Izuku Lee — 暗闇

Uma das dadivas humanas é o autoconhecimento. Saber quem você realmente é, o que você realmente almeja, quem você realmente ama, o que você acredita de verdade. O primeiro passo, reconhecer os erros, é o mais difícil e o mais importante. Para um jovem membro do Clã Lee, conflitos internos não eram bem vistos. Consolidados como grandiosos guerreiros, invejados na arte do Taijutsu, corria na veia de cada um a vontade súbita de lutar, de vencer, de mostrar a força para seus inimigos. Mas, por algum motivo que Izuku ainda buscava dentro de si, algo aclamava por mudanças, algo lhe puxava para cima e dizia em seus ouvidos sobre o dom de conhecer a si mesmo e esquecer uma ideia que se fixou por ódio. Desde que se lembra, o desejo de se tornar líder do Vilarejo Oculto da Névoa era algo forte e presente em seu dia a dia. Tudo o que fazia, tudo o que pensava, tudo o que falava era com a única intenção de chegar ao topo. Ainda que fosse um recente Chunin do vilarejo, sua gana por poder e pela ascensão de Kirigakure podiam mover montanhas com a palma de suas mãos. Dentro de si haviam conflitos, conflitos entre o agressivo guerreiro Lee, o bondoso membro de Kirigakure, o leal shinobi almejando sua vitória, o assassino, o risonho amigo, o frio manipulador, egoísta, odiador. Uma mistura de sentimentos, sensações, atitudes, uma mistura que formava um único ser humano, mas uma mistura que lentamente se separava, mostrava suas camadas e uma sobrepunha a outra, faziam isso de tal forma que até mesmo o pequeno Chunin não conseguia reconhecer quem ele realmente era de verdade. Era de fato um assassino, egoísta e guerreiro? Apesar um sonhador? Um brincalhão que fazia aquilo por puro esporte? Tudo o que viu até agora em sua jornada corroborou para aquele momento. Em sua graduação, ao lado de Keisuke e Yuji, viveu momentos onde pensou em desistir. A podridão do mundo ao redor de Kirigakure assustava, e todos os dias antes daquele eram apenas palavras ao vento, descobrir o verdadeiro mundo real era uma tarefa difícil árdua. A grossa casca que o deixava forte começava a ruir, a cada violência que vivenciava, cada vez que era obrigado a utilizar sua força... cada vez que uma vida era tirada por suas mãos... e não foram poucas as oportunidades de fazê-lo, e nem foram poucas as vontades de fazer. Por vingança, eliminou um homem condenado a uma vida de submissão, por ódio, tirou a vida de um Doutor. Por medo, matou homens que moravam em uma ilha, com uma cultura que fugia totalmente da sua, por mais animalescos e sádicos que pudessem parecer. Sempre que entrava em combate, tudo se resumia a sangue, brutalidade, morte. Desde o falecimento de seus país, desde sua origem, desde a descoberta da força que corria em suas veias, nunca, nem por um segundo, a crueldade do mundo ninja foi deixada fora de seu alcance. Adaptado para ser um matador. Dias após dias, não havia um minuto sequer para deixar de refletir sobre isso. Eru, Keisuke, Yuji, três pessoas que mostraram para o jovem de cabelos azuis que ele não estava sozinho no mundo, que não precisaria suportar todo o peso sozinho, poderia compartilhar suas alegrias, e com elas protege-los das enfermidades da vida. Revistou o mesmo local onde havia encontrado, por sorte, a liderança atual de Kiri. Uma breve conversa sobre o peso daquele manto. Revistou o local de treinamento com Yuji e Eru, os golpes trocados e sua fala deixada para ambos. ‘’ Kirigakure deve ser o polo do mundo ninja ‘’. Essas palavras perdiam o sentido cada vez mais. O polo do mundo ninja não poderia ser resumido a um vilarejo, estes deviam ser locais de paz, de inspiração, marcas de solidariedade. Vilarejo significa tranquilidade, paz, enquanto a destruição habitasse estes lugares, a paz não seria de fato alcançada. Mas haviam aquelas que enfrentavam a paz, aqueles que nasciam para destruí-la... estes sim deveriam ser combatidos, não em nome de uma aldeia, mas em nome de toda a existência humana. Quando o jovem Izuku entendia aquilo, sua mente se abriu para uma intensa luz, que refletia em suas memorias e lentamente eliminava as sombras que bloqueavam seu espirito. Não precisava ser o líder de Kirigakure, precisava transformar Kirigakure. Não apenas ela, mas todos os pequenos e grandes vilarejos do globo, todos aqueles que necessitassem de sua força para crescer, prosperar, encontrar o verdadeiro significado da paz. O olhar fechado, frio, o olhar assassino de Izuku era feito em ruinas. Dali, em seu semblante grandioso, apenas um largo sorriso, uma respiração leve, olhos que refletiam apenas a paz que seu interior emanava. Pelos laços criados, por todos aqueles de coração puro, o Guerreiro de Aura Azul surgiria para defender. Entendia que o equilíbrio perfeito entre sua força não dependia apenas de bondade no coração, mas de saber quando utilizar seus sentimentos negativos, para valorizar cada vez mais os positivos que inundavam sua alma. A gloriosa ideia de se tornar Mizukage não era nada além de águas passadas. Daquele momento, o mundo era sua prioridade, limpa-lo da maldade, limpa-lo da podridão... com um sorriso no rosto, um símbolo da paz para os corações desesperados. O brilho azulado que eliminaria a escuridão. Por mais cruel e poderoso que o inimigo fosse, seu semblante heroico não iria desaparecer, sua devoção pelo caminho da calma se mostraria inabalável independentemente da situação. Quanto maior o desafio, maior o sorriso, maior a determinação, mais força teria para supera-lo e mostrar para todos que o inimigo não é invencível. De um espirito Governante, a um espirito Devoto. Unificar os vilarejos em uma única nação, um desejo que se esvaia. Trazer a paz a todos os vilarejos, cada um com sua própria cultura, costumes, compartilhando conhecimentos, sorrisos, alegrias, emoções. Através de seu intenso brilho, da força de sua energia e juventude, da sua alegria, o guerreiro de cabelos azulados, o Guerreiro de Aura Azul, mudaria o mundo. Está era uma transformação que nem mesmo os Oito Portões de Chakra conseguiria derrotar.