Izuku Lee — 暗闇

A árdua batalha travada durante o Teste de Graduação fez Izuku refletir sobre o que ele realmente era capaz de fazer. Por um momento, seu instinto guerreiro agiu mais forte do que todos os outros, superando a reflexão que havia sentido ao matar tão friamente um dos canibais da ilha. Em Kirigakure, já recuperado de seus ferimentos, os passos do Chunin o levavam para um local conhecido, um campo aberto, uma clareira próxima do campo de treinamento, com alguns bonecos de madeira espalhados. Aquele local trazia lembranças de Yuji e Eru, companheiros dos quais jamais esqueceria. Para se superar, precisava superar os limites de seus movimentos, suas articulações precisavam de melhorias. Em frente ao boneco de treinamentos, imaginou como poderia transformar seus golpes em acertos precisos, mas ao mesmo tempo de difícil leitura para o oponente. Socos eram previsíveis, facilmente lidos pela contração de seus músculos, principalmente em ataques frontais como os que estava acostumado a fazer. Chutes também, a flexão dos joelhos para realiza-los abria uma enorme brecha para defesas. Mas e se buscasse movimentos atípicos das artes marciais? Chutes com saltos, socos em posições variadas, movimentos acrobáticos que não necessitariam de um padrão para encaixar na batalha. Com um salto, buscou girar o corpo até deixa-lo de ponta cabeça, apoiando uma das mãos no solo, movimentando as pernas horizontalmente, encaixando um poderoso chute na nuca do boneco. Percebeu ali, que poderia criar movimentos fortes o suficiente para utilizar em batalhas. Quando voltou a sua postura natural, saltou com um mortal no ar, descendo os pés no rosto do boneco, enquanto seu corpo arqueou para tocar o solo com as mãos novamente, girando como uma hélice para um novo acerto, flexionando os braços para se erguer e atingir com um chute vertical a cintura do alvo. Poderia brincar com infinitas variações de acrobacias, e de certa aquilo dificultava a leitura de seus oponentes. Ficaria praticando aqueles movimentos ate seu corpo e mente criarem a harmonia perfeita para ter a coordenação necessária, e enfim utilizar daquele novo estilo de luta em suas batalhas reais, afinal, bonecos de madeira tinham a pior leitura de movimento do mundo ninja.

Mesmo ciente que uma nova maneira de se movimentar fosse beneficiar em suas aventuras futuras, a necessidade não se limitava a apenas novos golpes, mas também a um encaixe mais bruto de ataques, visando o aumento de força e os danos que poderia causar. Se fosse forte o suficiente, poderia ter lidado facilmente com os inimigos do exame, poderia ter evitado os ferimentos de Keisuke e Yuji. As acrobacias não era o suficiente, faltava sua força, o encaixe dos golpes para afetar o interior de seus inimigos. O mesmo boneco, alvo dos chutes acrobáticos de Izuku, era tocado pelo punho direito fechado do Chunin, com um toque leve que tinha sua força aumentada gradativamente conforme novos socos eram dados. Se utilizasse muita força, poderia quebra-lo com um único acerto, não necessitando de ataques complexos para faze-lo. Imaginou, como se a madeira que constituísse o corpo do alvo fosse ossos no interior das fibras humanas. Buscou ampliar a força do ataque milésimos antes do impacto em si, de força a reservar a força do ataque unicamente para o momento do acerto, não deixando-a ser dissipada durante todo o movimento do ataque. Dessa forma, almejava uma distribuição quase perfeita da força, que seria inserida com brutalidade no inimigo, mesmo com o mais simples movimento, bastando entender o momento certo de agir com o máximo de sua capacidade física. Ao compreender e ter esse autoconhecimento da coordenação da contração de seus músculos, Izuku abria fissuras com um simples soco, liberando a força do golpe no momento exato. Aquilo, somado a toda força que poderia acumular em um único movimento, poderia se tornar algo fatal atingindo o ponto exato do corpo humano. Preocupado, mas ao mesmo tempo orgulhoso, saber que sua coordenação e ritmo de batalha estava mudando o tempo todo era maravilhoso. Mas ainda não estava satisfeito.

Ataques imprevisíveis, impactos que quebrariam os mais resistentes ossos do inimigo, mas ainda não estava suficiente para a determinação de Izuku. Podia melhorar, e do que valeria todos esses movimentos se pudesse ser detectado? A audição aguçada do Lee era a justificativa perfeita para querer se camuflar dentro de um combate, se houvessem outros iguais, os golpes realizados poderiam ser ouvidos, aumentando a chance de defesa do inimigo. Se houvesse uma maneira de deixar o atrito de ar imperceptível, Izuku tentaria explorar ao máximo. Primeiro, tentou com sua velocidade, agindo no máximo em que seu corpo suportava no estado natural, mas o atrito de seus golpes cortando o ar ainda poderia ser ouvido e sentido. Em súbito, seu corpo foi envolvido por uma intensa aura verde bruta, o Quinto Portão Hachimon explodia com sua força durante os golpes de Izuku... e mesmo assim sua audição detectava o corte do ar ao redor dos ataques que disparava no ar. A aura desapareceu, e o mesmo se sentou pensando, cruzando suas pernas em lotus. Concentrado, imaginava como poderia silenciar seus ataques, mesmo que o oponente estivesse com plena visão do combate. — Chakra... — Izuku abriu seus olhos e se ergueu. Com um básico controle de chakra, como aquele exigido para andar sobre as aguas, os punhos do Lee foram revestidos superficialmente com a energia e assim, com sua velocidade máxima, os golpes eram dados em pleno ar. A quantia de chakra ao redor dos ataques suavizava o atrito do ar, deixando o avanço do ataque suave o suficiente para não emitir nenhum som, e ao mesmo tempo poderia realiza-lo com toda a força que quisesse, bastando manter a energia naquele local. Izuku continuou até se acostumar com o controle que precisava adquirir para se acostumar, para que em suas batalhas reais não tivesse problemas ao invocar tal estilo de luta.