ㅤㅤLevantou num ímpeto da cama, com os olhos esbugalhados e o corpo transpirando anormalmente. Novamente, os terrores noturnos tinham interrompido sua noite de sono. Desde que eu recebi a marca de Kala, os pesadelos ficam piores. É como se fosse um abismo infindável. Uma maldição que eu não consigo escapar. Há quase cinco meses, Eru, estava lidando com aquela situação. Mesmo o controle que ele havia adquirido da marca, não o livrara de seus efeitos nocivos.

ㅤㅤErgueu-se, aflito e incomodado. Preciso sair. Era sua única certeza. O ar fresco lhe faria bem, mesmo que só um pouco. Não tardou, e quando se deu conta, já estava atravessando o centro de Kirigakure. As ruas nevoentas escondiam-no, e ele se aproveitava disso. Não queria ser visto.

ㅤㅤRumou adiante, indiferente às pessoas ao seu derredor, afastando-se rapidamente do centro da urbe e adentrando a área rural do vilarejo. A acadêmia ninja, tinha sido construída naquela região, por conta do espaço aberto e da geografia favorável, além da proteção natural do bosque que a circundava, tornando-a mais protegida do que se fosse construída no centro da cidade. O edifício acadêmico estava pouco movimentado àquela hora da madrugada, mas se encheria assim que o sol nascesse. O Kaguya, não queria balburdia, entretanto, e seguiu caminho mata adentro, sem olhar para trás.

ㅤㅤCuriosamente, ele possuía um lugar que considerava seu, no interior da floresta, onde divagava e descontava sua raiva, sendo observado apenas pelas árvores e pelos animais, que eventualmente vinham olha-lo com curiosidade, atraídos pelos som de seus punhos se chocando contra a madeira. Neste dia em questão, ele não divagaria. Só vou treinar. Nada mais. Não quero pensar em nada. A opção não era tão palpável assim para ele, uma vez que uma de suas maldições era pensar. Ele pensava demais, até quando não queria. Tinha a mente sempre agitada e questionadora, julgando cada escolha equivocada que fazia, tornando-o culpado. Um réu em sua própria consciência.

ㅤㅤJá próximo de seu destino, escutou o som de colisões, e mais alguns metros a frente lhe deram a visão completa da situação. Um jovem estava usando aquele lugar como local de treino. Ora, aquele local era público sim, mas Eru, imaginou que só ele tivesse conhecimento daquele perímetro. Instintivamente quis partir. Acho outro lugar, deixe-o ai. Mas acabou mudando de ideia. Tinha uma predileção por aquela parte do bosque. Droga. Surpreendeu a si mesmo quando decidiu ir até o jovem. Vou tentar não ser hostil. Juro que vou tentar...

ㅤㅤDeixou que o outro ninja o notasse, e quando isso aconteceu ele fez sua abordagem.


ㅤㅤ– Ei, esse lugar de treino é meu. – O tom não era necessariamente ameaçador e tudo dependeria de como o púbere receberia as palavras de Eru. Só pede desculpas e vai embora. É só fazer isso, e pronto.

Notas:

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