Uma explosão tomou conta dos céus do País do Fogo. O barulho pode ser ouvido após alguns segundos até mesmo em Konoha que estava a cerca de oito quilômetros do ocorrido. O impacto foi tão forte que as paredes tremeram e os vidros de algumas residências não resistiram, partindo-se em pedaços. Os mais precavidos logo suspeitaram de um possível ataque, entretanto, tranquilizaram-se ao notar que os shinobis mais experientes não mudaram sua postura.

Mais próximos do local, enquanto conversavam, um pequeno grupo composto por seis ninjas da Folha observavam a poeira abaixar.

— Este foi o último, Bebin? — Questionou, Togyuu, ao homem de queixo estranho.

— Infelizmente não, Major. — Respondeu, ajeitando o bigode. — Há mais um possível laboratório não muito longe daqui, porém, um ninja sensorial da minha equipe conseguiu sentir alguns chakras se movimentando no interior da caverna. Pode ser perigoso tentarmos invadir apenas em seis.

Togyuu levou uma das mãos ao queixo, pensativo.

— Rina, meu amor, p...

— Sem essa de meu amor, garoto idiota. — Reclamou, a jovem.

— Não posso nem brincar mais? — O Yuki riu, enquanto pegava um pequeno bolo de cartas de um de seus bolsos. — Enfim, Rina, retire uma carta. — Após embaralhá-los, estendeu a mão à kunoichi.

— Hã? Por que?

— Se for uma figura, iremos invadir o último laboratório agora.

— Togyuu, isso não é brincadeira. — Alertou, Holt. — Podemos morrer lá dentro.

— Mas não é brincadeira, Capitão... É sorte. — Retrucou. — Se a sorte estiver do nosso lado, podemos nos arriscar sem medo. — Acenou com a cabeça para que Rina retirasse a carta.

Apreensiva, a jovem realizou a vontade do Major e, após retirar uma carta, entregou a ele.

— Acho bom todos estarem aquecidos já. — Riu, mostrando a carta selecionada aos demais.


A entrada da caverna ficava escondida em meio a pequenos arbustos espinhosos. Era estreita e com paredes cobertas por um musgo escorregadio em um tom estranho de verde. Os mais atentos, conseguiam ouvir sons agonizantes vindos do interior. Além disso, constantemente alguns animais como cobras, aranhas, baratas, morcegos e ratos fugiam desesperadores pela abertura. Após alguns segundos de observação, os mais receosos do grupo se entreolharam.

— Tem certeza, Major? — Bebin perguntou, tomando a frente. — Está tudo indicando que não devemos.

Togyuu apontou o dedo indicador para um dos shinobis que acompanhavam o investigador que acabara de falar.

— Você..., vai na frente. — O rapaz arregalou os olhos, assustado – certamente não gostaria de ir. O Yuki não se conteve e caiu na gargalhada. — Estou apenas brincando. — Então, o platinado se moveu e adentrou à gruta. — Não há o que temer, provavelmente está abandonado como os outros. Esses sons são do vento batendo contra as paredes, certamente há mais alguma abertura no interior do local para que a brisa passe. Enfim, vamos! — Indicou.

A caminhada se estendeu por cerca de um quilometro em um corredor estreito, o que forçava os invasores a andarem uns atrás dos outros, e escuro, até que chegaram a uma área mais aberta cujos raios de luz atravessavam por pequenas rachaduras na parede e iluminavam parcialmente algumas áreas.

Bebin se aproximou de Togyuu e retirou dois pergaminhos de seus bolsos, colocando-os entreabertos no chão. Após fazer uma rápida sequência de selos de mãos, os pergaminhos liberaram uma breve fumaça branca e revelaram duas lamparinas de tamanhos médios. Um estalo de dedos do investigador foi o suficiente para acender as chamas no interior dos objetos, dos quais um foi entregue ao platinado.

O local era bem semelhante aos demais laboratórios destruídos: mesas cirúrgicas espalhadas aleatoriamente; gaiolas vazias; prateleiras com materiais para experimentos químicos e genéticos; prateleiras com livros e pergaminhos dos mais variados temas – inclusive contendo técnicas proibidas. Cautelosamente, para não caírem em nenhuma armadilha, o sexteto realizou uma minuciosa investigação em busca de provas que levassem a localização dos demais membros daquele grupo de cientistas que conduziam experimentos proibidos.

— Togyuu! Bebin! — Holt chamou pela atenção dos outros dois.

O Capitão estava em frente a uma grande estrutura coberta por um lençol branco. Assim que os demais voltaram o olhar em sua direção, Holt puxou o pano revelando diversas câmaras gigantescas cheias de algum produto químico que cultivavam humanos. Rina e os outros dois que acompanhavam Bebin viraram os rostos, assustados. Por sua vez, o investigador encarou Togyuu.

— Estão vivos? — Questionou, Bebin.

— Não sei te dizer. Estão imóveis, mas esse líquido está soltando algumas bolhas com frequência. — Indagou, Holt. — Alguma ideia, Togyuu?

O platinado se aproximou das estruturas e observou atentamente os corpos nus – eram cinco. Alguns deles possuíam marcas de costura em alguns membros e uma estranha marca semelhante a que o próprio possuía no pescoço.

— Provavelmente estão vivos, mas sob o efeito deste líquido. — Togyuu levou a mão direita à bainha de sua katana. — Só tem um jeito de descobrir.

— To... — Holt tentou repreendê-lo, mas já era tarde.

Habilidosamente, o Yuki desferiu um corte com sua espada e todas as estruturas se partiram ao meio, inundando o local com aquele estranho líquido e jogando os corpos no chão. Todos permaneceram parados e aguardaram por alguma movimentação daqueles sujeitos, porém nada aconteceu. Nada até que Bebin foi arremessado violentamente contra a parede. Diante de seus olhos, aqueles seres começaram a se mover. Eles se contorciam e paravam em uma posição estranha. Inclusive, um deles estava próximo ao homem de queixo bifurcado – o que indicava que poderia ser o autor do ataque.

Togyuu suspirou.

— Se vocês tiverem dó, vão acabar mortos. Não podemos mais considera-los como humanos. — Indagou, o interrogador. — Certifiquem-se de garantir que eles tenham uma morte rápida, é o melhor que podemos fazer. Essas pessoas já sofreram demais nas mãos desses cientistas malucos. — Assim que o platinado terminou sua fala, as quatro criaturas avançaram contra o grupo à uma velocidade assustadora: um contra ele mesmo; um contra o Capitão Holt; um contra Rina e o último contra os dois assistentes de Bebin que já lidava com uma das criaturas separadamente.

O homem de queixo bifucardo não teve dificuldades em eliminar o adversário, assim como seus assistentes que uniram suas forças. Rina também demonstrou habilidade e rapidamente ceifou a vida de seu alvo com um poderoso jutsu raiton. O Yuki, cada vez mais confiante utilizando sua katana teve um pouco de dificuldades em encontrar uma abertura para acabar com a batalha em um único e fatal golpe, mas conseguiu. Por fim, Holt estava em apuros e mal conseguia acompanhar a velocidade da criatura, entretanto, foi ajudado pelos demais.

— Me lembrem de nunca mais acompanhar vocês nessas loucuras, não tenho mais idade para isso. — Reclamou, ajeitando as vestes.

— Já está na hora de você aposentar mesmo, Capitão. — Brincou, Togyuu.

Após recuperarem o fôlego e se certificarem de que não havia mais ninguém no local, o grupo retornou à investigação.

— Acho que não tem mais nada, vamos explodir tudo e dar o fora daqui.

— Major, você vai querer ver isso. — Bebin chamou pelo Yuki, o qual prontamente se aproximou.

Sobre uma das estantes, em uma posição de destaque, havia um pergaminho com bordas em tom de amarelo e dois símbolos que chamavam a atenção: o brasão de Kumogakure no Sato e, logo abaixo, o brasão do clã Yuki.

— O que é isso? — Perguntou.

— Não faço a menor ideias, mas vamos terminar logo com isso. — Completou, Holt.

Togyuu guardou o curioso pergaminho em seus bolsos e auxiliou os demais a espalhar papéis bomba pelo laboratório. Instantes depois, o grupo já estava a caminho da Folha e o local foi tomado por uma imensa explosão.


O quente sol da primavera refletia sobre o jarro com flores que Togyuu colocou sobre o túmulo de sua mãe e dificultava sua visão. A todo momento, o platinava levava uma das mãos para próximo de sua testa de forma que conseguisse ao menos ler o que estava escrito na lápide. Sua expressão era de tristeza e, vez ou outra, uma lágrima escapava, porém, não havia ninguém por perto. Sem dizer nenhuma palavra, o Yuki levantou-se e colocou as duas grandes mochilas nos ombros. Assim, seguiu em direção ao Gabinete do Hokage para entregar sua bandana e depois partiu para os portões do vilarejo, encontrando-se com Rina. Dali seguiram em direção à Kumogakure no Sato.

— Major, o que tinha naquele pergaminho para você decidir se mudar desta forma? — Perguntou.

— Isto não é conversa para agora, Rina. — Respondeu. — Vamos apenas aproveitar a viagem e depois que estivermos hospedados em Kumo, discutiremos isso. Enfim, como será que são as mulheres por lá? — Tentou mudar de assunto.

— Não tenho dúvidas que ainda serei uma das mais bonitas. — Brincou.

— Não posso discordar. — Eles riram.

A viagem seguiu sem problema algum – na verdade, pouco a dupla se deparou com a presença de outras pessoas, a não ser um ou outro comerciante. Assim, após cerca de uma semana de caminhada, sem pressa e parando todas as noites para recuperar as energias, eles chegaram aos portões da Vila Oculta da Nuvem.

Foram necessárias algumas horas para cumprir todas as burocracias referentes a mudança. Depois de liberados, o Yuki acompanhou Rina até seus aposentos e depois seguiu para a própria residência. Agora, apenas precisava de um bom banho e descansar pois o dia seguinte certamente seria longo; afinal, ainda precisava conhecer o Raikage pessoalmente e posteriormente se apresentar no Departamento Investigativo.

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