Chamado às pressas para o gabinete de distribuição de missões do vilarejo, Fugaku foi incumbido de recuperar o animal de estimação de uma rica senhora, um rechonchudo gato de nome Dontos. A mulher, que por sua vez era chamada Melysa, terminava uma verdadeira cena frente aos funcionários do departamento quando o gennin chegava para atender a solicitação, partindo de pronto para recuperar o animal indefeso do sequestrador audacioso, descrito como um jovem maltrapilho. Os ricos e seus modos excêntricos, pensou. Mas que interesse tem esta criança em roubar o gato de uma nobre senhora? Eu entenderia se ao menos houvesse um pedido de resgate.
Partindo com o sol primaveril a pino, Fugaku seguia pelo vilarejo por onde fora relatada a passagem do delinquente. Contudo, não havia nenhum sinal dele, até que, após contar com a colaboração de passantes e trabalhadores, reuniu relatos o suficiente para crer que ele havia buscado refúgio nas imediações de uma grande floresta nos arredores da periferia do vilarejo. Assim, direcionando sua busca até o local – onde, naturalmente, havia pouquíssima circulação de pessoas – avistou a distância o marginal e um caixote de madeira, que certamente estaria servindo de gaiola para o animal. Ao se deparar com a cena, Fugaku disparou a correr em sua direção, que fugiu tão logo foi possível, embrenhando-se na floresta com pobre gato que, gordo que era, devia estar sacolejando contra as grades de madeira, desgostando cada vez mais de toda a situação e da maneira descuidada daquele que o transportava.
A perseguição através da densa vegetação se estendeu por vários minutos, até que, cada vez mais, o sequestrador parecia se distanciar daquele que o perseguia, e mesmo a agilidade natural do gennin não parecia ser o suficiente para fazê-lo alcançar o outro. Esses bandoleiros devem estar acostumados a fugir através da floresta, fugindo com tamanha facilidade entre galhos e raízes, mas preciso alcançá-lo, pensou. Ao que percebeu que já não podia sequer avistar o sequestrador, Fugaku olhou ligeiramente a seu redor, percebendo que a partir dali estaria avançando profundamente naquela floresta, correndo o risco de não encontrar mais a direção do vilarejo tão cedo —— por isso, decidiu sacar uma kunai de sua bolsa, marcando cada árvore com um X, marcando o caminho por onde viera e evitando que se perdesse no retorno.


Após horas de procura através da floresta sem a possibilidade de se guiar pela posição do sol, já que nem mesmo a luz do astro rei encontravam passagem entre a densa vegetação composta por frondosas árvores, Fugaku começava a pensar em desistir da busca ao ceder à ideia de que não tinha sido capaz de alcançar o sagaz sequestrador. Não posso me dar por vencido... Aquele moleque deve ter a mesma idade que eu, e não deve ser mais do que um gennnin. Vou recuperar aquele gato, nem que eu precise acampar por dias nesta floresta. Conforme continuava a busca, percebia que não havia sequer sinais de que alguém passara pela direção em que seguia. A densa vegetação poderia confundir até mesmo homens e mulheres mais experientes do que alguém verde como ele. No entanto, ao seguir adiante em busca de algum rastro, som ou odor que pudesse acusar a localização daquele que procurava, Fugaku se deparou com um X marcado no tronco de uma árvore, assim como ele tinha feito quando percebeu que poderia se perder. Este puto fez marcas iguais as minhas para me confundir ou eu estou de volta aonde comecei? Questionando o seu próprio senso de direção, ele precisava acreditar que não havia sido tão descuidado a ponto de andar em círculos por horas. Eu o vi seguindo por esta direção, é impossível que eu tenha me perdido tão facilmente. Preciso supor que é uma ilusão, mas... Eu nunca fui capaz de produzir um genjutsu, e também não seria capaz de anular, mesmo um tão básico quanto este parece ser. Vou ficar preso nesta floresta para sempre, sem encontrar o caminho de volta à Kiri. Parado enquanto analisava a situação, Fugaku se pegou lamentando por não ter sido capaz de prever a provável artimanha do outro antes de passar horas rondando a floresta como um tolo. Aquela senhora, Melysa... Deve estar desesperada, com medo de nunca mais ver o gato. Preciso ajudá-la! Mas, como? Se perguntava. Já sei! Não tenho certeza se vai funcionar, mas... Eu preciso tentar. Meus superiores confiaram essa missão a mim. Em seguida, Fugaku mordeu a língua com tamanha força que quase se urinou, cuspindo um pouco de sangue em seguida. Sem a possibilidade de uma confirmação de que era uma ilusão ou não, e até mesmo se a dor interrompera a técnica, na ausência de novos impecilhos ele iria utilizar a técnica Kinobori no Shugyo para escalar uma das árvores até a copa para avistar do alto em que direção estava o vilarejo, sabendo que era de lá que ele viera, assim seguiria no caminho contrário, na direção em que inicialmente perseguia o sequestrador. Ele precisava continuar sua busca, mesmo que ela o levasse novamente até ali, onde ele marcara o início do caminho.

