Ren andava pelas ruas da Vila da Pedra. Seus olhos dourados observavam o sol que começava a se pôr no horizonte ao longe.

Andava e chutava as pedrinhas que encontrava na estradinha de terra que atravessava um pequeno parque. Suspirava, triste e pensativa.

Foi quando ouviu um som. Ela parou e olhou por cima do ombro. Nada. Ren arqueou uma sobrancelha e deu mais um passo. Foi quando ela ouviu o barulho de novo e olhou em volta. Percebeu uma moita se mexendo e foi até ela.

Para sua surpresa, Iwamaru saltou da mesma. Ele pousou em pé, coma s mãos na cintura, diante de uma Ren assustada, que caíra sentada no chão.

- Qual é a sua, Iwamaru?!

Iwamaru sorriu, sem se dar ao trabalho de ajudar Ren a se levantar.

-Eu só vi você passando e pensei que poderia... – ele olhou Ren e de repente ficou vermelho. Ren arqueou uma sobrancelha, sem entender.

-Que poderíamos treinar! Isso! Treinar!

Ren suspirou:

-Mas eu já tava indo pra casa. Cuidar de você e sua banda foi um..

Iwamaru falou alto, interrompendo a menina:

- Não seja antipática! É só um treino bobo de corrida! Aposto que até uma ninja pateta feito você conseguiria fazer fácil!

Nesse momento, Ren ficou nervosa. Lembrou-se do Carniceiro e acabou respondendo rispidamente Iwamaru:

-Eu não sou nada disso! Eu só... – percebeu que fora grossa quando notou o olhar de Iwamaru. Ren suspirou e continuou, tentando animar-se. - ... Só preciso treinar! Vamos começar logo com isso!

Vendo que a menina parecia um pouco mais receptiva a sua sugestão, Iwamaru abriu um sorriso e apontou o trajeto que fariam: primeiro, uma corrida em linha reta pela estradinha que estavam. Depois, subir em uma árvore e saltar para as duas próximas, sem cair. Por último, correr sobre o pequeno lago do parque.

A linha de chegada seria o arco de entrada do parque, mais ao longe.

Ren olhou e pensou. Depois olhou Iwamaru.

- Tá! Sem usar outros jutsus senão para andarmos pelas copas das árvores e água, tá?

Iwamaru concordou com a cabeça.

Ambos posicionaram-se lado a lado na pequena pista e assim que ouviram um corvo grasnar, começaram a correr!

Iwamaru, para a surpresa de Ren, era rápido! Bem rápido para alguém do tamanho dele!

Ren rosnou e começou a correr mais rápido. Ambos atravessaram, lado a lado, a primeira parte da corrida e tanto Iwamaru como Ren saltaram rapidamente e controlaram seu chackra de forma exemplar para subir pelo primeiro corpo de árvore. Saltaram rapidamente por mais duas árvores e pousaram próximos ao lago.

Agora, era tudo ou nada. Ren olhou de canto de olho para Iwamaru e percebeu que ele estava quase ultrapassando-a. Ela deu um grito e começou a correr mais rápido, o máximo que seu coração aguentava.

Ambos os pequenos ninjas corriam pela água. Atrás deles, ondas grandes se formavam. Quem passava próximo corria o risco de se molhar.

Por fim, Ren teve um pouco mais de sorte: por ser mais alta que o menino, ela conseguiu ganhar velocidade no fim da prova, já saltando do lago e caindo em solo firme. Disparou em linha reta até o arco de entrada do parque e, por um segundo, chegou antes de Iwamaru.

- Aeeeeeeeee! Consegui! Consegui! – Ren falava enquanto saltava.

Iwamaru, respirando com dificuldade e vermelho como um tomate, tinha o rosto irritado. Porém, quando viu Ren celebrar a vitória, ele acabou por dar um leve sorriso.


Ele suspirou e novamente adotou a postura ereta, com o peito estufado. Ele colocou as mãos na cintura e disse entre respirações cansadas:

- Eu tenho mais um desafio!

Ren parou de saltar e olhou para ele com uma expressão um tanto desanimada:

- Mais? Mas já não chega? Hoje eu já fi..

Iwamaru novamente a interrompeu:

- Não seja chata! Só uma brincadeira de esconde-esconde.

Ren estreitou os olhos:

-Tá bom, mas eu detesto ser interrompida!

Antes que Iwamaru pudesse dizer algo, Ren olhou feio para ele:

-É sério! – e cruzou os braços.

-Tá, vamos logo jogar isso que eu tô bem cansada! Imagino que seja um jogo de esconde-esconde normal, né?

Iwamaru parou e pensou por uns segundos:

-Hmmm, não! Podemos usar alguns jutsus! Nada muito absurdo, mas eu permito isso!

