Os gritos ensurdecedores do Sabugueiro me faziam odiá-lo ainda mais, apesar de o amar. Afinal, ele havia largado tudo por mim, o ultimo prodígio do clã amaldiçoado. O sono estava bom, devo confessar, mas o que viria a seguir seria ainda melhor. — Já vou. — vociferei, de forma calma, apoiando ambos os pés no solo de madeira do pequeno quarto. Abri a porta, visualizando, além do Sabugueiro, uma outra pessoa vestida com o colete da Areia e sua bandana presa ao pescoço, reluzente como o sol do meio dia. Não demorei sequer alguns segundos para entender sobre o que aquela visita se tratava. Eu, finalmente, havia sido escolhido para uma missão. Por mais que eu tentasse, não consegui conter a excitação, pegando o pergaminho contendo as informações da missão.

Já estava fora do vilarejo quando me dei conta, tentando encontrar alguma pista de pra onde eu deveria ir. — Montanha distante, certo? — em voz baixa, me indaguei, lembrando das informações e do que eu teria que levar de volta ao vilarejo, mais especificamente ao centro médico da Areia. Fitei o horizonte, pondo em prática uma pequena estratégia. — Achei você. — sorri, esticando a destra aos céus, na tentativa de que a águia pousasse sobre meu braço. Por mais que eu tivesse problemas em me relacionar com pessoas, os animais me adoravam e, com sorte, a águia pousava, mostrando toda sua realeza à mim.

Não demorei mais que dois minutos passando as informações ao animal e, de longe, vi ela rasgando os céus, indo ainda mais ao norte. Só me restava aguardar e acreditar no potencial daquela ave esplendorosa. E, da mesma forma que ela tinha ido, voltava, trazendo em seu bico com o maior cuidado do mundo uma espécie de flor, extremamente bela, com a cor púrpura sendo seu maior destaque. Agradeci ao animal, acariciando o topo de sua cabeça duas vezes, suficientes para que ela fosse embora uma vez mais.

Dei de ombros, voltando ao vilarejo com a flor em mãos, afim de entrega-la à um dos médicos dispostos no centro médico da Areia e assim o fiz. Talvez pra uma primeira missão eu não tenha tido tanto trabalho mas, mesmo assim, já era um passo rumo ao futuro e a, quem sabe, novos desafios.


Dessa vez, ao contrário da primeira, não fui pego de surpresa pelos gritos do velho. Eu já estava acordado, ansioso para quando fossem me chamado novamente. Se passaram somente alguns dias, nada que não pudesse suportar, apesar da ansiedade tomar contar de meu corpo durante o período. Lendo a descrição da missão, pude sentir um leve sorriso brotar de minha face, ao saber que teria mais um contato com animais. Dessa vez, entretanto, eles estavam atacando importantes plantações do vilarejo e, cabia a mim, para-los. Aniquilar? pensei, mantendo o sorriso. — Como se eu fosse capaz disso... mais fácil faze-los parar, amigavelmente. — sussurrei, tentando localizar, dentro do vilarejo, aonde ficava as plantações.

De cima de um dos telhados do maior prédio perto do centro comercial, pude ver as plantações e o desastre que os animais estavam fazendo. Demorei cerca de trinta minutos para dar a volta e chegar nelas, mas, por sorte, nenhum animal estava lá para causar ainda mais confusão. Só me restava esperar, pacientemente, pelo ataque dos bichos e assim fiz.

Ao fim da tarde, quase anoitecendo, escutei alguns barulhos atípicos. O milharal se mexia constantemente, coisa que minutos atrás, não ocorria. Interceptei a rota dos incontáveis roedores e, mesmo que assustados, respeitaram a minha presença, como se eles soubessem quem eu sou ou qual o poder do meu sangue. Por mais que se tratasse de um assunto sério, não consegui conter a gargalhada. — Talvez vocês estejam passando fome, mas, por favor, os ninjas desse vilarejo precisam desses suprimentos para sobreviver também. Fui ordenado para aniquila-los... sim, totalmente desnecessário, mas, se vocês não saírem e pararem de roubar os milhos, a missão será dada a outro que, com certeza, fará bem pior do que mata-los. — o discurso foi breve, mas, suficiente para que os roedores entendessem a gravidade do que eles estavam fazendo.

Novamente eu havia terminado mais uma missão, dessa vez, com um final diferente do que ordenado pelo pergaminho, mas, acredito eu, suficiente para conter os ataques dos animais às fazendas dali.  

Considerações:

Jutsus Utilizados: