— Que saco! Por que ainda não consegui finalizar esse teste? — Reclamava o jovem batendo com a testa na estante de livros. No dia anterior havia começado uma nova fase em seu treinamento com Nanao, sua mãe. Achou que iria se dar bem, que conseguiria passar para outra fase já no primeiro dia, mas se enganou feio. Aprender a teoria por trás de jutsus medicinais, anatomia humana e até controlar bem seu chakra ele conseguia, mas não enquanto evitava ser atingida por kunais, shirikens e todos os tipos de lâminas possíveis as quais eram lançadas por sua mãe sem cessar. Precisava melhorar isso, afinal em uma batalha o inimigo não sentaria para esperar ele se curar antes de recomeçar os ataques.

Depois de passar parte da manhã inteira arrancando erva daninha do quintal da senhora Gamaryu ele se despediu de seus companheiros de equipe e não voltou pra casa sem antes passar no mercado e comprar mais ingredientes para a cozinha, afinal, sua mãe estava numa missão de espionagem há cerca de uma semana então ele tinha que fazer o almoço para ele e Haineko se quisessem comer.


Após o almoço, Haruka direcionou-se para um dos campos de treinamento de Konoha para dar continuidade ao processo de aprendizado e melhoria de suas habilidades. Concluiu que, se quisesse desviar dos ataques com facilidade e infundir chakra ao mesmo tempo, ele precisava ser mais rápido com o controle de sua rede de chakra. A meta era atravessar o campo realizando selos infundindo chakra e contar em quanto tempo finalizava a tarefa, além de quanto selos conseguia performar naquele meio tempo para ter uma base e após isso ele tentaria por mais vezes na tentativa de melhorar o seu tempo final. Poucos minutos depois, chegou ao fim da área demarcada e anotou a quantidade de minutos exigida para chegar até ali. Não estava muito cansado, porém começava se arrepender de ter ido treinar com aquelas vestes. Devia ter imaginado que quando começasse correr o sangue esquentaria e ele sentiria calor. Que tipo de médico queria ser se não se tocava à fisiologia do próprio corpo?

Segunda rodada. Começou a correr, forçando cada fibra dos músculos de suas coxas e panturrilhas, mas mantendo a concentração nos selos de mãos afim de ganhar um pouco mais de velocidade dessa vez. Com o calor aumentando e o coração pulsando forte no peito, o suor começou a escorrer por seu corpo. Ao fim do percurso soltou um gemido de alegria por ter chegado trinta segundos mais rápido do que na primeira vez. Livrando-se do casaco, iniciou outra rodada e, ao fim, percebeu que o peso de sua roupa estava lhe atrasando. "— Nota para mim mesmo: treinar com roupas mais leves.", pensou. Haruka continuou repetindo a corrida por vezes sem parar até que suas pernas já não aguentavam mais, o músculo fatigado, falhando hora ou outra, sentou-se à beira de uma grande árvore e escorou a cabeça em seu tronco para descansar.

Com o tempo o corpo do garoto foi se esfriando. Estava parado a alguns minutos, os músculos das pernas ainda muito cansados, mas o coração já não pulsava rápido e forte porque ele não estava mais em movimento. Um arrepio frio se iniciou no meio de suas costas e correu para dentro do cabelo. Hora de ir pra casa? Não, melhor não. Suas pernas estavam falhando, não podia mais tentar correr visto que era difícil até andar, mas ainda podia treinar. Se queria melhorar sua velocidade para focar o chakra em movimento, por que não treinar o controle de seu chakra? Até onde ele podia ir com ele? Nunca havia testado seus limites e essa era a hora.

Sentou-se à beira da grande árvore novamente e fechou os olhos para se concentrar enquanto fazia alguns selos de mãos em frente ao peito. Sentia seu chakra nascer, crescer, fluir e girar. Era como se pudesse ver sua rede de chakra, como seu sistema cardiovascular. Concentrava-se cada vez mais para usar sua primeira natureza elementar de chakra, o Katon. O clima estava úmido e nada favorável, então ele precisaria de algum esforço para efetuar essas técnicas. Focado, direcionou determinada quantidade de chakra para seus pulmões e o comprimiu cada vez mais, até que sentiu a impossibilidade de continuar forçando e o assoprou para fora como um trompete de de fogo. A bola lançada não era forte o suficiente, acertou uma pedra logo à frente e ela mal se moveu.

Deixando um longo suspiro escapar, Haruka continuou a repetir o que havia feito, vez após vez. A cada sopro as chamas avançavam mais certeiras, mas ainda não causava dano algum à pedra. — Ai cara... Já estou quase sem chakra, acho melhor ir pra casa. — Pensou alto, batendo a cabeça de leve na copa da árvore. Fechou os e se concentrou para tentar outra vez. Dessa, preencheu os pulmões com o chakra elementar, mas de uma forma focada. Todo o chakra devia sair por uma única via e não por todas como ele estava deixando acontecer. Isso foi um pouco mais difícil de conseguir. Com os pulmões carregados de chakra comprimido, Haruka lançou uma bola de fogo gigante focado exatamente no centro da pedra. Quando terminou a execução percebeu que, para sua surpresa, a rocha havia sido destruída em pedaços.

Assim, muito mais exausto do que antes, o garoto se levantou de onde estava sentado e rumou de volta para sua casa com um sorriso de realização no rosto, ainda que cambaleasse de cansaço nas pernas e com muitas dores musculares, tinha certeza de que podia continuar melhorando mais e mais a cada dia.

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