainha era carregada firmemente e sua guarda se mantinha de pés com relação aos seus dois inimigos que em teoria, devido a força dos golpes, estariam fora de combate. Agora iniciaria o seu interrogatório —— Não confunda as coisas, eu não deixei de matar seus dois companheiros por ser bonzinho ou mesmo estar hesitando —— Disse ao último de pés, lançando-o um olhar de mais puro ódio —— Acontece que eu priorizo a informação que você vai me dar em troca de deixar que saia daqui com vida junto de seus companheiros. Minha missão é encerrar esse sequestro e manter a salvo o meu cliente e você já deve ter percebido que nesse ponto eu tive e continuarei tendo êxito. Agora o que vai acontecer é o seguinte. Vou fazer duas perguntas simples e você pode dar o fora depois de me responder —— O garoto torceu rapidamente seu punho de forma que a lâmina poderia ocasionar um leve corte no pescoço de seu interrogado, apenas para deixar claro que não estava blefando —— O que são vocês jashinistas e qual a motivação para estarem cometendo esses crimes?


Miyazaki; 375/375; 675/675; 2/6;

Considerações:

Usados:

—— Como diria Elsa.

O tremular de seus inimigos, o sequer piscar de seus olhos, estava mais do que claro que além de sem qualquer instrução militar, também não detinham o conhecimento acerca do que queria saber ali. Com isso em mente, atrelado ao fato de seu cliente estar se contorcendo no chão a fim de encontrar sua liberdade, Miyazaki não via mais sentido em postergar ainda mais sua missão. Se alguém poderia lhe responder agora, seriam seus superiores da névoa. O garoto fechou seus olhos enquanto franziu o cenho —— Deem o fora daqui! E lembrem-se de que eu sou o mais fraco da névoa! Estaremos de olho! —— Enquanto falava, balançou suavemente sua lâmina de maneira que cortou as amarras que limitavam os movimentos das mãos de seu cliente, realocando-a na bainha ao fim do mesmo movimento.

—— Se não se importa, vou deixar o acerto de contas pros responsáveis por isso. Já está mais do que livre de seus malfeitores e eu já terminei o que vim fazer aqui. Tenho algumas boas perguntas pra fazer aos meus superiores —— Enquanto indagava, sem qualquer delicadeza para com alguém consideravelmente importante, Miyazaki deu alguns passos em direção a uma das janelas abertas no lugar. Tendo em mente que já tinha deixado os inimigos ir embora e sua missão estava concluída, o genin iria partir em direção à sua aldeia onde questionaria acerca dos fatos ocorridos ali, os seus superiores.



Miyazaki; 375/375; 675/675; 2/6;

Considerações:

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