Considerações:

Na busca por Tontos, dessa vez na direção certa e sem a influência das artimanhas do outro, Fugaku encontrou o sequestrador a poucos metros de onde estivera parado considerando os detalhes que o permitiram perceber que, possivelmente, estava sob uma manipulação mental. Novamente, ao avistar Fugaku, o infame que estava na posse do gato se colocou a correr, tomando uma distância constante do gennin que o perseguia sem conseguir se aproximar. Ele parece ser capaz de correr na mesma velocidade que eu. Nunca vou alcançá-lo. Desse modo, ele pensou em um modo de força-lo a parar sem precisar se aproximar, e, no entanto, o outro garoto pareceu ter a mesma ideia que ele, enquanto bradava para que Fugaku o deixava sair impune, sacando duas kunais e um explosivo. A agilidade com que ele produzia cada movimento ao sacar e disparar as armas, mesmo tendo em posse o animal, era impressionante, ao passo que, naturalmente, Fugaku tinha também uma capacidade reflexa avantajada, conduzindo uma tentativa de desviar das kunais em uma reação mecânica ao perceber que um ataque seria lançado contra ele. Correndo a uma velocidade de dez metros por segundo, ele tentaria desviar para a esquerda seguindo em frente, tomando distância do ponto a suas costas em que ocorreria a explosão do papel bomba e a fumaça produzida por este. —— Eu não fui enviado para te capturar, mas apenas para recuperar o animal. Entregue o gato e eu o deixarei ir —— Tentou argumentar —— Posso dizer a eles que você fugiu enquanto eu o pegava Dontos de volta. —— De fato, ele havia sido incumbido de recuperar o pobre e gordo Dontos, que a este ponto estaria aterrorizado dentro do caixote. De certo, levar o sequestrador a justiça seria recomendável, mas não era o mais importante. Do mesmo modo, também não fora instruído a não feri-lo. —— Você parece ser habilidoso em genjutsu. Poderia ser um gennin de muito sucesso. Por que não voltamos ao vilarejo e se arrepende do que fez? Depois disso, você poderia tentar seguir por outro caminho, servindo à vila. —— Tenho a impressão de que argumentar não vai fazê-lo mudar de ideia..., pensou. Percebendo que estava perto de se cansar e não ser mais capaz continuar a perseguição, ele se manteve firme, embora o cansaço estivesse aumentando exponencialmente, pois sabia que não podia falhar. Ao considerar a possibilidade de sua argumentação ser em vão, dessa vez ele mesmo iria sacar suas armas, três kunais e um papel bomba, disparando uma na direção de cada perna, e a com o explosivo na direção do glúteo do infrator, na tentativa de impedi-lo de continuar a fuga.

Considerações:

Minha paciência está se esgotando... E minha energia também. Irritado com a determinação do sequestrador em se manter firme no propósito criminoso, Fugaku estava sentindo suas forças esvaindo-se de seu corpo a medida que avançava sem conseguir se aproximar do outro. A missão, que devia ter sido simples, assumira uma grande chance de falha, pois, a cada metro da perseguição eles se aproximavam do destino do outro, e ao alcançá-lo, o perigo seria iminente. Sim, agora eu entendo... Complacência leva à morte, pensou. Ou ao fracasso. O sequestrador de nome desconhecido não iria desistir, e as tentativas anteriores do gennin tinham sido em vão, e somente um deles parecia ainda ser capaz de continuar aquela perseguição. Numa última tentativa nervosa de recuperar o animal e cumprir sua missão, Fugaku usaria suas últimas reservas para o Shunshin no Jutsu, sem saber mesmo se seria capaz de reunir seus últimos esforços na investida, em seguida sacando uma kunai que seria cravada no pescoço do criminoso, incapacitando-o definitivamente, já que, após a tentativa, o inexperiente gennin não teria mais forças para lutar e sabia disso — na verdade, ele sentia isso, em cada célula fadigada de seu corpo. Assim feito, ele precisaria parar para descansar antes de retornar a vila em posse do gato resgatado ou não.

Considerações: