Izuku Lee — 暗闇

Já fazia uma semana que aquele mesmo pesadelo assombrava a cabeça de Izuku. A visão escura daquele beco cobria sua vista, sua sombra já se unia a escuridão assustadora. Sombras se projetavam dos meros pontos de luz que resistiam ao avanço das trevas, projetadas com olhos brancos, que cintilavam como uma interferência de radio. — Ma...malditos... do Clã Lee! — Uma luz avermelhada eliminou a escuridão, as criaturas sombrias e por fim o sono de Izuku, que despertou mais uma vez com seu coração pela garganta. — M-merda... — As mãos tomavam a coberta da cama, apertavam com força enquanto socava o colchão com raiva. Reviver aquele momento não era tão comum quanto estava aparentando ser, mas algo o fazia voltar e voltar para a cena da morte de seus pais. — Vou esfriar a cabeça. — Levantou ainda irritado, chutando seus sapatos para longe enquanto se dirigia ao banheiro para um banho. Vestiu apenas a parte intima e uma calça para sair de casa, não levou suas armas, apenas as bolsas em sua cintura.

Em passos pequenos, lentos, a névoa estava ainda mais densa do que o costume... e ainda era madrugada. Para que a luz do dia chegasse finalmente nos céus, ainda teria que esperar algumas horas, e não estava com toda essa paciência. Precisava de um espaço sozinho, um espaço para que eu pudesse me soltar, bater em algo, pensar, vislumbrar meu futuro brilhante como Mizukage. Em meio a algumas arvores a dentro, uma área de treinamentos foi entregue para mim como um presente divino, era como se Kirigakure estivesse me entregando o que eu realmente precisava. Com um sorriso no rosto, retirei meus sapatos para tocar o gramado úmido da névoa. — Hum, você não falha mesmo, Kiri. — Agradeci, sentindo o aroma da natureza bem presente ali dentro.

Alguns bonecos de madeira estavam pendurados em arvores, outros fixados no gramado. Escolhi um dos que estavam nas arvores, e ali depositei os golpes que expressavam a angustia daqueles pesadelos. Não eram com toda a minha força, mas marcavam com facilidade os bonecos. O som de cada soco, chute, cotovelada, criava um ritmo melódico, como uma dança marcial que estivesse sendo apresentada no local. Minhas pernas deslizavam pelo gramado úmido levantando as partículas de agua e deixando a nevoa se repelida com certa força. — Hachimon... Ton... Hm? — Olhei para trás, interrompendo a abertura do primeiro portão. — Seu? — Fiquei ereto, levando a mão ate a nuca, coçando a região. Olhei nos arredores a procura de uma placa, um nome, e não tinha nada. — Seu? — Meu olhar era de confusão. — Podemos dividir, tem vários bonecos. Ou, treinar juntos? — Ainda estava confuso, menos do que de primeira impressão, mas algo mais movimentado que meros bonecos poderia ajudar a relaxar.

Izuku Lee — 暗闇

Como um sopro que se esgueirava entre as folhas da floresta, um terceiro surgia com seu chamativo cabelo rosado. De primeira, seu semblante trazia um alivio para o ambiente confuso que se formou. Izuku sabia, em seu interior, que não poderia se exaltar em uma batalha, muito mais algo que aconteceria amigavelmente entre membros da Névoa. Reciproco à ideia de realizar o treinamento, o ninja de cabelos rosados aumentava ainda mais o convite do combate. O outro mostrou suas ''garras'' e, em uma súbita confiança, questionou a capacidades de todos ali. Izuku sorriu para si mesmo, balançando a cabeça, alongando as pernas e os braços enquanto ajudava-o a encurtar a distancia. Doze metros. — Não vai tirar a sua? — Apontou para a camisa do rosado. A primeira parte do treinamento se iniciou sem nenhum tipo de ação, todos se olhavam, analisavam, imaginavam quem daria o primeiro passo para iniciar o combate. — Izuku, Izuku Lee. Nós dois? Você é rápido, o de cabelo rosa? — Sorriu, apontando para aquele que seria sua dupla no combate. A ideia de lutar dois contra um não o agradava por completo, o desafio maior poderia ser exatamente o contrario, os dois contra o Lee. — Vamos nessa! — Socou a própria palma direita.

O tempo mudou. O movimento do Kaguya sincronizou com um súbito relâmpago a cortar os céus, uma intensa chuva que surgia em Kirigakure no Sato e alagava o terreno. Sua velocidade era de tirar o folego, por reflexo, determinação, ambas minhas mãos subiram para o rosto, na altura do chute voador desferido pelo mesmo. Visando apenas parar o ataque, sentia a força do impacto o jogar levemente para trás, mas fixava bem seu próprio peso no gramado molhado, contraindo os músculos do antebraço, dando apoio para as palmas. Logo seu corpo abaixou na minha frente e o chute foi de encontro a minha perna. A levantei, mas não para me esquivar, mas para contrair o musculo com toda minha força, segurando o impacto que me movia alguns centímetros. — Aah... — Reclamei com o ardor que surgia no local.

Ao ver o Kaguya se afastar, retomei a minha posição, rindo. — Você podia ter quebrado a minha perna nesse chute, sorte que consegui ler seus movimentos. — Passei a mão no local do impacto enquanto reclamava. — Uma voadora então? — Pensei. Avancei contra o Kaguya buscando dar o troco pela dor que havia me causado. Parti com toda minha agilidade, desacelerando apenas para desferir meus golpes. Na proximidade suficiente, meu corpo se abaixou rapidamente, e como uma mola minhas pernas flexionadas empurrariam meu tronco para cima, erguendo a destra com um soco que subiria, visando o queixo do mesmo. Se atingido pelo primeiro ataque, buscaria ter força o suficiente para suspende-lo no ar para então visar seu abdômen com o pé esquerdo, que desceria a partir de uma cambalhota em um movimento de guilhotina. Assim que meus pés tocassem o chão, saltaria doze metros para trás.

Izuku Lee — 暗闇

A velocidade do Lee era incomparável e talvez fosse superior a todos dentro daquele ambiente, mas mesmo uma velocidade tão admirável ainda era insuficiente para se equiparar a resistência do Kaguya. O encaixe do primeiro golpe de Izuku não teve força suficiente para servir de inicio a sequencia de golpes que tentaria, mas ao menos pode conhecer melhor seu oponente, pode saber que suas forças se equiparavam e em uma batalha real teria problemas para enfrenta-lo. Levantou o olhar com um sorriso sério, animado para continuar o embate. O de cabelos rosados tinha sua vez de agir. O Lee pode acompanhar todo o movimento e seu trabalho para acertar o Kaguya, que resistia ao primeiro soco desferido. Ao vê-lo saltar, Izuku sorriu de canto, sabia que era perigoso se manter no ar daquele forma. — Droga, garoto. — Apenas assistiu a conclusão. Eru o imobilizava pelas pernas, arremessando-o como um boneco frágil. Tudo o que precisou fazer foi se posicionar melhor, achar um ponto de fixação para seus pés no gramado molhado, flexionar os joelhos e aguardar o impacto. Abriu levemente os braços para segurar o rosado com tranquilidade e calma para não machuca-lo. A força do arremesso fez Izuku se afastar, ser arrastado pelo pouco de lama que havia se formado em algumas áreas mais terrosas do campo. — Você está bem? — Não ficou segurando o outro, o deixou de pé assim que o segurou. — Isso foi esperto, Eru. — Sorriu, concordando com a cabeça.

— Eu sou Genin, não tão recém formado. Mas eu logo estarei ali. — Animado, apontei meu indicador para o Gabinete, visível do ponto onde estávamos. — Está pronto para me chamar de Mizukage-sama? — Dei risada e, mesmo utilizando de um tom serio, aquilo era uma pequena brincadeira. Olhei para Yuji sorrindo também, tínhamos interagido tão pouco que por um segundo o esqueci. Por algum motivo, seu rosto soava familiar, perdi segundos o olhando para tentar decifrar onde havia o encontrado anteriormente, mas nada realmente chegava a surgir em minha mente. — Esquisito. — Pensei, coçando a nuca. A chuva, que transformava aquele treino em algo ainda mais intenso, começava a diminuir e se reduzir a uma singela garoa, até finalmente parar e dar lugar ao sol que transpassava a névoa. — E você Eru? Luta muito bem, até. Não pude me soltar o suficiente, mas não vejo a hora de podermos lutar com tudo. Você também, Yuji, você se movimenta muito bem.  — Elogiei com um sorriso. Conhecer pessoal fortes dentro de Kirigakure era um passo importante para minha formação como futuro líder, conhecer o potencial de ''meus'' shinobis havia se tornado um hobby. — Podemos continuar, se quiserem. — Por fim, convidei para voltarmos ao treino.

Izuku Lee — 暗闇

O rumo da conversa seguia para um lado mais sério do Lee. A política fazia parte de seus planos como futuro líder de Kirigakure, e não deixava de ser um treinamento para expandir suas ideias e atrair pessoas poderosas das quais podia compartilhar seus interesses. Yuji era uma surpresa dentro do vilarejo, sua motivação em criar uma organização própria soava com tom de governante, Izuku facilmente o reconheceria como um comandante da linha de frente em seu governo, um digno braço direito em sua jornada até o topo. Tê-lo conhecido era mesmo um presente da Névoa. A esperança de um mundo melhor ardia no peito do Lee, que ansiava pelo mesmo cenário, mas talvez pelos métodos diferentes, e sequer tinha o conhecimento se Yuji compartilhava da mesma metodologia. — A paz só será realmente alcançada quando todo o mundo entender que Kirigakure deve ser o polo do mundo ninja. Aqueles que entenderem isso sem a necessidade de demonstrarmos nossa força.... vão obter a paz sem a guerra, Eru. —

Deixei um sorriso adornar meu rosto ainda molhado com a chuva. Aquelas palavras faziam meu ânimo aumentar, minha mente era inundada com pensamentos sobre o futuro, mexendo a ponta dos mesmo dedos como se não fosse capaz de suportar a ansiedade de completar meus objetivos. — Lembro das piadas que ouvi durante a academia... por não ser capaz de utilizar nem Ninjutsu e nem Genjutsu. Olha onde estou agora, treinando com dois dos mais fortes que já enfrentei, sem Ninjutsu, sem Genjutsu... isso é a paz, é o que Kirigakure me trouxe, é o que eu quero levar para o mundo todo... todos podem ser fortes se aceitarem nosso vilarejo. — Suspirei. Mas a curiosidade ainda estava forte em mim. — O que é a paz e um mundo melhor para vocês dois? — Indaguei sem pestanejar, prestes a conhecer a visão de mundo pacífico de dois ninjas extraordinários, dois ninjas que eu teria sorte em ter ao meu lado no topo do vilarejo. Dois ninjas que me faziam lembrar o verdadeiro poder do vilarejo, chamas que mantinham a força de vontade acesa em meu peito. A paz, um sonho a ser alcançado por todos nós.

Izuku Lee — 暗闇

As palavras de Eru eram verdadeiras e duras. Izuku sentia em seu peito o peso daquelas palavras que faziam o garoto refletir sobre tudo o que havia pensando, mas insuficiente para faze-lo mudar de ideia. Ainda acreditava na supremacia de Kirigakure sobre todo o mundo e essa seria uma ideia difícil de abandonar de uma hora para outra, principalmente com pessoas que acabará de conhecer, por mais impressionante que estas fossem. Os questionamentos deixados em pleno ar pelo Kaguya despertavam ainda mais o interesse do Lee sobre seus objetivos, dando um pequeno passo a frente, com um largo sorriso estampado em seu rosto. — Desde o dia em que decidi que viraria Mizukage... prometi para mim mesmo aguentar todo o ódio que fosse preciso, todo o medo, toda a responsabilidade. Estou pronto para morrer pela ascensão do vilarejo desde o dia em que decidi isso. — Confiante de suas palavras, o Lee logo saltou para trás, se distanciando cerca de vinte e cinco metros dos dois. A chuva havia parado, mas seus corpos estavam ensopados, assim como o gramado em seus pés, deixando ainda mais escorregadio.

— Aumentar o desafio? Você tem certeza? — Soquei a palma da minha destra, movendo o corpo sentindo as articulações estalarem. Poderia aumentar o desafio, e poderia aumentar até demais, mas os Portões de Chakra precisariam esperar um bom tempo para agirem em um treinamento amigável. Diferente da primeira vez, minha velocidade foi constante o tempo inteiro, seguindo o ritmo que havia percebido de Eru e Yuji. Um movimento simples, mas que traria uma potencia ainda maior para a minha investida. Minhas pernas eram flexionadas com leveza, mas o salto posterior não era nada sutil. Com a perna canhota, um giro visou a região das bochechas de Eru. O movimento, apesar de simples, não se tratava de um mero chute, mas um movimento pensado, treinado para ser executado de tal forma. — Daisenkō!! — Anunciei em meio a tentativa de atingi-lo no rosto.

Izuku Lee — 暗闇

Pelas experiências de combate do Lee, aquele impacto nao seria algo que qualquer um suportaria com tamanha facilidade. Eru sequer precisou se mover para receber em cheio o ataque de Lee e Yuji. Surpreso, ele escondia algo por trás das mangas, algo que o deixava inquebrável como uma muralha, uma verdadeira arma. Izuku se afastou tanto de Eru quanto de Yuji ao ouvir as falas do Kaguya. — Você é realmente incrível, Eru. Pode suportar um ataque desses em cheio. Melhor ainda, percebeu que estou me segurando. Bom... isso pode ficar um pouco sério de mais, mas acho que não vai ter problema me soltar um pouquinho. — Entusiasmado, o Lee observou seus companheiros de treinamento. Os cotovelos do garoto se flexionaram ao lado da cintura, firmando com força os pés no chão. — KAI! — A aura de Izuku aumentava, um leve esverdeado cobria seu corpo e balançava seus cabelos. — Este é o Hachimon... e este aqui. — A aura do guerreiro se elevou ainda mais, seu corpo estremeceu, seus músculos aumentavam levemente. — Este aqui é o que supera o Hachimon comum, eu admito que é muito poderoso, podemos dizer que é o Hachimon Portão 2. — Com um sorriso frio no rosto, de um verdadeiro amante da luta. — E depois... esta transformação... supera os poderes do Hachimon Portão 2... HAAAAAAAAAAAA!! — O tremor tomou conta do ambiente, o chão rachava perante a força que consumia o corpo de Izuku naquele momento.

O ar balançava pelos arredores, puxando as folhas, elevando as gotas de chuva acumuladas no gramado. A raiva nos meus olhos era clara, meu corpo arqueado acumulando energia, liberando as trancas da minha rede de chakra. Meu cabelo se elevou, a aura verde aumentava drasticamente. Aos poucos, minha pele se tornava avermelhada e por fim, uma súbita liberação de energia fez com que a técnica se completasse. Meus olhos tomados por um branco intenso eram o sinal de que havia chego na fase desejada. — Essa é a transformação do Hachimon Portão 3... sinto muito tê-los feito esperar. Está pronto, Eru? — Me movi ao termino da ultima silaba, avançando com as capacidades elevadas da terceira forma do Hachimon. Desta vez o testaria, e me testaria também, com um simples soco frontal buscando seu estomago.

Izuku Lee — 暗闇

Meus punhos foram pegos pela formação de ossos que saltava o peito de Eru, me tirando um olhar preocupado com seu estado atual, mas impressionado com aquela habilidade. Apesar da aparência não ser das melhores, já conseguia imaginar a utilidade que aquilo tinha. Minha primeira reação foi puxar com leveza o braço para trás, mas estava preso e eu não arriscaria me cortar naquela situação. Por isso, me aproveitar da proximidade mantida por Eru era a única opção. — Kekkei Genkai... isso é muito interessante... o que mais pode fazer com isso? — Questionei sem me mover, não parando para analisar a bizarrice da situação em que estava. Curvaria levemente o punho aprisionado, para ter ângulo minimamente suficiente para visar agarrar um dos ossos que me prendia naquela posição. — Com apenas um movimento você me fez chegar nessa situação... eu não vou me esquecer disso. — O animado para o guerreiro do Clã Kaguya, mesmo que eu estivesse receoso com a destruição que estava prestes a causar pelos arredores. — Yuji... se afaste. — Fechei meus olhos e minha aura se expandiu rapidamente, rachando o gramado abaixo de nossos pés, espalhando a fissura por alguns metros nos arredores. Ao abrir, meus olhos totalmente esbranquiçados, minha pele avermelhada, o esverdeado intenso que saia de meu corpo encontrava um contraste único com o semblante azulado que tomava parte de mim. — Hachimon Keimon... KAI!!! — A brutalidade que tais palavras carregavam expressava também a força da técnica. Por dez metros, uma explosão de ar arrastaria tudo o que tocasse, em uma liberação intensa de todo o poder contido no Sexto Portão de Chakra. Agarrado ao corpo do Kaguya, minha analise em sua resistência deveria garantir que o uso de tal liberação não fosse afeta-lo drasticamente, mas de qualquer forma utilizaria a força reduzida de tal habilidade, também me assegurando que Yuji nao fosse se ferir.

Izuku Lee — 暗闇

A explosão da minha energia rompeu a resistência do solo, a força de minha aura era destrutiva e agressiva, completamente diferente do semblante que eu carregava no inicio daquele encontro. Eru, o mais forte que já havia enfrentado, não parava de surpreender com seu taijutsu e com sua genética poderosa. — Então essa é a força de uma Kekkei Genkai... — Meus pensamentos foram instantâneos ao observar a nova forma que o ninja dos ossos assumia. O mesmo se afastava, e pude notar que Yuji já havia feito isso a um bom tempo, se retirando do combate que ultrapassava seu nível de taijutsu. Vê-lo fora do treinamento me causava um certo desconforto, por mais que o Kaguya estivesse pronto para continuar e até mesmo levar aquilo para as ultimas consequências. Ainda que pudesse despertar um nível acima da minha forma atual, superar os limites do sexto portão estava fora de cogitação, ou teriam que me carregar ate o hospital mais próximo. Meu corpo coçava para continuar o combate, a forma ameaçadora de Eru fazia o desafio ficar ainda mais interessante. Ainda em posição de combate, suspirei, e senti um incomodo surgir em meu estomago, e um ronco ecoou de dentro para fora de meu corpo, rondando todo o campo de treinamentos. Todo o esforço havia consumido muito de minha energia e a fome era algo inevitável. De um segundo para o outro, minha aura se desfez, tanto minha pele, como meus olhos, voltavam a seu estado natural de coloração. — Grgggrrrrg!!! — Coloquei a mão na barriga com o ronco rude que ela emitia. — Calmo calmo... vamo da uma segurada ai? Sepa fomos longe demais e eu to é chei de fome. — Olhei para Eru e Yuji, curvando o corpo levemente pelo abuso do Hachimon. Com toda certeza iria me arrepender de não enfrentar Eru com toda sua força, mas teríamos outros momentos para faze-lo. — Alguém ta afim de comer alguma coisa? Eu sou capaz de devorar até aquele boneco de madeira ali. — Apontei.

Izuku Lee — 暗闇

Odiava ser o responsável pelo fim desanimador do treinamento, mas a fome era um dos sinais que mais devem ser respeitados, principalmente por aqueles que abusam muito do esforço físico em seu dia. O olhar de Eru era engraçado e saber que o mesmo conhecia um restaurante pelas redondezas despertava em mim o ânimo de sair comer tudo do mais gostoso. Eu não tenho preferência por comida vegetariana, o sabor da carne e o suco inundando minha boca é um dos grandes prazeres em degustar um bom bife, bom para repor as energias e ajudar na resistência de nossos corpos. — Carne de porco é? Isso é bom demaaaaais, vai ser ótimo para repor minhas forças. — Comemorei lambendo os lábios e fechando os olhos, já podendo sentir o sabor gorduroso do porco na boca.

Por sorte a chuva havia parado e uma leve brisa refrescante secava aos poucos o suor que escorria do meu corpo. Fui o primeiro a ir até onde Eru indicou, enquantou ouvia suas dúvidas sobre o poder que utilizei. — São os Oito Portões de Chakra, amigo. Cada um deles me deixa mais e mais poderoso... esse último era o sexto! Haha, tinha mais dois. — Meu corpo estava cansado pelo abuso do Hachimon, sentia o ardor em minhas pernas e um peso nos músculos, o que fazia meu ritmo ser bastante lento, mas usava disso para prolongar a companhia.

...

No restaurante, um banquete de carne do porco era servido somente para mim, observando os dois fazendo os próprios pedidos. O absurdo em quantidade iria servir de aperitivo. As fatias gordas de barriga de porco cozidas eram misturadas no arroz e no molho espesso feito com os sucos da carne. Eu estava concentrado em comer, virando as tijelas na boca e enchendo as bochechas como um esquilo e suas nozes. — Hmmm, nhomm nhoomm, goommtosomm nhom — Não tinha etiqueta alguma para comer.

Conta paga, na porta me despedi dos dois. — Muito obrigado por hoje turma, eu vejo vocês dois por ai e... Eru, na próxima vou vir de barriga  cheia pra ganhar de você! — Sorri, erguendo o punho para cumprimentar ambos. Sai, retornando para meu apartamento atrás do devido descanso.