Ren sorriu e concordou com a cabeça. Ela ia dizer alguma coisa, mas Iwamaru falou antes:

- E vamos, claro, um de cada vez! Temos 20 minutos, não! 10 minutos para nos acharmos!

Ren levou uma das mãos até o queixo, pensativa. Observava as possibilidades e olhava o parque, já pensando onde poderia se esconder:

- Tá, acho que é justo! Concordo com você!

Iwamaru abriu mais um grande sorriso enquanto olhava para Ren:

- E no fim, eu tenho um prêmio para você!

Isso fez os olhos de Rem brilharem. Ela logo concordou e já tentava adivinhar qual seria o prêmio.

“Espero que um coelhinho!” A menina pensava enquanto Iwamaru se preparava para se esconder.

Passado um tempinho, Ren começou sua procura: olhou nas moitas e entre algumas árvores, mas nenhum sinal do jovem. Até mesmo no lago Ren olhou. Nenhum sinal de Iwamaru.

Depois que uns oito minutos, uma ideia veio à cabeça da menina. Concentrando-se, Ren usou o Genjutsu Kai. Rapidamente voltou a procurar e, para sua surpresa, lá estava Iwamaru, encolhido entre algumas moitinhas. Ren aproximou-se devagar e deu um susto no menino, que levantou-se em um pulo e agarrou-se no corpo da árvore próxima. Ren riu:

- Hahahaha!! Você foi muito esperto, Iwamaru! Te procurei por um tempo!

Iwamaru desgrudou-se da árvore e foi até Ren, todo orgulhoso de si mesmo.

-Agora é sua vez!

Ren concordou com a cabeça e foi esconder-se.  Ao invés de permanecer no chão, ela subiu em uma árvore mais longe, no meio do parque. Deu um meio sorriso, sentindo-se também muito esperta. Ela criou um clone intangível seu e o enviou para entre duas moitas no chão.  

Por fim, criou uma ilusão onde estava com o Mugen. Ficou quieta e aguardou Iwamaru iniciar sua procura.

O jovem menino começou a procurar nos lugares mais óbvios: às vezes, o que mais se procura está bem debaixo do seu nariz, os mais velhos dizem. Iwamaru correu em grande velocidade por todo o parque. Olhou nas pequenas moitas e entre as árvores, até mesmo nos brinquedos dos parquinhos.

Por fim, viu uma mecha de cabelo prateado por entre as moitas e pulou sobre ela. Ele gritou um “TE ACHEI!!” quando viu Ren e, para sua surpresa, a menina sumiu quando ele encostou nela!

Iwamaru caíra de cara no chão, enganado pelo clone de Ren. Já a menina estava em cima da árvore, vendo tudo. Ela tampou a própria boca para que Iwamaru não a ouvisse rindo. O jovenzinho levantou-se e, irritado, gritou pela menina:

- Ei, isso não valeu!!

Ren, não se aguentando, começou a rir muito alto. Não esperou os 10 minutos e saiu de cima da árvore, em um salto, parando ao lado de Iwamaru. Quebrou seu genjutsu e sorria para o menino:

-Mas é muito engraçada a sua cara suja de terra!

Iwamaru cruzou os braços, irritado. Ren continuava a rir, divertindo-se. Aos poucos, Iwamaru foi perdendo a cara de emburrado e começou a rir junto com ela. Ambos andaram até a entrada do parque, rindo e discutindo como suas estratégias eram boas.

Por fim, pararam novamente na entrada do parque, debaixo do arco que anunciava o início do mesmo. Ren colocou as mãos na cintura e perguntou, curiosa:

-Ei, e meu prêmio? Você disse que teria!

Iwamaru, orgulhoso, concordou com a cabeça:

-Claro que sim, Ren-chan! Eu nunca volto com minha palavra! Você só vai ter que esperar uns anos.

-Anos?! – Arqueou uma sobrancelha, impressionada.

Iwamaru concordou com a cabeça e continuou:

-Sim, você se casará com um kage.

Ren estreitou os olhos:

-O que?!

Iwamaru não se deixou abalar. Falou encarando-a, confiante:

- Sim, quando eu for kage, você se casa comigo, tá? Combinado! Eu guardo o lugar pra você!

Certo de que era um prêmio incrível, Iwamaru virou-se e começou a seguir seu caminho. Iwamaru sentia-se um herói! A cena era perfeita em sua cabeça: ele saía, ao pôr-do-dol após fazer uma promessa para sua futura esposa. O vento batia levemente em seus cabelos castanhos. Ren estaria olhando para ele, impressionada e já, com certeza apaixonada.

Ren realmente olhava as costas do menino, enquanto ele ia embora. Porém, a única coisa que ela pensava era: “Poxa, preferia um coelhinho.”

Observações: